• Nenhum resultado encontrado

4. Análise e Discussão dos Resultados

4.4 Observação Participante e Diagnóstico em Campo

4.4.1 Observação do Recorte 1 – Tamboré / Alphaville

O levantamento realizado dentro do recorte de estudo 1, identificado como o bairro do município de Barueri com maior IDHM segundo Atlas Brasil, tem como limitante perimetral as Avenidas Dr. Dib. Sauaia Neto (a), Andrômeda (b), Alphaville (c) e as Alamedas Mamoré (d), Amazonas (e), Rio Negro (f) e Xingú (g) que pode ser demonstrado mapa da Figura 33.

Figura 33. Mapa situacional do recorte do estudo 1 indicando confrontantes e zoneamento Fonte: Adaptado pela autora de Cidade-Brasil (2019).

Ainda no mapa da Figura 33, identificou-se o zoneamento dos espaços seguindo a Tabela 15, identificamos a ZH-R2 SER que é uma área estritamente residencial representada no mapa como a área azul A que é conhecida como o condomínio residencial Alpha 2, a ZH- E1 SRCS que é uma área restritiva de comércio e serviço identificada no mapa como a área laranja B que é conhecida como o Centro Comercial Alphaville, a ZH-E2 SUD uma área de uso diversificado identificada no mapa como a área vermelha C, onde encontra-se grandes prédios

a b c c b a d e f g A B C C D

com uso de comércio e serviços, bem como áreas industriais, e a ZH-R5 SPCR uma área com predominância de uso residencial e comercial vertical identificada como a área verde D.

A região estudada tem sua manutenção, paisagismo e segurança sob os cuidados da Associação Residencial e Empresarial de Alphaville [AREA] que é uma associação fundada em 1980 com a motivação de suplementar os serviços públicos de controle urbanístico, manutenção, segurança e paisagismo, permitindo um maior controle na ocupação e maior valorização dos imóveis (Area, 2019). Funciona como uma administradora condominial igual a um condomínio residencial, com conselho diretivo, taxa condominial e prestação de contas. Além dos serviços de manutenção, a AREA efetua também a compostagem das áreas de paisagismo e sua matéria orgânica (resíduos, folhas e podas), transformando em adubo com a utilização de um ciclo sustentável aos jardins e canteiros da Associação, evitando assim que os resíduos da manutenção do paisagismo sejam destinados a aterros sanitários.

Com relação aos serviços de segurança, a AREA conta com 8 bases de vigilância, 42 telefones de emergência, 56 câmeras de monitoramento, 159 instalações de alarme e 15 viaturas ao longo da área total de cobertura, garantindo segurança ostensiva 24h (Area, 2019; Folha Alphaville, 2019). A área total de atingimento dos serviços da AREA contempla boa parte da área do recorte do estudo 1 conforme observado na Figura 34, isso permite observar a diferenciação em toda a parte visual urbanística do espaço.

Figura 34. Mapa de atendimento da AREA em comparação a área do recorte de estudo 1 Fonte: Adaptado pela autora de Folha Alphaville (2019).

Seguindo com as observações em campo, de forma a facilitar a leitura e identificação das fotos dentro da área de estudo, a Figura 35 apresenta a localização de cada foto através da numeração das imagens obtidas.

Ainda dentro do campo da segurança, a Figura 36 apresenta alguns pontos em destaque desse canal de comunicação, a imagem 36a mostra um totem de emergência localizada em uma Avenida principal, onde qualquer pedestre ou transeunte pode acionar através de um botão a equipe de atendimento 24h da AREA, bem como na figura 36b, só que está localizada na pista de cooper, e a figura 36c mostra um dos pontos de câmera de monitoramento da Associação. Segundo a equipe da AREA, dentro do ano de 2018 somente 10% do atendimento das ocorrências eram com relação a crimes, totalizando 87 furtos em todo ano de 2018, o maior impacto nos atendimentos da equipe de segurança está relacionada a acidentes de trânsito sem vítima com 262 atendimentos no ano de 2018, e 137 atendimentos para mal súbito (Area, 2019).

