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O PAPEL DO ENFERMEIRO AO PACIENTE COM A DOENÇA DE HUNTINGTON

Vitória Nunes de Souza29; Rayanne Angelim Matias30; Brenda Pinheiro Evangelista31; Thalia Arrais de Araujo32; Breno Pinheiro Evangelista33; Helton Colares da Silva34

Resumo: A Doença de Huntington é muita rara e pouco estudada, sabe-se que ela provoca a degeneração de células

nervosas do cérebro e causa alterações motoras, cognitivas e psíquicas aos seus portadores. É necessário entender suas características para prestar uma assistência completa e assim, conseguir proporcionar uma melhor qualidade de vida aos indivíduos acometidos. Ainda não existe uma cura e tratamento eficaz e os sintomas motores e mentais são progressivos, mas há como minimizar o seu impacto e fazer com que os portadores consigam manter sua independência por alguns anos após o aparecimento dos primeiros sintomas da doença.

Palavras-chave: Assistência de Enfermagem. Genética. Hereditariedade. Huntington.

Introdução

Doenças genéticas e hereditárias são distúrbios causados por alterações ou danos material genético (genes), que são transmitidos entre gerações e que irão se manifestar em algum momento da vida dos portadores de tais genes defeituosos (LEWIS, 2004).

Em meio a tantas doenças com causas genéticas, existe uma denominada de Huntington, doença essa que foi descrita pelo médico George Huntington, a qual provoca a degeneração progressiva das células nervosas do cérebro, atingindo o sistema nervoso central e causando alterações motoras, cognitivas e psíquicas, é caracteriza como uma doença hereditária, isto é, que se transmite geneticamente de pais para filho (MARTELLI, 2014).

29 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: vitorianunes703@gmail.com 30 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: rayanne_mathias@hotmail.com 31 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: BrendaPinheiroEva@gmail.com 32 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: thaliaarrais0@gmail.com

33 Faculdade São Francisco da Paraíba (FASP). E-mail: BrenoPinheiroEva@gmail.com 34 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: heltoncolares@fvs.edu.br

Ross et al., (2014), falam que nessa tríade de alterações motoras, cognitivas e psíquicas, a doença causa disfunção motora, em que os movimentos voluntários e involuntários são afetados, já na cognição as áreas de aprendizado e memória são as mais acometidas e, na parte psíquica, suas manifestações são prejudiciais socialmente e emocionalmente, como a apatia, depressão e delírios.

Chemale et al., (2000), comentam que a Doença de Huntington é também conhecida como coreia de Huntington por causa dos movimentos involuntários coreiformes que ela provoca. É um distúrbio genético autossômico dominante e isso faz com que o indivíduo tenha 50% de probabilidade de nascer com a mutação e de manifestar a doença caso um dos seus pais tenham a mutação. Os portadores possuem uma proteína funcionalmente alterada, devido um aumento na trinca CAG que está presente na porção 5’do gene IT15 no braço curto do cromossomo 4. Cunha e Lopes (2016), descrevem essa doença como sendo mais resistente à degradação proteica, pois suas cadeias poliglutamínicas expandidas levam a fragmentação com a formação de agregados citoplasmático que causam a degeneração.

Neste contexto, a partir de leituras realizadas ao longo do curso de Bacharelado em Enfermagem na Faculdade Vale do Salgado surgiu o anseio e a necessidade de se conhecer mais a respeito da Doença de Huntington e como o profissional enfermeiro pode atuar na assistência aos portadores desta doença.

Objetivos

Analisar, através de periódicos já publicados os dados disponíveis sobre a rara Doença de Huntington, e conhecer o papel do enfermeiro frente ao paciente portador da mesma.

Metodologia

Trata-se de um estudo de revisão literária, realizado por meio da seleção e avaliação de estudos científicos contido nas bases de dados virtuais em saúde: BVS, LILACS, MEDLINE, SCIELO e autores que disseminam o conteúdo abordado. Para tal, foram utilizados os seguintes descritores: Assistência de Enfermagem. Genética. Hereditariedade. Huntington.

44 O levantamento bibliográfico resultou no encontro de 20 (vinte) trabalhos, destes, 12 (doze) foram utilizados após a inserção dos seguintes critérios de inclusão: publicações na língua portuguesa, textos na íntegra e estar dentro da temática. Foram excluídos trabalhos que não atenderam aos critérios de inclusão e que apresentaram duplicidade de conteúdo.

Resultados e Discussão

Segundo dados de Castilhos (2017), a Doença de Huntington foi apresentada em várias regiões do mundo, mas a população que mais mostrou incidência foi os descendentes de europeus. Em países que possuem essa descendência, a doença pode atingir 5-10/100.000 habitantes, já nas regiões que não se originam dos europeus, a estimativa cai para 0,1-1/100.000, e em países asiáticos sua incidência é ainda menor, com apenas 0,11-0,72/100.000.

Os estudos pesquisados expuseram as características mais importantes que são consideradas em um diagnóstico de enfermagem em pacientes com a Doença de Huntington, sendo elas, a alteração na deglutição, nutrição e comunicação e alteração em relação à segurança e deficiência de julgamentos e a presença do risco de lesão. A assistência de enfermagem é fundamental para o paciente, e deve ocorrer de forma abrangente e sempre incluir todas as necessidades do paciente, pois assim consegue-se melhorar a qualidade de vida do mesmo e garantir mais conforto na fase da doença (BANCHIERI; SANTOS; FERREIRA, 2017).

