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Os 30 municípios presentes na APA representam uma população de aproximadamente 52 mil habitantes presentes no território da UC, sendo 64,9% correspondente aos moradores em áreas rurais destes municípios60 (ICMBIO/STCP, 2013)

De todo o território de 436 mil hectares da APA, 65% está dentro de Minas Gerais, 28% em São Paulo e 7% no Rio de Janeiro. Vários municípios têm porção significativa dentro da APA, sendo alguns com 100% ou quase a totalidade de seu território na unidade de conservação: Alagoa, Wenceslau Bráz e Marmelópolis (MG) e São Bento do Bento do Sapucaí (SP).

Dentro destes municípios, os com maior porcentagem de contribuição para o território da APA da Serra da Mantiqueira são Baependi (que responde por 10,3% do território da APA), Bocaina de Minas (10,2%), Delfim Moreira (9,3%), Itamonte (5,8%), em Minas Gerais; Resende (5.9%), no Rio de Janeiro; Guaratinguetá (6,1%) e São Bento do Sapucaí (5,6%), em São Paulo. Bocaina de Minas, Delfim Moreira e São Bento do Sapucaí têm quase todo o seu território inserido dentro da UC. Todos os municípios citados, à exceção de São Bento do Sapucaí, têm representação no Conselho da APA (gestão 2013-2014). A tabela 2, a seguir, apresenta a porcentagem de cada município:

Tabela 2: Áreas e Porcentagem do Território dos Municípios Incluídos na APA da Serra da Mantiqueira (em hectares)

Estado Município Área dentro da APA Área fora da APA Área total

MG Aiuruoca 22.888 42.022 64.910 MG Alagoa 16.276 - 16.276 MG Baependi 45.129 29.857 74.986 MG Bocaina de Minas 44.498 5.652 50.150 MG Carvalhos 488 27.820 28.308 MG Delfim Moreira 40.666 142 40.808 MG Itamonte 25.382 17.705 43.087 MG Itanhandu 3.061 11.235 14.296 MG Liberdade 16.693 23.401 40.094 MG Marmelópolis 10.719 - 10.719 MG Passa Quatro 12.034 15.629 27.663 MG Passa-Vinte 10.286 14.306 24.592 MG Piranguçu 10.012 6.963 16.975 MG Pouso Alto 5.216 20.810 26.026 MG Virgínia 8.209 24.371 32.580 MG Wenceslau Braz 13.732 32 13.764 RJ Itatiaia 2.207 20.270 22.477 RJ Resende 25.782 85.317 111.099 SP Campos do Jordão 16.629 12.465 29.094 SP Cruzeiro 10.594 19.989 30.583 SP Guaratinguetá 26.672 48.443 75.115 SP Lavrinhas 7.591 9.093 16.684 SP Pindamonhangaba 18.362 54.518 72.880 SP Piquete 8.145 9.481 17.626 SP Queluz 9.807 15.248 25.055 SP Santo Antônio do Pinhal 1.109 12.134 13.243

SP São Bento do Sapucaí 24.672 555 25.227

Em relação a população na APA, 29% do total de habitantes estão localizados em SP; já os municípios mineiros, além de maior área ocupada dentro da APA, também respondem por 30% da população. E embora os municípios fluminenses representam a menor área e população no interior da APA, ocupam o espaço mais densamente ocupado do território da APA (ICMBIO/STCP, 2013). O quadro 2 na próxima página traz uma síntese destes elementos:

Quadro 2: síntese de características socioeconômicas dos municípios da APA da Serra da Mantiqueira Estado Caraterísticas dos municípios

MG Seus habitantes representam 30% da população da APA: há 23.532 habitantes no meio rural e 9.624 habitantes no meio urbano.

No geral, apresentam a maior precariedade de infraestrutura (benefícios sociais, saneamento, acesso a energia, estradas) entre os três Estados. As comunidades rurais têm grande dificuldade de acesso e muitas são isoladas.

Há a sobreposição da APA com outras unidades de conservação, como o Parque Estadual da Serra do Papagaio e o Parque Nacional de Itatiaia.

Principais meios de produção: agricultura, pecuária leiteira, fruticultura, truticultura e silvicultura (de forma esparsa), e ainda na agroindústria (produção de queijos, ovos). Há alguma atividade de artesanato tradicional. A criação de trutas destaca-se entre as atividades com impactos negativos na APA.

Êxodo rural causado pelo declínio de atividades no meio rural (cono a fruticultura, a agricultura) provoca esvaziamento em direção a cidades do Vale do Paraíba. SP Há 15.024 habitantes no interior da APA (29% do território da UC), sendo 60% no meio rural e 40% no meio urbano.

Apresenta intenso fluxo de migração para cidades industrializadas do Vale do Paraíba.

