CAPÍTULO II O Direito do Trabalho moçambicano do período colonial e sua relação com a OIT
6. O Império das Companhias de Moçambique, da Zambézia e do Niassa
Como vimos atrás, o Acto Geral de Bruxelas constituiu o momento de conciliação entre propósitos de combate das práticas escravagistas e a necessidade de uma ocupação efectiva dos territórios coloniais. Dela emergiu a organização de um aparato administrativo, judicial, militar e religioso, que se disseminou territorialmente no interior do continente africano. Como também
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vimos, as insuficiências humanas e administrativas de Portugal impediam a ocupação efectiva das suas colónias, princípio saído, como já dissemos da Conferência de Berlim.
Para o suprimento das supracitadas carências, Portugal foi mantendo a sua ocupação e impondo o seu domínio colonial através da sua máquina administrativa, militar e religiosa até aos limites da possibilidade de extensão dessa máquina. Depois da conferência de Berlim, Portugal, adoptou a concessão do centro e norte de Moçambique a companhias privadas, as quais criaram os seus impérios dentro do Império português, implementando, a par do Indigenato, o chibalo. O indigenato e o chibalo passaram a significar atrozes condições de trabalho e abuso grave de trabalhadores, não só sobre as suas condições de trabalho, como também sobre o género, infância e acesso à educação e saúde. À Companhia de Moçambique foi concessionada em 1891 a exploração de terras nos Distritos de Sofala, Manica e Tete. Ao invés de procurar trabalhar para o fim da escravatura, permitiu a sua subsistência e transformou-a em condições análogas à escravatura – o trabalho forçado.114
Aos moçambicanos foi negado o acesso a bens e serviços, em virtude de serem classificados como indígenas. O indigenato e o chibalo eram um produto pelo qual as autoridades da companhia de Moçambique e moçambicanos negociavam tanto os limites de inclusão como os de exclusão, de trabalho e de Império. Sob o domínio de companhia de Moçambique, o chibalo abrangeu uma gama de formas de trabalho não livre, de contrato de trabalhadores hindus. O
chibalo foi perpetuado pela “obrigação de trabalhar” em códigos de trabalho de Companhia e do
viciado imposto de palhota e o sistema de sondagem do imposto, principalmente em resposta ao pretexto internacional contra o trabalho forçado para incluir termos de proteger os direitos dos trabalhadores em códigos de trabalho da companhia. Ou pelo menos era esse o caso no papel. Como remata Daniela Mark, “o que se pretendia alcançar ao se traçar essas Leis se não era simplesmente “para o Inglês ver”?115
Em 1942, a concessão da Companhia de Moçambique chegou ao fim depois de 51 anos. A concessão da Companhia do Niassa (que explorava terras nas províncias de Nampula, Cabo- Delgado e Niassa, na região norte do país) tinha terminado há mais de dez anos antes desta data, e a concessão da Companhia da Zambézia (que explorava terras na região centro-nordeste, concretamente na província da Zambézia) perto de trinta anos antes. Sem embargo, o fim da concessão da Companhia de Moçambique, em 1942, não significou o fim do chibalo ou do indigenato. Só quase vinte anos depois, em 1961, é que o indigenato foi revogado e o chibalo abolido.116
Portugal só viria a ratificar em 1956 uma Convenção de 1930, 26 anos mais tarde, Convenção por que muito se bateu a OIT – a Convenção nº 29, de 1930, sobre a abolição do trabalho
114Sobre a concessão do centro e norte de Moçambique a companhias privadas, que criaram os seus impérios dentro do Império
português, vide Mark, Daniela Nicole (2012). OC, pág. 77.
115Sobre o impacto do chibalo vide Mark, Daniela Nicole (2012). OC, pág. 78.
