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Por exigências canônicas, é hora de colocar um ponto final neste trabalho, embora ainda pairem tantas indagações sobre tudo que o vi, ouvi e vivi durante esta investigação. Todavia, esse não poderia ser um momento mais oportuno. Escrevo as últimas páginas deste relato de pesquisa embalada por um barulho que vem das ruas. E não é o chamado white noise da vida cotidiana. É um barulho novo, agradável, apesar de estridente e ao qual ainda não estamos habituados. É o barulho da juventude brasileira que, coincidentemente, neste momento vai às ruas e parece corroborar uma das ideias centrais defendidas neste estudo. “Há um presente e nós queremos vivê-lo com dignidade. Há um futuro e nós estamos preocupados, sim, com ele.” É o que os jovens desta investigação me disseram, em voz baixa, só entre nós, durante os oito meses em

197 que com eles convivi. E é o que a juventude do Brasil está gritando para o mundo inteiro ouvir, durante o mês de junho de 2013.

Assim, termino este estudo com algumas respostas, com muitas indagações e com o forte desejo de que os jovens brasileiros não se cansem de repetir o que a sociedade parece não querer ouvir. Que os jovens não desistam dos adultos. Que a juventude seja ouvida nos seus anseios, desejos e necessidades. Que a juventude seja compreendida no seu modo de viver o presente e de sonhar o futuro. E que a sociedade seja capaz de compreender, como eles estão nos ensinando, que a juventude não é apenas uma fase de preparação. A juventude é uma fase da vida, como tantas outras, com especificidades próprias e com potencialidades incalculáveis.

E, persistindo a dificuldade em colocar o ponto final, deixo essa tarefa para uma das jovens “co-autoras” deste trabalho. Essas foram suas palavras quando, pelo Facebook, após alguns meses depois que eu deixei a cidade, ela me perguntou: “então Zê, você não vai mesmo voltar?”, e eu disse, não. Terminei a pesquisa e agora preciso escrever o tal livro. Algumas semanas depois ela me enviou uma poesia:

Ela sumiu. Sem deixar suspiros, sem deixar seu brilho, sem fazer barulho, sem deixar vestígios. Sumiu. Não disse aonde ia, muito menos o que faria, levou seu sorriso, levou alegria. Mas não posso negar, alguma coisa deixou... Deixou seu nome - Era Maria. "Deixei esperança". É o que ela diria. Deixou mais que lembranças, mais que verdade. Essa Maria deixou foi saudade! (Sabrina Moura – nome verdadeiro de uma das jovens desta pesquisa)

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