O turismo e as propriedades de segunda moradia (sítios, chácaras) movimentam parte da região e também causam impactos no território da APA.

As principais atividades econômicas são a pecuária leiteira, fruticultura, silvicultura, truticultura e ainda mineração e turismo. A produção local apresenta cultivos e criações diferenciadas como produtores de frutas vermelhas orgânicas e ovinos.

Se observa projetos de incentivo à preservação, como o Pagamento Por Serviços Ambientais em Guaratinguetá61.

RJ Os municípios são responsáveis pelo espaço mais densamente ocupado no interior da APA, embora sejam os menos representativos em área e população dentro da UC. Diferente dos outros estados, a população fluminense no interior da APA é de 70% na área urbana (3.098 habitantes) e 30% na zona rural. Parte do crescimento urbano pode ser explicado pela instalação de indústrias importantes em Itatiaia e Resende.

Apresenta as melhores condições de infraestrutura de toda a APA.

Turismo é a principal fonte de renda, com atividades direta (pousadas, comércios, artesanatos) e indiretamente vinculadas (como a presença da agricultura orgânica em locais como Visconde de Mauá); o acesso facilitado pelo asfaltamento de uma estrada parque na região de Mauá. Observa-se impactos negativos socioambientais decorrentes de parte dessas atividades, como os relacionados à distribuição de terras/fracionamento de uso do solo, em parte como consequência do desenvolvimento turístico. Há também forte presença de edificações irregulares.

Outras atividades produtivas: pecuária leiteira; cana de açúcar para a produção de aguardente, plantios diferenciados em pequena escala, como castanha do pará, oliveira, cogumelos orgânicos e palmito jussara; e ainda truticultura, produção de mel de abelhas e licores.

Sobreposição de UCs como o Parque Nacional de Itatiaia e o Parque Estadual do Pico da Pedra Selada (que ocupa 50% do território fluminense na APA).

Fonte: MENEZES (2014), adaptado de ICMBIO/STCP (2013).

61 O Pagamento Por Serviços Ambientais (PSA) corresponde a transações voluntárias, na qual serviços ambientais realizados por atores sociais que vivem no ambiente a ser preservado

recebem um incentivo financeiro por estes serviços. Em Guaratinguetá, os atores envolvidos são produtores rurais que comprovem práticas que resultem em abatimento da erosão, restauração de nascentes e de matas ciliares – beiras de rios, e conservação de florestas nativas existentes. O PSA em Guaratinguetá foi criado pelo decreto-lei municipal no 7484/2011.

De maneira geral, as características de cada Estado refletem o contexto histórico e socioeconômico do território da APA. Muitos dos desafios socioambientais atuais que se configuram para APA não mudaram muito desde um relatório elaborado pelo Ibama em 2005 sobre o contexto da APA. Na época, os impactos ambientais do turismo a partir de pólos irradiadores como Campos do Jordão (que é próximo a municípios da APA como Guaratinguetá, São Bento do Sapucaí, Pindamonhangaba, SP) e Visconde de Mauá (distrito de Resende, RJ) foram citados como uma das ameaças à APA (IBAMA, 2005). A proximidade desses lugares com a Rodovia Presidente Dutra e o interesse de moradores urbanos em adquirirem imóveis na Serra motivam a especulação imobiliária. Desta surgem problemas decorrentes, como o desmatamento, o parcelamento irregular do solo e os conflitos entre moradores locais e visitantes, dado o maior fluxo de migração para a Serra.

Outras ameaças também ocupam a pauta das reuniões do conselho da APA da Serra da Mantiqueira atualmente, como a construção e o asfaltamento de estradas; a disposição inadequada de resíduos sólidos; a falta de esgotamento sanitário adequado em 47,21% dos municípios dentro da UC (ICMBIO/STCP, 2013) e o avanço da silvicultura (plantações de eucalipto). A mineração também é fonte de preocupações para a APA, uma vez que a região entre os municípios de Cruzeiro, Lavrinhas e Queluz passam por processos de prospecção de minérios como a bauxita, com o qual se produz o alumínio e nefelina sienito62, com o qual se produz vidro.

Estes minérios ainda não foram explorados, mas existe demanda dessa exploração para beneficiar economicamente a própria região: em 2012, por exemplo, foi inaugurada uma unidade da AGV Vidros do Brasil em Guaratinguetá (SP). A indústria que é multinacional e líder mundial na produção de vidros para o mercado de construção civil investiu 800 milhões de reais na construção da fábrica no Vale do Paraíba63.

62 Informação publicada na reportagem Mineração Exige Atenção na Mantiqueira, no jornal O Est. de São

Paulo de 9 jun 2014. Disponível em: <http://bit.ly/1jfIGhG>. Acesso em 12 jun 2014.