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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES

2.1.2 Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC

O PNAIC deu continuidade às formações promovidas anteriormente pelo MEC: PROFA e Programa Pró-Letramento, buscando a ampliação das ações voltadas para a alfabetização no Brasil. Representa um compromisso formal assumido pelo governo federal, estados, municípios e entidades para alfabetizar crianças de, no máximo, 8 anos de idade, ao final do Ciclo de Alfabetização. (BRASIL, 2012).

O Programa conta com material específico, dividido em cadernos. O Caderno de Apresentação se compõe de duas partes: a primeira traz orientações para a organização do Ciclo de Alfabetização, com sugestões e reflexões sobre a sua organização. A segunda parte trata da formação continuada dos professores alfabetizadores ofertada pelo Programa.

O PNAIC foi desenvolvido diante da identificação de que muitas crianças têm concluído o Ciclo de Alfabetização sem estarem plenamente alfabetizadas: “Assim, este Pacto surge como uma luta para garantir o direito de alfabetização plena a meninas e meninos, até o 3.º ano do Ciclo de Alfabetização”. (BRASIL, 2012, p. 5).

Para isso, o Programa se propõe a contribuir para a formação dos professores alfabetizadores, constituindo “um conjunto integrado de ações, materiais e referências curriculares e pedagógicas a serem disponibilizadas pelo MEC”. As ações apoiam-se em quatro eixos: 1 - formação continuada presencial para os professores alfabetizadores e seus orientadores de estudo; 2 - materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais; 3 - avaliações sistemáticas; 4 - gestão, controle social e mobilização. (BRASIL, 2012, p. 5).

Para a formação dos professores alfabetizadores, o MEC, com a participação das universidades parceiras, elaborou cadernos com referenciais teóricos e metodológicos. O material foi organizado da seguinte maneira: Caderno de Apresentação: formação do professor alfabetizador; Caderno Formação de Professores no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa; Cadernos 1.º ano:

8 volumes; Cadernos 2.º ano: 8 volumes; Cadernos 3.º ano: 8 volumes; Caderno Educação Especial; Cadernos Educação no Campo: 8 volumes.

Cada volume trata de um tema relacionado à alfabetização, que é aprofundado ano a ano. Os temas abordados nos cadernos do 1.º ano e aprofundados nos cadernos do 2.º e 3.º anos são, respectivamente: 1. Currículo na alfabetização: concepções e princípios; 2. Planejamento escolar: alfabetização e ensino da língua portuguesa; 3. A aprendizagem do sistema de escrita alfabética; 4. Ludicidade na sala de aula; 5. Os diferentes textos em salas de alfabetização; 6. Planejando a alfabetização, integrando diferentes áreas do conhecimento, projetos

didáticos e sequências didáticas; 7. Alfabetização para todos: diferentes percursos,

direitos iguais; 8. Organização do trabalho docente para promoção da aprendizagem.

Utilizando como base esses materiais, docentes das universidades parceiras ou professores selecionados por elas realizam a formação dos orientadores de estudo, que procedem à formação dos professores alfabetizadores. A formação desses professores é organizada por meio de 84 horas presenciais e 36 horas à distância, totalizando 120 horas. Os certificados são fornecidos pelas universidades na modalidade de extensão universitária. Os professores participam dos encontros presenciais e têm o compromisso de utilizar, na sala de aula em que são docentes, a metodologia proposta pelo Programa, apresentando os resultados na sequência da formação.

O PNAIC consiste em uma proposta mais abrangente com relação ao programa de formação anterior, intitulado Pró-Letramento. O programa anterior já contava com a rede de formação e tinha a mesma carga horária, porém o material foi ampliado, tanto com relação à quantidade de referenciais teóricos e metodológicos quanto com o acréscimo de materiais disponibilizados para utilização nas salas de aula de alfabetização, entre eles: obras literárias para compor o “cantinho da leitura”, obras de apoio pedagógico e jogos de alfabetização. Além disso, nessa nova formação, os professores alfabetizadores também passaram a ganhar bolsas-auxílio, que antes eram destinadas somente aos tutores, aos orientadores de estudo e às equipes responsáveis pela formação vinculadas às universidades.

