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Objetivo Específico 3

No documento O Programa de E-Mentoring do Ponto Cidadão (páginas 68-72)

4.3.1. Apresentação e Análise dos Dados

Para a análise das respostas pertinentes ao objetivo específico 3: Identificar na perspectiva de diversos atores, qual a origem e a motivação do programa de e-mentoring do Ponto Cidadão, a unidade de análise escolhida foi o tema a origem e a motivação do Programa de e-mentoring do Ponto Cidadão.

As respostas dos entrevistados revelaram uma coerência entre os atores: Administradores/Coordenadores, Mentores e Mentorados. Ou seja, apesar de intuitivas as respostas convergem ao que o Ponto Cidadão explana quando apresenta o seu Programa de e- mentoring (Anexo B). Quando salienta que o foco maior da mentoria, por meio da orientação, é proporcionar aos jovens: o desenvolvimento profissional, seu aprendizado sobre o mercado de trabalho, empregabilidade, e, a aquisição de subsídios que permitam um diferencial para sua inserção neste mercado.

Inicialmente vejamos os dados obtidos com a Administradora e o Coordenador:

“para oferecer o acompanhamento de alguém do mercado de trabalho. Como estamos preparando eles para o mercado, é importante que alguém do mercado de trabalho esteja próximo a ele” (Administradora).

“só a parte teórica trabalhada em sala de aula deixava o aluno muito no campo da imaginação, se perguntando como seria isso na prática... foi em cima dessa necessidade que surgiu a ideia de que um mentor suprisse essa lacuna” (Coordenador).

Esse grupo enfatizou a questão de oferecer aos jovens uma orientação voltada para o aspecto da carreira como motivação para a origem do e-mentoring. Quando o programa é formal, como o e-mentoring do Ponto Cidadão, a mentoria pode ser considerada como um programa de capacitação tendo como objetivo ensinar os jovens a aprenderem como fazer.

Na percepção sobre a origem e a motivação do Programa e-mentoring do Ponto Cidadão, alguns mentores trouxeram a reflexão de que a necessidade do cumprimento de um papel social foi responsável para a inciativa do programa:

“a partir das lacunas que existem... surge a necessidade da sociedade empresarial, como responsabilidade social... de atuarem, de terem esse papel... o Ponto Cidadão enxergou essa necessidade de apoiar esses jovens para que tenham um lugar melhor e mais justo para viverem” (Mentor 1).

“... a carência desses jovens em situações de riscos... essa proposta dá oportunidade de que os jovens saiam dessa situação para ser uma pessoa melhor... tendo como objetivo formar cidadãos, formar profissionais, formar pessoas de bem” (Mentora 2).

“a necessidade de uma formação completa para que os jovens se tornem cidadãos. Um cidadão completo na sua essência. Um profissional com ética, com responsabilidade... aquele que realmente vá para o mercado de trabalho preparado” (Mentora 3).

Há destaque na percepção desses respondentes de que o motivo para a origem do Programa e-mentoring do Ponto Cidadão foi a conscientização de algumas empresas (mantenedoras do projeto) de cumprirem um papel social para agirem de forma concreta no resgate dos jovens em situações de riscos sociais. Trata-se de uma resposta da iniciativa privada para agirem nas lacunas não preenchidas pela ação pública. Leva-nos a uma relevante inferência de que a sociedade interessa-se por um programa de mentoria por se tratar de uma relevante ferramenta para o desenvolvimento de pessoas, através da qual os indivíduos aprendem e proporciona benefícios para o desenvolvimento pessoal e profissional dos mentorados.

Já outros mentores tiveram uma percepção mais centrada que a origem teve motivação na própria essência do Ponto Cidadão que é a de formar e capacitar jovens. Para esses respondentes, a origem está vinculada ao papel do Ponto Cidadão na formação e capacitação profissional dos jovens, como complemento das disciplinas teóricas, uma forma de contato com a realidade do mercado de trabalho através do convívio e da orientação com profissionais experientes para apoiá-los na definição de suas vocações:

“a função do Ponto Cidadão é a de preparar os alunos para o mercado de trabalho. Seu objetivo principal é de inseri-los no mercado de trabalho. Surgiu dessa necessidade deles estarem prontos para o mercado de trabalho... mais funcionais” (Mentor 4).

“colocação dos jovens no mercado de trabalho... com o programa você consegue dar uma orientação melhor para esses jovens de como eles devem se colocar no mercado de trabalho” (Mentora 5).

“apoio da sociedade, representada pelos mentores, no desenvolvimento e capacitação dos jovens, além de permitir uma aproximação desses jovens com a realidade fora do Ponto Cidadão” (Mentora 8).

“facilitar ao jovem o acesso a informações e troca de experiência no âmbito da formação profissional e também pessoal” (Mentora 10). Já para os jovens mentorados foi praticamente unânime a percepção de que a origem e motivação do e-mentoring do Ponto Cidadão está diretamente vinculada às questões de melhor prepará-los para o mercado de trabalho. Coincidiram com as percepções do último grupo de mentores anteriormente analisado, persistindo a essência das raízes fundadoras do Programa Passagem para o Futuro e do e-mentoring do Ponto Cidadão que é a de formar e capacitar jovens para o mercado de trabalho. Portanto, já analisado nas considerações acima:

“mostrar o verdadeiro lado do mercado de trabalho. Mostrar realmente na prática” (Mentorado 1).

