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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM UM PACIENTE COM HEMOTÓRAX TRAUMÁTICO: RELATO DE CASO

Tâmara Bezerra Lima23; Kelma Lopes Bezerra24; Luana Alves Pascoal25; Maria Cristiana Dantas de Carvalho26; Vinícius Teixeira Silva27, Myrla Nayra Cavalcante Albuquerque 28

Resumo: Uma das principais causas de morte em todas as faixas etárias são as lesões torácicas. O Hemotórax traumático

é definido como o acumulo de sangue na cavidade pleural, porem pode ser encontrar líquido pleural. A fisioterapia respiratória tem como objetivos utilizar técnicas capazes de melhorar a mecânica respiratória e a reexpansão pulmonar desses pacientes. Trata-se de um relato de caso em um paciente com hemotórax traumático tendo levantamento bibliográfico sobre recursos fisioterapêuticos no programa de reabilitação pulmonar, elaborado com resultados em pesquisas bibliográficas utilizando como fonte de pesquisa as bases de dados da PEDro, Medline, SciELo e PubMed.

Palavras-chave: Fisioterapia. Hemotórax. Respiratória.

Introdução

Uma das principais causas de morte em todas as faixas etárias são as lesões torácicas, sendo responsáveis por 25-30% de todas as lesões traumáticas. Entretanto apesar que a maioria das lesões no tórax possa ser solucionada de forma conservadora ou através de procedimentos menos invasivos, algumas lesões são extremamente fatais, alcançando mortalidade de 80-90% (GUIMARÂES et al, 2014)

O Hemotórax traumático é definido como o acumulo de sangue na cavidade pleural, porem pode ser encontrar líquido pleural com aspecto sanguíneo durante a avaliação inicial dos casos com derrame pleural. Para se dar a aparência do sangue ao líquido pleural deve ter um nível de hematócrito igual ou superior a 5%. Assim o diagnóstico de hemotórax é estabelecido quando o hematócrito no

23 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: tamaraecris1@hotmail.com 24 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: kelmalopes20@hotmail.com 25 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: luanaalvespascoal@gmail.com 26 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: cristiana.10000@hotmail.com 27 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: vinicius22teixeira@gmail.com

36 líquido pleural corresponde a um valor igual ou superior a 50% do hematócrito do sangue periférico (TELLES et al, 2016)

As drenagens torácicas são procedimentos frequentemente utilizados nesses pacientes sendo realizados precocemente reduz o risco de fibrotórax e de empiema. A toracotomia fechada é um procedimento realizada através da inserção de um dreno dentro do espaço pleural para realização da saída de ar, sangue, exsudado purulento ou liquido em excesso acumulado na cavidade pleural com a finalidade de reexpansão rápida e contínua dos pulmões (NISHIDA et al, 2011)

A disfunção pulmonar ocasionada pelo acumulo de liquido nos pulmões em casos de hemotórax leva a uma importante redução dos volumes pulmonares e prejuízos na mecânica respiratória consequentemente diminuição na complacência pulmonar e aumento do trabalho respiratório. Prejuízos na expansão pulmonar podem culminar na perpetuação ou agravamento do quadro, favorecendo o desenvolvimento de processos como pneumonias e atelectasias. Assim a fisioterapia respiratória tem sido cada vez mais requisitada, já que utiliza técnicas capazes de melhorar a mecânica respiratória, a reexpansão pulmonar e a higiene brônquica de paciente com hemotórax traumático (RENAULT, COSTA-VAL, ROSSETTI, 2008)

Objetivos

Otimizar expansibilidade e mobilidade torácica, reduzir desconforto respiratório, corrigir posturas antálgicas, favorecer redistribuição do liquido, favorecer a mecânica e prevenir complicações do sistema respiratório, restabelecer a capacidade funcional.

Metodologia

O presente estudo trata-se de um relato de caso em um paciente com hemotórax traumático tendo um levantamento bibliográfico sobre recursos fisioterapêuticos no programa de reabilitação pulmonar, elaborado com resultados em pesquisas bibliográficas utilizando como fonte de pesquisa as bases de dados da PEDro, Medline, SciELo e PubMed.

