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O problema da imagem

No documento O desejo maquínico em Gilles Deleuze (páginas 172-195)

Quem não se chocar com a teoria quântica não a compreende.

Niels Bohr

Descartes propôs que o começo da Filosofia fosse feito pela dúvida radical. O problema da dúvida coloca-se primeiro como uma questão metodológica, como a necessidade de uma refundação lógica, válida de forma indubitável, a procura de um princípio ou axioma inquestionável, porém, a um segundo nível, a dúvida coloca-se como uma espécie de deslocamento ou descolagem da perspectiva natural ou senso comum.

O mesmo problema persiste em inúmeros pensadores de correntes de pensamento e em épocas diferentes. Tal questionamento radical da totalidade do real e do sentido não é obra de uma singularidade, de um defeito ou enfermidade, é uma hipótese que se coloca contra toda a carga de normalização que cultura, sociedade e valores acarretam. Ocorre pensar que não se trata apenas de um modelo metodológico mas de uma intuição paradoxal que não é acompanhada por nenhuma rede de significações, por nenhum correlato empírico imediato e muito menos por um consenso universal de pensadores. Uma intuição anti-evidente, anti-intuitiva que nada ou quase nada tem que concorra para a sua validação e, no entanto, muito tempo e reflexão lhe têm sido dedicados.

Schopenhauer, por exemplo, considera que na posição do realismo ingénuo este problema não se coloca, a seu ver o mundo da intuição, enquanto não tentamos ultrapassá-lo, não provoca naquele que o observa nem dúvida nem inquietude, não há lugar nem para o erro nem para a verdade, que são atiradas para o domínio do abstracto, da reflexão. Aos olhos dos sentidos e do entendimento, o mundo revela-se e dá-se com

uma espécie de ingénua franqueza, como uma representação intuitiva que se desenvolve sob o controle da lei da causalidade. Porém, o problema especulativo coloca uma questão a todos: “nós temos sonhos; não poderia a vida inteira ser um longo sonho? Ou, com mais precisão: existe um critério infalível para distinguir o sonho da vigília, o fantasma do objecto real?496

Segundo o autor, para o sonho e para a vida não encontraremos na sua natureza nenhum carácter que os distinga claramente e é preciso conceder aos poetas que a vida é apenas um longo sonho. Todavia, a questão aparentemente absurda para os realistas ingénuos interessa sem dúvida os outros e não teria prendido tanto os filósofos se não tivesse em si mesma algum alcance, se ela não encobrisse um pensamento mais profundo ou mais verdadeiro do que o faria supor a sua origem mais próxima.

Desde os pré-socráticos que a questão da percepção desperta o pensamento da sua modorra; os atomistas, cerca de 500 a.C., consideravam que a percepção do real se baseava na forma como percebemos as misturas de átomos uma vez que as qualidades sensíveis não existem por si, na natureza não há cor nem amargo nem doce, estas são convenções, a realidade seria composta apenas por átomos e vazio. Nos fragmentos disponíveis, Demócrito afirma que a visão consiste na recepção da imagem dos objectos visíveis e que a imagem é a forma reflectida na pupila.497 Segundo a sua teoria, os corpos irradiam emanações e a impressão que fazem nos sentidos assemelha-se a uma marca sobre a cera.

Empédocles, 490 a.C., por exemplo, considerava que os corpos emitem eflúvios que são como que partículas minúsculas que deles se separam e penetram pelos poros de cada órgão dos sentidos. Claro que a análise destes pensadores era especulativa e não científica ou experimental, contudo a ideia de que as qualidades sensíveis a que acedemos não constituem a totalidade do real está já presente na antiguidade, neste caso, nos atomistas que consideravam que o homem permanece longe da realidade na medida em que a opinião de cada um repousaria nos afluxos de simulacros, de eflúvios dos corpos aos órgãos dos sentidos. Não saberíamos nada e, para Demócrito, a verdade estaria, simbolicamente, num abismo, não caindo esta teoria do conhecimento num cepticismo radical uma vez que sustenta que mediante o pensamento podemos conhecer a teoria atomista e o vazio.498

