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Os homens que se confiam a uma unidade de medida definida por outros para avaliar o seu desenvolvimento pessoal,

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

D. Posição dos professores relativamente à avaliação

D.2. Quanto à implementação do processo

Eu não acompanhei, digamos o desenvolvimento de todo este processo, ia tendo conhecimento através de conversas informais com os colegas, (…) Por desinteresse. Porque nunca acreditei que este processo de avaliação fosse para a frente nos moldes em se falava que estava no decreto. Todo o processo, toda a estrutura, os órgãos constituídos, é tudo matéria que me passou ao lado e à grande maioria dos professores. Nós nunca estivemos contra a avaliação de desempenho (…) Foi um processo participado, de certa forma. O que nunca foi consensual foi todo este processo de avaliação feito desta maneira. Agora, dentro do agrupamento, as decisões tomadas pelo conselho pedagógico eram seguidas e toda a gente cumpria as suas obrigações. Foi um processo muito contestado. Fizemos duas reuniões

gerais no agrupamento para tomar decisões. (E1)

Participámos em reuniões, nas manifestações contra esta avaliação, (…) Mas mesmo assim [simplificando os instrumentos] é um processo muito complicado. Eu nunca acreditei que o processo fosse para a frente e outros também não, criou-se uma dinâmica de contestação, (…) Acreditei que os professores iam conseguir reagir e eu fui muito dinamizadora para nós irmos a essas manifestações.

Eu concordo com a avaliação mas não com este tipo de avaliação, (…) depois com o “simplex” esta situação alterou-se, mas mesmo assim ainda há muita coisa que não se concorda.

Não houve pontos fortes. (E2)

Estou um pouco desligada de todo este processo (…)

Sempre acreditei que algumas coisas teriam que mudar. Bastava o ambiente vivido na escola, para ver que não seria possível implementar este processo. A instabilidade era tanta naquele período que não poderia ser assim. Inicialmente, até por uma questão de coerência política, achei que iria ser implementado, mas eu própria estava a adiar o meu conhecimento, o meu envolvimento neste assunto. Foi um processo complicado, muitas reuniões, não tínhamos tempo para mais nada.

Em qualquer profissão tem que, acima de tudo, haver ética. Na nossa profissão, por ética temos que ter esta consciência do respeito pelos alunos, pelos colegas, pelo sistema e até pelos governantes. O que não aconteceu por parte dos governantes em relação a nós, porque

estas coisas foram muito mal pensadas. (E3)

Pessoalmente não concordo com este modelo.

Foi um processo de muita agitação. A divisão da carreira trouxe todos estes problemas. Os critérios não foram bem escolhidos. Posso falar do meu caso. Sou professor titular porque estava no décimo escalão e não estava sujeito a vagas. Não sei porque sou professor titular e

Depois houve muito envolvimento quando começou a contestação. Houve um grupo que encabeçou essa “luta” e nos intervalos da manhã e da tarde começaram a surgir reuniões para reflectir, discutir a situação e tomar uma decisão conjunta.

[Apesar do “simplex”] As pessoas continuam a achar que a base da luta dos professores se mantém. O simplex não veio modificar muito. Aliás muitos professores disseram que preferiam ser avaliados na componente prática do que na parte burocrática. E mantém-se a questão pela qual os professores lutaram sempre, a divisão da carreira. O problema da avaliação não está só aí, [divisão da carreira] essa é uma questão de carreira e não da avaliação. O problema é a forma como foi feito o recrutamento dos professores titulares.