Paciente C. A. A. D. idade 20 anos, sexo: masculino, solteiro, morador da cidade de Iguatu- CE, diagnóstico clínico: hemotórax traumático em Hemitórax Direito (HTD), foi admitido no Hospital Regional de Iguatu (HRI) dia 15/09/18 às 20:10 hs após acidente automobilístico, dia

16/09/18 realizado toracotomia para colocação de dreno em HTD, hemograma 22/09/18 com leucocitose (14.650), 24/09/18 foi realizada retirada do dreno. Durante atendimento paciente relata ter realizado elevação de dreno sem estar devidamente fechado e o liquido do tudo foi aspirado de volta a cavidade. Após realização de exame de tomográfica computadorizada e raio-x de tórax com presença de infiltrados e opacidades/ hipotransparência em terço médio e inferior de HTD, foi realizada nova toracotomia no dia 25/09/18, hemograma dia 27/09/28 com ausência de leucocitose, 29/09/19 radiografia de tórax sem alterações, 30/09/18 paciente teve alta hospitalar

Na avaliação fisioterapêutica paciente apresenta redução de expansibilidade e mobilidade torácica, sinais de desconforto respiratório (fúrcula esternal, intercostais), dor intensa em HTD, normocorado, dispneico, deambulando, dreno de tórax funcionante à direita, AP: MV presente, abolido em base direitas S/RA, Sp02:90%, FC:104 bpm.

Baseando-se nos dados da avaliação fisioterapêutica foi formulado o diagnóstico fisioterapêutico que consistiu em: redução da mobilidade e expansão pulmonar, dispneia, desconforto respiratório, algia.

Resultados e Discussão

O protocolo foi aplicado no Hospital Regional de Iguatu (HRI) na clínica cirúrgica. Os atendimentos foram realizados 5 vezes na semana, com duração de 50 minutos, totalizando 8 atendimentos (pois o mesmo recusou-se dois dias de atendimentos devido quadro de algia em HTD), no período matutino.

Baseando-se nos dados da avaliação fisioterapêutica e na história contada pela sua genitora foi formulado um protocolo de tratamento:

Foi realizado incentivadores respiratório (respiron) com o paciente sentado e joelho flexionado a 90º no leito, foi orientado a realizar uma inspiração máxima e sustentada sempre dando o comando verbal “puxa” associado ao feedback visual do aparelho onde no início era realizado sem uso de cargas em 3 series de 5 repetições evoluindo para carga de 3cmH2O em 3 series de 15 repetições. A técnica consiste em uma inspiração máxima sustentada, dessa maneira favorece uma maior insuflação dos alvéolos através do aumento da pressão transpulmonar que ocorre por causa da diminuição da pressão pleural, tendo também como resposta a elevação da capacidade residual

38 funcional, diminuição das diferenças regionais de ventilação/perfusão reduzindo o espaço-morto fisiológico (BRITTO, BRANT, PARREIRA, 2014).

Os incentivadores respiratórios são qualificados por volume ou fluxo. Os de fluxo são aparelhos constituídos por um ou mais cilindros contendo uma esfera dentro de cada cilindro que deverão ser elevadas e sustentadas de acordo com o fluxo inspiratório gerado pelo paciente, promovendo assim um efeito feedback visual (MACHADO, 2015). O incentivo à fluxo, intensifica a terapia através de um feedback visual que é repassado para o paciente por meio da elevação de suas esferas fazendo com que ele realize uma inspiração máxima sustentada que promove aumento da pressão transpulmonar associado a pausa inspiratória favorecerá a insuflação pulmonar (OLIVEIRA et al, 2013).

Oscilador oral de alta frequência (shaker) com o paciente sentado joelho flexionado a 90º, foi orientado a expirar de formal oral, comando verbal era dado “sopra o ar através da boca”. Realizado 3 series de 10 repetições. O Shaker tem formato que lembra um cachimbo é fabricado com plástico rígido composto por um corpo, cone, esfera metálica, uma tampa com furos para permitir a saída do ar expirado e um bocal que é conectado ao corpo do aparelho. Durante o exercício expiratório ocorrerá um conjunto de fatores oscilações do fluxo nas vias aéreas, geração de uma pressão positiva, promove vibrações que modifica a reologia do muco (SARMENTO, 2012). Promove a desobstrução brônquica através de um efeito tixotrópico gerado sobre o muco modificando sua reologia dessa maneira favorece a eliminação da secreção, pois seu efeito é dado através de uma oscilação de alta frequência associada a uma pressão positiva (ANDRADE, 2011).