496

Cf. Schopenhauer, A., O Mundo Como Vontade e Representação, op cit, p. 28. 497

Cf. Brun, J., Os Pré-Socráticos, Lisboa, Edições 70, s.d., p. 100. 498

No entanto, parece ter sido Platão que se aproximou mais, se é que é legítimo fazer esta relação, da noção da ciência moderna. Isto porque estranhamente a ideia da caverna ou coincide ou determinou o desenvolvimento do conceito da óptica, pois na Alegoria da

caverna, as imagens a que os homens tinham acesso eram apenas reflexos da luz do fogo

projectados nas paredes da caverna e eram essas imagens que os prisioneiros tinham como o real, imagens que correspondem à percepção do real disponível ao homem. Na ciência da óptica moderna, também a imagem, a percepção que temos do real que permite construir os conceitos, é o resultado do reflexo da luz, da energia - fotões- sobre a superfície dos corpos.

Isso dá-nos a entender que os corpos são sólidos, dado que reflectem a luz, e dá-nos a entender que a luz penetra na atmosfera, através dos gases, até certo ponto, e que a luz viaja pelo espaço a uma determinada velocidade. O nosso cérebro deve ter-se adaptado à velocidade ou frequência de vibração de uma parte das ondas de luz emitidas (há algumas do espectro electromagnético que não conseguimos captar), porque a percepção da imagem dos objectos é constante. O objecto existe de forma consistente e permanente na percepção da imagem que temos, o cinema joga com esta velocidade constante de estímulos para criar o efeito de imagem em movimento que propriamente o define. Portanto, há um conjunto de indícios que aproximam a perspectiva platónica da ciência moderna no que toca à percepção.

Segundo a óptica, o objecto não nos é dado tal como é, do objecto só temos aquilo que a luz pode reflectir, a cor é resultante do tipo de luz que incide e é reflectida num corpo e consoante o tipo de luz será originada uma cor diferente. Do objecto temos a imagem reflectida de uma forma parcial a duas ou três dimensões, que exclui o interior do objecto, uma interpretação dada pelo cérebro da cor e textura dessa forma. Porém, sabemos que se o tipo de luz que incide mudar (se fôr amarelada, roxa, branca), a cor que é interpretada pelas células responsáveis pela identificação da cor no olho (os bastonetes), diferirá.

Coloca-se a dúvida de saber como é possível deter algo do real, dos objectos, se o acesso que temos é meramente aquilo, aquela pequena parcela que é reflectida? Tal como Platão como é possível conhecer a verdade se só nos é dado o reflexo das coisas projectadas na caverna pela acção da luz?

O ser humano encontra-se numa situação paradoxal no que diz respeito à percepção, ao real, pois pela actividade perceptiva natural pressente que aquilo que lhe é dado aos sentidos é absoluta e inquestionavelmente real, ou pelo menos que existe um real, porém pela análise crítica do funcionamento ou pelo simples treino intensivo do uso dessas

ferramentas que produzem a síntese passiva do real, apercebe-se que a sua percepção é parcelar, constitui apenas uma parte daquilo que é.

É paradoxal porque parece que mesmo construindo aparelhos complexos de análise mais aprofundada há sempre mais alguma coisa, determinação, qualidade, etc. que lhe falha e que frustrantemente consegue conceber mas não captar ou identificar. O que é paradoxal é que o mesmo aspecto do real seja tão evidente e se apresente como dogmático e, ao mesmo tempo, insuficiente. Como é que a mesma informação pode ter caraterísticas opostas? É uma impossibilidade lógica que algo seja, o mais evidente, e o menos determinado ao mesmo tempo relativamente a um mesmo aspecto ou ponto em análise.

