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4. Análise e Discussão dos Resultados

4.4 Observação Participante e Diagnóstico em Campo

4.4.2 Observação do Recorte 2 – Jd Silveira

O levantamento realizado dentro do recorte de estudo 2, identificado como o bairro do município de Barueri com menor IDHM segundo Atlas Brasil, tem como limitante perimetral as Avenidas Marginal Esquerda (a), Cidade de Itu (b), as Estradas do São Fernando (c), e as Ruas Herman (d), Andorra (e), Sena (f), Belgrado (g), Istambul (h) e Piratininga (i), que pode ser demonstrado mapa da Figura 42.

Ainda no mapa da Figura 42, identificou-se o zoneamento dos espaços seguindo a Tabela 15, identificando a ZH-R1 SRA que é uma área de uso predominantemente residencial de alta densidade representada no mapa com a área azul A e ZH-R1 SCH uma área de uso de conjunto habitacional para fim social identificados com a cor vermelho no mapa.

O bairro segundo a Atlas Brasil (2019) é identificado como Jardim Silveira, porém nos documentos do PDE, bem como no site dos correios o bairro é nomeado como Jardim Julio próximo à Rua Herman, Vale do Sol no quadrante da Rua Istambul até a Rua Sena e Rua Belgrado, e Jardim Paulista próximo à Rua Piratininga, dentro do distrito do Silveira, permitindo conforme lei de abairramento as informações setorizadas por bairro pelo IBGE (Barueri, 2019b).

i h g e f d c a

Figura 42. Mapa situacional do recorte do estudo 2 indicando confrontantes e zoneamento Fonte: Adaptado pela autora de Cidade-Brasil (2019).

Seguindo com as observações em campo, de forma a facilitar a leitura e identificação das fotos dentro da área de estudo, a Figura 43 apresenta a localização de cada foto através da numeração das imagens obtidas.

A área de recorte em questão é um bairro com grande densidade demográfica, apontado pela prefeitura como o maior bairro em número de habitantes (Barueri, 2019b), com sua expansão com uma grande quantidade de ocupações irregulares e grandes conjuntos habitacionais.

Figura 43. Mapa de fotos coletadas dentro da área de estudo 2 Fonte: Elaborado pela autora.

O calçamento de toda a área levantada, como em todas as regiões periféricas, é irregular com baixa ou nenhuma acessibilidade, Jacobs (2000), ressalta que as calçadas em conjunto com as ruas são fundamentais para a manutenção da segurança urbana e da integração social, garantindo o acesso a todos. Como apresentado na Figura 44, em todo o trajeto estudado, as calçadas não atendem as legislações municipais e federais, contendo largura inferior a 1,50m conforme imagem 44a, a obstrução na passagem como postes, degraus e desníveis como imagens 44b, 44d, 41e e 44f. esta situação dificulta não só a circulação de idosos e pessoas usuárias de cadeira de rodas, bem como dificulta a locomoção de toda a população com qualidade e segurança. Foram identificadas poucas sinalizações e rebaixamentos de calçada, mais presentes na área da Estrada Velha de Itapevi, via principal de acesso do bairro, porem conforme observado na imagem 44g muitas vezes empregado de forma incorreta, não permitindo a área de giro livre da cadeira de rodas com 1,20m.

44a 44c e 46d 44b 44d 44e 44f 44g 44h 45a 45b 46a 46b 46c 46e 47a 47b 47c 47d 47e 47f 48a 48b 48c 48d 48e 48f 48g 48h 49c 49b 49a 48i 50a 50b

Figura 44. Calçamento área de estudo 2 Fonte: Acervo da autora

Por se tratar de um bairro com topografia muito acidentada, algumas áreas de calçadas possuem diferenças de níveis, ou estão localizadas próximo a áreas de taludes e barrancos como na imagem 44c, porém não constam de guarda corpo de proteção com o agravante desta imagem ser em frente a uma escola de educação fundamental, com uma grande circulação de crianças com até 10 anos de idade. Ainda dentro da área de calçamento, em toda região onde existe a circulação de transporte público, os pontos de ônibus possuem cobertura padrão com assentos e comunicação visual conforme Figura 45, porém em nenhum deles foi identificado lixeiras, como no outro recorte de estudo.

Figura 45. Equipamentos Urbanos área de estudo 2 Fonte: Acervo da autora

44a 44b 44c

44d 44e 44f

44g 44h

Por se tratar de uma área com grande adensamento, existe pouca arborização ou mesmo áreas permeáveis ao longo do trajeto, como pode-se observar na Figura 46.

