• Nenhum resultado encontrado

Narrativa do diretor e da coordenadora pedagógica da Escola do Bairro

6. NARRATIVAS

6.3 Narrativa do diretor e da coordenadora pedagógica da Escola do Bairro

Coordenadora

– Vamos falar sobre o Projeto Diálogo, que começou aqui, em 2004. O primeiro passo foi aproximar algumas instituições da comunidade, que trabalhavam com a criança que estuda aqui, na Escola do Bairro. Eu fui à Biblioteca, ao CJ160, enfim. No final, acabou ficando três instituições: a escola, as famílias e a Associação Comunitária.

Então, num primeiro momento, a ideia era cada instituição falar um pouquinho qual era o trabalho desenvolvido. A gente fez algumas reuniões para cada instituição conhecer um pouquinho como é que funcionava a outra: o quê que a escola faz, como vemos a sua função; como as famílias trabalham com a educação em casa; e a Associação Comunitária também. Esse foi o primeiro momento.

Depois, num segundo momento, que foi de muita pesquisa, foram levantadas as prioridades de cada ator, de cada instituição. Na escola, foi feito um levantamento com os alunos, os professores, a equipe técnica sobre o que é a escola, qual é a escola que

141

a gente quer, o quê que a gente tem feito. E depois, buscar prioridades, pensar em ações para melhorar a escola. Isso também foi feito na Associação, e com as famílias. E aí, o que eu achei interessante foi que a questão da alfabetização apareceu muito forte em todas as falas. Tanto na dos pais, quanto na dos professores e na da equipe técnica, a questão da alfabetização ficou muito forte, aqui na Escola do Bairro: chegar até a quarta série com todas as crianças alfabetizadas era uma grande preocupação de todo mundo. A partir disso, foi decidido no grupo ações para melhorar essa questão da alfabetização.

A gente foi fazendo várias frentes. Teve atendimento psicopedagógico, que atendia professores e atendia alguns pais. Teve reuniões quinzenais com as famílias, com as mães, com os pais, com quem estivesse disposto.

Inicialmente, a gente chamou todos os pais [das 4as séries]. Depois, com o tempo, a gente achou melhor trabalhar com as famílias das crianças que tinham maiores dificuldades, que não estavam alfabetizadas ainda. Para entender um pouco o contexto dessa criança: como era em casa, quais as dificuldades, como ajudar. Ver como essa criança aprende em casa - ela aprende brincando? conversando? E trocar um pouco essas informações.

Teve também a modificação na ideia de reunião de pais: transformar um pouco essa reunião que era só para contar como é o rendimento [da criança], e pensar em reuniões mais formativas.

Outra coisa muito interessante foi desenvolver ações em conjunto com a Associação Comunitária, com os profissionais de lá. Pensar quais eram as dificuldades da escola, no quê a Associação Comunitária podia ajudar; e quais eram as dificuldades dela e em quê a Escola podia ajudar. Então, a gente teve o Projeto também da capoeira: os meninos da Associação Comunitária vinham aqui e jogavam capoeira com as crianças. Enquanto as crianças faziam essas aulas, eu conseguia sentar com as professoras para planejar atividade de alfabetização, de formação, porque eram professoras que não tinham horário [de estudos] na escola e eu não conseguia me reunir com elas. Então, nesse momento, a gente conseguia.

142

Em contrapartida, também, a gente fazia a parte de informação das educadoras lá na Associação Comunitária161.

Acho que isso foi bem interessante, ajudou bastante. Rendeu, deu frutos até hoje. Hoje a gente vem desdobrando algumas questões que surgiram lá atrás, no Projeto Diálogo. Diretor

– Eu vou salientar outro detalhe. Acho que a questão, pensando enquanto diretor, era trazer o que quer que fosse para dentro da escola, de modo que esse o-que-quer-que- fosse desse algum impulso para algumas coisas que eu tinha na cabeça. Por exemplo, o trabalho com a comunidade, ou um trabalho pedagógico diferenciado, ou uma nova visão administrativa que a gente não tinha. E eu conversei com a Professora que tinha

filhos na Creche Comunitária. Eu falava com ela da minha ansiedade de ver a escola

sair um pouco dos trilhos. Sair dos trilhos, mesmo! Porque estava muito naquela linha e a minha ansiedade, que já é grande, ainda aumentava. A escola estava nos trilhos demais. E tinha que sair dos trilhos, do que já estava traçado, sair um pouquinho da linha estabelecida, inclusive antes da minha chegada. Eu cheguei em 2003, mas só tomei conhecimento da escola basicamente em 2004 e tentei dar uma formatada naquilo que eu acredito que seria importante para a Escola Pública.

