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Quais as vantagens que perspectiva para a convergência e integração dos grupos de media, e em particular, para as operadoras de serviço público?

“A internet é um meio onde todos os outros meios vão lá estar, mas é um meio com uma linguagem nova. Não podemos fazer um site de informação da mesma forma que a primeira página de um jornal e o que está a acontecer é que a própria linguagem Web começa a ter alguns pontos de convergência. Não vai haver uma clara distinção entre o que é um site de um jornal e de uma televisão, mas antes conteúdos mais específicos para cada um deles”.

Alexandre Brito, Coordenador da Redacção Multimédia da RTP (Lisboa) - Portugal

“Menores costes operativos; mejor aprovechamiento de los contenidos en todas las áreas; acciones 360º TV-Radio-Web-Móvil-Consolas-Etc que generarán servicios y productos muy interesantes para los usuários”

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“Se pensarmos na convergência entre a Web e a televisão encontramos várias vantagens que passam, desde logo, pela oportunidade que a Web constitui como plataforma privilegiada de distribuição de conteúdos, a que nenhuma operadora pode ficar alheia”.

Catarina Rodrigues, Universidade da Beira Interior (Covilhã) - Portugal

“Está implícito acima: redacções de quê? de um jornal? jornal escrito? então como pôr o cérebro a trabalhar para um conteúdo que não é escrito mas é audiovisual e escrito? Redacção de um media radiofónico? então como pôr o cérebro a trabalhar para outra coisa, para o audiovisual? E para a escrita, que não é a mesma coisa que a escrita de rádio? A tecnologia não resolve problemas apenas, ela cria problemas. O "paradigma digital" poderá ser um conceito resultante de um determinismo tecnológico, quero dizer, assume-se que a possibilidade de um paradigma digital - resultante de uma possibilidade técnica - é suficiente para criar um paradigma de linguagem humana. Quando dizemos "digital" ainda dizemos tecnologia, não dizemos nova forma de linguagem humana. A escrita é uma tecnologia, mas originou uma forma de linguagem e não só, teve consequências cognitivas e provavelmente físicas, ao nível do desenvolvimento do cérebro. Uma tecnologia, neste caso o digital, não se transforma numa linguagem apenas por existir enquanto tecnologia.

Por agora, o digital tem permitido o desenvolvimento e a expansão extraordinária das linguagens existentes: escrita, audio, visual e audiovisual. Julgo que ainda não criou nada de novo em termos de linguagem”.

Eduardo Cintra Torres, Universidade Católica Portuguesa (Lisboa) - Portugal

“A convergência/integração dos grupos de media, entendida no sentido que dei na resposta anterior, poderá significar, em muitos casos, a própria sobrevivência desses grupos. Os media - muito especialmente aqueles que apost(av)am no jornalismo - estão a atravessar momentos de grande incerteza quanto ao seu futuro. A imprensa está numa tendência irreversível de queda de audiência, o consumo de rádio está demasiado confinado ao automóvel, a televisão tem custos de produção muito elevados e a Internet está ainda há procura do seu modelo de negócio. A integração terá como vantagens principais a redução de custos e a presença em simultâneo em várias plataformas, aproveitando o potencial de cada uma delas. No caso das operadoras de serviço público, as vantagens são as mesmas,

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apesar de a definição de um modelo de negócio não ser, muitas vezes, a sua principal preocupação”.

Fernando Zamith, Universidade Fernando Pessoa (Porto) - Portugal

“Não respondeu”

Francisco Rui Cádima, Universidade Nova de Lisboa (Lisboa) - Portugal

“A principal vantagem tem que ver com o aumento da capacidade de resposta a um mundo em rede, no qual os modos de recepção têm as suas especificidades comparativamente com o mundo “analógico”, ou em átomos, como diria o Negroponte. Isto é, uma empresa de media convergente estará mais bem preparada para produzir conteúdos, de modo optimizado, para diferentes dispositivos (computadores, telemóveis, pda’s, consolas, etc.). Para funcionar bem no modelo convergente, as empresas têm, necessariamente, de preparar os seus profissionais para o trabalho no novo ecossistema, o que pode estimular o investimento em formação. Julgo que, no geral, não haverá grandes diferenças nas vantagens para operadoras privadas e para públicas. Aquelas, no entanto, podem ter mais flexibilidade para integrar empresas do mesmo grupo de comunicação e para reduzir quadros. Esta redução, vista como inevitável, é uma das principais críticas feitas à convergência. Os mais cépticos consideram que esta resulta numa diminuição de pessoal e na concentração de múltiplas tarefas num mesmo profissional, o que leva a uma diminuição da qualidade”.