Haverá vários argumentos para mostrar o indício de que há mais alguma coisa do que aquilo que é dado na percepção, ou que o que é dado não corresponde ao que é o real . Gostariamos apenas de indicar um: usando a noção deleuziana de «entre» pode compreender-se que a falha e a fuga para a ideia de algo mais está no espaço entre determinações do conceito. Quando aprendemos um conceito ou o re-criamos para que este seja assimilado e enquadrado na rede lógica daqueles que já possuímos, podemos perceber que uma parte das qualidades referidas a um objecto do pensamento é dada e pode ser verificada por um dos órgãos dos sentidos, que a outra qualidade ou determinação é verificável por outro e que outras são deduzidas mediante a reflexão.

Esta construção resulta em que o conceito surja como uma unidade, como um todo, um uno que fixa apenas os aspectos essenciais, a essência dessa unidade. Porém, ao referirmos as determinações à verificação deste ou daquele órgão ou a determinadas operações de dedução compreendemos que se trata de uma colagem, de uma construção pois cada elemento verificador apresenta um limite que é colado à determinação seguinte. O conceito é uma manta de retalhos e não uma unidade. São as limitações entre este e aquele órgão dos sentidos da perceção/entendimento que nos dão a noção de uma construção. É na falha e desigualdade entre linhas de evidência que percebemos que o vaso partido foi colado, é nas linhas de quebra que o identificamos. Esta percepção conduz facilmente à ideia de paradoxo da percepção: o que vemos é o real; o real não é o que vemos, é ainda outro.

Através da ciência moderna temos ainda outros indícios de que a perspectiva do real a que podemos ter acesso, por exemplo, sob a forma de uma imagem e da visão, ou do ponto de vista da física quanto ao estudo do átomo, não correspondem àquilo que damos como certo no quotidiano e na mundanidade. Contudo, podemos pensar que tal intuição

paradoxal da irrealidade do real não tinha apoios deste tipo, por exemplo em Platão para que lhe fosse por esses meios sugerido que se deveria depreciar as intuições sensíveis.

Um dos aspectos mais paradoxais desta ideia é vista na física quântica - e no

princípio de incerteza de Heisenberg, segundo o qual uma partícula quântica apenas tem

uma posição no espaço-tempo se a função de onda colapsar. Tentaremos em seguida de forma simples, porque é a única que nos é possível, explicar a importância deste problema no contexto desta dissertação.499

Consultando os artigos de divulgação mais acessíveis vemos que a palavra “quântica”, quantum do Latim, quer dizer quantidade, e na mecânica quântica, esta refere- se a uma unidade discreta que a teoria quântica atribui a certas quantidades físicas, como por exemplo, a energia de um electrão contido num átomo em repouso. A descoberta de que as ondas eletromagnéticas podem ser explicadas como uma emissão de pacotes ou unidades separadas de energia, chamados quanta, conduziu ao ramo da ciência que lida com sistemas moleculares, atómicos e subatómicos que é conhecido como mecânica quântica.

A mecânica quântica500 é uma teoria constituída por vários axiomas, sendo de destacar o princípio de incerteza de Heisenberg, formulado inicialmente em 1927 pelo físico

499

O pensamento filosófico de Deleuze, nomeadamente a sua matriz perspectivista, terá sido influenciado pelas especulações de cariz também ele filosófico da física quântica, estes aspectos são sugeridos de forma discreta na construção dos conceitos e em algumas referências espalhadas pela sua obra. Por exemplo em

Diferença e Repetição, quando se aborda o problema da individuação e Deleuze refere o trabalho de

Simondon, este remete directamente à ciência e especificamente a esta área: “Segundo Simondon, o individuo seria apenas “uma certa fase do ser que supõe antes dele uma realidade pré-individual e que, mesmo depois da individuação, não existe sozinha pois a individuação não esgota de um único golpe os potenciais da realidade pré-individual (…) São duas as características do pré-individual segundo Simondon: ser definido em termos de meta-estabilidade e de quantas (quantidades elementares de energia). (…) Logo, a energia potencial irá ser vista como implicando uma diferença de potencial e, nos termos de Deleuze, a intensidade aparecerá como a energia potencial de estados meta-estáveis, responsável pela différentiation em qualidades e extensões das relações coexistentes na Ideia.” Cf. Ferreira Santos, L., Pensar o Desejo,

