• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO 27 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS

6.1 EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DO MÉTODO 227 6.2 EM RELAÇÃO AOS OBJETIVOS PROPOSTOS

1.2.2 Objetivos Específicos

Identificar as etapas e ferramentas necessárias para aplicação do método proposto por Thiesen para construção e análise de cenários prospectivos, com foco em planejamento educacional.

Definir as etapas e ferramentas necessárias para aplicação do método proposto por Thiesen para construção e análise de cenários prospectivos, no âmbito da educação a distância.

Apresentar as especificidades de aplicação do método, em situação real, para a educação a distância.

Testar a consistência do método como apoio ao planejamento estratégico da educação a distância.

Identificar as contribuições decorrentes da aplicação do método ao planejamento educacional, no contexto da educação a distância. 1.3 ORIGINALIDADE E INEDITISMO

Mesmo que a observação do futuro seja uma necessidade e um procedimento inevitável de toda atividade de planejamento, tanto empresarial quanto governamental, por muito tempo as decisões foram tomadas com base apenas na intuição dos decisores e, mais recentemente, na projeção de tendências que ajudavam a definir os objetivos e as metas e a precisar as ações (BUARQUE, 2003, p. 9).

A literatura pesquisada mostra diversos estudos sobre prospectiva, entre eles a técnica de construção de cenários, que denota a preocupação com o planejamento de longo prazo, estimulando, consequentemente, a busca pela antecipação do futuro. Esses estudos são voltados, essencialmente, às organizações privadas nos setores de serviços e tecnologia, sobretudo no campo da economia. Marcial e Grumbach ao destacarem a importância do ensino da metodologia de construção de cenários, no âmbito educacional, asseveram:

Nas ações governamentais, o setor responsável pela educação deveria ser, a nosso ver, de prioridade máxima, superando até o da saúde. Afinal grande parte das mazelas de um povo está ligada a falhas na educação. Doenças típicas da pobreza, como diarréia, podem ser evitadas com

uma boa orientação. Entendemos que o ensino da metodologia deve fazer parte, por exemplo, dos currículos de pós-graduação nas áreas de administração, economia e relações internacionais (MARCIAL; GRUMBACH, 2008, p. 21).

Carvalho, Rogado e Rodrigues (2011) oferecem uma compilação com uma lista de 42 projetos internacionais de cenários de amplitude global, elaborados por um conjunto diversificado de instituições internacionais de reconhecida qualidade e credibilidade. Os referidos projetos encontram‐se organizados de forma temática e em torno das seguintes categorias: cenários globais; ambiente, sustentabilidade e energia; economia; setores e/ou áreas temáticas; tecnologia. Entre os 42 projetos consultados, apenas um tem como foco estratégico a educação (Growing by Degrees – Universities in the Future of Urban Development (2030). O referido trabalho apresenta doze cenários futuros para 20 anos. Compilado por especialistas com um interesse especial na construção da universidade, os cenários estão direcionados aos aspectos acadêmico, social e econômico. A relação completa dos projetos, instituições, horizonte temporal, foco estratégico e endereço do sítio na internet para acesso ao projeto podem ser consultados no anexo A.

Destaca-se também a pesquisa colaborativa, publicada em 2012, entre o New Media Consortium (NMC), uma comunidade internacional de especialistas em tecnologia educacional e o Sistema FIRJAN (organização formada por SESI, SENAI, FIRJAN, CIRJ e IEL) que produziram um relatório denominado “As Perspectivas Tecnológicas para o Ensino Fundamental e Médio Brasileiro de 2012 a 2017: Uma Análise Regional do NMC Horizon Project” (NMC, 2012). A pesquisa é baseada na metodologia Delphi, visando levar grupos de especialistas a um ponto de vista comum sobre o impacto de tecnologias emergentes no ensino e aprendizado no Ensino Fundamental e Médio brasileiro durante os próximos cinco anos. Referências para acesso ao relatório podem ser consultadas no anexo A (setores e áreas temáticas).

Outros trabalhos de cunho prospectivo desenvolvidos por organismos internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2006), Organização das Nações Unidas (ONU, 2006) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2000) vislumbram o conhecimento como o principal capital, e a ciência e tecnologia como campos de inovação.