O PNAIC, para divulgar suas ações, conta com uma página na internet

responsabilidade do MEC, que controla bolsas e procedimentos de avaliação de todos os envolvidos no processo: equipes das universidades, coordenadores municipais, orientadores de estudos, professores alfabetizadores e estudantes do Ciclo de Alfabetização.

Além da avaliação online dos alunos, realizada pelas professoras regentes

em cada turma de alfabetização, o Programa inclui as avaliações nacionais denominadas Provinha Brasil, aplicada para o segundo ano de escolaridade, e a

Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA4

, aplicada para o 3.º ano.

Dessa forma, o Programa em questão abrange muitos aspectos que podem direta ou indiretamente influenciar nos resultados da alfabetização em nosso país, sendo de suma importância analisar como o Programa está sendo considerado pelas professoras formadoras (primeiro nível na cadeia de formação). No caso específico desta pesquisa, os dados empíricos foram coletados por meio de um questionário aplicado às formadoras. Esses dados foram analisados e discutidos à luz dos estudos e pesquisas desenvolvidos e publicados nos últimos anos, referentes ao ensino e à aprendizagem da leitura e da escrita, principalmente aqueles que utilizaram a Psicologia Cognitiva da linguagem escrita como suporte teórico.

Com o objetivo de realizar uma aproximação inicial com o objeto de pesquisa, além da consulta direta ao material impresso do PNAIC, foi acessado o

site oficial do Programa – pacto@mec.org.br – e procedeu-se a um levantamento

dos estudos que têm como objeto de pesquisa o PNAIC, por meio dos seguintes bancos de dados: Google Acadêmico (http://scholar.google.com.br), Scielo (http://search.scielo.org/) e Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br).

Para melhor compreensão, os dados encontrados foram classificados em: Documentos PNAIC, Achados Google Acadêmico, Achados Scielo e Achados Capes. O levantamento efetuado durante a pesquisa não localizou teses que tratem

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ANA: avaliação direcionada para as unidades escolares e estudantes matriculados no 3.º ano do Ensino Fundamental, fase final do Ciclo de Alfabetização. A Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA produzirá indicadores que contribuam para o processo de alfabetização nas escolas públicas brasileiras. Para tanto, assume-se uma avaliação para além da aplicação do teste de desempenho ao estudante, propondo-se, também, uma análise das condições de escolaridade que esse estudante teve, ou não, para desenvolver esses saberes. Assim, a estrutura dessa avaliação envolve o uso de instrumentos variados, cujos objetivos são: aferir o nível de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e alfabetização em Matemática das crianças regularmente matriculadas no 3.º ano do ensino fundamental e as condições de oferta das instituições às quais estão vinculadas. (INEP, 2014c).

diretamente sobre o Programa, mas foram encontrados artigos, conforme descrito adiante.

Os documentos oficiais que regem o Programa se encontram listados no site

oficial, que possui links de acesso. São duas leis, três portarias, uma medida

provisória e duas resoluções. A seguir se descreve o conteúdo de cada documento: - Lei n. 12.801, de 24 de abril de 2013: conversão da Medida Provisória n. 586, de 2012: dispõe sobre o apoio técnico e financeiro da União aos entes federados no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e altera as Leis n. 5.537, de 21 de novembro de 1968, n. 8.405, de 9 de janeiro de 1992, e n. 10.260, de 12 de julho de 2001.

- Lei n. 11.273, de 6 de fevereiro de 2006: autoriza a concessão de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes de programas de formação inicial e continuada de professores para a educação básica.

- Portaria n. 1458, de 14 de dezembro de 2012: define categorias e parâmetros para a concessão de bolsas de estudo e pesquisa no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, na forma do art. 2, inciso I, da Portaria MEC n. 867, de 4 de julho de 2012.

