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Os nomes das coisas do mundo e a preservação

7.2. Seção cultura: o funcionamento da argumentação para a preservação das línguas

7.2.3. Os nomes das coisas do mundo e a preservação

Vejamos o nosso próximo recorte:

(R1.5)Biodiversidad y diversidad lingüística

Conservando las lenguas indígenas, protegiendo la biodiversidad

Si bien ha sido ampliamente reconocido que la degradación del medio ambiente natural, y en particular, de los hábitats tradicionales, implica la pérdida de la diversidad cultural y lingüística, nuevos estudios sugieren que la desaparición de las lenguas, tiene a su vez un impacto negativo sobre la conservación de la biodiversidad.

Existe un vínculo fundamental entre la lengua y el conocimiento tradicional (C.T.) relacionado con la biodiversidad. Las comunidades locales e indígenas han elaborado sistemas complejos de clasificación para el mundo natural, reflejando un profundo conocimiento de su entorno local. Este conocimiento del medio ambiente está contenido en los nombres indígenas, tradiciones orales y taxonomías, y puede desaparecer cuando una comunidad cambia a otro idioma.

Los etnobotanistas y etnobiólogos reconocen la importancia de los nombres indígenas, de las taxonomías provenientes del folclor y de las tradiciones orales como determinantes para el éxito de iniciativas relacionadas con la recuperación de especies en peligro y las actividades de restauración ecológica.

Por ejemplo, un estudio llevado a cabo en la tribu Amuesha del Alto Amazonas Peruano, cuya lengua se encuentra seriamente en peligro, concluyó que la pérdida de locutores y de guardianes del conocimiento entre los Amuesha tiene un impacto directo y negativo sobre la diversidad de los cultivos.

Otro estudio sobre los dichos ancestrales del pueblo Maorí reveló información nueva y pertinente sobre crecimiento de plantas, suelos y nutrientes, nichos ecológicos y comunidades ecológicas, así como procesos paisajísticos.

Estos y muchos otros estudios de caso serán presentados próximamente en un documento de trabajo de la UNESCO titulado 'Las lenguas indígenas como herramientas para comprender y preservar la

biodiversidad'.

Dichos estudios demuestran que los esfuerzos para preservar la biodiversidad pueden beneficiarse en gran medida de la participación de comunidades locales por un lado, y de antropólogos y lingüistas por otro lado. Los primeros pueden compartir su inestimable conocimiento ecológico tradicional, mientras que los segundos pueden servir como puentes entre los C.T y la ecociencia. La UNESCO considera que la salvaguardia de los C.T. y las lenguas indígenas utilizadas para transmitir tal conocimiento, constituyen herramientas actualmente poco utilizadas pero prometedoras para la conservación y la gestión sostenible de la biodiversidad.

O título desse recorte Biodiversidad y diversidad lingüística é reescrito por expansão por seu subtítulo Conservando las lenguas indígenas, protegiendo la biodiversidad. Há uma inversão de posições: passamos o título composto por nomes para uma expressão que apresenta uma forma verbal no gerúndio. Esta nova formulação traz o sentido do processo. Assim, a posição inicial dada à língua é deslocada, significando-a dentro dos processos

descritos (conservando as línguas indígenas, portanto protegendo a biodiversidade). No título, o primeiro nome é biodiversidade, ou seja, o tema é biodiversidade; diversidade linguística passa a significar um dos elementos da biodiversidade. O interessante é que este elemento que teria uma relação de hiponímia com a biodiversidade é apresentado como aquilo que pode garantir toda a biodiversidade.

