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OBJETIVO PREVISTO APRIMORAMENTO PREVISTO

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 87-91)

PROFESSORES DE FLE NO BRASIL

OBJETIVO PREVISTO APRIMORAMENTO PREVISTO

1- Desenvolver habilidades de expressão escrita, leitura e interpretação de textos, quer em língua portuguesa, quer em língua estrangeira/clássica.

Linguageiro

2- Incentivar a percepção de diferentes contextos interculturais. Intercultural 3- Promover o conhecimento do universo cultural literário próprio das

línguas de formação específica. Cultural literário

4- Instrumentar o desenvolvimento da reflexão analítica sobre a linguagem como fenômeno psicológico, social, histórico, cultural, político, ideológico e educacional.

Crítico-analítico

5- Desenvolver a visão crítica das perspectivas teóricas adotadas nas investigações linguísticas e literárias que fundamentam sua formação profissional.

Teórico

6- Desenvolver em profundidade a capacidade de expressão oral,

escrita e interpretativa na língua específica das diversas habilitações. Linguageiro 7- Desenvolver a capacidade de leitura, interpretação e análise de

textos orais ou escritos, representativos de gêneros diversos, produzidos na língua específica da habilitação.

Linguageiro

8- Gerar competência para descrever/analisar a estrutura e o funcionamento da língua objeto de estudo nos aspectos fonético- fonológico, mórfico, sintático, lexical, semântico e discursivo.

Teórico-linguageiro

9- Desenvolver a visão crítica das perspectivas teóricas adotadas nas investigações linguísticas e literárias que fundamentam sua formação profissional.

Teórico

10- Desenvolver a competência para abordagem dos fatos linguísticos

e literários em função das atividades de pesquisa e de magistério. Teórico-linguístico e profissional 11- Desenvolver os licenciandos em ações educativas que propiciem

a reflexão sobre a produção e a difusão de novos conhecimentos para desenvolvimento de atividades que permitam a transformação de objetos de pesquisa em objetos de ensino.

Teórico-prático

12- Integrar docentes e licenciandos na discussão de questões relacionadas ao ensino-aprendizagem na educação básica, articulando esse debate às pesquisas em áreas do conhecimento específico e educacionais.

Teórico-prático

(Figura 6: Objetivos da proposta curricular do curso de licenciatura em Letras da Universidade 1)

A fim de facilitar a visualização dos focos do curso em análise, elaboramos o gráfico a seguir.

(Figura 7: Gráfico dos desenvolvimentos possibilitados de acordo com os objetivos do projeto da Universidade 1.)

Os resultados permitem afirmar que os aprimoramentos linguageiros e teóricos predominam no currículo, demonstrando uma forte preocupação com o desenvolvimento de conteúdos específicos, embora tenha sido observada também a ocorrência das dimensões estético-cultural e crítico-analítica. Além disso, questões culturais se fizeram presentes e, timidamente, o desenvolvimento para agir profissionalmente foi englobado em duas disciplinas. Avaliamos a variedade de aspectos presentes como positiva, pois possibilita uma formação mais global. Contudo, consideramos que questões pedagógicas poderiam ser mais abordadas de modo transversal, ou seja, ao longo de todo o curso, em diferentes disciplinas, e não apenas nas que estão a cargo da Faculdade de Educação, tendo em vista o foco do curso em formação de professores, bem como a proposta das DCNCL. Além disso, nossa análise nos permite afirmar que, embora seja defendida uma formação flexível e que englobe diferentes aspectos, as disciplinas acabam enfocando principalmente o desenvolvimento linguístico, o que não demonstra flexibilidade curricular.

Ao questionarmos os docentes universitários sobre o equilíbrio entre língua e literatura no currículo dessa universidade, dois dos três professores entrevistados acreditam que há um equilíbrio e uma complementaridade entre as disciplinas de língua e de literatura, como se houvesse diálogo entre elas. Já o

professor C defende que deveria haver mais disciplinas de literatura, chegando inclusive a propor soluções para que os alunos tivessem um conhecimento mínimo de língua francesa ao entrar na universidade, de modo que que os estudos literários pudessem começar mais cedo.

Curiosamente, ao colocarmos a mesma questão para seis discentes da mesma instituição, cinco responderam que não há um equilíbrio entre essas duas áreas de conhecimento. Esses cinco alunos alegaram achar tal desequilíbrio negativo. O discente-monitor F alega que “[...] como professora não sei conciliar essas duas disciplinas em sala de aula”, o que, de fato, é bastante prejudicial se pensarmos que ambas as disciplinas são inseparáveis. O discente-monitor C traz um depoimento importante, afirmando que é muito contraditório o fato de o aluno entrar na universidade e logo começar a estudar textos medievais de língua francesa, sem, no entanto, possuir uma bagagem linguística para compreendê- los, visto que a língua francesa usada naquela época é bem mais rebuscada do que o francês moderno. O mesmo discente também relatou que “o graduando precisa escrever dissertações de literatura sem ter aprendido como fazê-lo em língua francesa”. Como podemos exigir do aluno a produção de um gênero textual que ele desconhece? Parece haver, assim, um descompasso entre língua e literatura, que acaba sendo desfavorável para o aluno universitário.

Gostaríamos de relembrar, brevemente, algumas razões de defendermos a leitura literária em aula de francês língua estrangeira. O que vemos acontecendo nos cursos de Letras é que o texto literário aparece na periferia do ensino, quando, na verdade, deveria ocupar o centro do contexto educacional (TODOROV, 2009). Essa ideia parece estar bem alinhada com o objetivo de se formar um licenciado crítico, autônomo e intercultural. Pensamos também que a literatura pode auxiliar, e muito, na compreensão de aspectos linguísticos, mas não deve se limitar a isso. Também não podemos perder de vista que o estudo da literatura não deve ter um fim em si próprio, deve ir além, deve ser um meio para que o aluno atinja outros conhecimentos – de mundo e linguístico, por exemplo.

Em diálogo com as DCNCL, ambos os documentos se preocupam com a formação de um aluno autônomo, crítico e interculturalmente competente. Todavia, na prática, vemos que os graduandos têm poucas chances de flexibilizar seus currículos, pois a oferta de disciplinas optativas é bastante

limitada, como discutiremos mais à frente na análise da grade curricular. Dessa forma, a única flexibilidade proposta pelo projeto que se concretiza são as 200 horas de atividades acadêmico-científico-culturais, sendo que elas se parecem mais com atividades extracurriculares, pois não estão inclusas nessas horas as disciplinas eletivas.

Ao observarmos o fluxograma da habilitação Português-Francês, verificamos que há apenas 30 horas destinadas para eletivas e que ainda há várias disciplinas com pré-requisitos, o que acaba engessando o currículo, apesar de haver, no texto do projeto, a preocupação em atualizar o perfil das disciplinas eletivas. Outro engessamento que vemos no currículo é o fato de praticamente todas as disciplinas do 2º período em diante possuírem pré- requisito, mais uma contradição interna do próprio projeto, pois nele está explícita a preocupação em se evitarem ao máximo os pré-requisitos.

A seguir, apresentamos uma síntese geral da grade curricular do curso aqui analisado, para melhor compreensão da análise proposta.

Universidade 1 -

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 87-91)