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forçado. É nossa convicção que o Estado português, pelo menos, terá sido coerente com a realidade. Porque ratificar uma Convenção sobre abolição de trabalho forçado, quando a realidade nas suas colónias revelava que, mesmo com a escravatura abolida formalmente, os povos colonizados continuavam submetidos a práticas de trabalho muito próximas à escravatura? Coincidência? Os factos falam por si. É só ver a tabela seguinte.117
Tabela 1. Convenções da OIT ratificadas por Portugal
CONVENÇÃO ASSUNTO RATIFICAÇÃO PUBLICAÇÃO NO D.R. REGISTO
NO B.I.T.
Convenção
nº 1 Duração do trabalho (indústria), 1919 Dec. 15.361 de 3.4.28 D.G. I Série n.º 207 de 14.4.28 3.7.28 Convenção
nº 4
Trabalho nocturno de mulheres, 1919
Nota: revista parcialmente pela Convenção 89 Denunciada em 8.12.93 Dec. 20.988 de 25.11.31 D.G. I Série n.º 57 de 8.3.32 10.5.32 Convenção nº 6
Trabalho nocturno de menores (indústria), 1919 Dec. 20.992 de 25.11.31 D.G. I Série n.º 58 de 9.3.32 10.5.32 Convenção nº 7
Idade mínima de admissão (trabalho marítimo), 1920 Nota: revista pela Conv.138 Denunciada automaticamente na sequência da ratificação da Conv. 138 D.L.43.020 de 15.6.60 D.G. I Série n.º 138 de 15.6.60 24.10.60 Convenção nº 8
Subsídio de desemprego em caso de perda por naufrágio, 1920
Dec. 133/80 de 28.11 D. R. I Série n.º 276 de 28.11.80 19.5.81 Convenção
nº 11 Direito de associação e de coligação dos trabalhadores agrícolas, 1921
Lei 41/77 de 18.6 D. R. I Série n.º 139 de
18.6.77 27.9.77
Convenção
nº 12 Reparação de acidentes de trabalho (agricultura),1921 D.L.42.874 de 15.3.60 D.G. I Série n.º 61 de 15.3.60 16.5.60 Convenção
nº 14 Descanso semanal (indústria), 1921 Dec. 15.362 de 3.4.28 D. G. I Série n.º 85 de 14.4.28 3.7.28
117Como reconhece Maria Cristina Fernandes Rodrigues, “ao longo do processo conducente à adopção, em 1930, da Convenção
nº 29, a OIT é vista com grande receio por parte do nosso país (Portugal), por se entender que exorbitava das suas competências e se imiscuía em questões estritamente da soberania nacional de cada Estado”. Em ofício dirigido ao Ministro das Colónias, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, em Novembro de 1929, faz as seguintes considerações, como salienta esta autora: “O trabalho indígena nas Colónias é assunto que preocupa a Sociedade das Noções e o Boreau International du Travail. Este último, no questionário que acaba de enviar aos Estados, que nele estão representados, formula uma série de perguntas tendentes a fixar as bases de uma convenção, reguladora do chamado trabalho forçado. A tendência do questionário é manifestamente de internacionalizar a administração indígena e de submeter a nossa comissão internacional, que funcionaria em Genebra, tudo quanto se relacione com o trabalho indígena. É evidente que semelhante plano é inexequível e não pode merecer a aprovação das Potências Coloniais. Como, porém, há ou pode haver, projectos de interferência colonial, e como a votação é dada a países que nenhum interesse directo têm, carecemos de tratar o assunto com uma grande reserva e ao mesmo tempo com grande conhecimento de causa”. Sobre esta matéria vide Rodrigues, Maria Cristina Fernandes (2012). Portugal e a Organização
Internacional do Trabalho (1933-1974). Dissertação submetida para obtenção do grau de Doutor em Sociologia. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, págs. 168-179.