Nesta explicação do título apresentado em nosso recorte, fica posta a relação, segundo a UNESCO, entre a preservação do “meio ambiente natural” e a preservação das línguas. Estes dois enunciados, o título e o subtítulo, nos permitem estabelecer algumas relações importantes. A primeira delas é que dado o que poderíamos chamar de paralelismo entre os enunciados e considerando que entre eles há uma relação de reescrituração, a questão da diversidade linguística acaba sendo direcionada para as línguas indígenas, como já apontamos em (R1.2), ou seja, a diversidade de línguas é a diversidade de línguas indígenas e a proposta de democratização linguística pela preservação das línguas passa a funcionar na contradição na medida em que exclui as línguas não indígenas, já que estas não comporiam a diversidade das línguas. Esta exclusão e a “escolha” das línguas indígenas em detrimento das outras línguas é justificável pela forma como a expressão “línguas indígenas” é significada neste acontecimento e pela forma como a argumentação aponta para a manutenção da biodiversidade. Outro sentido é o de que a língua indígena e sua cultura não produzem saberes sobre o mundo (seus membros, seu entorno, seus valores), mas sobre a natureza, que passa a significar seu mundo. O enunciado conservando las lenguas indígenas, protegiendo la

biodiversidad, ao apresentar os verbos no gerúndio, permite que façamos a seguinte paráfrase:

(R1.5.a) Se conservamos as línguas indígenas, protegemos a biodiversidade

Esta condição imposta é o argumento que dá base à hipótese que se coloca sobre o papel das línguas (indígenas) na proteção da biodiversidade. Vale lembrar que nas análises anteriores temos língua determinada por cultura e patrimônio, e que estes sentidos também funcionam como argumento para a conservação. No entanto, vejamos como se estreita esta relação pela forma como “língua indígena” e “língua” são significadas. Vejamos os trechos destacados:

(R1.5`)[…] la desaparición de las lenguas, tiene a su vez un impacto negativo sobre la conservación

de la biodiversidad.

Existe un vínculo fundamental entre la lengua y el conocimiento tradicional (C.T.) relacionado con

clasificación para el mundo natural, reflejando un profundo conocimiento de su entorno local. Este conocimiento del medio ambiente está contenido en los nombres indígenas, tradiciones orales y taxonomías, y puede desaparecer cuando una comunidad cambia a otro idioma[…]

Observando os trechos destacados podemos dizer que língua significa enquanto uma taxonomia, pela função que tem de nomear, ou seja, a língua significa porque dispõe de nomes que possibilitam a classificação do mundo, e neste caso, enquanto uma classificação do mundo onde vivem os povos indígenas. Ao nomear, de acordo com esta forma de pensar sua função, a língua guardaria nela mesma a cultura relativa aos nomes do mundo de determinado povo. A preservação da língua torna-se mais consequente pelo fato de muitas destas línguas serem orais. Assim a língua (indígena) passa a significar um elemento de preservação, pelo funcionamento metafórico cuja “fonte” é a biologia na medida em que “mantém vivo” este mundo representado pelas palavras que classificam e ao classificar as coisas garantem a existência da cultura deste povo pelas coisas que nomeia. Estas considerações nos permitem dizer que “língua (indígena)” está determinada por “cultura”, “ferramenta” e “taxonomia” (do mundo natural), relação esta que pode ser representada pelo seguinte DSD:

(DSD 4 – as expressões cultura, taxonomía e ferramenta determinam línguas (indígena))

Relativamente aos outros DSDs, poderíamos estabelecer algumas relações. A questão do pertencimento de língua à cultura, na medida em que a língua carrega a cultura de um povo, está posta pelo fato de língua estar significada enquanto um conjunto de palavras, um tesauro: são as palavras que podem mostrar esta cultura “carregada” pela língua; ao dizer a preservação da língua, diz-se a preservação das palavras que etiquetam e classificam o mundo a partir da forma como cada povo vê o mundo que o cerca. A língua é a ferramenta que nomeia e ao nomear diz o mundo pela cultura que está guardada na mente de cada povo. Desta forma, a preservação assegura a cultura, pois ela está nas palavras que nomeiam o meio ambiente. No DSD2 a palavra “língua” foi apresentada como sinônima de “idioma” e determinada pelas expressões “suporte da identidade”, “elemento da essência do patrimônio cultural”, “fonte de criação”, “reflexo do mundo de um povo” e por “vetor da tradição”. Isso é

cultura ┤LÍNGUA (INDÍGENA)├ taxonomia ┬

retomado pela referência à taxonomia, como representação da cultura que determina o sentido de “língua” nestes recortes.