• Nenhum resultado encontrado

Os homens que se confiam a uma unidade de medida definida por outros para avaliar o seu desenvolvimento pessoal,

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A. Organização do processo 5 A intervenção do OG no

processo

O OG foi facilitador de todo o processo. Não foi demasiado rigoroso, apesar de numa das reuniões do CP, o presidente do conselho pedagógico, que também é o presidente do conselho executivo, ter votado contra uma proposta de adiamento de prazos. Ele pretendia que o processo fosse implementado. Mas apenas tomou esta posição nessa reunião de pedagógico, sem exercer qualquer outro tipo de pressões e não acredito que as tivesse tido. Não fui pressionado para entregar os objectivos, mas soube que houve alguma chamada de atenção para as penalizações, no departamento do 1º ciclo. O PCE não fez qualquer tipo de pressão.

Após a saída da última legislação, que veio responsabilizar o OG pela definição dos prazos, aí o prazo de entrega dos objectivos individuais foi cumprido. Quem entregou, entregou, quem não entregou não entregou. Somos duzentos e muitos professores e entregaram cerca de quarenta. Mas após duas semanas do prazo, parece que alguns ainda entregaram uns vinte,

devido às tais pressões. (E1)

Foram facilitadores. Foram no início, mas quando viram que as pessoas não queriam, acabaram por deixar andar também.

Não, o OG não interferiu [entrega OI]. Foi uma decisão nossa. Definiram um prazo,

disponibilizaram uma grelha para se preencher e quem quis entregou. (E2)

A posição do OG foi sentida como um estar connosco e com a nossa luta. Não criou

dificuldades. [Influência na entrega OI] Não, de forma alguma. (E3)

Foi facilitador de todo o processo. Inicialmente definiu datas para apresentação dos objectivos individuais, mas esses prazos foram sendo alterados. Foi sempre muito flexível.

Depois do “simplex”, foi definida uma data e os professores entregaram os objectivos, cerca de 40 professores. Sei que após essa data, ainda foi possível entregar os objectivos, talvez

para ver se as pessoas iam mudando de atitude. (E4)

O executivo esteve sempre ao nosso lado, é claro que teve que manter um certo distanciamento. No entanto, mesmo em pedagógico, sempre que queríamos levar à agenda um assunto relacionado com a avaliação, mesmo que o assunto fosse de certa forma constrangedor, ia sempre a discussão, e depois tentava sempre ver o que é que os professores pretendiam, tentava sempre ver até onde seria possível chegar, dando os prazos o mais alargados possível, mantendo-se ao lado dos professores. Inclusivamente, houve elementos do CE que assinaram as listas para a suspensão da avaliação.

Teve de ser marcada uma data, porque quem os queria entregar também tinha de ter essa liberdade, e teve de se dar essa possibilidade.

Não sei, não tive essa informação [entrega dos OI após o prazo]. [Pressão na entrega dos OI] Não, o órgão de gestão tentou pôr-se o mais possível à margem, para que as pessoas fizessem aquilo que achassem que deviam fazer. É a minha leitura, não sei se houve algumas pressões, para se entregar, mas não tive conhecimento disso. Também nos deram a possibilidade de dizer que não queríamos [avaliar], fazendo um requerimento. Nós aqui tivemos todas as possibilidades. Eu penso que a maioria das pessoas gostaria de não o fazer, por exemplo eu, mas fiquei um bocadinho a pensar, será que me poderá trazer algum

problema e não o fiz, mas houve quem o fizesse. (E5)

Foi facilitador de todo o processo. Na minha opinião, acho que esteve muito bem. Porque por um lado tinha que cumprir regras, mas por outro lado via a impossibilidade de por em prática

o que era obrigado a fazer. (E6)

Admirei a posição do PCE, neste processo. Nunca foi demasiado rigoroso e teve sempre uma atitude de equilíbrio entre as partes. Quando começaram os movimentos de contestação e nós fazíamos reuniões no polivalente, por vezes estava presente, via o que se passava, ouvia as deliberações, mas nunca se manifestou. Acho que os colegas pensam o mesmo, pelas conversas que tínhamos. Mesmo a nível de prazos de entrega dos objectivos, inicialmente, estabeleceu prazos, que depois iam sendo prolongados. Penso que foi facilitador dentro do que lhe foi possível e flexível.

