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Objetivo Específico 1

No documento O Programa de E-Mentoring do Ponto Cidadão (páginas 61-64)

Para a análise das respostas pertinentes ao objetivo específico 1: Identificar na perspectiva de diversos atores do Ponto Cidadão (mentores, mentorados e administradores), qual o conhecimento que eles têm sobre o construto mentoria, a unidade de análise escolhida foi o tema conhecimento sobre mentoria.

Para inferir sobre os dados, como explicado no Capítulo 3. Metodologia – subitem 3.3. População e Amostra – o pesquisador dividiu os entrevistados em três grupos: Um da Administração/Coordenação (dois entrevistados); Um dos Mentores (dez entrevistados) e, o grupo dos Mentorados (nove entrevistados).

Os respondentes definiram mentoria conforme seus próprios entendimentos, todavia, alguns não conseguem ter uma percepção mais concreta conforme a literatura referenciada. Surpreendentemente, os jovens mentorados se aproximaram mais da definição do tema, enfatizando o mentor como um profissional com experiência de mercado que terá como função principal orientar suas carreiras.

Os achados do primeiro grupo, de administração e coordenação, causou surpresa, considerando a expectativa do pesquisador que esse grupo possuísse um conhecimento mais aprofundado sobre o tema. Os dados permite inferir que possuem um conhecimento muito superficial e intuitivo e que houve dificuldade para descrever o construto, todavia, demonstram pensar na mentoria em termos de habilidades de aconselhamento empregadas de acordo com a situação e a necessidade do mentorado:

“a partir do Ponto Cidadão me aprofundei no conhecimento desse tema. Acho que todo mundo tem um mentor na sua vida, na sua carreira... como eu tive também... trata-se de uma pessoa que lhe orienta, lhe diz onde é que você pode melhorar... um mentor é aquele que está sempre ao seu lado” (Administradora).

“eu nunca havia nem sequer escutado a palavra mentor... fala-se sobre mestres como mentores, mas não no sentido da mentoria. Foi a partir do convite para fazer parte do projeto que fui de fato pesquisar, ler um pouco mais e entendi que se trata de um guia, de

alguém que presta aconselhamento, uma pessoa que vai orientar o aluno” (Coordenador).

Para o segundo grupo, dos mentores, pelos dados pode-se inferir duas perspectivas: uma onde o conhecimento do construto foi predominantemente mais vago. Alguns mentores mantiveram, a exemplo do grupo da administração/coordenação um vago entendimento sobre o tema mentoria, contudo, trouxeram uma visão da mentoria transformadora das pessoas, que guiam no desenvolvimento profissional:

“a visão que eu tinha era que um mentor era uma pessoa que mandava em alguém, uma pessoa que domina alguém... quando o programa me foi apresentado foi que vi que era só ajudar alguma pessoa a ser melhor, para poder conquistar um espaço no mercado de trabalho” (Mentora 2)

“já havia trabalhado com orientação de jovens, mas, sob os aspectos sociais e religiosos... apenas no Ponto Cidadão foi que tive a oportunidade de conhecer esse tema: mentoria” (Mentora 3). “não conhecia muito sobre esse tema. Já conhecia sobre o coaching que age mais sob os aspectos de guiar as pessoas no seu desenvolvimento profissional” (Mentor 4).

A outra perspectiva, que é possível inferir, ficou para alguns mentores cujas percepções mais se aproximam com o que os principais autores definem para o tema. Conseguiram perceber a mentoria como uma relação que proporciona ao mentorado, através da experiência do mentor, uma preparação para a vida e que ajuda o mais jovem a aprender a se preparar para o mundo do trabalho:

“o mentor tem a missão de dar uma visão mais ampla, mais holística ao mentorado em todos os aspectos... de uma forma geral, para a vida como um todo... nas questões de relacionamento com amigos, com a sociedade em geral, com a família...” (Mentor 1).

“minha definição era de um trabalho de orientação a outra pessoa (profissional ou estudante) sobre questões relevantes para seu conhecimento pessoal e/ou profissional” (Mentora 10).

Interessante foi a percepção dos jovens mentorados, aproximaram-se mais com a literatura utilizada pelo pesquisador nesse estudo. Nota-se que eles percebem a mentoria como uma relação que lhes permite encorajamento para perseguir suas inclinações naturais para melhorar o seu desenvolvimento para enfrentar a vida e o mundo, ou ainda, um relacionamento que se estabelece entre um adulto jovem, menos experiente, e um adulto mais

velho com experiência e conhecimento, numa relação que o mentor ajuda o mentorado a aprender a se preparar para o mercado de trabalho:

“que mentoria está relacionada a duas pessoas a qual uma das duas, o mentor, serviria com um conselheiro e um guia inspirador para seu mentorado” (Mentorado 1).

