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Notas conclusivas: A memória como dimensão cultural

No documento OS VALORES DA GEOGRAFIA (páginas 93-96)

arquivos de memória ambiental

3. Notas conclusivas: A memória como dimensão cultural

O Parque da Cidade de Guimarães como território repleto de traços e vestígios da prática humana, ao apostar na salvaguarda desta herança de paisagem disseminando valores e expressões culturais existentes para a colectividade, cumpre o que a Declaração de Hangzhou4 divulga como lema;

“Harnessing the Past to Create the Future”5. Ao acreditar-se que a intromissão da cultura nas políticas e

programas de desenvolvimento define uma nova etapa de uma nova era de desenvolvimento sustentável; “The extraordinary power of culture to foster and enable truly sustainable development is especially evident when people-centered and place-based approach is integrated into development programmes (…)” (UNESCO, 2013, p.2), a revisão do papel da memória nestes processos torna-se inevitável. Mais importante do que somente (re)construir a herança do espaço é construí-lo numa perspectiva colectiva, envolvendo o máximo de população neste processo, neste caso em concreto os conhecedores da história local e utentes do parque. Em “The Power of Culture for Development” (2010), apela-se precisamente a este aspecto de planear integrando, gerindo e construindo herança, envolvendo a comunidade local nas iniciativas de conservação de património e de restauro de memória de lugar obetivando que o papel das relações sociais transmita às gerações vindouras a memória do lugar. Ao nível do capital social e na participação da dimensão cultural no desenvolvimento sustentável, as razões prendem-se essencialmente com a capacidade que a cultura detém em “inspirar e motivar os cidadãos a participar na vida pública” na promoção de “um sentido de pertença a uma mais ampla comunidade”, bem como em “facilitar a participação social e promover o diálogo intergeracional e a coesão social” (CEU, 2014, p.2). Foi o que fizemos nesta pesquisa, focando o contributo da cultura para a configuração da memória de lugar e com os sujeitos de pesquisa tentamos compreender o valor simbólico de pertença que inerentemente é atribuído ao espaço por forma a permitir a troca e emancipação de sentidos de lugar e de pertença por diversos membros da comunidade. Tal como discutem Pilotti & Rinaldin (2004), a sustentabilidade dos

4 Congresso Internacional realizado em Hangzhou, na República Popular da China a 17 de Maio de 2013, organizado pela

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recursos culturais significa um aumento da qualidade de vida, definida como um melhor conhecimento sobre nós mesmos permitindo criação de comunidades mais sustentáveis que reforçam a construção do sentido de lugar.

4. Bibliografia

CEU (Council of the European Union) (2014). Conclusions on cultural heritage as a strategic resources for a

sustainable Europe. Bruxelas: Education, Youth, Culture and Sport Council Press. Disponível em:

http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/educ/142705.pdf [Consulta: 09 Março 2015].

Hawkes, J. (2005). Culture as a fourth pillar of sustainability. Melbourne: Common ground Publishing.

Pilotti, L. & Rinaldin, M. (2004). Culture & arts as knowledge resources towards sustainability for identity of

nations and cognitive richness of human being. Milan: Department of Economics University & Departmental

Working Papers.

UCLG (United Cities and Local Governnment) (n.d). Culture: Fourth Pillar of Sustainable Development. Barcelona: Ajuntament de Barcelona. Disponível em: http://www.agenda21culture.net/index.php/ca/docman/- 1/393-zzculture4pillarsden/file. [ Consulta: 10Abril 2015].

UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) (1998). Background Document on

“Our Creative Diversity” Report of the World Commission on Culture and Development. Paris: UNESCO

Publishing.

UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) (2010). The power of culture for

development (Document No. CLT/2010/WS/14). Paris: Author.

UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) (2013). The Hangzhou Declaration: Placing Culture at the Heart of Sustainable Development Policies. Paris: UNESCO. Disponível: http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CLT/images/FinalHangzhouDeclaration20130517.pd f. [Consulta: 05 Abril 2015].