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Convenção
nº 17 Reparação dos acidentes de trabalho, 1925 Dec. 16.586 de 9.3.29 D.G. I Série n.º 57 de 12.3.29 27.3.29 Convenção
nº 18 Doenças profissionais, 1925 Dec. 16.587 de 9.3.29 D.G. I Série n.º 57 de 12.3.29 27.3.29 Convenção
nº 19 Igualdade de tratamento entre trabalhadores estrangeiros e nacionais em matéria de reparação de acidentes de trabalho, 1925
Dec. 16.588 de
9.3.29 D.G. I Série nº 57 de 12.3.29 27.3.29 Convenção
nº 22 Contrato de trabalho dos marítimos, 1926 Dec. 112/82 de 11.10 D. R. I Série n.º 235 de 11.10.82 26.5.83 Convenção
nº 23 Repatriamento dos marítimos, 1926 Dec. 113/82 de 13.10 D. R. I Série n.º 237 de 13.10.82 26.5.83 Convenção
nº 26 Métodos de fixação dos salários mínimos, 1928 DL. 42.521 de 23.9.59 D.G. I Série n.º 219 de 23.9.59 10.11.59 Convenção
nº 27
Indicação do peso nos grandes volumes transportados em barco, 1929 Dec. 20.771 de 31.12.31 D.G. I Série n.º 13 de 16.1.32 1.3.32 Convenção
nº 29 Trabalho forçado, 1930 Dec. 40.646 de 16.6.56 D.G. I Série n.º 123 de 16.6.56 26.6.56 Convenção
nº 45 Emprego de mulheres em trabalhos subterrâneos, 1935 D. L. 27.891 de 26.7.37 D.G. I Série n.º 172 de 26.7.37 18.10.37 Convenção
nº 63 Estatísticas de salários e de horas de trabalho, 1938 Nota: deixou de estar aberta à ratificação após entrada em vigor da Conv. 160 que a revê. Denunciada automaticamente na sequência da ratificação da Convenção 160 Dec. 90/81 de 15.7 D. R. I Série n.º 160 de 15.7.81 24.2.83 Convenção
nº 68 Alimentação e serviço de mesa a bordo (tripulação dos navios), 1946
D. L. 38.340 de
16.7.51 D.G. I Série n.º 147 de 16.7.51 13.6.52 Convenção
nº 69 Diploma de aptidão profissional dos cozinheiros de bordo, 1946 D. L. 38.344 de 21.7.51 D.G. I Série n.º 152 de 21.7.51 13.6.52 Convenção
nº 72 Férias remuneradas dos marítimos, 1946 Nota: não recebeu o n.º necessário de ratificações p/ a sua entrada em vigor. Deixou de estar aberta à ratificação após a entrada em vigor Convenção 91 que a revê.
D. L. 38.349 de
30.7.51 D.G. I Série n.º 159 de 30.7.51 procedeu ao não se registo junto do BIT (1)
Convenção
nº 73 Exame médico dos marítimos, 1946 D. L. 38.362 de 4.8.51 D.G. I Série n.º 164 de 4.8.51 13.6.52 Convenção
nº 74 Certificado de aptidão de marinheiro qualificado, 1946 D. L. 38.365 de 6.8.51 D.G. I Série n.º 165 de 6.8.51 13.6.52 Convenção
nº 75 Alojamento da tripulação a bordo, 1946 Nota: não chegou a entrar em vigor por não ter recebido o n.º de ratificações necessárias. Deixou de estar aberta à ratificação após entrada em vigor da Convenção 92, que a revê
D. L. 38.377 de
7.8.51 D.G. I Série n.º 166 de 7.8.51 procedeu ao não se registo junto
BIT (2)
Convenção
134
1946 Convenção
nº 78 Exame médico de aptidão de crianças e adolescentes (trabalhos não industriais), 1946
Dec.111/82 de 7.10 D. R. I Série n.º 232 de