“a mentoria consiste em dar acompanhamento para um indivíduo com o objetivo de proporcionar conhecimento favorável ao crescimento profissional do mesmo” (Mentorada 2).

“é um acompanhamento que os jovens têm para o início da carreira profissional, feita por profissionais mais experientes e que já conhecem bem o mercado de trabalho. É também um incentivo para os jovens durante a formação dura e difícil” (Mentorada 4).

“um acompanhamento por uma pessoa experiente, já incluída no mercado de trabalho, auxiliando, ajudando, incentivando, aquela outra pessoa inexperiente” (Mentorada 7).

“é a troca de experiências entre um profissional e um estudante a fim de auxiliá-lo no planejamento de carreira, instruindo, aconselhando e direcionando” (Mentorada 8).

4.1.2. Discussão dos Achados

Os dados analisados possuem ressonância nos principais autores da literatura pesquisada nesse estudo. O que mais se aproxima do referencial estudado pelo pesquisador é a forma de pensar na mentoria em termos de habilidades de aconselhamento empregadas de acordo com a situação e a necessidade do mentorado (GARVEY, 2004). Kram (1985) também menciona que o mentorado recebe orientações e conselhos do mentor em uma relação de mentoria. Os respondentes, mais notadamente parte dos mentores e a maioria dos mentorados, percebem que a mentoria proporciona ao mais jovem oportunidades para ampliar habilidades e desenvolvimento. Benefícios necessários para construir a autoconfiança para lidar com as tarefas desafiantes e obter orientações e conselhos (KRAM, 1985). Também com a mitologia grega, quando Homero descreveu Mentor como um conselheiro sábio e confiável, que percebeu o valor da aprendizagem por meio da exploração pessoal. O objetivo de Mentor era encorajar Telêmaco a perseguir suas inclinações naturais e a mudar as direções com base no aprendizado contínuo para desenvolvê-lo para enfrentar a vida e o mundo (RAGINS & KRAM, 2007). Também foi encontrado coerência nos achados, quando os entrevistados percebem que uma relação de mentoria proporciona efeitos positivos, reconhecendo alguma mudança benéfica em seu interior ou em sua vida (SHEA, 2001).

Para inferir sobre as dificuldades que alguns entrevistados tiveram para descrever o construto, o pesquisador buscou respaldo em outros autores não referenciados inicialmente nesse estudo. Encontrou explanações teóricas que comparam a mentoria com outros construtos que melhor explicam sobre estas dificuldades para o entendimento do tema mentoria e seus efeitos (ALLEN; EBY; 2007). Outro trabalho pesquisado traz um melhor esclarecimento quanto aos diferentes papéis desempenhados pelo mentor com o mentorado em uma relação de mentoria. O que pode melhor esclarecer as dúvidas identificadas nos achados com os respondentes. O processo de mentoria englobaria vários papéis fundamentais, dentre eles o de treinador (coach), onde a função principal estaria ligada a treinar a pessoa para uma determinada competência ou habilidade necessária (CLUTTERBUCK, 2009).

Na literatura estudada pelo pesquisador para a construção do tema mentoria não houve ressonância nas percepções dos respondentes que coadunem, por exemplo, com Salgues (2004). Esse autor fala sobre a mentoria se tornar algo pessoal, em função do mentor não ser obrigatoriamente responsável pelas ações, pelas atitudes e nem pelos resultados obtidos pelo mentorado. Também não foi evidenciada nos achados alguma percepção coerente com a formação dos membros de uma relação de mentoria, definidos por afinidade, enfocando a carreira do mentorado sem prazo para terminar (RAGINS, COTTON e MILLER, 2000).

A complexidade de conceituação do tema é constatada na literatura. Justifica a dificuldade dos atores participantes do e-mentoring do Ponto Cidadão em ter uma definição clara e concisa. Todavia, para os jovens, público alvo e razão da existência do programa, essa percepção ficou mais próxima do que é considerado pelos principais autores.

4.2. Objetivo Específico 2 – Conhecimento sobre a importância da Mentoria para

No documento O Programa de E-Mentoring do Ponto Cidadão (páginas 61-64)