X CONGRESSO DA GEOGRAFIA PORTUGUESA

Os Valores da Geografia

Lisboa, 9 a 12 de setembro de 2015

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Cidades-Portuárias VS Tipologias-Portuárias

S.S. Brito

(a)

, J.F. Sousa

(b)

, D. Mateus

(c)

, M.J. Andrade

(d)

(a) CICS.NOVA/Departamento de Geografia e Planeamento Regional, FCSH, UNL, susanasbrito@fcsh.unl.pt (b) CICS.NOVA/Departamento de Geografia e Planeamento Regional, FCSH, UNL, j.fsousa@fcsh.unl.pt (c) Departamento de Urbanismo, ULHT, dmateus@ulusofona.pt

(d) Departamiento de Arquitectura, UMA Universidad de Malaga, mjandrade@uma.es

Resumo

As grandes metrópoles mundiais são, na sua maioria, simultaneamente, cidades-portuárias. O interesse pelas cidades-portuárias patente nos relatórios da Organização das Nações Unidas, sobre o transporte marítimo, nos últimos cinco (5) anos, motivaram uma análise espacial a alguns dos maiores portos mundiais e das cidades que os acolhem, constituindo uma oportunidade única de investigação.

A investigação exploratória que apresentamos constituiu um suporte para um estudo sobre a dicotomia entre a classificação da Cidade-Portuária e da Tipologia-Portuária, que permitirá validar a afirmação introdutória deste resumo.

Palavras chave: Cidade-Portuária; Tipologia-Portuária; análise espacial.

1. Introdução

1.1ENQUADRAMENTO &PERTINÊNCIA

Os processos de planeamento, ordenamento e gestão do espaço marítimo (PPOGEM), pelas especificidades do espaço, grau de desconhecimento, alterações ambientais, sociais e de governança, carecem de uma constante adaptação de opções para lidar com incerteza e mudança (Ehler & Douvere, 2009). Uma abordagem adaptativa implica um processo contínuo de aprendizagem, sendo uma forma sistemática de melhorar a gestão ao integrar os resultados da monitorização e avaliação (Ehler & Douvere, 2009; Douvere & Ehler, 2011). Para serem eficazes, estas devem basear-se num sistema adequado de indicadores: ecológicos, sociais, económicos e de governança que, por sua vez, devem decorrer de objectivos SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Time-bound) (Ehler & Douvere, 2009; Day, 2008).

Não sendo da exclusividade da autoridade portuária, planear, ordenar e gerir o espaço marítimo de um porto, requer equipas pluridisciplinares de técnicos, das administrações portuárias e locais, para compreender a identidade, definir a estrutura, as funções e a logística, acompanhar e gerir as ações que articulam a coexistência de um porto na cidade-portuária e nos territórios envolventes (Bruttomesso & Alemany, 2011; Mateus, 2009; Sousa, 2003). Os reconhecidos desalinhamentos/falhas de comunicação

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entre ciência e sociedade/gestão, são um entrave ao desenvolvimento de melhores planos e políticas (Van Koningsveld, Davidson & Huntley, 2005; Fritz, 2010; Diedrich, Tintoré & Navinés, 2010). Pelo estudo que temos vindo a elaborar, identificámos a carência de estudos científicos que enfatizem os PPOGEM, que resultam do estudo comparativo entre a classificação das Cidades-Portuárias VS Tipologias-Portuárias (Bruttomesso & Alemany, 2011; Guimarães, 2007; Marqués, 2012). Esta investigação constitui-se como uma oportunidade única na vanguarda da investigação, que ulteriormente, pode ser replicada no estudo de outros portos marítimos, cidades-portuárias e nas suas relações com o território. Por ser desenvolvida em estreita ligação a RETE – Associação para Colaboração entre Portos e Cidades – apresenta as condições necessárias para abordar estas questões. Esta investigação pretende desenvolver um de dois eixos exploratórios de uma investigação maior: o fenómeno portuário como impulsionador de desenvolvimento de território.

1.2 OBJECTIVOS,METODOLOGIAS &ORGANIZAÇÃO

O objectivo maior da investigação é contribuir para a eficiência/eficácia da análise espacial sobre portos, nesta fase, especificamente, a finalidade deste artigo é inferir sobre a afirmação “As grandes metrópoles mundiais são, na sua maioria, simultaneamente, cidades-portuárias” (Bruttomesso & Alemany, 2011; Guimarães, 2007; Marqués, 2012). Propomos para isso um estudo comparativo onde visamos os seguintes objectivos (O), relacionados com o contributo da investigação no seu domínio científico:

O.01 compreender e apresentar a matriz global (evolução, estrutura, funções, logística) e as

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