7.10.82 26.5.83
Convenção
nº 81 Inspecção do trabalho, 1947 D. L. 44.148 de 6.1.62 D.G. I Série n.º 5 de 6.1.62 12.2.62 Convenção
nº 87 Liberdade sindical e protecção do direito sindical, 1948 Lei 45/77 de 7.7 D. R. I Série n.º 155 de 7.7.77 14.10.77 Convenção
nº 88 Organização do serviço de emprego, 1948 D. L. 174/72 de 24.5 D.G. I Série n.º 122 de 24.5.72 23.6.72 Convenção
nº 89 Trabalho nocturno de mulheres (revisão), 1948 Nota: revê parcialmente a Convenção n.º 4. Denunciada em 27.2.92 D. L. 44.862 de 23.1.63 D.G.I Série n.º 19 de 23.1.63 2.6.64 Convenção nº 91
Férias remuneradas dos marítimos (revisão), 1949
Nota: revê a Convenção 72. Deixou de estar aberta à ratificação após a entrada em vigor da Convenção 146 que a revê. Denunciada automaticamente na sequência da ratificação da Convenção 146 D. L. 38.793 de 21.6.52 D.G. I Série n.º 137 de 21.6.52 29.7.52 Convenção
nº 92 Alojamento da tripulação a bordo (revisão), 1949 Nota: revê a Convenção n.º 75
D. L. 38.800 de
25.6.52 D.G. I Série n.º 140 de 25.6.52 29.7.52 Convenção
nº 95 Protecção do salário, 1949 Dec. 88/81 de 14.7 D. R. I Série n.º 159 de 14.7.81 24.2.83 Convenção
nº 96
Agências de colocação não gratuitas (revisão), 1949 (3) Nota: Deixou de estar aberta à ratificação após a entrada em vigor da Convenção 181 que a revê. Denunciada automaticamente na sequência da ratificação da Convenção 181. D.G.68/84 de 17.10 D. R. I Série n.º 241 de 17.10.84 7.6.85 Convenção
nº 97 Trabalhadores migrantes (revisão),1949 Lei 50/78 de 25.7 D. R. I Série n.º 169 de 25.7.78 12.12.78 Convenção
nº 98 Direito de organização e de negociação colectiva, 1949 D. L. 45.758 de 12.6.64 D.G. I Série n.º 138 de 12.6.64 1.7.64 Convenção
nº 100 Igualdade de remuneração, 1951 D. L. 47.302 de 4.11.66 D.G. I Série n.º 256 de 4.11.66 20.2.67 Convenção
nº 102
Segurança Social (norma mínima), 1952 (4) D. P. R. 25/92 de 3.11 D. R. I Série n.º 254 de 3.11.92 17.3.94 Convenção
nº 103 Protecção da maternidade (revisão), 1952 Nota: revista pela Convenção nº 183 Denunciada automaticamente na sequência da ratificação da Convenção nº 183 D. L. 63/84 de 10.10 D. R. I Série n.º 235 de 10.10.84 2.5.85 Convenção
135
Convenção
Nº 105 Abolição do trabalho forçado, 1957 D. L. 42.381 de 13.7.59 D.G. I Série n.º 158 de 13.7.59 23.11.59 Convenção
nº 106
Descanso semanal (comércio e escritórios),1957 D.L.43.005 de 3.6.60 D.G. I Série n.º 130 de 3.6.60 24.10.60 Convenção nº 107
Populações aborígenes e tribais, 1957
Nota: deixou de estar aberta à ratificação após a entrada em vigor da Convenção 169, que a revê Denunciada em 07.09.09 D. L. 43.281 de 29.10.60 D.G. I Série n.º 252 de 29.10.60 22.11.60 Convenção nº 108
Documentos de identificação dos marítimos, 1958 D. L. 47.712 de 19.5.67 D.G. I Série n.º 118 de 19.5.67 3.8.67 Convenção nº 109