Exercícios respiratórios através da respiração diafragmática, respiração fracionada e freno labial. Padrão respiratórios através de inspirações fracionadas com o paciente em sedestação no leito joelho flexionado a 90º, foi orientado realizar três inspirações breves seguidas, a fim de chegar na capacidade pulmonar total e após uma breve pausa inspiratória realiza uma expiração lenta e suave para atingir a capacidade residual funcional com objetivo de promover reexpansão e incremento da função pulmonar no início era realizada 2 series de 10 repetições dividido em 2 tempos de 3 segundos evoluindo para 4 series de 10 repetições divido em 3 tempos de 5 segundos. O padrão respiratório estabelece relação direta com variáveis fisiológicas, como o ritmo, profundidade e trabalho ventilatório. Proporciona ao paciente uma ventilação alveolar adequada, com menor gasto de energia (FRANÇA, CARVALHO, 2009; LIMA et al, 2009)

Durante os atendimentos o paciente sempre era estimulado a mudanças de decúbito de dorsal, sedestação, ortostatismo e realizar deambulação. Colocar o paciente em posição ortostática de forma ativa ou passiva é um recurso da fisioterapia para estimulação motora, seus benefícios vão desde facilitação da ventilação e troca gasosa, melhorar o controle autonômico do sistema cardiovascular, facilitação do estado de alerta, estimulação vestibular e da resposta postural antigravitacional. (JERRE et al, 2007)

Os efeitos fisiológicos mais relevantes do condicionamento físico no geral estão associados à melhora da capacidade ventilatória, pois favorece um aumento na resistência da musculatura respiratória reduzindo a dispneia e melhorando os sintomas durante a realização das AVD’s (BRITTO, BRANT, PARREIRA, 2014).

Repassada orientações ao paciente e acompanhante para realização de exercícios respiratório e manuseio do dreno torácico caso necessário eleva-lo para mudanças de decúbito deve-se antes fecha-lo/ clipar e evitar entrada do liquido de volta a cavidade torácica.

Os protocolos de tratamento utilizado com o paciente foram benéficos pois em poucos atendimentos se percebi resultados na mecânica ventilatória como na ausculta pulmonar com o aumento do murmúrio vesicular em base de hemotórax direito que antes estava abolido e paciente evoluiu com a alta hospitalar.

Conclusões

Conclui-se que um protocolo de reabilitação pulmonar é de extrema importância para esses pacientes com hemotórax traumático demonstrando a importância da atuação do fisioterapeuta em uma unidade hospitalar porem se faz necessário que o paciente do relato realize mais atendimentos visando seu condicionamento cardiorrespiratório.

Referências

40 BRITO, R. R; BRANT, T. C. S; PARREIRA, V. F. Recursos manuais e instrumentais em

fisioterapia respiratória. 2º. Ed. Barueri, SP: Manole, 2014.

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ELETROMIOGRÁFICO DE MÚSCULOS DO BRAÇO DE PACIENTES PARKINSONIANOS. Revista Eletrônica de Fisioterapia da FCT/UNESP, v.1, n.1, 2009

GUIMARÃES, M, B; WINCKLER, D, C; RUDNICK, N, G; BREIGEIRON, R. Análise crítica das toracotomias realizadas na sala de emergência durante 10 anos. Rev Col Bras Cir, v. 41, n. 4, p. 263-6, 2014.

JERRE, G; SILVA, T, D, J, S; BERALDO, M, A; GASTALDI, A; KONDO, C; LEME, F; GUIMARÃES, F; FORTI JUNIOR, G; LUCATO, J, J; MAURO R. TUCCI, M, R; VEGA, J, M; OKAMOTO, V, N. Fisioterapia no paciente sob ventilação mecânica, J. Bras. Pneumol. v. 33, n.2, São Paulo July 2007.

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O PAPEL DO ENFERMEIRO AO PACIENTE COM A DOENÇA

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