Não. O PCE, não fez qualquer tipo de pressão. Apenas informava das datas e outras

informações que recebia. (E8)

A intervenção do OG no processo de ADD foi entendida como facilitadora do processo: acho que

foram facilitadores (E2, E4 e E6); penso que foi facilitador dentro do que lhe foi possível e flexível, promovendo um equilíbrio

entre as partes: (…) teve sempre uma atitude de equilíbrio entre as partes (E8) e não criando dificuldades: não criou dificuldades. (E3). Esta posição foi concretizada através de duas posturas do OG: ausência de pressão

para a entrega dos OI:não fui pressionado (E1); para que as pessoas fizessem aquilo que achassem que deviam fazer. (E5); não fez qualquer tipo de pressão (E8) e flexibilidade na fixação e cumprimento dos prazos: após a saída da última legislação, que veio responsabilizar o OG pela definição dos prazos, aí o prazo de entrega dos objectivos individuais foi cumprido. Quem entregou, quem não entregou não entregou (E1); quando viram que as pessoas não queriam, acabaram por deixar andar também (E2); inicialmente definiu datas para apresentação dos objectivos individuais, mas esses prazos foram sendo alterados (E4); dando os prazos o mais alargados possível (E5).

Perpassa em todas as entrevistas a ideia de que o OG acompanhava e compreendia as posições dos professores, expressa declaradamente por alguns dos entrevistados:a posição do órgão de gestão foi sentida como um estar connosco e com a nossa luta (E3); o executivo esteve sempre ao nosso lado (E5).

A segunda categoria de análise, relativa à estruturação do processo de ADD, prende-se com a possibilidade de ter havido alterações no PE em função dos objectivos da ADD. Na tabela 9, apresentamos a opinião dos entrevistados:

Tabela 9 – Inter-relações entre o PE e os objectivos da ADD: Alteração do PE em função dos objectivos da ADD Categorias/sub-categorias Enunciado B. Inter-relações entre o PE e a ADD B.1. Alteração do PE em função dos objectivos da ADD

Não tenho conhecimento que tenha sofrido alterações. (E1)

Sofreu, teve de sofrer alterações. (E2)

Falou-se nisso, mas não conheço as alterações. Reconheço que a falha é minha, (…) não sistematizei na minha cabeça a consequência ou a implicação que a avaliação teve nas

alterações do Projecto Educativo. (E3)

Não conheço o documento. Não sei se teve alterações devido ao processo de ADD ou se, dos objectivos existentes, seriam retirados alguns para definirem os objectivos individuais. Talvez

não tenha sido modificado. (E4)

Não foram grandes as alterações, adaptou-se apenas o que foi necessário relativamente ao

processo de avaliação. (E5)

Não me lembro que tenha sido alterado, mas provavelmente foi-o em alguns aspectos. (E6)

Não sei. (E7)

Sinceramente não sei. Não tenho conhecimento das alterações feitas ao PE, mas é natural que as tenha havido. Por isso, apesar de não ter conhecimento, é provável que o PE, tenha

sofrido alterações devido à avaliação. (E8)

Se foram feitas alterações não as conheço. (E9)

Não. Penso que não [sofreu alterações]. (E10)

Nas respostas sobre se teria havido alterações do PE em função dos OB da ADD, se percebe um quase completo desconhecimento: não sei (E1,E4, E7, E8 e E10);não me lembro que tenha sido alterado

(E6); só um entrevistado refere: sofreu, teve de sofrer alterações (E2) e outro: adaptou-se apenas o que foi necessário relativamente ao processo de avaliação (E5).

A tendência das respostas dadas poderá decorrer do facto da generalidade dos docentes terem optado por não entregar os OI, facto que explicará o conhecimento menos aprofundado dos objectivos do PE e da sua eventual alteração em função da ADD.

Em qualquer dos casos, parece importante reflectir sobre o funcionamento das nossas escolas pois, sendo o Projecto Educativo o documento onde estão definidos os objectivos e metas que a comunidade escolar entende deverem ser atingidos, só fará sentido ser em função destes que os objectivos da ADD sejam definidos, tal como, aliás, é decretado. Na Tabela 10, apresentamos as opiniões sobre esta relação:

Tabela 10 – Inter-relações entre o PE e os objectivos da ADD: Relação dos objectivos da ADD

com o PE

Categorias/sub-categorias Enunciado

B. Inter-relações entre o PE