Salários, duração do trabalho a bordo e lotações (revisão), 1958 Nota: Não recebeu o número necessário de ratificações para a sua entrada em vigor. Deixa de estar aberta à ratificação após a entrada em vigor da Convenção 180, que a revê
Dec.90/80 de 23.9 D. R. I Série n.º 220 de 23.9.80
9.1.81
Convenção
nº 111 Discriminação (emprego e profissão), 1958 D. L. 42.520 de 23.9.59 D. G. I Série n.º 219 de 23.9.59 19.11.59 Convenção
nº 115 Protecção contra as radiações, 1960 Dec.26/93 de 18.8 D. R. I Série n.º 193 de 18.8.93 17.3.94 Convenção
nº 117 Política social (objectivos e normas de base), 1962 Dec.57/80 de 1.8 D. R. I Série n.º 176 de 1.8.80 9.1.81 Convenção
nº 120 Higiene (comércio e escritórios), 1964 Dec.81/81 de 29.6 D. R. I Série n.º 146 de 29.6.81 24.2.83 Convenção
nº 122 Política de emprego, 1964 Dec.54/80 de 31.7 D. R. I Série n.º 175 de 31.7.80 9.1.81 Convenção
nº 124
Exame médico dos adolescentes (trabalhos Subterrâneos), 1965
D.G.61/84 de 4.10 D. R. I Série n.º 231 de 4.10.84
2.5.85 Convenção
nº 127 Peso máximo, 1967 D.G.17/84 de 4.4 D. R. I Série n.º 80 de 4.4.84 2.10.85 Convenção
nº 129 Inspecção do Trabalho (agricultura), 1969 Dec.91/81 de 17.7 D. R. I Série n.º 162 de 17.7.81 24.2.83 Convenção
nº 131 Fixação dos salários mínimos, 1970 Dec.77/81 de 19.6 D. R. I Série n.º 138 de 19.6.81 24.2.83 Convenção
nº 132 Férias anuais remuneradas (revisão), 1970 (5) Dec.52/80 de 29.7 D. R. I Série n.º 173 de 29.7.80 17.3.81 Convenção
nº 135
Representantes dos trabalhadores, 1971
Dec.263/76 de 8.4 D. R. I Série n.º 84 de 8.4.76 31.5.76 Convenção
nº 137
Repercussões sociais dos novos métodos das Operações portuárias, 1973
Dec.56/80 de 1.8 D. R. I Série n.º 176 de 1.8.80
9.1.81 Convenção
nº 138 Idade mínima de admissão ao emprego, 1973 (6) Nota: Revê a Convenção n.º 7
D. P. R. 11/98 de
19.3 D. R. I Série A n.º66 de 19.3.98 20.5.98 Convenção
nº 139 Prevenção e controlo dos riscos profissionais causados por substâncias e agentes
cancerígenos, 1974
D. P. R. 61/98 de
18.12 D. R. I Série A n.º 291 de 18.12.98 3.05.99 Convenção
136
Convenção
nº 143 Trabalhadores migrantes (disposições complementares), 1975
Lei 52/78de 25.7 D. R. I Série n.º 169 de
25.7.78 12.12.78
Convenção
nº 144 Consultas tripartidas destinadas a promover a aplicação das normas internacionais do trabalho, 1976
Dec.63/80 de 2.8 D. R. I Série n.º. 177 de
2.8.80 9.1.81
Convenção
nº 145 Continuidade do emprego (marítimos), 1976 Dec.109/82 de 6.10 D. R. I Série n.º 231 de 6.10.82 26.5.83 Convenção
nº 146 Férias anuais remuneradas (marítimos), 1976 (7) Dec.108/82 de 6.10 D. R. I Série n.º 231 de 6.10.82 25.6.84 Convenção
nº 147 Marinha mercante (normas mínimas), 1976 D.G.65/83 de 25.7 D. R. I Série n.º 169 de 25.7.83 2.5.85 Convenção
nº 148 Ambiente de trabalho (poluição do ar, ruído e vibrações), 1977 Dec.106/80 de 15.10 D. R. I Série n.º 239 de 15.10.80 9.1.81 Convenção
