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Sugestões de Ação

No documento O Programa de E-Mentoring do Ponto Cidadão (páginas 96-100)

5.2. Sugestões

5.2.1. Sugestões de Ação

Não intencionou o autor buscar a partir dos modelos reconhecidos internacionalmente tecer críticas ao Projeto de e-mentoring do Ponto Cidadão, que já está no seu sexto ano de existência e obtendo expressivos resultados, a partir dos diversos depoimentos e dos eventos que o pesquisador teve oportunidade de conhecer e participar a partir do início desse trabalho de pesquisa. Tão somente houve a intenção de contribuir de forma a identificar as oportunidades de melhorias que poderão ser implementadas no projeto, para que mais benefícios possam ser obtidos, auspiciando mais qualidade para o desenvolvimento dos jovens assistidos.

Sobre o e-mentoring do Ponto Cidadão, sob a ótica do Modelo de Baugh e Fagenson- Eland, na estrutura construída para investigação do relacionamento de mentoria formal (Figura 1), há contribuições para a discussão de cada ponto.

Em relação às características estruturais – três pontos podem ser citados: (1). Os objetivos do Programa precisam ser melhor evidenciados, de modo que todos os participantes tenham acesso a uma informação que permita homogeneidade de entendimento. (2). A estrutura dos encontros, que ocorrem através dos e-mails trocados entre mentorados e mentores, sempre copiando o coordenador do programa. Precisa de uma diretriz mais formal que permita um melhor controle do processo, considerando que ocorrem situações em que, ou o mentorado não se comunica com o mentor, ou é o mentor que não se comunica com seu mentorado. O que possibilita sentimentos de insatisfação e decepção, principalmente quando afetam os jovens mentorados. (3). Sobre o tipo de relacionamento, as evidências percebidas não encontraram situações de não conformidades, as relações de mentoria têm acontecido de forma mais intensa com alguns pares, em menor intensidade com outros, mas no contexto geral a relação de mentoria tem ocorrido, sobrevindo seus efeitos.

Em relação ao Processo de Emparelhamento – três pontos podem ser citados: (1). Quanto à similaridade não há informação padronizada que possibilite aos participantes do e- mentoring uma percepção de como ocorre as formações dos pares. Fica a impressão que ocorreu de forma aleatória. Apesar de que, há um esforço em buscar um profissional para atuar como mentor que possua proficiência na carreira que o jovem a ser mentorado externou ser do seu interesse. (2). Quanto à complementaridade, como se trata de uma tarefa complexa formar esses emparelhamentos, muitos pares são formados de forma aleatória, pela precária disponibilidade de alguém em ser mentor, construindo a relação a partir daí e fazendo com que, as vezes, o mentor se desdobre para orientar um mentorado para uma aspiração profissional que não condiz com a expertise do mentor. (3). Sobre os efeitos a longo e em curto prazo, não há evidência que confirme que ocorre, sendo portanto uma oportunidade de melhoria a ser implementada.

Em relação às Características do Mentor – um ponto pode ser citado: (1). Há uma preocupação do coordenador do programa em buscar mentores que preencham os requisitos pertinentes as questões pessoais, demográficas, às habilidades pessoais e profissionais para que possa desempenhar a contento a missão de ser mentor, contudo, não existe documentação que norteie os critérios, funcionando de forma muito intuitiva e, também devido ao pouco número de pessoas disponíveis para assumirem o papel de serem mentoras, acarretando prejuízo nessa construção de critérios.

Em relação às Características do Mentorado – dois pontos podem ser citados: (1). A seleção dos jovens a serem mentorados ocorre de forma como previsto na literatura estudada,

com critérios para que ocorra uma seleção baseada em méritos e desempenhos por melhores médias das notas do curso regular, levando em consideração a especificidade do objetivo do Programa de e-mentoring, que é aliar a relação de mentoria como complemento à formação profissionalizante que o Ponto Cidadão oferece nos seus cursos regulares. Busca o Programa e-mentoring oferecer a experiência de um profissional com bagagem profissional, para orientar os jovens mentorados que sonham em serem inseridos no mundo do mercado de trabalho. Ocorre, portanto, uma seleção que se baseia em comportamento, melhor desempenho acadêmico (média alcançada nas notas em seu boletim) e o desejo de participar do programa. (2). O pesquisador tomou conhecimento de alguns jovens frustrados por não terem conseguido fazer parte do programa, e, pelos depoimentos trata-se de uma oportunidade única, não fazendo parte no semestre, dificilmente haverá outra oportunidade, considerando o cronograma regular do curso de capacitação profissional.

Sobre o Processo de Mentoria – um ponto pode ser citado: (1). Esse foi um dos pontos que a pesquisa encontrou muita convergência ao que consta das principais literaturas. Os dados obtidos nas entrevistas evidenciaram que as relações destacam: intimidade, auxílio, o aprendizado e o crescimento que são as funções básicas que ocorrem decorrentes da relação de mentoria.

Em relação ao Treinamento – três pontos podem ser citados: (1). As evidências constataram que não ocorre treinamento algum, de forma estruturada, com conteúdo, com processos definidos, com informações compartilhadas. Nem na preparação e formação dos mentores, nem para os mentorados. (2). Sequer foi encontrada evidências de que há um calendário para reuniões pedagógicas entre os mentores, onde possa haver troca de experiências. Muito provável, conforme depoimento do coordenador do e-mentoring, pela dificuldade de disponibilidade dos mentores. O que poderia trazer vários benefícios para o programa. (3). Trata-se de uma oportunidade de melhoria detectada pelo pesquisador.