Freud, Girard e Deleuze, op cit, p. 222. A noção deleuziana de intensidade assume assim uma raiz na física e

deve substituir a referência a uma quantidade de energia que a noção freudiana de pulsão e mais ainda de

Libido enquanto energia do inconsciente tinham. Por outro lado, e também relativamente à concepção do real

deleuziana (esta que seria quântica e perspectivista): “em 1988, Deleuze afirmava retrospectivamente que em todos os seus livros procurou a natureza do acontecimento, único conceito filosófico a seu ver capaz de destituir o verbo ser e o atributo. Cf. Deleuze, G., PP, Lisboa, Edições Fim de Século, 2003, p. 194. No mesmo ano, dizia, de modo semelhante, que se tanto escrevera sobre a noção de acontecimento ao longo da sua produção é porque não acreditava nas coisas. Por outras palavras, não acreditava nas representações, nas totalidades, no que aparecia com carácter fixo.” Cf. Ferreira Santos, L., Pensar o Desejo, Freud, Girard e

Deleuze, op cit, p. 224. A alusão à física quântica surge também em Mil Planaltos quando Deleuze e Guattari

desenham as linhas de fuga como sendo um agenciamento do tipo «máquina de guerra», uma máquina que não tem como prioridade a guerra mas antes “a emissão de quanta de desterritorialização, a passagem de fluxos mutantes”; a mesma alusão noutra passagem: “O que nos inspira hoje são os computadores, é a microbiologização do cérebro: este apresenta-se como um rizoma, erva mais do que árvore, «an uncertain

system», com mecanismos probabilísticos, semi-aleatórios, quânticos.” Cf. Deleuze, G., PP, op cit, p. 203.

500

A história da mecânica quântica começou em 1838 com a descoberta dos raios catódicos por Michael Faraday; com a sugestão em 1877 por Ludwig Boltzmann que os estados de energia de um sistema físico

Werner Heisenberg, impondo restrições à precisão com que se podem efetuar medidas simultâneas de uma classe de pares de elementos observáveis ao nível subatómico.

A explicação é que quando se quer encontrar a posição de um electrão é necessário fazê-lo interagir com algum instrumento de medida, directa ou indirectamente, faz-se incidir sobre ele radiação que tenha um comprimento de onda da ordem da incerteza com que se quer determinar a posição. Neste caso, quanto menor for o comprimento de onda, maior frequência, maior é a precisão. Contudo, maior será a energia cedida pela radiação, onda ou fotão e o electrão sofrerá um recuo tanto maior quanto maior for essa energia. Como consequência, a velocidade sofrerá uma alteração imprevisível, ao contrário do que afirmaria a mecânica clássica, alteração causada pelo observador e pelo acto de medição.

Naquilo que concerne ao nosso interesse neste ponto, salienta-se o problema da perspectiva, isto é, a interferência que o observador tem na observação do real, a forma como o sujeito vê, determina, isto é, modifica o real. Este será um correlato científico do problema do transcendental kantiano ou do perspectivismo deleuziano.

O exemplo comumente dado é o da experiência que procura descobrir a posição de uma bola de plástico dentro de um quarto escuro. Na experiência emite-se um tipo de radiação para deduzir a posição da bola através das ondas que batem na bola e voltam, (trata-se do princípio de funcionamento do aparelho de radar); ou, noutro exemplo, se quisermos calcular a velocidade de um automóvel, podemos fazer com que ele atravesse dois feixes de luz e calcular o tempo que ele levou entre um feixe e outro. Nem a radiação, nem a luz conseguem interferir de modo significativo na posição da bola, nem alterar a velocidade do automóvel pois estamos a trabalhar em corpos de dimensões macro, mas podem interferir muito na posição e na velocidade de um eletrão, pois aí a diferença de tamanho entre o fotão de luz e o eletrão é pequena. Se tornássemos a escala proporcional seria como atirar água para dentro do quarto escuro, para deduzir a localização da bola através das pequenas ondas que batem no objecto e voltam.