nº 149 Pessoal de enfermagem, 1977 Dec.80/81 de 23.6 D. R. I Série n.º 141 de 23.6.81 28.5.85 Convenção
nº 150 Administração do trabalho (papel, funções e organização), 1978 Dec. 53/80 de 30.7 D. R. I Série n.º 174 de 30.7.80 9.1.81 Convenção
nº 151 Relações de trabalho na função pública, 1978 Lei 17/80 de 15.7 D. R. I Série n.º 161 de 15.7.80 9.1.81 Convenção
nº 155 Segurança e saúde dos trabalhadores, 1981 D.G.1/85 de 16.1 D. R. I Série n.º 13 de 16.1.85 28.5.85 Protocolo
de 2002 Relativo à Convenção sobre a segurança e a saúde dos trabalhadores, 1981
D.P.R. 104/2010 de
25.10 D.R. I Série nº 207 de 25.10.2010 12.11.2010 Convenção
nº 156 Trabalhadores com responsabilidades familiares, 1981D.G.66/84 de 11.10 D. R. I Série n.º 236 de 11.10.84 2.5.85 Convenção
nº 158 Cessação da relação de trabalho, 1982 D. P. R. 68/94 de 27.8 D. R. I Série n.º 198 de 27.8.94 27.11.95 Convenção nº 159 Readaptação profissional e emprego de deficientes, 1983 D. P. R. 56/98 de 2.12 D. R. I Série A n.º 278 de 2.12.98 3.05.99 Convenção
nº 160 Estatísticas do Trabalho, 1985 Nota: revê a Convenção n.º. 63 (8) Dec. 22/93 de 26.6 D. R. I Série n.º 148 de 26.6.93 8.12.93 Convenção
nº 162 Segurança na utilização do amianto, 1986 D. P. R. 57/98 de 2.12 D. R. I Série A n.º 278 de 2.12.98 3.05.99 Convenção
nº 171 Trabalho nocturno, 1990 D. P. R. 69/94 de 9.9 D. R. I Série A n.º 209 de 9.9.94 27.11.995 Convenção
nº 173 Protecção dos créditos dos trabalhadores por insolvência do empregador, 1992
Dec. P. R. nº
136/2012, de 08.08 D.R., I Série nº 153, de 08.08.2012 Convenção
nº 175 Trabalho a tempo parcial, 1994 D. P. R. 50/2006 de 28.4 D. R. I Série - A n.º 83 de 28.04.2006 02.06.2006 Convenção
nº 176 A segurança e saúde nas minas, 1995 D. P. R. 55/01 de 23.10 D. R. I série - A n.º 246 de 23.10.2001 25.03.2002 Convenção
nº 181 Agências de emprego privadas, 1997 Nota: revê a Convenção n.º 96.
D. P. R. 13/01 de
31.01 D. R. I Série - A n.º 37 de 13.02.2001 25.03.2002 Convenção
nº 182 Interdição das piores formas de trabalho das crianças, 1999 D. P. R. 28/2000 de 26.05 D. R. I Série A n.º 127 de 1.6.2000 15.06.2000 Convenção
nº 183 Protecção da maternidade, 2000 Nota: revê a Convenção nº 103 Dec. P. R. nº 137/2012, de 08.08 D.R. nº 153, I Série, nº 153, de 08.08.2012 Convenção
137 Notas
(1) por se ter entretanto optado pela ratificação da Convenção n.º 91 (2) Por se ter entretanto optado pela ratificação da Convenção n.º 92 (3) com aceitação da parte III
(4) com aceitação das Partes II a X (5) duração da licença - 21 dias
(6) 16 anos para o regime jurídico do contrato individual de trabalho e 18 anos nas relações de emprego público (7) duração da licença - 30 dias
(8) foram aceites todos os artigos da parte I
Fonte: http://www.dgert.mtss.gov.pt/conteudos%20de%20ambito%20geral/oit/oit_convencoes.htm
Vejamos um exemplo da influência da OIT sobre a ordem jurídica interna portuguesa.