Na América Latina e Caribe, cabe destaque ao Programa Observatório sobre a Educação Superior na América Latina e no Caribe, iniciado pelo Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e Caribe (IESALC, 2012), em 2001, com o objetivo de contribuir para a produção e difusão de informações e conhecimento sobre a educação superior. Com o passar do tempo, o Observatório se converteu em um grande programa e diversos subprogramas e projetos com o objetivo de enriquecer os conhecimentos sobre as tendências, os problemas, as inovações, a situação real e as perspectivas de evolução da educação superior (TORRES; VIANNEY, 2005). O IESALC é um organismo da UNESCO dedicado à promoção da educação superior.

No escopo acadêmico brasileiro, são escassos os estudos que têm como foco a construção de cenários aplicados à educação. O Quadro 1 ilustra esses estudos:

Ano Autor(es) Estudo

2010 Francisco S. A. Carneiro (Dissertação) Métodos de Criação de Cenários Prospectivos para o Ensino Superior Brasileiro.

2009 Juarez da Silva Thiesen (Tese) Método para a construção e análise de cenários prospectivos em planejamento educacional baseado na gestão do conhecimento.

2005 Cláudio Antonio Rojo (Tese) Modelo para a simulação de cenários: uma aplicação em instituição de ensino superior privada.

2005 Regina Célia V. Ramos (Dissertação) A reforma da educação superior: construindo cenários futuros para o CEFET-RJ.

2002 Karla Regnier e Cláudio Porto

Cenários sobre o ensino superior no Brasil e no mundo abordando condicionantes e tendências para 2003 – 2025

2001 Prudenciano Moreno Cenários para a educação no contexto da globalização e pós-modernidade

2001 Álvaro Chrispino (Tese) Cenários futuros para a educação: um exemplo aplicado à educação média 2000 José Joaquim Bunner Análise das perspectivas, desafios e as

estratégias da educação para a América Latina frente ao processo de globalização 1996 Bertha de Borja R. do

Valle (Tese) Formação de professores no Brasil: em busca de cenários.

Quadro 1 - Estudos prospectivos em educação

Thiesen (2011), ao relacionar os principais estudos sobre futuro no Brasil, nas áreas econômicas e tecnológicas, atribui ao professor Henrique Rattner, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, a publicação “Estudos do futuro: introdução à antecipação tecnológica e social”, em 1979. Trabalhos não menos importantes são os do Laboratório de Estudos do Futuro da Universidade de São Paulo e de organizações como a Petrobrás, a Telebrás, a Eletronorte, a Embraer, o Banco do Brasil, a Embrapa, entre outras, que adotam os estudos prospectivos como ferramenta fundamental no direcionamento tecnológico.

No âmbito governamental, Marcial e Grumbach (2008) destacam o programa “Brasil 2020”, lançado em 1996 pelo governo brasileiro. Nesse programa foram formulados três cenários prospectivos para o país, bem como um cenário desejado por setores representativos de nossa sociedade. Outros dois programas diretamente relacionados com estudos prospectivos em dois ministérios são o da Ciência e Tecnologia, que desenvolve desde 2002, o programa “Prospectar” e o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que também a partir de 2000 desenvolve o “Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnológica Industrial”, envolvendo outros países da região.

Em dezembro de 2010, a Secretaria de Assuntos Estratégicos – SAE – da Presidência da República do governo brasileiro, buscou pensar estrategicamente o futuro do País ao elaborar o “Plano Brasil 2022”, que fixa metas para o ano de 2022. O trabalho envolveu técnicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e representantes de todos os Ministérios, da Casa Civil e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Todavia, segundo Thiesen, o planejamento por cenários prospectivos pouco tem sido aplicado à educação:

Apesar destas iniciativas, a prospectiva estratégica ou tecnológica ainda é desconhecida da grande maioria das organizações. Pode-se perceber, portanto, que os trabalhos sobre cenários prospectivos ainda estão mais fortemente ligados à atividade industrial, menos ao setor tecnológico e quase nada dedicados à educação pública (THIESEN, 2009, p. 25).

Pelo exposto, observa-se que o estado da arte do planejamento por cenários prospectivos, em termos metodológicos e de aplicabilidade,

aponta para as principais correntes representadas por metodologias atribuídas a Michael Porter, Michel Godet, Peter Schwartz, Kees Van Der Heijden e Raul Grumbach, amplamente adotadas em diversos países, inclusive no Brasil, e em projetos internacionais de amplitude global, cujo objetivo reside na busca pela antecipação do futuro como elemento balizador para um planejamento efetivo, pela introdução do pensamento estratégico com foco no longo prazo, essencial para o sucesso das organizações em ambientes competitivos e dinâmicos. No entanto, estudos abordando planejamento integrado ao campo educacional, que utilizem a técnica de construção de cenários prospectivos não foram detectados. Esse aspecto reforça a motivação em aprofundar o conhecimento.