Os profissionais de saúde têm por dever, encontrar equilíbrio entre as frustrações e recompensas do cuidado com o paciente e, abordar, prevenir e administrar as crises do mesmo. É muito importante ter diálogo com os parentes que estão em volta do enfermo, para que assim, se tenha uma melhora no cotidiano de ambos (MACIEL et al., 2013).

Bittencourt, Lima e Moreira (2010), abordam o fato de que mesmo a cura sendo inexistente, existem vários meios de tratamento disponíveis, que proporcionam uma melhoria na qualidade de vida do enfermo e sua família. O tratamento inclui o uso de medicamentos com o auxílio de um enfermeiro para verificar a dosagem, um psicoterapeuta para tratar os sintomas psíquicos e um fisioterapeuta para cuidar da fala e dos sintomas motores.

A sistematização da assistência de enfermagem voltada aos portadores da Doença de Huntington, baseia-se na elaboração de um plano de cuidados para os pacientes, e essa sistematização

é divida em três pilares, que são: o diagnóstico, os resultados e todo o processo de planejamento de cuidados que o enfermeiro deve ter com o paciente (GOMES et al., 2018). Com o auxílio dessa sistematização, o enfermeiro deve realizar o histórico do paciente, formado pela anamnese e exame físico, estabelecer metas, efetuar intervenções e elaborar os diagnósticos. Em estágio de risco, deve monitorar constantemente os locais de mobilidade do paciente e verificar a dosagem de medicamentos (RODRIGUES; NOGUEIRA; RAMALHO, 2014).

No Brasil, artigos científicos com orientação de como prestar assistência terapêutica, clínica e farmacológica ao paciente portador da Doença de Huntington são ainda escassos. Mas há alguns estudos com resultados a cerca do tratamento farmacológico, como por exemplo, o estudo de Miguel et al., (2012), que mostra que 77,8% dos casos obtiveram uma diminuição da psicose, 44,4% alcançaram diminuição do nervosismo e irritabilidade e 22,2% apresentaram melhora da fala.

Conclusões

Dada a raridade dessa doença, é necessário realizar estudos que consigam detectar mais sintomas e características da Doença de Huntington e suas possíveis formas de tratamento. A equipe multiprofissional é essencial para executar uma assistência completa e com esse tipo de tratamento conseguir um resultado muito satisfatório.

Conforme os valores epidemiológicos mostrados em pesquisas, vê-se a necessidade da notificação, mesmo não sendo uma doença de notificação compulsória, pois é notório que em muitos casos a notificação não ocorre e os índices ficam incompletos, dificultando o planejamento da assistência e, consequentemente, impossibilitando um tratamento mais preciso e concreto.

Referências

BANCHIERI, J. A. L.; SANTOS, T. F. C.; FERREIRA, K. D. Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE, ao paciente portador de Doença de Huntington: Uma Revisão de Literatura. v.12, p.1915- 1922, 2017.

46 BITTENCOURT, A.; LIMA, R. L. L. F.; MOREIRA, L. M. A. Percepções sobre a doença de Huntington e realização de testes preditivos em indivíduos com história da doença na família. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v.9, n.2, p.126-129, 2010.

CASTILHOS, R. M. Doença de Huntington: um estudo de coorte sobre aspectos genéticos e potenciais biomarcadores. 2017. 93f. Tese Doutorado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

CHEMALE, F. A.; BASSOLS, G. F.; FERREIRA, M. T.; ROCHA, R. S.; ANTONELLO, J. Doença de Huntington. Porto Alegre: Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, Departamento de Ciências Morfológicas, Disciplina de Genética e Evolução, p.1-37, 2000.

CUNHA, H. T.; LOPES, F. B. Apenas mais um acidente de trabalho?: Relato de um caso clínico de coreia de Huntington. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, v.32, n.2, p.110-116, 2016.

GOMES, R. M.; TEIXEIRA, L. S.; SANTOS, M. C. Q.; SALES, Z. N.; LINHARES, E. F.; SANTOS, K. A. Sistematização da assistência de enfermagem: revisitando a literatura brasileira. Id on Line Revista Multidisciplinar e de psicologia, v.12, n.40, p.995-1012, 2018.

LEWIS, R. Genética humana: conceitos e aplicações. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

MACIEL, R. O. H.; CARDOSO, F. E. C.; CUEVAS, P. C.; COSENTINO, C.; FERNÁNDEZ, W.; RIEDER, C. R. M.; DUEÑAS, M. S.; WEISER, R. Care of patients with Huntington´s disease in South America: a survey. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v.71, n.6, p.368-370, 2013.

MARTELLI, A. Aspectos clínicos e fisiopatológicos da Doença de Huntington. Archives of Health Investigation, São Paulo, v.3, n.4, p. 32-39, 2014.

MIGUEL, S. C. P.; MACIEL, T.; ANDRADE, T.; FERREIRA, C.; PAIVA, C. L. A.; AGOSTINHO, L.; FERNANDES, S. P. Efeitos positivos e negativos da indicação terapêutica farmacológica em pacientes com doença de Huntington. Revista Científica da Faminas, Minas Gerais, v.8, n.2, 2012.

RODRIGUES, J. N.; NOGUEIRA, L. O.; RAMALHO, L. F. Doença de Huntington: aspectos clínicos e cuidados de enfermagem. Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa-NIP, Brasília, 2014.

ROSS, C. A.; PANTELYAT, A.; KOGAN, J.; BRANDT, J. Determinants of functional disability in Huntington’s disease: role of cognitive and motor dysfunction. Movement disorders, v.29, n.11, p.1351-1358, 2014.

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ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE NOS

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