Figura 46. Arborização e paisagismo área de estudo 2 Fonte: Acervo da autora

A pouca arborização também justifica-se pelo estreitamento das calçadas e dos lotes particulares com dimensões reduzidas, a imagem 46a e 46c mostra a ausência de áreas verdes no trajeto e nas proximidades das edificações, as imagens 46b e 46d mostram pequenas áreas arborizadas ao longo de trechos pertencentes a Prefeitura, como alças de acesso, taludes, áreas com edifícios públicos, dentro destes espaços existe a tentativa de aproveitamento máximo destas pequenas na tentativa de arborização compensatória para a ausência existente no restante. A comunidade por iniciativa própria busca, como apresentado na imagem 46e, a instalação de pequenos arbustos no pouco espaço das calçadas.

Com relação aos equipamentos públicos, Figura 47, justamente por se tratar de uma área muito adensada, foi observado uma diversidade de equipamentos públicos, tais como escolas como demonstrado nas imagens 47a, 47b, 47c e 47d, unidades básicas de saúde conforme imagem 47e e unidade de policiamento conforme imagem 47f.

46a 46b

46d

46c

Figura 47. Equipamentos Públicos área de estudo 2 Fonte: Acervo da autora

Conforme apresentado no PDE, e visto em observação participante dentro do recorte de estudo foi identificado as Escolas Municipais de Ensino Fundamental [E.M.E.F.], a E.M.E.F. Reverendo Deiró Felício de Andrade, fundada em 1994 inicialmente como uma escola estadual e posteriormente em 1997 transformada em escola municipal, atende os anos escolares de 1º a 4º ano do ensino fundamental I e a educação de jovens e adultos EJA, com um total de 1.383 alunos dentro do período das 7h até as 18h (Portal Barueri, 2019a), E.M.E.F. Osvaldo Batista Pereira, fundada em 2001, atende os anos escolares de 1º a 8º ano do ensino fundamental I e II, com um total de 1.467 alunos dentro do período das 7h até as 18h (Portal Barueri, 2019b), e as Escolas Municipais de Ensino Infantil [E.M.E.I.], a E.M.E.I. Marly Teixeira de Almeida, fundada em 2001, atende os anos escolares do maternal até 3 anos e 6 meses, com um total de 527 alunos dentro do período das 7h até as 17h (Portal Barueri, 2019c), E.M.E.I. Décio Trujilo, fundada em 1992, atende os anos escolares do infantil pré-escolar, do 4 aos 5 anos, com um total de 929 alunos dentro do período das 7h até as 18h (Portal Barueri, 2019d), e E.M.E.I. Rogelio Lopez Recarey, fundada em 1990, atende os anos escolares do infantil pré-escolar, do 4 aos 5 anos, com um total de 511 alunos dentro do período das 7h até as 18h (Portal Barueri, 2019e).

47a 47b 47c

Com relação a morfologia construtiva, o setor H e I, como visto na Tabela 15, possui 2 zoneamentos, o recorte feito para a área de estudo em questão identificamos os 2 zoneamentos, conforme demonstrado no Figura 42. As imagens da Figura 48 representam a situação atual de percepção da paisagem do ponto de vista do observador, que segue como a fala de Gehl (2013) e de Jacobs (2000) com as edificações perceptíveis e em congruência ao olhar do pedestre, isso devido a característica da não verticalização do bairro. Como observado nas imagens 48a, 48b, 48f e 48h o gabarito de altura de até 5 pavimentos dos conjuntos habitacionais de interesse social, que dentro da área de do recorte estudado compõe aproximadamente 1000 unidades habitacionais, entre conjuntos construídos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano [CDHU], e outros pela Prefeitura de Barueri, por intermédio do Programa Habitacional de Barueri [Prahab], em conformidade com as disposições da Lei Municipal 1.358, de 16 de abril de 2003.

As imagens 48c, 48e, 48g e 48i representam uma grande partes das construções da área de recorte, unidades residenciais com até 2 pavimentos em lotes com metragens de 5 metros de frente, onde a construção busca o maior aproveitamento, muitas vezes com a exclusão quanto às áreas permeáveis, áreas de recuo para insolação e ventilação da unidade e seu entorno. Essas construções conforme demonstradas nas imagens possuem acabamento externo com reboco e pintura. Foi encontrado também unidades com construções acima de 2 pavimentos, portanto irregular perante o Plano Diretor e com sua fachada sem acabamento externo, conforme imagens 48c, 48d e 48e. Muitas dessas construções são executadas em desacordo com as regras construtivas municipais, bem como não efetuam o trâmite legal de aprovação de projetos e alvará de construção.

A metodologia construtiva está muito ligada ao poder aquisitivo da população que habita o espaço, que por muitas vezes não possui o assessoramento de um arquiteto ou engenheiro, realizando a construção de forma gradativa conforme a necessidade da família em expansão, bem como disponibilidade financeira.

Figura 48. Morfologia urbana área de estudo 2 Fonte: Acervo da autora

É característica de construções nas áreas de periferia das cidades serem multiúso, transformando uma unidade residencial unifamiliar em multifamiliar, conforme imagem da Figura 49a e 49b, um recurso muitas vezes utilizado pelo proprietário do imóvel para adquirir uma renda extra, transformando uma casa de dois pavimentos para uma família, em duas residências para duas famílias, efetuando a individualização de água e energia em muitas vezes, como demonstrado na imagem 49b.