É corrente encontrar documentos e textos na área da educação, normalmente utilizando metodologias convencionais traduzidas em programas de governo ou planos plurianuais. Exceção se dá pelo estudo teórico, proposto por Thiesen (2009), que originou a proposição do método para construção e análise de cenários prospectivos com foco no planejamento educacional, cuja aplicação, investigação de consistência e contribuições são alguns dos objetivos específicos desse trabalho de pesquisa.

Assim, o presente estudo tem caracterizado seu ineditismo na medida em que implementa na prática e analisa as contribuições de um método – singular – proposto e não aplicado empiricamente, sendo validado pelo consenso de especialistas e situado no estado da arte do planejamento prospectivo. Além disso, no estudo realizado, salienta-se a carência efetiva de trabalhos de pesquisa e literatura teórica que apresentem um processo estruturado para construção e análise de cenários prospectivos voltados especificamente ao campo educacional, no contexto da educação a distância.

Outro ponto que caracteriza a originalidade da pesquisa está relacionado ao foco do estudo e sua ligação com a Gestão do Conhecimento. Na literatura investigada, trabalhos como Marcial e Grumbach (2008), Druker (1998), Geus (1999), Nonaka e Takeuchi (1997), Santos et al. (2001), Terra (2001), Davenport & Prusak (1998), Oliveira & Fleury (2001) identificam relações bastante estreitas entre Gestão do Conhecimento e estudos prospectivos. Geralmente associam as práticas de Gestão do Conhecimento com ações estratégicas objetivando a que as organizações estejam preparadas para se posicionar e decidir diante das mudanças do presente e das tendências do futuro.

Embora a literatura aponte para diversas correlações entre a Gestão de Conhecimento e estudos prospectivos e que as práticas de

Gestão do Conhecimento sejam tidas como elementos estruturais para a gestão estratégica de uma organização, identifica-se que, no campo empírico dessa pesquisa, não foram encontrados trabalhos sistematizados relacionando Gestão do Conhecimento com construção de cenários prospectivos e planejamento estratégico com foco na educação a distância. Assim, este estudo pode representar uma contribuição à comunidade científica em geral e, em particular, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. 1.4 RELEVÂNCIA DA PESQUISA

A relevância da pesquisa, por si só, transparece ao considerar a abordagem quanto à originalidade e ao ineditismo do tema, mas também pode ser entendida pelas possibilidades de transformações no âmbito da educação a distância, já que as estratégias formuladas a partir da construção de cenários possibilita tomadas de decisão e, consequentemente, mudança de comportamento nas pessoas e nas organizações. A importância do tema se confirma, ainda mais, quando se percebe que não existem evidências de planejamento baseado em cenários aplicado à educação a distância.

Outro aspecto relevante diz respeito à aplicação empírica e verificação de consistência de um método para construção e análise de cenários prospectivos cujo foco específico é o planejamento educacional sendo formulada em um estudo de doutoramento desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC. Johnston (2002) observa o quanto é difícil generalizar a experiência de prospecção dos diferentes países, e que os países em desenvolvimento tendem a camuflar as práticas metodológicas dos países desenvolvidos e daí a causa de muitos insucessos. Acrescenta ainda que é preciso metodologias e abordagens próprias. O fato é que as diferentes realidades de países, regiões e organizações contribuem para a definição de metodologias considerando as especificidades. Nesse sentido, o presente trabalho é relevante na medida em que concretiza e analisa a aplicação empírica de um método formulado a partir de estudo teórico no berço da academia brasileira.

No contexto da ciência, tecnologia e educação, Raupp (2010) salienta a importância do sistema e do País superarem os gargalos em decorrência de Ciência e Tecnologia (C&T) serem atividades recentes no Brasil e transversais a todas as demais. E complementa afirmando que as legislações formuladas em outras “épocas e situações, voltadas para outros propósitos, são confrontadas e/ou questionadas

sistematicamente pelas atividades demandadas pelo desenvolvimento científico e tecnológico do país” (RAUPP, 2010, p. 23). O autor elenca ainda um conjunto de 34 recomendações para políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), como contribuição da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Dentre as recomendações relacionadas, destaca-se a ampliação da oferta de ensino a distância.

Assim, este estudo pode representar uma nova contribuição para a educação a distância, já que a expansão da EaD pressupõe a utilização de técnicas e ferramentas adequadas para um planejamento efetivo e de qualidade.