- Portaria n. 867, de 4 de julho de 2012: institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e as ações do Pacto e define suas diretrizes gerais.

- Portaria n. 90, de 6 de fevereiro de 2012: define o valor máximo das bolsas para os profissionais da educação participantes da formação continuada de professores alfabetizadores no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

- Medida Provisória n. 586, de 8 de novembro de 2012:dispõe sobre o apoio

técnico e financeiro da União aos entes federados no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e dá outras providências.

- Resolução/CD/FNDE n. 4, de 27 de fevereiro de 2013: estabelece orientações e diretrizes para o pagamento de bolsas de estudo e pesquisa para a formação continuada de professores alfabetizadores, no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

- Resolução/CD/FNDE n. 12, de 8 de maio de 2013: altera dispositivos da Resolução CD/FNDE n. 4, de 27 de fevereiro de 2013, que estabelece orientações e diretrizes para o pagamento de bolsas de estudo e pesquisa para a formação

continuada de professores alfabetizadores, no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

Esses documentos descrevem os procedimentos legais necessários para a

implementação do Programa. No site, já referido anteriormente, encontram-se

também documentos que esclarecem toda a dinâmica do Programa.

Com relação aos artigos acadêmicos que procuram analisar o PNAIC, no Google acadêmico foram registrados, até meados de março de 2014, cinco resultados para a busca: Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC (MARINHO; CASTILLO, 2014; ROSA et al., 2013; VEGNER; SCHWARTZ; MACHADO, 2013; MOREIRA et al., 2013; TONIN, 2013). Os temas dos artigos são relacionados respectivamente ao conceito de letramento no PNAIC; ao olhar das orientadoras de estudos com relação à alfabetização e ao letramento no PNAIC; à formação dos coordenadores pedagógicos do PNAIC; aos erros ortográficos cometidos por orientadores de estudo do PNAIC e aos relatos acerca das memórias de alfabetização de orientadores do PNAIC.

No site de pesquisa Scielo, no domínio http://search.scielo.org/, não foram

encontrados resultados relacionados ao nome do Programa, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, ou à sigla PNAIC. Na procura pela palavra “alfabetização”, foram disponibilizados 280 resultados. Usando o filtro para pesquisas no Brasil e datas recentes, foram selecionados 58 resultados. Nesses resultados, há somente um artigo, de Mortatti (2013), que faz um balanço crítico da década da alfabetização no Brasil, trazendo à tona, entre outros programas, o do PNAIC, mas sem uma análise aprofundada acerca deste. Na busca por “Programa de formação continuada”, foram disponibilizados 53 resultados. Acrescentando a

palavra “alfabetização”, somente um resultado foi disponibilizado: o trabalho de

André (2012), intitulado Políticas e Programa de apoio aos professores iniciantes no Brasil. Apesar de não fazer referências ao PNAIC, que ainda não havia sido implementado nessa época, o estudo contribui para a discussão dos dados da presente pesquisa, na medida em que aborda programas anteriores. Nos demais 52 resultados para “Programa de formação continuada”, não foram encontradas referências ao programa PNAIC.

No banco de dados de pesquisa Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br/), quando realizada a busca por referências diretas ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa ou à sigla PNAIC, não foram localizados resultados.

Para a palavra “alfabetização”, aparecem 841 resultados. Associando “alfabetização programa de formação”, foram disponibilizados 134 resultados. O primeiro diz respeito à avaliação do programa anterior ao PNAIC, intitulado Pró-Letramento, já citado. Esse trabalho contribui para a análise do programa foco desta pesquisa, na medida em que o questionário aplicado às participantes faz referência ao Programa Pró-Letramento.

Dessa forma, a pesquisa por trabalhos relacionados ao programa de formação em questão encontrou cinco estudos que trazem o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa como objeto de análise. Destaca-se, entretanto, que, embora o objeto desses estudos seja o mesmo, ou seja, o PNAIC, cada um aborda uma faceta do programa. Já a presente pesquisa apresenta uma proposta diferenciada das encontradas.