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Leccionamos num estabelecimento de ensino público e, pela experiência adquirida ao longo de vários anos, fomos enraizando a convicção que a autonomia dos estabelecimentos de ensino poderá ser extremamente importante na identidade e na “praxis” de um estabelecimento de ensino. O estabelecimento de ensino onde leccionamos candidatou-se à celebração do contrato de autonomia, mas não reuniu as condições necessárias para o realizar. Disto resultou, da nossa parte, um interesse específico em conhecer a realidade das escolas e agrupamentos que o concretizaram. Acresce que, deste estudo poderiam resultar algumas ideias que, de alguma forma, possam contribuir para, no futuro, a escola onde exercemos a actividade profissional venha a concretizar o tão almejado contrato de autonomia. No exercício de algumas funções na escola,

concretamente na coordenação de um departamento curricular, deparamo-nos com alguns obstáculos. A título de exemplo, questionamos o motivo porque não se abrem turmas em determinadas disciplinas, ditas de opção, se não houver um determinado número mínimo de alunos exigido por lei. Como consequência, a escola, ao não poder transpor este requisito legal, vê-se obrigada a não acolher estes alunos, que acabam por ingressar num estabelecimento de ensino privado, mas subsidiado pelo Estado. Neste estabelecimento, nas disciplinas de opção, abrem as turmas com 14 alunos. Quando, sobre este facto, questionamos as pessoas que ocupam as estruturas de topo em escolas públicas, respondem que é por não terem contrato de autonomia.

Para além do que referimos, acresce a vontade de conhecer as mudanças operadas nos estabelecimentos de ensino que celebraram o contrato de autonomia.

A retórica discursiva parece apontar para uma série de faculdades que as escolas usufruem, ou podem usufruir, quando têm um contrato de autonomia. Também, em diversos órgãos da comunicação social, quando falam da autonomia das escolas, parece que estas detêm poderes que as outras escolas não possuem.

Impõe-se, pois, que o investigador deva “fazer a ruptura com os preconceitos e as falsas evidências que a realidade social tão próxima dos indivíduos proporciona - é um acto indispensável para o avanço da conquista científica” (Oliveira, M. et. al., p.39). As percepções que referimos não têm qualquer fundamento científico, pelo que gostaríamos de proceder ao estudo e análise para verificação da relação.

A definição do objecto de estudo e a sua pertinência científica, segundo Carmo & Ferreira (1998, pp. 45-46) devem partir de uma motivação pessoal que resulta da experiência e da vivência do investigador a que se associa a antevisão da facilidade ou dificuldade de obtenção de meios para conduzir a investigação.

O público-alvo da investigação é constituído por 22 escolas e agrupamentos de escolas que celebraram um contrato de autonomia, em 10 de Setembro de 2007, constituindo o universo de estudo. Acontece que apesar de termos enviado para estas escolas e agrupamentos de escolas o pedido solicitando a sua colaboração na pesquisa que nos propusemos fazer, só obtivemos essa disponibilidade de quatro escolas e três agrupamentos de escolas.

As escolas e agrupamentos de escolas que celebraram, na data atrás mencionada, o contrato de autonomia, são de diversas regiões do país, da zona norte e centro.

O estudo, análise e resultados circunscrevem-se aos anos de 2007 a 2009.

Trata-se de um estudo cujo resultado não é generalizável. O estudo poderá contribuir para um melhor conhecimento da escola e agrupamentos de escolas que celebraram o contrato de autonomia e que valências, poderes, que autonomia(s) usufruem, ou não.

A comunicação dos resultados poderá contribuir para a tomada de medidas que se considerem adequadas “por quem de direito.”

No âmbito da investigação em ciências sociais coloca-se desde logo o problema do sujeito e o objecto da investigação serem coincidentes. Neste estudo, a investigadora integra o universo objecto da investigação. A situação descrita determinou que tenha optado, em sede de técnicas não documentais, pela observação não participante.

Outra das limitações consiste em ser um trabalho localizado, tratando-se de escolas e agrupamentos de escolas específicas. Quanto à sua validade externa, os resultados obtidos não se prestarão a ser generalizados. As limitações de tempo para a realização da investigação e a receptividade da proposta de trabalho por parte das pessoas com poder para conceder informações para o estudo aqui em causa, também poderiam ter limitado ou inviabilizado a investigação.

Seleccionamos a seguinte pergunta de partida: O Contrato de Autonomia

celebrado entre a Escola ou o Agrupamento de Escolas e a DRE (Direcção Regional de Educação), no dia 10 de Setembro 2007, permitiu mudanças ao nível da gestão, direcção e orientação do referido estabelecimento de ensino?

Segundo Quivy, R. & Campenhoudt, L., (2005, p.32), num trabalho de investigação em Ciências Sociais, o investigador, depois de enunciar o projecto sob a forma de uma pergunta de partida que apresente as qualidades de clareza, exequibilidade e pertinência, deve acompanhá-la das “hipóteses de trabalho que constituem os eixos centrais de uma investigação. As hipóteses apresentam-se como proposições que respondem à pergunta de partida” e constituem “ o seu fio condutor, dando início à investigação.” (Idem, pp. 46, 111).

Empiricamente, poder-se-iam avançar algumas hipóteses justificativas. Contudo, só um trabalho científico permitirá obter dados concretos sustentados.

Da observação dos factos procedemos à formulação das hipóteses, sempre em ligação com a pergunta de partida:

H1 - O contrato de autonomia favorece a tomada de decisões; H2 - O contrato de autonomia confere poder de decisão;

H3 - O contrato de autonomia é um documento de eficácia nula; H4 – O contrato de autonomia reforça o poder de gestão;

H5 - A estrutura organizacional da escola potencia a autonomia;

H6 - O contrato de autonomia traduz-se em maior dotação orçamental para a escola;

H7 - O contrato de autonomia favorece o sucesso;