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Capítulo 3 Prática de Pesquisa em Computer Assisted Language Learning

3.1 Descrição e análise dos contextos de pesquisa e de publicação

3.1.2 Os participantes da comunidade discursiva em CALL

Os dados coletados por entrevista eletrônica permitem descrever o perfil dos pesquisadores da comunidade de CALL, mostrando que, entre os 30 participantes estrangeiros desta pesquisa: 23 são professores universitários atuando no ensino de língua inglesa como EFL ou ESL, em diferentes instituições de ensino superior, (destes, três se consideraram “Senior Lecturers”); quatro desenvolvem a função de pesquisadores porque exercem apenas essa função nas universidades em que trabalham e três são alunos de doutorado.

Capítulo 3 – Prática de Pesquisa em CALL

No contexto brasileiro, os sete pesquisadores participantes da entrevista são professores universitários experientes, atuando no desenvolvimento de ensino, pesquisa e extensão de Inglês com língua estrangeira na área de CALL, em diferentes universidades brasileiras, tanto na graduação quanto na pós-graduação.

De modo geral, os pesquisadores são experientes na investigação de pesquisas em CALL. Cinco de 30 pesquisadores têm mais de 20 anos de experiência e outros cinco têm entre 10 e 20 anos de experiência na área. Dez pesquisadores têm entre seis e dez anos de experiência de pesquisa na área; oito têm entre três e seis anos e apenas dois pesquisadores têm entre um e três anos de experiência em CALL.

Os pesquisadores brasileiros, embora em menor quantidade em relação aos participantes estrangeiros, demonstram também ter ampla experiência na pesquisa em CALL. Um dos sete pesquisadores tem mais de 20 anos de experiência; quatro têm mais de dez anos; e dois têm entre seis e dez anos de experiência no desenvolvimento de pesquisas nessa área. Isso demonstra também que CALL é uma área nova de investigação em nosso país onde os pesquisadores começaram mais efetivamente pesquisá-la, a partir do ano de 1995, conforme dados recebidos via entrevista eletrônica.

Os participantes descritos nesta pesquisa representam apenas uma pequena parcela dos membros da comunidade discursiva em CALL. Porém, os dados obtidos indicaram a existência de uma comunidade consolidada, ativa e experiente em pesquisas nessa área, com pesquisadores que atuam preferencialmente no contexto acadêmico, desenvolvendo diferentes funções nas instituições em que atuam, buscando por meio da pesquisa e do ensino disseminar o conhecimento produzido na área.

Descrever todos os locais em que pesquisas na área de CALL são realizadas é uma atividade impossível para esta pesquisa. Além das informações obtidas pela entrevista, na Internet, é possível encontrar informações sobre várias universidades21 no exterior e no Brasil, as quais têm desenvolvido atividades de

21

Exemplos de instituições no exterior são Universidade da Califórnia, em Irvirne, em que Mark Warschauer (http://www.gse.uci.edu/person/warschauer_m/warschauer_m_bio.php) é um dos principais pesquisadores na área. Em Iowa, na Iowa State University, Carol Chapelle,

http://www.public.iastate.edu/~carolc/ e Volker Hegelheirmer e outros, são nomes de referência e reconhecidos pela realização de pesquisas nessa área de conhecimento. Outros nomes reconhecidos na área são Dorothy Chun, Joy Egbert, Carla Meskill (http://www.albany.edu/news/expert_2550.shtml), os quais são considerados pesquisadores

pesquisa, ensino e extensão em CALL, pelo menos, na última década. Portanto, conhecer algumas das práticas realizadas por pesquisadores experientes serve para orientar futuros pesquisadores da área sobre a existência de comunidades em diferentes lugares no mundo, os quais atuam na produção do conhecimento da área em estudo.

A preferência da comunidade disciplinar em CALL por investigações no contexto universitário justifica a razão de encontrarmos no corpus poucos artigos que descrevem crianças ou adolescentes como participantes das pesquisas. Além disso, pouco se discute sobre questões pedagógicas relacionadas ao contexto escolar, bem como as possíveis aplicações do uso de tecnologias no currículo de ensino de línguas estrangeiras. No corpus, encontramos apenas os artigos #44, #32, #109 sobre pesquisas realizadas no contexto escolar.

A pouca ênfase no contexto escolar pode ser um indicativo de ainda não termos alcançado o estado de “normalização” proposto por Bax (2003) quanto ao uso e inserção de tecnologias nas escolas. Isso pode estar ocorrendo porque há certo distanciamento entre a escola e a universidade, impedindo que a inserção e testagem de possíveis aplicações do uso de tecnologias no currículo de línguas estrangeiras no contexto escolar sejam realmente efetivadas.

Essa percepção já havia sido discutida por Reis e Moreira (2007) em pesquisa prévia realizada sobre o uso de tecnologias em escolas da rede pública da região de Santa Maria-RS, em que participaram 20 professores provenientes de diferentes escolas. Nessa pesquisa, evidenciamos que os professores de língua inglesa dessas escolas têm implementado poucas ações que incluem o uso de tecnologias em sala de aula. Consequentemente, observamos que a escola vive distante das descobertas e dos saberes produzidos no contexto acadêmico com relação à área de CALL, já que ainda são poucos os projetos que possibilitam o envolvimento de docentes do meio acadêmico e do contexto escolar nos desenvolvimento de pesquisas com esse perfil. Como consequência da falta de parceria em projetos que tenham o objetivo de unir universidade e escola pública, os

experientes na área de CALL nos USA. Na Europa, a Open University lidera com experiência na área de ensino a distância e, na área de ensino de línguas mediado por computador, encontramos alguns pesquisadores ativos na área, tais como Goodfellow, Lea e Coffin, os quais desenvolvem pesquisas com foco no ensino de escrita na modalidade a distância. Na Austrália, encontramos outro núcleo muito forte de pesquisa na área de CALL, sob a orientação do pesquisador Mike Levy que publica ativamente artigos e livros na área de CALL desde o ano de 1996.

Capítulo 3 – Prática de Pesquisa em CALL

professores no contexto escolar fazem uso tímido de tecnologias na sala de aula, o que mais uma vez se observa nos resultados obtidos na presente pesquisa.

No entanto, para alcançar o “estágio de normalização” na educação básica, acredito que precisamos, primeiramente, verificar o que já sabemos sobre as pesquisas produzidas na área de CALL, para melhor aplicar os resultados já obtidos em pesquisas prévias nessa área na prática de ensino de línguas mediado por computador em sala de aula. Ao conhecer melhor as pesquisas, podemos buscar implementar práticas que podem ser realizadas no ciberespaço, pelas quais podemos tanto aprender quanto ensinar uma língua estrangeira.

Na próxima seção, apresento mais informações sobre as comunidades discursivas locais encontradas no contexto acadêmico brasileiro, a fim de conhecer melhor as práticas de pesquisa realizadas pelos membros dessa comunidade disciplinar em nosso país.

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