Figura 35. Mapa de fotos coletadas dentro da área de estudo 1 Fonte: Elaborado pela autora

37a 37c 40c 37b 37e 39b 39d 39c 39e 40a 39a 41b 37d 40d 41h 41g 41d 41a 36a 41c 41e 41f 41i 36b 36c 38b 38a 40b 39f

Figura 36. Sistema de segurança área de estudo 1 Fonte: Acervo da autora

Esses números apresentam como a segurança tanto das pessoas, como ao patrimônio da região do Estudo 1 é eficaz, mas isso devido a ação a Associação AREA intervindo nos serviços públicos e se retornarmos a Tabela 13 que apresenta o questionário feito a população durante a revisão do Plano Diretor em 2015, o Setor C, nomenclatura dentro do PDE para a área de estudo 1, a melhoria da segurança é o primeiro item de desejo e melhoria dentro do bairro com 8,88% indo então em desencontro com os números apresentados pela AREA.

Passando para as observações relacionadas a infraestrutura do bairro, pode-se observar nas imagens representadas na Figura 37 que o calçamento de toda a área estudada possui boa conservação e limpeza, sua largura é de 3 metros nas Alamedas principais (traçadas em amarelo no mapa da Figura 35) e 2 metros nas Alamedas secundárias (traçadas em branco no mapa da Figura 35) respeitando o plano diretor e a NBR9050 de acessibilidade. Postes, lixeiras e tampas de galeria subterrâneas estão alinhados, permitindo o livre trânsito dos pedestres e cadeirantes sem barreiras ou obstrução (imagens 37a e 37b). Existe trechos com rampas de acesso e sinalização para deficientes visuais, porÉm de forma ou improvisada, ou em pouca quantidade, não atendendo, portanto, a NBR9050. A imagem 37c mostra um pequeno trecho de piso podotátil direcionando a entrada do acesso a transposição subterrânea da Avenida Rio Negro (Figura 38), mas durante toda a área de recorte estudada, apenas neste trecho foi identificada o emprego do piso de sinalização. Claro que conforme demonstrado na imagem 37e existem trechos de calçadas com obstrução de elementos, neste caso o poste de energia com relação a circulação livre de 1,20m conforme NBR9050, mas em sua grande parte, o bairro possui o livre acesso e circulação dentro de suas calçadas. O paisagismo e a arborização tanto nas calçadas como nos canteiros centrais são vastos, proporcionando grandes áreas de sombreamento e permitindo um bom conforto térmico ao caminhar pela região (imagem 37d).

Figura 37. Calçamento área de estudo 1 Fonte: Acervo da autora

A Avenida Rio Negro é a via principal de locomoção do eixo da área comercial do bairro de Alphaville, contendo 6 pistas para automóveis, divididas em 2 sentidos por um canteiro central, sua largura total ultrapassa 30 metros e o fluxo de veículos é contínuo e intenso, e por isso a AREA em parceria com a Prefeitura do Município realizaram a obra da transposição subterrânea (Figura 38) desta Avenida a fim de retirar a circulação de pedestres, reduzindo os acidentes de trânsito e permitindo maior fluxo dos veículos uma vez que os mesmos não precisam parar no semáforo da faixa de pedestres. A imagem 38a mostra a parte interna do acesso, com o direcionamento correto com o piso podotátil as escadas rolantes e fixa, a imagem 38b apresenta o acesso por elevador.