Embora a ratificação da Convenção do OIT sobre a duração do trabalho na indústria, de 1919, só ocorra em 1928, este é um caso exemplar da pressão que as normas internacionais exerciam sobre a ordem jurídica interna. A legislação de Maio de 1919 é tributária dos Acordos de paz de Versalhes, onde nasceu a OIT e dos princípios que presidiram à sua constituição: Jornada legal de trabalho limitada a oito horas e democratização do regime das fábricas. Quer o Bulletin
Officiel, quer a Revue Internationale du Travail, desde 1919, nas suas publicações, dão ênfase à temática das oito horas. No primeiro, que publica a documentação oficial da Organização, faz-se em cada número a resenha das decisões tomadas, por cada país, relativamente às “decisões de Washington” e outras; na segunda são publicados artigos, estudos e relatórios da Organização e dos Estados Membros. Em 1925 e 1926, publica a revista dois artigos do Professor Edgard Milhaud intitulados “Os resultados do estabelecimento da jornada de oito horas de trabalho”. Novo artigo é publicado, em Agosto de 1926, da autoria de Albert Tomas, o Director do Boreau
International du Travail, com o título “A propósito das oito horas – para fazer o ponto de situação”. A sua argumentação gravita em torno da necessidade da ratificação da Convenção de 1919 por parte dos países, sem a qual não há possibilidade de intervenção por parte das instâncias internacionais. N secção Relatórios e Inquéritos, a revista publica a síntese de um grande inquérito sobre a regulamentação da duração do trabalho na indústria europeia.
Como se pode notar, a jornada legal de trabalho limitada a oito horas era temática dominante nos fóruns internacionais na época, tendo em conta a influência que exercia sobre os quadros jurídicos nacionais, independentemente da ratificação da Convenção, que, como referimos, no caso português, é posterior à publicação da legislação nacional.118
Outro exemplo é o dos salários mínimos. Das 5 Convenções sobre salários mínimos aprovadas pela OIT até 1974, Portugal ratificou apenas uma, a Convenção nº 26, de 1928, relativa aos métodos de fixação de salários mínimos, 31 anos depois da sua adopção pela OIT, em 1959. NA Conferência de 1928, Portugal foi eleito para a Comissão dos salários mínimos, composta por 14 membros, sendo um dos países mais votados, o que leva o Ministro de Portugal em Berna a
118Sobre esta temática, vide Rodrigues, Maria Cristina Fernandes (2006). Trabalhar em Portugal (1910 – 1933) – Análise da
legislação sobre os direitos dos trabalhadores. Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sociologia. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Departamento de Sociologia, págs. 78-83.
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solicitar ao Ministério dos Negócios Estrangeiros instruções urgentes. E as instruções deste último vão no sentido de a posição ser “neutral na votação de salários de forma a não criar responsabilidade alguma para o governo português” e de salvaguarda da “situação da nossa economia”. Como relata Maria Cristina Fernandes Rodrigues “esclarecedor é o parecer da Associação Industrial Portuguesa, emitido a 12 de Maio de 1928, sobre o projecto da Convenção sobre salários mínimos”. Vejamos alguns excertos desse parecer:
“ [… ] Em princípio, a Associação Industrial Portuguesa considera perigosa toda a regulamentação de salários. O salário é sempre condicionado pela capacidade de lucro da indústria; pretender fixar-lhe um mínimo é correr um risco de impor à indústria um ónus possivelmente incomportável, atrofiando-lhe o desenvolvimento e provocando talvez uma crise de desemprego mais grave do que o mal que se pretende corrigir. Mas, a ser necessária uma regulamentação, em casos sempre excepcionais, essa regulamentação deverá ter um carácter estritamente nacional. Qualquer intervenção internacional em matéria de salários pode ter as mais graves consequências para a nossa indústria e para a nossa economia [… ].119
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Vide a este respeito Rodrigues, Maria Cristina Fernandes (2012). Portugal e a Organização Internacional do Trabalho (1933-
1974). Dissertação submetida para obtenção do grau de Doutor em Sociologia. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, págs. 334-351.
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