O problema que este exemplo pretende salientar é que a água pode empurrar a bola alterando sua posição, isto é, a acção do observador determina uma alteração no estado daquilo que está a ser determinado. Desta forma torna-se impossível determinar a localização real desta bola pois a própria determinação mudará a sua posição, temos pois o princípio de indeterminação no que toca à definição do «tecido do real», isto é, na determinação de átomos e partículas sub-atómicas. Apesar disto, voltando à experiência, a sua nova posição pode ser ainda deduzida, calculando quanto a bola seria empurrada pois

poderiam ser discretos; e com a hipótese colocada por Planck, em 1900, de que toda a energia é irradiada e

se soubermos a força das ondas podemos calcular uma posição provável da bola, tendo como certo que a bola estará, provavelmente, localizada dentro daquela área.

O princípio de incerteza altera os métodos de medição da física clássica mas, acima de tudo, desperta o problema do espectador, da consciência na percepção do real. Se o espectador interfere na observação e se esta depende dele nunca poderemos saber o que é o real, qualquer acção para determinar a verdade vai falseá-la inevitavelmente.

Alguns físicos consideram mesmo que o átomo antes de ser estudado não está em si, com o seu núcleo organizado de electrões em seu redor, como vemos nos modelos e figuras de estudo, ele estará, paradoxalmente «espalhado» até que o seu «existir» seja perturbado por uma qualquer forma de investigação, que já sabemos, necessita de interagir com o objecto de estudo mediante uma forma de radiação, normalmente, a luz.

A esta dificuldade do problema da medição dos corpos atómicos e subatómicos acresce que a natureza dúplice, ondulatória e corpuscular dos átomos, não pode ser simultaneamente determinada. A tentativa de determinar uma inviabiliza a determinação da outra.

O aspecto mais importante desta teoria no nosso entender, é a questão proposta por Heisenberg da incerteza que decorre entre a posição e o momento de um átomo, isto é, a incerteza que decorre entre a medição, ou determinação, de um átomo entendida como a posição em que ele se encontra, o aspecto que se queria medir, e o resultado dessa tentativa de medição que resulta na determinação do momento, no espaço e no tempo, em que essa determinação foi feita.

Isto despertou-nos dois problemas que se afiguram análogos na Filosofia: um é o da definição do sentido em Deleuze e o da definição de perspectivismo em Nietzsche.

No primeiro, analogamente à argumentação do princípio de incerteza temos que em Deleuze a determinação do sentido é um acontecimento no qual se estabelece um crivo, uma ponte, uma marca no caos de determinações, no caos do pensamento.

O pensamento, tal como o átomo, está espalhado e não concentrado num dado momento do espaço e é determinado no momento em que se projecta um plano de imanência, um plano que recorta ao caos,501 que lhe rouba ou fixa, um certo número de determinações que geram um sentido bivalente e não unívoco, analogamente à dualidade onda, partícula.

Por outro lado, o facto de haver, ou de se criar uma discrepância, que na física quântica se chama colapso da onda, entre a posição do átomo e o momento em que ele

501

está, leva-nos a estabelecer a analogia com o pensamento perspectivista nietzschiano, segundo o qual qualquer determinação do real é uma de muitas perspectivas que determinam uma quantidade de força, uma vontade de poder que a interpreta desta ou daquela maneira.

O pensador perspectivista, que ainda é uma figura transcendental, cria o sentido e portanto uma interpretação e isso é diferente do sujeito clássico porque no perspectivismo não há um sujeito universal e necessário, nem tão-pouco um sujeito da representação. A cada interpretação, o pensador dá-se a si todo o mundo ou, como Schopenhauer - cada um é ele próprio o mundo inteiro.

Em algumas interpretações da mecânica quântica, o colapso da função de onda é um dos dois processos pelos quais um sistema quântico aparentemente evolui: quando a função de onda colapsa, da perspectiva de um observador o estado parece «saltar» para um dos estados fundamentais e unicamente adquirir o valor das propriedades medidas que são associadas com aquele estado fundamental em particular. Como tal, quando o átomo é medido a sua determinação de estado parece ter-se fixado na observação que foi feita,

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