Penso que foi implementado de forma precipitada. (E5)

Tudo parte de um pressuposto errado. Foi um processo muito precipitado, se calhar, por ser muito rápido é que foi errado. Quiseram dividir a carreira para criar esta estrutura rapidamente. De um dia para o outro apareceram avaliadores e avaliados, ou melhor,

arranjaram quem avaliasse. (E6)

Se este processo tivesse sido posto em prática, iríamos ser muito prejudicados. Eu penso que deve haver uma avaliação dos professores, mas não desta maneira. O que conta são os números, a estatística. Este modelo é uma cópia que veio de outro lado e não está ajustado

ao nosso contexto. Eu não concordo com este processo porque é muito complicado. (E7)

Esse processo está mal desde a raiz. A forma como foi implementado, também foi um

entrave. Foi feito de uma forma precipitada e a forma como as coisas foram impostas, provocou uma grande revolta nos professores. (…) porque os professores concordam com a avaliação. Agora implementar uma avaliação contra os professores, é claro que foi muito difícil para todos. (E8)

Desde que começámos a lutar contra o modelo de avaliação, desinteressei-me porque não acreditei que pudesse ser implementado. Era muito burocrático, muita papelada… Não tem pontos fortes nenhuns. Também não chegámos a sentir, praticamente dificuldades porque acabou por não se cumprir.

Não deveria existir a divisão da carreira. O professor titular não deveria existir. (E9)

Este processo de avaliação é muito complexo. Se tem sido posto em prática, não tenho

dúvida que iria prejudicar os alunos, como aconteceu no primeiro período. (E10)

No que respeita à implementação do processo, pelas respostas dadas, ficamos com dúvidas se ela efectivamente aconteceu. Três dos entrevistados disseram não ter acompanhado o desenvolvimento do processo essencialmente por não acreditarem que ele pudesse manter-se nos moldes inicialmente legislados: eu não acompanhei, digamos o desenvolvimento de todo este processo, porque nunca acreditei que este processo de avaliação fosse para a frente nos moldes em se falava que estava no decreto (E1); nunca acreditei que o processo fosse para a frente e outros também não (E2); bastava o ambiente vivido na escola, para ver que não seria possível implementar este processo. Inicialmente, até por uma questão de coerência política, achei que iria ser implementado (E3); desde que começámos a lutar contra o modelo de avaliação, desinteressei-me porque não acreditei

que pudesse ser implementado. Era muito burocrático, muita papelada… (E9). No entanto, outros entrevistados disseram que a implementação existiu mas foi feita de forma precipitada e errada: penso que foi implementado de forma precipitada (E5); foi um processo muito precipitado, se calhar, por ser muito rápido é que foi errado (E6); a forma como o processo foi implementado, também foi um entrave ao próprio processo. Foi feito de uma forma

precipitada e a forma como as coisas foram impostas, provocou uma grande revolta nos professores (E8).Dois dos entrevistados consideraram que ele não foi posto em prática: se este processo tivesse sido posto em prática (E7); se tem sido posto em prática, não tenho dúvida que iria prejudicar os alunos (E10). Alguns entrevistados

abordam, essencialmente, a vertente da contestação ocorrida, não clarificando se a implementação efectivamente aconteceu:criou-se uma dinâmica de contestação (E2); foi um processo de muita agitação (E4); depois houve muito envolvimento quando começou a contestação (E5). O que sobressai evidente é a ideia de que este processo de avaliação está mal desde a raíz porque é muito complicado, foi mal pensado e imposto, é muito burocrático, sofre de pouca clarificação de critérios e demonstra alguma falta de ética.

É consensual a postura de recusa do modelo de avaliação, mesmo com as alterações introduzidas pelo Decreto Regulamentar n.º1-A/2009, de 5 de Janeiro, vulgarmente denominado “simplex”: (…) depois com o simplex esta situação alterou-se, mas mesmo assim ainda há muita coisa que não se concorda (E2); as pessoas continuam a achar que a base da luta dos professores se mantém (E5). Percebe-se que, por trás desta recusa, está uma questão que se coloca a montante do processo e que é a divisão da carreira:a divisão da carreira trouxe todos estes problemas (E4); e mantém-se a questão pela qual os professores lutaram sempre, a divisão da carreira (E5); quiseram dividir a carreira para criar esta estrutura rapidamente (E6); não deveria existir a divisão da carreira (E9).

A posição dos entrevistados relativamente aos objectivos individuais é expressa na tabela 16:

Tabela 16 – Posição dos professores relativamente ao processo de avaliação: Quanto aos

objectivos individuais

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D. Posição dos professores relativamente à avaliação

D.3. Quanto aos objectivos