Figura 49. Residências unifamiliares utilizadas como multifamiliar ou comércio área de estudo 2 Fonte: Acervo da autora

48a 48b 48c

48d 48e 48f

48g 48h 48i

49c

Outra forma que o proprietário do imóvel utiliza como recurso financeiro extra, é transformar a garagem do imóvel, ou o térreo do imóvel em uma unidade comercial, como demonstrado na imagem 49c. Estes recursos auxiliam no aumento do adensamento urbano, e assim um maior número de pessoas habitando um m², bem como a diversificação de usos, proporcionando características de multiuso em espaços residenciais. Claro que se deve sempre se atentar a todas as legislações vigentes, a fim de não infringir as regras construtivas e de uso. Da mesma forma durante o levantamento em campo ocorreram pequenas conversas com os moradores, só que de forma diferente ao levantamento da área de estudo 1, neste caso eram os moradores que se ofereciam a conversar e a responder perguntas quando percebiam a ação em tirar fotos e anotações, já mostrando tanto a questão de uma participação mais efetiva dentro do espaço, bem como uma percepção de companheirismo, afetividade e pertencimento. Neste caso portanto o entrevistador foi abordado por 4 moradores, onde em conversa dispuseram-se como entrevistados assim foram questionados da mesma forma que na área de estudo 1 quanto o desenho urbano do bairro, a acessibilidade tanto na locomoção, como aos espaços públicos, da sustentabilidade da cidade, bem como questionados com relação aos ODS compilados na Tabela 21.

Tabela 21. Observação participante com usuários da área de estudo 2

Identificação Cidade Sustentável? ODS e PCS?

Francisca moradora há 26 anos de um dos conjuntos habitacionais e a 42 anos na cidade de Barueri

É muito fácil andar pela cidade, mesmo com as calçadas estreitas, porque se anda pela rua mesmo por ter uma movimentação tranquila comparada com as avenidas. Tudo é muito perto, desde a escola dos filhos, o mercadinho ou o posto de saúde, fazendo tudo a pé.

Nunca ouviu falar

Marcos morador há 15 anos no bairro e 30 anos em Barueri

Acha que a prefeitura investe na sustentabilidade, tem muito mais árvores nas ruas e o trânsito melhorou com a construção de ruas mais largas. Em seu discurso ele relata ter muitas praças e parques por todos os bairros.

Nunca ouviu falar

Cícero morador do bairro há 30 anos, possui uma vendinha na garagem e a casa na parte superior

Só identificou como ruim do bairro a “onda” de traficantes do morro do Piolho (comunidade próxima a área de recorte), as tem muita ronda da polícia nas ruas e rapidinho eles vão embora. Ele possui o comércio a anos e nunca foi assaltado, as pessoas fazem conta e pagam no final do mês, e para ele confiar no seu vizinho é algo sustentável.

Nunca ouviu falar

Marisa moradora do bairro há 6 anos, com duas filhas estudando nas escolas do entorno

Minhas filhas têm escola e atividades como balé e esportes tudo aqui perto.

Barueri faz muita campanha sobre os ODS, nas escolas das minhas filhas tem aula de educação ambiental e ensinam tudo isso

No conceito com relação a sustentabilidade do desenho urbano todos os moradores abordados mostraram grande satisfação com a infraestrutura, principalmente com relação à educação, apontando que são servidos de boas escolas do município, quanto a caminhabilidade e o convívio tanto entre o espaço como entre as pessoas todos demonstraram ter um grande apego sentimental ao local, sempre com um sorriso ao falar de como é prazeroso e fácil andar pelo bairro. A relação interpessoal pode realmente ser muito observada durante os dias de levantamento, as casas tem uma construção simples, porém um cuidado afetivo grande, com plantas, vasos e quadros decorando, ou mesmo bancos e sofás virados para a rua, como Figura 50, como se houvesse uma tentativa de trazer a rua para dentro de casa.

Figura 50. Afetividade da fachada das residências área de estudo 2 Fonte: Acervo da autora

Existe uma intensa movimentação na rua, as pessoas conversando nas portas, mães levando seus filhos para aula na escola, propositalmente o levantamento foi realizado tanto durante a semana, como ao final de semana, para observar justamente o uso da cidade dentro destes intervalos de tempo, mas mesmo durante a semana dentro do horário comercial, existe uma fluidez grande na rua, um pouco menor que ao final de semana, mas existe o uso da calçada, dos espaços por parte da população.

Em ambas as observações participantes nos dois recortes, tomou-se o cuidado de circular e fotografar todas as ruas dentro do recorte, para obter uma diversidade fonte de informações, bem como com todas as pessoas abordadas, foi explicado a proposta e objetivo deste trabalho, com fins acadêmicos e de observação.