E como aquela professora é companheira de copo, nós ali na cerveja trocando ideias sobre o que poderia mudar, o que poderia fazer... foi aí que ela falou do trabalho que a PUC desempenhava junto ao pessoal lá na Associação Comunitária. Eu falei: “meu,

tem que arrastar a PUC para cá!”

Ela havia falado que a PUC muitas vezes trabalhava coletivamente com a Labor, com a Associação Comunitária, com instituições do exterior. Que a Associação Comunitária de certa forma tinha projetos financiados por estas. E eu falei: “Meu, chama! Vamos ter

uma primeira conversa. Vamos ver o quê eles têm para oferecer!”

161 Refere-se provavelmente a contribuições das Coordenadoras Pedagógicas e de alguns professores

143

Nós temos para oferecer o prédio, um monte de profissionais da educação. Uma certa frustração, mas também uma certa vontade de mudar, de ter uma escola que seja dinâmica, que seja respeitada, que tenha algo de concreto e de significativo para mostrar para a sua comunidade, para os alunos, sobretudo. “Traz. A gente não tem

muito a perder. Se não der samba, cada um vai para o seu lado e já era!

E aí aconteceram os primeiros encontros entre Escola do Bairro e a equipe da PUC, com a Heloísa162, não é? E aí nós começamos a conversar.

Foi apresentado para nós um projeto da PUC, o Projeto Diálogo. Eu acredito que, vindo de uma instituição séria, qualquer projeto que fosse apresentado, eu abraçaria. Porque a gente precisava ganhar um certo molejo, ganhar uma certa malandragem, uma certa experiência, uma certa teoria. A teorização também, da prática educacional, sobretudo, enquanto diretor da escola. E aí, quando as coisas começaram, basicamente foi assim: “O diretor quer, então vai ter que ser assim.”

De fato, eu não saí consultando todo mundo. Até porque se eu consultasse todo mundo é provável que uma parte desse todo mundo – talvez uma parte significativa – dissesse não. E o fato foi que, iniciando as negociações, a “paquera” entre as instituições, aí o Diálogo entrou de fato, o Projeto entrou de fato dentro da Escola do Bairro e eu comecei a vislumbrar a escola numa outra perspectiva.

Essa perspectiva era de que nós teríamos que dialogar com elementos sociais com relação aos quais a gente não tinha tanta experiência. E que eles também não tinham experiência [de dialogar com a escola].

Por exemplo, como é que é receber o pai? Você vai abrir a porta, põe o pai para sentar, fala “boa tarde” e pode ir embora. Essa era uma prática corriqueira. E eu, até tirando um pouquinho da minha experiência enquanto professor - aspas aí, “modéstia à parte” – eu fazia uma reunião diferente com os pais que recebia. Mas isso era eu, numa escola que não tinha comando, em que todo mundo podia fazer o que quisesse. Inclusive eu fazia o que eu queria!

144

E a partir do momento que começa o Diálogo, vem uma perspectiva de um tratamento diferente com um público com o qual nós não estávamos tão acostumados, que é o pai. Poxa, mas a escola não está acostumada com o pai? É verdade. Se eu dissesse que não, seria mentira. Com o aluno indisciplinado, com o pai chato que vem cobrar. Chato, aspas, mas a gente tem que dar um tratamento para esse chato. Com o pai omisso e com o pai responsável. E aí a perspectiva girou em torno disso.

Primeiramente, eu acho que contou muito a experiência da Universidade, do presidente

da Associação Comunitária, do grupo que veio nos assessorar. Acho que, “puta que pariu”, era muita coisa. Infelizmente, era muita coisa, mesmo. E a gente assimilou uma parte dessa muita-coisa. Uma delas é essa questão de lidar com a comunidade. Hoje eu já vejo frutos, sonhos dentro da escola, que se baseiam naquela experiência que nós tivemos com o grupo Diálogo.