A respeito do Suporte Organizacional – quatro pontos podem ser citados: (1). Ocorre o auxílio aos jovens para que receba um conhecimento prévio de noções de informática, orientação como abrir uma conta de e-mail, como “navegar” na internet e o laboratório de informática para que façam uso dos computadores para se comunicarem com seus mentores (a maioria dos jovens tem contato com a informática pela primeira vez na vida, no Ponto Cidadão). (2). O Coordenador do e-mentoring dá suporte através do monitoramento da interação entre mentores e mentorados, uma vez que todos os e-mails devem copiá-lo. Objetivando um supervisionamento das relações e detecção de possível necessidade de

intervenção. (3). Mas, é limitado o suporte por parte do Ponto Cidadão, não correspondendo ao que Baugh e Fagenson-Eland destacam: disseminar uma cultura; estabelecer sistemas de trabalho; e as questões de pressões sobre resultados. (4). Porém, a partir da percepção do pesquisador esta limitação não compromete ao modelo próprio que está sendo utilizado pelo Ponto Cidadão.

Sobre os Resultados para a Organização – três pontos podem ser citados: (1). O pesquisador não conseguiu evidências para este tópico do Modelo. Provavelmente porque o modelo referenciado deve ter sido concebido para uma organização privada com fins lucrativos, ou seja, para uma empresa comum com objetivos comerciais. (2). O Ponto Cidadão mensura como resultado, o percentual dos jovens que passaram pelo Projeto “Passagem para o Futuro” e que foram inseridos no mercado de trabalho, mas não há mensuração sobre os resultados do e-mentoring. (3). A título de sugestão do pesquisador, precisa haver procedimento e processo estruturado que possa mensurar os resultados positivos e negativos, a partir de relatórios, criar um acervo histórico, para medir os efeitos a curto e a longo prazo. Até para medir se os processos de mentoria estão atingindo seus objetivos.

Sobre os Resultados para os Mentorados – cinco pontos podem ser citados: (1). Várias entrevistas concluíram que os jovens participantes do programa tiveram melhoria no seu desempenho, tornaram-se mais comprometidos, amadureceram quanto as dúvidas para o desenvolvimento de carreira, tornaram-se mais seguros o que lhes permitirá ganho de autoconfiança que potencializa exercerem liderança. (2). O estímulo advindo pela participação no e-mentoring possibilita também reter os jovens, reduzindo evasões escolares dos cursos regulares. (3). Resultado negativo, quando foi comentado referiu-se a alguma dificuldade de se comunicar ou mesmo de alguma descontinuidade, motivado ou por parte do mentor ou por desinteresse do mentorado em continuar. (4). Não se evidenciou mecanismos para medir os resultados, quer seja a curto ou em longo prazo, e/ou algum acompanhamento da evolução dos jovens que passaram pelo projeto. (5). A título de sugestão, que fosse implantado um procedimento para que os jovens elaborem um relatório final, ao término do programa.

Em relação aos Resultados para o Mentor – quatro pontos podem ser citados: (1). Foram unânimes as afirmações positivas sobre os resultados da mentoria para os mentores. (2). Resultado negativo, quando foi comentado referiu-se a alguma dificuldade de se comunicar ou mesmo de alguma descontinuidade, motivado ou por parte do mentor ou por desinteresse do mentorado em continuar. (3). Não se evidenciou mecanismos para medir os

resultados, quer seja a curto ou em longo prazo, e/ou algum acompanhamento da evolução dos mentores que passam pelo projeto. (4). A título de sugestão, que fosse implantado um procedimento para que os mentores elaborem um relatório final, ao término do programa.

Por se tratar de um programa que tem uma temporalidade curta, duração média de 6 meses, a maioria dos resultados encontrados nos achados foi de curto prazo. Mas, dois jovens entrevistados que fizeram parte de turmas mais antigas, demonstraram muito entusiasmo em participar e responder à pesquisa, uma em particular (Suelane) demonstrou um sentimento de gratidão tão forte com o Ponto Cidadão que foi de relevante importância para o pesquisador, na indicação e colaboração de contatos com outros jovens para convidá-los a participarem da pesquisa. Esses dois jovens afirmaram de forma quase idêntica que:

“o Ponto Cidadão foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida! Devo o que sou profissionalmente ao que aprendi lá. Principalmente ao que me foi proporcionado pelo e-mentoring” (Suelane).

O pesquisador formula uma sugestão a partir desse trabalho: Que a partir dos resultados obtidos pelo e-mentoring do Ponto Cidadão, outras empresas, a exemplo das que fazem parte como mantenedoras, possam copiar esse modelo para que seja replicado em outras regiões, em outros municípios, destacando as comunidades mais carentes onde muitos jovens em situações de riscos aguardam, com pouca ou nenhuma perspectiva, por uma oportunidade como essa para que possam vislumbrar um futuro mais promissor.

No documento O Programa de E-Mentoring do Ponto Cidadão (páginas 96-100)