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O SENTIMENTO COMUNISTA

No documento A Natureza Mística do Marxismo (páginas 172-176)

PARTE I: MARX O HOMEM E O MÍSTICO /

Capítulo 14. O SENTIMENTO COMUNISTA

OS

ENTIMENTO

C

OMUNISTA

O poeta Pablo Neruda em seu poema Os Comunistas, fala sobre a “Família Comunista.” Neste Poema, os comunistas são retratados como vítima de perseguição e acusação injustas. O que mais me impressionou porém, foi o modo carinhoso como Neruda fala dos comunistas apresentando-os como bons membros de uma grande e fraterna família mundial, cheios de nobres objetivos e com uma determinação intrépida diante dos obstáculos lançados pelo mundo capitalista e imperialista contra eles. Neruda queixa-se da culpa pelo caos internacional atribuído aos comunistas, defendendo-os como vítimas perseguidas pela maldade do resto do mundo. Lênin escreveu:

“Marchamos formando um grupo compacto ao longo de um caminho escarpado e difícil, firmemente presos pelas mãos. Estamos rodeados por todos os lados e sob um ataque quase constante. Temos nos unido voluntariamente com o propósito determinado de lutar contra o inimigo e não empreender a retirada para as regiões vizinhas, cujos habitantes, desde o mesmo princípio, nos reprovaram por termos nos separados em um grupo exclusivo e termos escolhido o caminho da luta.”(Que Fazer? Editora Hucitec, 1979. São Paulo-SP).

O escritor venezuelano Carlos Rangel no seu livro Do Bom Selvagem ao Bom Revolucionário, descreva de uma forma precisa o sentimento comunista. Rangel apresenta os guerreiros latino-americanos como

românticos libertadores, definindo-os como “um elemento à procura da selvageria nobre” perdida com a chegada do imperialismo colonialista. Carlos Rangel diz ainda que os guerrilheiros crêem plenamente que só por meio da revolução armada. A nobre selvageria da América Latina será restaurada e as culturas nativas da América retornarão ao antigo estado místico de inocência. Vejamos outra referência:

“Quando os comunistas chineses ocuparam Pequim, após anos de combater nas forças de Chiang Kai Chiek, começaram a aparecer histórias sobre a atitude dos saldados de Mao. Uma se referia aos participantes da “Longa Marcha”que não tinham nada para comer. Supostamente esses soldados foram até Mao-Tsé-Tung e explicaram sua situação, Mao respondeu: ‘cozinhem as solas dos seus sapatos e comam’. Foi o que fizeram. Quando essas tropas finalmente marcharam vitoriosas em Pequim, Mao os reuniu e lhes disse: ‘Não pesem que suas vidas agora serão fáceis. Elas não serão mas prometo a vocês uma coisa: as vidas de seus filhos serão mais fáceis’. (Comunismo.Promessa e Prática. The Freedam

Leadership Foundation,1975).

Como se vê, os comunistas expressam uma espécie de sentimento familiar internacional semelhante ao sentimento familiar internacional semelhante ao sentimento familiar do Cristianismo. Em todas as obras de cunho marxista, os seus autores deixam transparecer esse sentimento. A ideologia marxista possui o poder de despertar um forte sentimento de unidade em torno do ideal que defende. Para a grande maioria dos jovens marxistas, os comunistas são os mais leais e corajosos homens; são os mais fiéis justiceiros e os mais ardentes e românticos defensores da paz e do bem. Pode-se perceber esse sentimento transcrito numa frase famosa estampada em um pôster de Che Guevara, de sua autoria: ‘Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamas’. Todos o órgãos de divulgação dos partidos comunistas esforçam-se com esmero e ‘devoção’ para despertar no povo um patriótico sentimento familiar. Um exemplo estarrecedor dos resultados desse sentimento está simbolizado pelo garoto Pawlick Molozov, que denunciou seus pais às autoridades comunistas, levando —os à morte, por sua fidelidade à causa comunista. Stálin mandou erigir uma estátua de Pawlick, como exemplo de fidelidade e amor comunista. Os casos semelhantes ao de Pawlick são fartos em qualquer literatura contramarxista.

Mas o que pretendo destacar aqui não é um relevo de tais casos e frases, mas tão somente evidenciar o “sentimento comunista.” Este, mais que qualquer outro fator, constitui o poder real do comunismo, que pinta um guerrilheiro comunista como um Robin Hood da atualidade. Um alegre e

bondoso justiceiro que rouba dos ricos para distribuir aos pobres. Essa imagem, ainda que não seja claramente definida — o que quebraria a força de seu mistério —, acha-se amplamente difundida no pensamento e nas artes comunistas.

O ex-líder soviético Constantin Chernenko determinou o retorno da arte à figura do “herói comunista”, que constituiu principal fonte de inspiração das artes nos tempos de Stálin. É esse “sentimento familiar” — se assim o podemos chamar —, a origem da força e da aparente unidade do comunismo.