Hoje, por exemplo, a gente tem feito com os pais reuniões de formação, de troca de ideias De jogar um pouco conversa fora. Não é algo formatado, “oh, o seu filho assim,

assado, sua filha assim, assado.” Não. A gente vai conversar sobre o passeio na rua, sobre o que a criança pode assistir [na mídia]: como é que o pai pode assessorar a criança quando ela está vendo televisão, quando ela está na internet. Então, hoje a gente tem um diálogo com essa comunidade, que é um pouco diferente daquilo que nós tínhamos anteriormente ao Projeto [Diálogo]. Esse é um grande ganho.

Coordenadora

– Eu acho que ressignificou. Ressignificou o olhar, mesmo dos pais, para a comunidade, como a gente trabalha com eles na escola. Esse ano a gente fez várias reuniões formativas e deu muito certo, utilizando diferentes linguagens, vídeo, discutindo trechos de vídeo, de música, enfim, foi bem interessante e rendeu muito. E a gente teve inclusive relatos de pais dizendo: “Nossa, a gente adorou a reunião. Que bom vir para a escola para conversar”. Então os pais gostaram muito. E um número grande de pais.

145 Diretor

– E salas cheias. Não é? Coordenadora

– É, salas cheias. Ninguém pedindo para ir embora mais cedo.

Então, foi muito interessante. A gente fez à noite, inclusive para as turmas que são da manhã, as crianças de primeiro ano e segundo. Por causa do horário de trabalho dos pais. Teve bastante gente. Bastante gente, esse ano.

Uma coisa que eu acho legal também comentar, foi o apoio da Labor no sentido de apoiar os projetos. Toda questão de apoio material, também. A questão das apostilas, dos livros, para discutir diferentes temas, as práticas e o desenvolvimento de Projetos – do PPD, o Pequeno Projeto Didático, que foi muito legal.

Foi legal também porque foi por adesão. Participaram os professores que queriam ter algum projeto, que queriam um apoio. Eu acho que foi bem, bem legal, mesmo. A gente teve repercussão em sala de aula, foi um momento bem interessante.

E eu, enquanto coordenadora, aprendi que os professores também precisam desse olhar. Do mesmo jeito que a gente conversa sobre o olhar que precisa ter para os alunos, os professores também precisam. Eu senti que aqueles professores que eu acolhia de uma forma diferente, já ouvindo mais, construindo junto com eles, isso refletia na relação deles com as crianças em sala de aula. Então, enquanto coordenadora, foi um aprendizado bem interessante também.

Diretor

– Eu considero que, para mim, enquanto diretor, o grande aprendizado foi o fato de saber que é possível.

Porque, veja: Você sai da faculdade, vai ser professor, aí passa num concurso, vira o diretor. E o saber? Ser diretor não significa saber ser diretor. Existem diversos saberes para ser diretor, não é?

146

Porque você pode saber bater carimbo, pode saber ficar no seu gabinete e ser diretor fazendo isso. Não é o meu perfil, mas o que eu idealizava não era tão simples fazer. Porque na verdade, no bairro em que eu morava, muito carente, eu era uma referência! Uma referência positiva, ali dentro, era consultado para alguns assuntos. Depois, veio a militância. Mas tudo isso dentro de uma escola que tem uma Secretaria Municipal de Educação, tem um Secretário de Educação, tem um Prefeito. Tem regras, tem normas, tem leis muito rígidas. Tudo isso engessa o diretor. E aí eu ficava com medo do [lado] profissional, que eu amo fazer o que eu faço. E eu tinha que preservar o profissional, mas também trabalhar com o sonho que eu trazia: trazer a comunidade para dentro da escola – como diretor, poder proporcionar uma escola aberta, com uma ligação mais direta com a comunidade, com os alunos, com os responsáveis e tudo mais. E a gente esbarra um pouco na legislação, com medo de tomar pau.