“dar aos jovens da instituição a oportunidade de conhecer mais da área em que querem atuar, onde os mesmos poderiam pedir ajuda, dicas para terem um bom desempenho e crescimento profissional” (Mentorada 3).

“complementar a formação de jovens, que até então não tinham rumo e convicção do que queriam para suas vidas” (Mentorada 4).

“para profissionais que atuam na área que o mentorado quer exercer, possa aconselhá-lo para um bom desempenho no mercado e dicas para melhor crescimento profissional” (Mentorada 5).

“proporcionar a nós alunos a oportunidade do primeiro contato com o mundo fora da instituição. Manter contato com profissionais nos trouxe uma nova visão da realidade do mercado” (Mentorada 6).

“tentar familiarizar mais com o mercado externo, partindo do princípio que o Ponto Cidadão forma jovens para o mercado de trabalho” (Mentorada 7).

“perceber que os jovens precisavam conhecer exemplos e experiências de profissionais, para ajuda-los como instrutores de carreira” (Mentorada 8).

4.3.2. Discussão dos Achados

O fato da convergência das respostas leva-nos a percepção de que o entendimento dos respondentes à questão sobre a origem e a motivação do Programa de e-mentoring do Ponto Cidadão ficou na real sensação dos benefícios percebidos principalmente quanto ao aspecto de orientação voltada para a carreira. Kram e Isabella (1985) afirmam que outro benefício para o mentorado diz respeito à definição da identidade profissional e senso de competência. Os relacionamentos de mentoria proporcionam crescimento individual e desenvolvimento profissional dos indivíduos (LEVINSON et al, 1978; HIGGINS e KRAM, 2001; EBY, 1997). Para os jovens, a formação de sua identidade ocupacional é uma preocupação constante (LEVINSON et al, 1978).

O Ponto Cidadão percebeu os benefícios oferecidos pela mentoria, como pode ser deduzido pelos achados, considerando que tal ferramenta estimula as empresas a desenvolverem seus programas formais para entender os aspectos únicos dos relacionamentos formais e as condições sob as quais eles se desenrolam, conforme afirmam os autores (BAUGH e FAGENSON-ELAND; BLAKE-BEARD, O’NEILL, & MCGOWAN; P-

SONTAG, VAPPIE, & WANBERG, 2007). O que foi dito pelos respondentes corrobora que o Ponto Cidadão buscou fazer uso da mentoria enquanto ferramenta para o desenvolvimento dos jovens motivado com os seus objetivos principais: (1) dar acesso a informações sobre o mercado de trabalho; (2) possibilitar familiarização com o ambiente profissional; (3) dar estímulo para discussões sobre objetivos profissionais; (4) proporcionar a criação de rede de contatos nas empresas onde esses profissionais trabalham (Projeto Passagem para o Futuro do Ponto Cidadão – Anexo C). Poder-se-á também extrair dos dados ao que sugere Clutterbuck (2009), que se pode observar que o senso de inclusão social é muito maior quando os programas são formais.

Os estudos de Parsloe; Wray (2001) podem ser deduzidos nos achados, uma vez que consideram que o mentor tem como objetivo maior ajudar e apoiar os mentorados no gerenciamento dos seus aprendizados. Essa ajuda e apoio são para que os jovens possam maximizar seus potenciais, desenvolvam suas habilidades, melhorem seus desempenhos. Nessa relação, os mentores procuram dar condições para que os jovens se tornem as pessoas que querem ser. A mesma inferência pode ser feita para Shea (2001) para a opção pela mentoria para os jovens do Ponto Cidadão, quando a autora afirma que o mentor pode servir como um tutor hábil e amigo, ajudando os mentorados a mentalizarem as metas a serem alcançadas e os encorajando a ir em busca delas. Os jovens se preocupam em como vão entrar no mercado de trabalho e como vão aprender a competir e desenvolver determinadas técnicas interpessoais e políticas. A mentoria poderá ser um instrumento facilitador desta fase, justamente porque na juventude surgem muitas dúvidas relacionadas a questões de vida e carreira (DONIDA, 2009).

O pesquisador levou em consideração a grande coerência e convergência para os aspectos relacionados a formação de carreira dos jovens. É possível perceber que outros aspectos considerados pelos autores do referencial teórico não foram encontrados nos dados obtidos com as entrevistas realizadas. Alguns aspectos não fizeram parte dos achados, por exemplo: a proposta do processo da mentoria vista como um processo de modelagem (BISK, 2002); o estudo feito pelos autores (APPELBAUM, RITCHIE; SHAPIRO, 1994) que consideram a mentoria como um processo altruísta e interpessoal, multifacetado e extremamente diversificado.

4.4. Objetivo Específico 4 – Conhecimento sobre as características do Mentor e do

No documento O Programa de E-Mentoring do Ponto Cidadão (páginas 68-72)