Helder Bastos, Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Porto) - Portugal

“Está por ver que se trata de un proceso ventajoso. Cuando las empresas lo adoptan, ahorro en sueldos, mejor aprovechamiento de las informaciones, posibilidad de ofrecerlas en diversas plataformas”.

Javier Díaz Noci, Universidad do País Basco (Bilbau) - Portugal

“Em primeiro lugar, a rentabilização de recursos humanos, equipamentos e espaços. Em segundo lugar, a melhoria significativa do produto final em cada um dos meios. Por fim, destacar ainda a possibilidade de produzir conteúdos multimediáticos de alto valor acrescentado como resultado do contributo dos vários meios do grupo. Este tipo de

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produtos deve ter como destino final a distribuição para web e telemóveis, os dois suportes do futuro”.

João Canavilhas, Universidade da Beira Interior (Covilhã) - Portugal

“La gran ventaja de la convergencia, cuando se aplica correctamente, es que mejora la eficacia de las organizaciones”.

José Luís Orihuela, Universidade de Navarra (Pamplona) - Espanha

“As vantagens terão de ser, sobretudo, aquelas que derivam de um «comboio em marcha» que não pode ser parado e de possibilitar dar respostas contextualizadas com uma modernização actualizada, aproveitando as suas virtualidades e oferecendo os serviços de modo adequado aos tempos. Pode-se discutir a continuidade de existência de operadoras de serviço público, por outras razões ou por outros imperativos. Mas a continuarem a existir não podem fugir desta actualização”.

José Manuel Paquete de Oliveira, Provedor do Telespectador da RTP (Lisboa) – Portugal

“Además del ahorro, como he indicado anteriormente, la convergencia posibilita unificar criterios y lineas editoriales. Además, si se plantea correctamente y se ofrece cursos de formación adecuados para los trabajadores, los periodistas pueden acabar teniendo más control sobre sus producciones. Todo ello, sin embargo, no debería desembocar en la explotación laboral”.

Josep Lluís Micó Sanz, Blanquerna - Universidad Ramon Llull (Barcelona) - Espanha

“Aumento da escala e da dimensão, nova capacidade competitiva, melhor aproveitamento em distribuição multiplataforma, etc”.

Pedro Braumann, Instituto Politécnico de Lisboa (Lisboa) - Portugal

“Un modelo integrado de producción de contenidos periodísticos permite generar contenidos multiplataforma con mayor sencillez, y facilita asimismo la coordinación de las coberturas informativas entre distintos medios de una misma empresa. Esto se aplica tanto a las empresas privadas como a las de servicio público; no creo que existan grandes diferencias entre unas y otras, en este sentido”.

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SÍNTESE DO CAPÍTULO

Na generalidade dos casos abordados situamos alterações substanciais na forma de trabalhar, nos conteúdos a desenvolver e no modo como cada um dos projectos editoriais se relaciona com os seus públicos. Assim, constata-se que a reconfiguração das redacções se tem caracterizado por:

(i) uma aproximação física entre os vários elementos envolvidos (gestores, jornalistas e público);

(ii) na remodelação das formas de trabalho em redor de uma estrutura circular (hub) distributiva de funções e tarefas (embora também existam outras formas de organização);

(iii) na flexibilidade e polivalência de funções que em muito extravasam a definição de jornalista e anulam funções técnicas paralelas e complementares;

(iv) na maior rentabilização de recursos que simultaneamente produzem notícias (conteúdos?) para as várias plataformas de comunicação;

(v) na integração de suportes e ferramentas comuns (texto+fotografia+vídeo+infografia) independentemente da natureza original do meio.