À medida que você vai falando com agentes que já fazem isso, aprende com a experiência dos outros: a experiência da Heloisa, do grupo da Labor, do presidente da Associação Comunitária, dos agentes que trabalham na Creche. Eu acho que são práticas ousadíssimas. Eu sempre falei para ele [presidente da Associação]: “Eu fico besta como é que vocês conseguem fazer essas coisas!” E por ficar besta, eu aprendi um pouco a ousar dentro da Escola do Bairro.

É... Eu acho que a gente venceu um pouco o medo. Infelizmente, ainda há muito a vencer. Ainda há muito. Eu queria ter mais poder para fazer com que as pessoas atuassem mais do ponto de vista social dentro da escola. Sem ser piegas, sem ser paternalista. Não é isso que a gente está discutindo. A gente está discutindo é a possibilidade da comunidade tomar posse da escola, fazer com que a escola respire a comunidade, a comunidade respire a escola. Acho que a gente caminhou bastante nesse aspecto, mas ainda falta muito. Acho que aquela experiência - e foram quatro anos em que às vezes era muito cansativo - aquela experiência capacitou uma parte do nosso grupo a avançar. Tem uma parte que está “paradona”, mas outra parte avançou bem. Sem dúvida.

147 Coordenadora

– Uma coisa interessante também, que eu acho importante colocar, é a questão da valorização das pequenas conquistas. Porque a gente tinha uma ideia enquanto escola, e o grupo docente também, que, por exemplo, eu vou fazer alguma reunião com os pais, eu vou procurar fazer alguma coisa diferente e eu tenho que ter um número muito grande de pais. E aí a gente propôs uma formação, que foi feita - um encontro de pais, que foi planejado pelas famílias junto com a gente. Eu lembro que eram quatro quartas séries, aproximadamente cento e sessenta alunos. E a gente conseguiu no dia do encontro, que era um sábado, pouco mais de sessenta pais. E lembro que eu falei para a Heloisa assim: “Puxa vida! Mas eram cento e sessenta pais,

e a gente tem aqui setenta pais praticamente. É um número reduzido, não é?” E ela

falou assim: “Coordenadora, são sessenta pais! A gente não tinha nenhum. São

sessenta pais!” É uma quantidade grande perto do que a gente tinha.

Enfim, valorizar essas pequenas conquistas. A gente não tem todo mundo, mas vamos trabalhar com o que a gente tem, e a partir desses pais, a gente vai conquistando outros, e outros, e outros, e eles vão participando cada vez mais, não é? Tem isso também, que foi bem interessante.

E valorizar a experiência, a fala de todo mundo. Não se colocar como a pessoa que sabe ou a instituição que sabe em comparação com os pais, que vem trazer alguma experiência. Mas valorizar a fala de cada um e trabalhar em conjunto mesmo, não é? Um ajudando o outro. A gente pode buscar parcerias, sim.

Ajudou a ver, também, que são muitas as demandas, mesmo. Então não dá para a gente querer abraçar o mundo e achar que a gente vai resolver tudo sozinho. A gente precisa dos pais, sim. Precisa da comunidade, precisa das outras instituições e, em conjunto, é muito mais fácil. A gente consegue conquistar muito mais coisas, mesmo que mínimas.

Um mais um é sempre mais que dois, não é? Eu acho que o grupo aprendeu isso também. Que é bom trabalhar em conjunto, buscar parcerias. Depois disso, a gente tem tentado buscar outras parcerias. A gente está agora com parceria com a

148

Universidade Estadual, Projeto dos Laptops. Tem muita gente de fora também vindo

para cá. Alguns voluntários. O Roberto163 veio ajudar a gente também. Ele trabalhava numa outra comunidade, numa outra escola, veio aqui e ajudou a gente a montar o Grêmio. Hoje, a gente também já tem, depois do Projeto Diálogo, muito mais participação dos alunos na escola. E a gente conseguiu montar o Grêmio estudantil, que está bem atuante, ajuda a gente em muita coisa, sempre envolvendo muitos alunos.

Estes já são resultados daquele trabalho, também. Essa participação maior em várias frentes, não é?

Outra coisa que foi bem interessante: no ano passado e no retrasado, a gente fez um planejamento junto com a Associação Comunitária. A gente se falava no começo do ano para ver as agendas, para ver o quê que a gente conseguiria fazer junto. Coisa que não existia antes do Projeto Diálogo.