Figura 38. Transposição Subterrânea da Avenida Rio Negro Fonte: Acervo da autora

37a 37b 37c

37d 37e

Dentro da área de estudo, existe uma boa distribuição dos equipamentos urbanos Figura 39, centralizando-os nas proximidades das áreas residenciais para o atendimento dos moradores, como a área de pista de cooper com equipamentos de alongamento e aquecimento (imagens 39c e 39e), bancos e áreas de assentos para descanso e momentos de lazer (imagem 39d), complementando com os pontos de ônibus, todos com cobertura, lixeiras e comunicação visual da Prefeitura (imagem 39a). Além dos equipamentos públicos e de responsabilidade da AREA, existem também ao longo da área de estudo a distribuição de demais intervenções dos edifícios privados, como o exemplo da imagem 39b, um coletor de bituca de cigarro que possui um sistema de reciclagem que fica a cargo do edifício gerenciar, porém é disponibilizado dentro do leito público para acesso a todos os transeuntes, independente se é ou não usuário do edifício que gerencia o equipamento, como a imagem 39f, um alimentador de cães e gatos distribuído ao longo de alguns trechos, que são abastecidos pela própria população.

Figura 39. Equipamentos Urbanos área de estudo 1 Fonte: Acervo da autora

O paisagismo e arborização é outro diferencial da área estudada, conforme Figura 40, pode-se observar uma vasta e extensa arborização tanto nas áreas de calçamento, bem como nos canteiros centrais do leito viário. Para Farr (2003) os benefícios de uma boa arborização nos espaços urbanos vão desde a redução na temperatura em aproximadamente 3 graus Celsius, a valorização de 3 a 6% dos imóveis adjacentes, e o aumento da probabilidade do deslocamento

39a 39c

39d 39e

39b

a pé em 3 vezes. Esta afirmação é perceptível no levantamento em campo, a extensa vegetação permitiu um conforto térmico na caminhabilidade.

Figura 40. Arborização e paisagismo da área de estudo 1 Fonte: Acervo da autora

Com relação a morfologia construtiva, o setor C em sua totalidade, como visto na Tabela 15, possui 5 zoneamentos, o recorte feito para a área de estudo em questão identificamos 4 desses zoneamentos, conforme demonstrado no Figura 33. O bairro Alphaville como já apresentado no Capítulo 2.3 foi um bairro totalmente planejado e construído pela empresa Alburquerque & Takaoka S.A. na década de 70. Por se tratar de um bairro planejado, sem as questões de invasão em áreas públicas e de preservação ambiental, bem como as construções irregulares às normas construtivas, o controle construtivo e por consequência o gabarito de alturas e as áreas permeáveis são mais ordenados, permitindo uma organização e padronização estética e visual. As imagens da Figura 41 demonstram a situação atual de percepção da paisagem do ponto de vista do observador, com exclusão da área destinada ao residencial Alphaville 2 (imagens 41g e 41h), onde o zoneamento obriga o gabarito de alturas ter no máximo 10 metros de altura, as demais construções ao longo da área observada tem como característica a verticalização, tanto para os casos residenciais como comerciais, as imagens 41a, 41b e 41i apresentam exemplos das construções com pavimentos entre 17 a 30 andares acima do nível da rua com foco na prestação de serviços e comércio, estando dentro do

40a 40b

zoneamento ZH-R5 SPCR, bem como a imagem 41c dentro do mesmo zoneamento, porém para edifícios residenciais, a imagem 41d apresenta o zoneamento ZH-E1 SRCS da área conhecida como centro Comercial, um condomínio de edifícios exclusivamente destinados ao comércio e serviços, com construções entre 2 a 4 pavimentos, da mesma forma na imagem 41f, há um centro comercial com menor proporção em área e construções após a Alameda Andrômeda permitindo a descentralização com relação ao centro comercial de Alphaville. Concomitante que próximo a região da Avenida Dib Sauad Neto, via de acesso que contorna as margens do rio Tietê existem poucas construções como demonstrado na imagem 41e.

Figura 41. Morfologia Urbana da área de estudo 1 Fonte: Acervo da autora

O contato com a edificação para a rua segundo Gehl (2013) só é possível até o quinto pavimento, após isto como dizia Jacobs (2000) a moradia perdia os “olhos para a rua” e com isso a perda da integração com a cidade. Portanto, a percepção de isolamento das construções é latente, tanto com a altura das construções, bem como os seguranças particulares na entrada.

