4 SLOGAN COMO ESTRATÉGIA PUBLICITÁRIA
4.2 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Na saga de conquistar seu público-alvo e alcançar o posicionamento ideal, as marcas utilizam o discurso persuasivo da publicidade, que procura convencer através dos seus anúncios e peças publicitárias, cada vez mais imersos ao cotidiano
50 Disponível em <http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/05/bombril-1001-utilidades.html>. Acesso em 08 out. 2020.
dos consumidores. Por isso, a publicidade precisa estar alinhada ao contexto social, cultural e econômico na localidade foco do seu mercado, como também estar atualizada sobre os hábitos, costumes e desejos dos consumidores.
Analisar o comportamento do público não é tarefa fácil, assim, deve-se buscar uma aproximação com as pessoas desejadas. Segundo Iasbeck (2002, p. 83), “assumindo o repertório do público-alvo, a publicidade consegue identificar o produto anunciado com as necessidades daquele segmento, num processo que tende a criar comunicação imediata pela empatia.” A publicidade atinge uma comunicação próxima ao usar das mesmas referências e linguagem dos seus consumidores, concentrando suas estratégias numa espécie de cumplicidade com o público.
Perceber como funciona o dia a dia das pessoas, onde vivem, o que gostam de fazer no tempo livre, quais produtos fazem parte do seu cotidiano, que tipo de linguagem falam nos seus empregos e conversando com familiares e amigos, são algumas das formas que o publicitário utiliza para construir sua estratégia, para que chame atenção desse potencial consumidor e provoque para uma ação que beneficia as marcas.
A partir dessa construção de ideias na percepção do comportamento dos consumidores, Iasbeck (2002, p. 30) afirma:
Vemos, portanto, que o publicitário, articulando novidades e inventando o inusitado, está, na realidade, fabricando – como um operário – a tecitura da trama social que revitaliza o universo das linguagens e enriquece os repertórios da cultura.
O autor também acredita que esses consumidores na verdade não compram os produtos ou serviços das empresas, mas o discurso que estas marcas manifestam. (IASBECK, 2002)51. Portanto, podemos entender que a publicidade e a propaganda tornam o público cúmplice dos discursos das marcas por meio de uma comunicação persuasiva, assim como participam ativamente do meio social e cultural que essas pessoas se encontram.
Por isso, na tentativa de persuadir o público e fazer parte do contexto em que se inserem, bem como o seu cotidiano, a publicidade necessita causar uma primeira impressão positiva imediata para os consumidores, principalmente com os diversos
51 “O consumidor não compra o produto, mas leva para sua casa o discurso do produto.” (IASBECK, 2002, p. 29). disponível em <https://pt.scribd.com/document/388740095/ARTE-DOS-SLOGANS-pdf>. Acesso em 11 out. 2020.
elementos que competem com a sua atenção, sobretudo as marcas concorrentes do mesmo segmento.
É na primeira impressão que as marcas devem expressar a sua diferenciação, os aspectos que as tornam peculiares e únicas, os motivos pelo qual o consumidor deve escolhê-las em detrimento das demais. Para Strunck (2007), um indicador fundamental para que ocorra uma primeira impressão memorável e positiva é a forma como ela é apresentada visualmente. Assim, a linguagem verbal e estratégica nas redações dos anúncios, como também os outros elementos presentes, devem estar sincronizados e bem representados com as formas imagéticas. Isso só pode acontecer através do que chamamos de identidade visual.
De acordo com Strunck (2007, p. 57), “A identidade visual é o conjunto de elementos gráficos que irão formalizar a personalidade visual de um nome, ideia, produto ou serviço.” Uma identidade visual consistente informa à primeira vista e estabelece um tipo de comunicação com quem a visualiza.
Esta identidade deve apresentar o conceito da marca, deixando claro o seu segmento para que o público vincule ao produto ou serviço oferecido, bem como os valores que acredita enquanto consumidor e indivíduo. A comunicação será realizada, de acordo com Iasbeck (2002), sem demandar muito esforço do receptor, para que ele compreenda os significados dos elementos da identidade visual de forma rápida e transparente.
A identidade visual apesar de ser composta por diversos elementos verbais e não verbais, além de ser exposta em muitas plataformas e meios de comunicação de massa, estabelece em si mesma uma unidade.
A publicidade se utiliza da redundância e repetição dos seus recursos para fortalecer as marcas, entrando na mente do público-alvo muitas vezes por exaustão, mas que cumpre o objetivo de chamar atenção e fazer com que a marca seja lembrada. Isso acontece quando percebemos os mesmos elementos da identidade visual da marca em inúmeros lugares, como nas fachadas do ponto físico da empresa, outdoors, redes sociais, panfletos, anúncios de revistas e jornais, etc.
Figura 21 - Identidade visual da Fininvest em vários lugares.
Fonte: Strunck (2007, p. 57).52
52 STRUNCK, Gilberto. Como criar identidades visuais para marcas de sucesso: um guia sobre o marketing das marcas e como representar graficamente seus valores. Rio de Janeiro: Riobooks, 2007. p. 57. Acesso em 08 out. 2020.
Participando da identidade visual das marcas, os slogans costumam se posicionar em locais de destaque. De acordo com os estudos de Iasbeck (2002, p. 50):
Visualmente, numa página impressa, ele costuma vir destacado em tipos de calibre mais expressivo, encimando a ilustração ou o texto argumentativo, ou ambos. Pode acontecer também – e não raramente – que ele apareça junto à assinatura, à logomarca ou ao emblema do anunciante. No primeiro caso, o slogan assume o caráter de título ou de manchete – de forte apelo comunicativo – e tende a direcionar a leitura de toda a peça; no segundo caso, integra a marca da empresa, formando com ela um conjunto identificador.
A escolha do lugar de posição dos slogans é sempre estratégica, já que este elemento é essencial para a comunicação imediata do público. Nas publicidades televisivas e nos anúncios de cinema, o slogan geralmente aparece no início ou no final, pois irá ser comprovado pelo restante da peça publicitária, além de ser uma forma do slogan se transportar para a mente dos seus espectadores, como último momento da apresentação da marca.
Porém, o slogan não necessita que venha acompanhado de imagens e outros textos para que faça sentido. Pois, “ele constitui, em si mesmo, um texto, naquele sentido evidenciado por Yuri Lotman (1978: 101-112), com expressão, delimitação e estrutura próprias” (IASBECK, 2002, p. 51). Seu discurso expressivo e identificador pode constituir significações únicas, e até mesmo ser a base de novas campanhas publicitárias.
Para que obtenha seus objetivos de seduzir e motivar o consumo, os slogans devem focar a sua mensagem de forma ampla, justamente por ter um público tão heterogêneo e disperso. O intuito é que seu significado esteja tão claro que as pessoas entendam sem buscar uma reflexão profunda.
Por isso, é necessário que nos aprofundemos em como o slogan atinge a mente e a memória dos seus potenciais clientes. Pois é esse fator que facilitará na relação de cumplicidade que estes possuem com as marcas, favorecendo o consumo e participando do seu cotidiano, a partir de uma linguagem acessível e no contato destas pessoas com outras que irão, assim como elas, buscar os benefícios dos produtos e serviços das marcas.