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Observação Indirecta participante 1 Entrevistas

A INSTRUÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

1.3 Técnicas e Instrumentos de Análise

1.3.5 Observação Indirecta participante 1 Entrevistas

A entrevista e o inquérito por questionário inscrevem-se naquilo que Quivy e Campenhoudt descrevem como a observação indirecta, através da qual o “investigador dirige-se ao sujeito para obter a informação procurada” (1992:166). “Na realidade [esclarecem os autores], há aqui dois intermediários entre a informação procurada e a informação obtida: o sujeito a quem o investigador pede que responda e o instrumento constituído pelas perguntas a pôr” (1992:166).

Esta é uma técnica que implica “reiterados encuentros cara a cara entre el investigador y los informantes, encuentros éstos dirigidos hacia la comprensión de las perspectivas que tienen los informantes respecto de sus vidas, experiencias o

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situaciones, tal como las expresan con sus propias palabras” (Taylor e Bogdan, 1994:101).

Tendo por base formal apresentar “questões-chave”, o recurso a entrevistas procura, de uma forma detalhada e com assinalável profundidade, obter os dados mais pertinentes face ao estudo em apreço. Jorge Pedro Sousa considera que esta é uma técnica de pesquisa através da qual é possível obter “informações pormenorizadas e aprofundadas sobre valores, experiências, sentimentos, motivações, ideias, posições, comportamentos, etc. dos entrevistados”(2006:236). Torna-se oportuna a complementaridade com Quivy e Campenhoudt pois estes sustentam que as “perguntas que constituem o instrumento de observação [entrevista e questionário] determinam o tipo de informação que obteremos e o uso que dela poderemos fazer na análise de dados” (1992:187).

Ainda de acordo com os autores, afirmam-se como principais vantagens, o (i) “grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos” e a “(ii) flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações dos interlocutores, respeitando os seus próprios quadros de referência (…)” (1992:195).

Para o efeito, foi elaborado um guião de entrevista dirigido a destinatários bem definidos: Directores de Informação, Coordenadores Executivos, entre outros. Recorrer à colaboração de um painel de especialistas é justificado pelas seguintes razões: (i) insuficiência da bibliografia em responder a algumas questões capitais da investigação; (ii) apresentar contributos dos profissionais dos media e da esfera da academia de modo a confrontar diferentes posições sobre os assuntos inquiridos; (iii) obter contributos originais face à temática e interrogações propostas. Deste modo, através de correio electrónico, foram enviadas algumas questões (Anexos 12), dirigidas a um grupo de especialistas e profissionais da televisão pública portuguesa e espanhola, bem como a autores com obra publicada sobre o assunto central deste trabalho.

De modo a melhor identificar os entrevistados, as entrevistas previram ainda um campo comum destinado a obter dados pessoais (Nome, Idade, Naturalidade, Formação Académica e Experiência Profissional). As questões, entendidas como guia

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temático e aplicadas com alguma flexibilidade, foram orientadas de modo a obter elementos sobre as seguintes realidades: (i) principais alterações ao nível da gestão dos meios, (ii) impacto na organização do grupo RTP/ corporação RTVE, (iii) impacto nos perfis e competências profissionais, (iv) impacto ao nível dos produtos oferecidos no portal, (v) condicionantes do dispositivo televisivo online à emergência do digital.

Dada a extensão e a eventual complexidade de algumas questões, a entrevista foi aplicada directamente aos seus destinatários, pese embora se ter admitido em determinada fase do processo, o seu envio via correio electrónico. Sentiu-se necessidade de explicar de uma forma panorâmica o contexto da investigação e a importância dos dados recolhidos para a validação das hipóteses de trabalho que procuram sustentar a investigação. Aquando da planificação, entendeu-se oportuno realizar as entrevistas após a aplicação dos questionários a todos os profissionais da redacção multimédia de modo a, posteriormente, indagar os seus responsáveis por algumas das questões que, pela sua expressão, fossem de manifesta relevância. Se a aplicação das entrevistas foi acolhida por investigadores e profissionais, o mesmo não se aplica ao processo que envolveu os inquéritos As dificuldades entretanto surgidas, e oportunamente relatadas. darão conta das limitações sentidas no que diz respeito ao trabalho empírico.

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Quadro 1 - Painel de Profissionais que responderam à Entrevista

Alexandre Brito, Coordenador da Redacção Multimédia da RTP, Portugal (televisão)

Andrés Pedrera, Director Técnico da Medios Interactivos da RTVE, Espanha Catarina Rodrigues, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal Eduardo Cintra Torres, Universidade Católica Portuguesa, Portugal Elena Sánchez, Defensora do Espectador, Ouvinte e Usuário de Meios

Interactivos da RTVE, Espanha

Fernando Zamith, Universidade Fernando Pessoa, Jornalista, Portugal Francisco Rui Cádima, Universidade Nova de Lisboa , Portugal

Helder Bastos, Universidade do Porto, Portugal

Javier Díaz Noci, Universidade do País Basco, Espanha João Canavilhas, Universidade da Beira Interior, Portugal

Josep Luís Micó Sanz, Blanquerna - Universidad Ramon Llull, Barcelona, Espanha

José Manuel Paquete de Oliveira, Provedor dos Telespectadores (RTP), Portugal Luis Pinheiro, Responsável pela coordenação de proyectos de RTVE.es, Espanha Pedro Brauman, Director do Centro Museológico e Documental da RTP,

Portugal

Ramon Salaverría, Universidade de Navarra, Espanha

Ricardo Villa, Director de Informação e Conteúdos da RTVE.es, Espanha

1.3.5.2 Inquéritos

De acordo com Sousa (2006:335), “os inquéritos são instrumentos de pesquisa e visam a recolha de informações sobre ideias, afectos e comportamentos das pessoas”. Dada a quantidade de elementos e tendo em conta a extensão numérica das questões, entendeu-se ser este o recurso mais apropriado, tendo sido aplicado a jornalistas, editores e restante equipa da redacção web. A opção por um inquérito misto (características descritivas e analíticas) procura, simultaneamente, documentar, descrever e relacionar as variáveis do estudo.

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Através deste instrumento, e de acordo com Quivy e Campenhoudt, temos “possibilidade de quantificar uma multiplicidade de dados” e de proceder à “verificação de hipóteses teóricas e à análise das correlações que essas hipóteses sugerem” (1992:190).

Para a sua elaboração, concorreram, com graus de influência e importância variável, os estudos realizados por Bastos (2000), Díaz Noci (2007), Delicato (2008), tendo resultado um inquérito misto. Este tipo de inquérito mistura características do inquérito descritivo (tem como objectivo “documentar e descrever o que existe em determinado momento (Sousa, 2006:335) e do inquérito analítico que procura “descrever e explicar quais as razões para a ocorrência de determinados fenómenos” (2006:335).

Do cruzamento das várias fontes resultou o Inquérito por Questionário que se encontra no Anexo 2 e que, genericamente, pretendeu ser um instrumento para obter as seguintes informações: (i) dados biográficos, (ii) integração online, (iii) posse e uso de internet no local de trabalho, (iv) avaliação do portal, (v) organização e convergência.