Entrevistadora

– Se vocês fossem planejar um projeto desse tipo para uma outra escola ou para um conjunto de outras escolas, o quê que vocês fariam, mudariam ou recomendariam para se fazer?

Coordenadora

– Eu não sei se faria diferente. Eu acho que começaria da mesma forma. Em primeiro lugar, tentaria conversar com todo o grupo da escola, contar um pouco da experiência, dos ganhos, do quê que a gente conseguiu de resultado. Tentar convencer os professores a buscar esse diálogo com outras instituições e tudo. E tentar trazer mais instituições. A Biblioteca, o Centro Comunitário. Eu acho que a gente insistiu pouco, não é? Acho que se a gente tivesse tentado mais, teria conseguido adesão maior.

149 Diretor

– Porque eu sou um tarefeiro, porque achava que tinha que estar onze e meia no portão, às três horas quando eles saíam, que quando eles entravam eu tinha que estar no portão, na hora do intervalo eu tinha que estar lá... Então, porque eu sou muito CDF, muito, muito, muito (e isso me irrita), eu acho que havia muitas reuniões. E, claro, quando as reuniões eram na Escola do Bairro, eu ficava meio dividido. Meio na reunião, meio atendendo à Escola do Bairro. Claro que, como a gente não tem uma série de espaços dentro do nosso bairro, não podia desviar as reuniões para outros espaços, então as reuniões aconteciam dentro da Escola do Bairro. E eu ficava meio dividido. Isso tem a ver com o centralizador que eu sou. As reuniões são indispensáveis, mas se eu disser que não me causavam danos, no sentido de eu estar dividido assim, um pouco um pé aqui, um pouco um pé lá, eu estaria mentindo. Era meio angustiante. Mas eu colhi frutos, eu não nego isso, claro. Mas era angustiante, a quantidade de reuniões. Que eu não sei se dá para evitar.

Você quer conversar com um monte de agentes, você quer planejar ações, você quer envolver pessoas. Não dá para evitar. Agora, o tempo da escola é cruel e aí, aí há um choque. E se o diretor é um CDF do cacete, aí pronto. Aí danou. Mas é isso... Não sei se dá para mudar [reduzir o número de] reuniões.

Coordenadora

– Eu, talvez, dividiria mais as tarefas. Eu também sou um pouco centralizadora. Então, queria estar em todas as reuniões, queria estar fazendo tudo, escrevendo, produzindo. E eu acho que é interessante dividir mesmo as tarefas. Talvez vários grupos, várias frentes, enfim.

Diretor

– Mas aqui também tem a questão do envolvimento, não é? Geralmente quem trabalha no grupo A, trabalha no B, no C, no D e no E, justamente porque você não consegue envolver uma quantidade grande de pessoas. A própria Escola do Bairro é resultado disso. Mesmo agora, na hora da gente estar fazendo as reuniões com a comunidade, a

150

primeira quem fez foi eu e a Coordenadora Mais Antiga, numa daquelas primeiras séries.

Tem professor que resiste à ideia. Resiste, por quê? Porque também resiste à formação. Resiste a ler, resiste a sair um pouco do mundinho que ele estabelece... Sair da linha. Tem gente que continua na linha. E tem que sair um pouquinho da linha... Mas como é que sai? Esse estudo que nós traçamos aí ao longo dos quatro anos, era uma perspectiva. Era uma chance do cara ter saído. Esse que não saiu, o quê que você faz com ele, não é? É isso.

Coordenadora

– Há um diálogo permanente também, por conta da estrutura da escola. Porque a gente tinha professores que participaram do projeto e que não estão mais aqui. E são outros professores, agora. Tem alguns que continuam. Eu acho que é um buscar sempre, não é? Estar trazendo isso sempre, resgatando essa experiência e tentando a cada ano. Que a dinâmica da Escola Pública é assim... é difícil ter uma escola em que todos os profissionais continuam. Então a questão da formação, também precisa trazer isso como uma proposta da escola. Eu acredito que tem que estar também no Projeto Político Pedagógico da escola, não é? Essa busca de diálogo com a comunidade, isso