As citadas redacções multimédia são reveladoras das tendências de organização contemporâneas aplicadas aos novos sistemas de media. A era da convergência, também assumida como integração, reveste um papel preponderante que sinteticamente poderemos descrever do seguinte modo:

- A noção de que o canibalismo e a adversidade nas redacções dos próprios meios de comunicação social era completamente absurda conduziu à aproximação das estruturas e das lógicas de funcionamento;

- A rentabilização, nos mais variados aspectos, tem induzido um efectivo diálogo entre a rádio, a televisão e os jornais com as suas congéneres edições na internet; através de uma comunicação permanente, negociação constante e planificação partilhada; - A complementaridade dos meios e recursos fez nascer, nalguns órgãos específicos,

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do jornal Público tem sido, entre outros, um farol no panorama português ao efectivar as potencialidades de actualização permanente que a plataforma digital possibilita, numa lógica articulada com o produto impresso. Hoje em dia, a maior parte dos órgãos tem assumido o procedimento de que as notícias “não se guardam na gaveta para o dia seguinte”. Como tal, é frequente que uma notícia tenha a sua primeira edição no formato digital (sob pena do órgão ser ultrapassado pela concorrência) e só depois, no formato convencional;

- A aproximação inscreve-se num modelo de gestão integrado que, fisicamente, procura colocar debaixo do mesmo tecto, a redacção que, simultaneamente, produz para as diversas plataformas; no fundo, uma redacção a produzir vários produtos informativos para vários suportes. Tem sido esta a opção adoptada, por órgãos de referência internacionais como o já citado Daily Telegraph;

- O fenómeno de convergência apropriado por alguns grupos de media tende a conduzir para uma espécie de fusão organizacional em que os meios e suportes são muito mais do que o somatório das partes, convivendo sistemicamente, de forma harmónica e integrada;

- Dada a recente aposta nos processos de convergência e (ainda sem perspectiva à vista) de fusão, torna-se excessivo apalavrar a sua eficácia operacional, vantagens e benefícios face a outros modelos de gestão dos órgãos de comunicação social. No entanto, do ponto de vista dos recursos materiais e humanos, torna-se evidente a mais-valia, principalmente para as administrações financeiras das empresas, uma vez que se traduz numa melhor rentabilização dos mesmos;

- A incorporação dos modelos apresentados, ou fundamentalmente, do modelo de convergência, depende em grande parte da capacidade para efectivar a mudança, da vontade em apostar em novas estratégias de gestão e mobilizar os recursos necessários à sua efectivação. Cebrián Herreros é taxativo ao afirmar que o teórico processo de fusão não passa de uma miragem e argumenta do seguinte modo:

“Todavia se piensa excesivamente en productos de televisión para su difusión por internet, o a la inversa: informaciones y navegaciones por internet que puedan

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el médio del que uno parte, aunque ya se piense en su difusión por otro canal. Falta la auténtica fusión de ambos, olvidarse del punto de origen y pensar algo integrado y armónico que aglutine ambos médios. Es lo que pasó com la concepción de la televisión para difundir cine, pero com tiempo la televisión supero esta fase y pasó a crear sus modelos de ficción. Asi ocurrirá con la convergência de la televisión e internet. Internet, además de la difusión de contenidos de otros soportes, generará sus productos específicos” (2004:218);

- Pensar os media, no contexto da dimensão de um grupo empresarial, bem como no enquadramento da concorrência global, obriga a um exigente, sistemático e rigoroso levantamento das situações, avaliação dos riscos e eventuais benefícios da mudança e a um acompanhamento constante das necessidades dos usuários. É cada vez mais no vértice do consumo e do usufruto dos conteúdos que se colocam as grandes preocupações, ou não fosse o utilizador final o que escolhe em definitivo, os vários meios concorrentes.

- No vector dos ensinamentos e das lições a tirar das múltiplas e diversas experiências de (tendencial) convergência, Steve Yelvington (2009, Apr. 3), após ter contactado envolvidos nestes processos (EUA e Europa) sintetizou alguns dos contributos mais significativos:

(i). “Merging print and online staffs is the right thing to do. (ii). Done right, it's a big win.

(iii). Moving the chairs around isn't enough.

(iv). Culture gaps are deep, persistent, and troublesome (v). It's not a union of equals.

(vi). There's a great danger of throwing away what we should have learned. (vii). People don't know one another, and they make bad assumptions. (viii). People are confused by new structures and responsibilities.