O sentimento marxista pode perfeitamente ser comparado àquele despertado por Hitler no coração do povo alemão. No livro Minha Luta, Hitler deixou transparecer o ideal utópico de um império paradisíaco que duraria mil anos. As suas palavras possuíam uma poderosa força carismática, que conduziu o povo alemão para fora da realidade. Hitler de modo semelhante a Jesus anunciou que o povo alemão era o povo “eleito” para governar o reino que nascia, e cuja supremacia seria estendida ao resto do mundo. Hoje, o novo povo “eleito” para os marxistas é o russo. O marxismo criou o sentimento propício a essa crença, despertando a fidelidade e a responsabilidade pela “salvação do mundo”, das guerras do imperialismo, no coração dos russos e a certeza de que governarão o mundo eternamente. O marxismo dá aos comunistas poderosas razões para viver ou morrer, do mesmo modo que a crença religiosa deu aos cristãos primitivos, aos pilotos kamikazes e aos iranianos sob o domínio do Ayatolá Khomeini. A força mística que o marxismo exerce sobre seus seguidores em nada é diferente daquela que o Cristianismo despertou nos cristãos primitivos, e também na época da Reforma. Antonio Gramsci, comunista italiano, escreveu que para suprimir a religião é necessário substituí-la por outra coisa semelhante que possa satisfazer a natureza mística do homem. Podemos seguramente afirmar que o marxismo possui tal poder místico. E por quê? Porque contém em seu corpo ideológico as partes fundamentais da religião cristã — uma teoria da Criação, uma teoria da Queda Humana e uma teoria da restauração do estado original —, possuindo, em essência, a força mística de uma religião. Mas, de que tipo? Uma verdadeira religião se baseia na fé de Deus, no amor e na verdade, e os apresenta como o caminho para a religação do homem ao seu criador. Serão estes os ideais do marxismo? Incrivelmente, eles são exatamente opostos! O que dizer então? Que o marxismo nada possui de místico ou que ele é uma religião às avessas? Admitir a primeira assertiva, a esta altura da exposição, não seria lá muito honesto. Resta, portanto, a segunda hipótese à pesquisa do leitor.

Contramarxismo

Uma imagem igualmente humana, bondosa e científica é atribuída a Karl Marx. Em qualquer país comunista, Marx, Engels e Lênin são os modelos para todos os cidadãos. Eles vêem Marx como um homem inteligente e humanista que, por tanto amar a humanidade, dedicou e sacrificou sua vida para libertá-la da miséria e da opressão. Pôsteres de Marx são vendidos nas livrarias, suas obras são vistas como preciosidades, pintores o retratam e escultores o esculpem com capricho e respeito.Enfim, é o “Pai do Homem Comunista.” Um gênio precoce; um homem extraordinário; um escritor prolífero e um pai de família exemplar! Estes são apenas alguns dos valorosos títulos atribuídos a Marx pelos seus admiradores. Por outro lado, para um contra-marxista, Marx é bem diferente. É um psicopata. Uma criança traumatizada, um homem degenerado desde a adolescência; revoltado pelo seu fracasso artístico, seco e insensível com relação aos seus parentes, cheio de ódio por Deus e pela humanidade, imbuído de espírito estranhamente místico e perverso. Escreveu poemas revelando seu estado de alma e suas estranhas intenções destrutivas, que deram origem a um sistema de pensamento falso e anticientífico, negando a origem divina do Universo, denegrindo o valor do homem... Enfim, é o primeiro responsável pelo assassinato implacável de 150 milhões de seres humanos!

Esse é o outro rosto de Marx; o lado desconhecido de sua vida e de sua obra, que aqui procuramos expor e complementar.

Analisando os efeitos do marxismo no mundo, após seus 138 anos de existência teórica e seus 68 anos de existência prática, qual das duas personalidades de Marx corresponde à verdadeira? Se ele fosse o gênio bondoso que se procura divulgar, produziria tais frutos? Marxistas ou não, o leitor não poderá simplesmente rejeitar todos esses dados.

Rudolf Allers, notável figura da terceira escola vienense de psicologia, afirmou que o freudismo representava “o triunfo do erro.” O marxismo, agora ideologicamente ultrapassado e praticamente abandonado pela China, após décadas de frustrantes tentativas, representa também o triunfo de um erro. Um erro pelo qual a humanidade pagou um elevadíssimo preço.

Dentro de mais alguns anos, Marx será visto pelo mundo como um outro Hitler. O que há de verdadeiro em sua obra, além das aberrantes acusações contra os erros cristãos e as injustiças humanas, aliadas às poderosas palavras de incitação ao ódio e à violência? Sua teoria da Criação (o materialismo Dialético) é falsa; sua teoria da história (O Materialismo Histórico) é falsa e a sua solução (a destruição da família, da religião, do

Estado, da propriedade), bem como os métodos propostos (o ódio e a violência), também o são.

Se o marxismo corresponde a uma pseudo-religião, naturalmente, sua revelação é uma pseudoverdade (e isto ela é). Assim sendo, posta em prática, ao invés de construir um “céu”, construirá um “inferno” na Terra. Seguramente, não podemos chamar as sociedades comunistas de paraísos terrestres.

No documento A Natureza Mística do Marxismo (páginas 172-176)