41a 41b 41c

41d

41g 41h

41e 41f

Durante observação participante, foram abordados alguns moradores e transeuntes que utilizam a região do estudo, mais de uma forma informal, foram feitas algumas perguntas aos mesmos relacionadas à segurança, acessibilidade, locomoção, urbanização, dentre outras questões, buscando entender a sensação dos usuários do espaço, pois segundo Manzini (1990) é importante explorar as experiências e o significado que os usuários finais do espaço de estudo têm em relação aos assuntos abordados, entendendo a relação e as sensações da pessoa com o espaço. Questionados com relação ao desenho urbano do bairro e se achavam se aquele espaço era sustentável, bem como do conhecimento dos ODS e do PCS, obteve-se a Tabela 20 com as observações apontadas.

Tabela 20. Observação participante com usuários da área de estudo 1

Identificação Cidade Sustentável? ODS e PCS?

Rogério funcionário de um cond. residencial dentro da área de recorte a mais de 22 anos.

Morador de Barueri a mais de 44 anos, apesar de dizer que em Alphaville é diferente dos outros bairros, é mais fácil andar a pé na rua e nas calçadas mais largas e não tem degraus, tem muito mais árvores e sombra não acha que é uma cidade sustentável, porque tudo é muito longe dependendo do carro para se deslocar, e o trânsito para sair de Alphaville todos os dias é caótico, perde- se uns 20 minutos só para sair desse pedacinho.

Conhece tanto os ODS como o PCS, diz ter percebido uma mudança da prefeitura em relação aos bairros da periferia após 2015, mas em Alphaville observou ter apenas crescido o número de prédios construídos e mais carros na rua.

Carla funcionária na área comercial a 3 anos e residente em São Paulo

Acha a cidade sustentável por ter muita árvore e uma pista de cooper bem bacana, bem diferente de onde mora em SP que só tem concreto. Mas o custo de vida em Alphaville é muito alto, o mesmo produto que ela compra próximo à casa dela e bem mais caro próximo ao trabalho e tem a desvantagem de precisar pegar carro ou ônibus para ir aos lugares, apesar de ter muito Ônibus para todos os lugares, o custo ficaria alto no deslocamento.

Já ouviu falar dos ODS, mas não entende muito bem. Não conhece o PCS

Marcos Morador a 20 anos e

empresário na região Alphaville é diferenciado dos outros lugares, tem um clima de cidade do interior, durante a semana é meio caótico por conta do fluxo das pessoas que trabalham aqui, mas aos finais de semana é muito tranquilo fazer caminhadas pela rua, ele identifica a cidade como sustentável devido sua limpeza, arborização e acessibilidade dos pedestres, diz fazer absolutamente tudo em Alphaville, sem precisar ir para SP.

Conhece os ODS e sua importância para melhoria da qualidade de vida e do planeta. Mas não conhece o PCS

Durante o levantamento constatou-se as informações do Plano Diretor quanto às infraestruturas públicas nenhuma unidade educacional, de saúde ou sistema de lazer/ esportivo dentro da área de recorte pertence a gestão municipal, que representa uma preocupação da gestão pública, em priorizar o atendimento aos bairros mais vulneráveis. Porém existem unidades de saúde particulares e de convênios médicos como a rede Amil e o Einstein.

Observou-se durantes os dias de levantamento em campo uma grande circulação de pessoas durante o horário comercial, por se tratar de um grande polo de serviços e comércio, população flutuante da região está em torno 170 mil (Portal Barueri, 2019f) ocasionando um grande fluxo tanto de pedestres como de veículos na região. Porem mesmo com este grande fluxo de pessoas, o contato entre as pessoas na rua é muito pouco, não existe aquela relação mais pessoal de convivência e cordialidade, isso muito justamente por se tratar de uma grande parte de pessoas não residentes, portanto utilizando do espaço somente naquele momento, e por muitas vezes com horário definido e corrido, não criando o vínculo afetivo e emocional com o espaço e com as pessoas em seu redor.