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REGIONAL DE SAÚDE-CRES-ICÓ

Rayanne Angelim Matias35; Thalia Arrais de Araujo36; Brenda Pinheiro Evangelista37; Breno Pinheiro Evangelista38; Carlos Williamy Lourenço Andrade39; Raimundo Tavares de Luna Neto40.

Resumo: A hanseníase é apontada como uma doença epidemiológica de notificação compulsória. Assim, apresentamos nesse estudo um relato e análise de dados dos relatórios sobre municípios de notificação que apresentavam dados em relação à hanseníase nos anos de 2014 a 2017, e dados preliminares do ano de 2018, extraídos no DATASUS. Os dados obtidos mostram a relevância da hanseníase como problema de saúde pública nos municípios estudados, podemos ainda observar a importância de uma vigilância epidemiológica atuante e responsável, e percebe-se a necessidade de políticas públicas de combate e controle, nos municípios estudados para efetivamente enfrentar essa problemática.

Palavras-chave: Epidemiologia. Hanseníase. Saúde Coletiva. Vigilância Epidemiológica.

Introdução

A hanseníase é caracterizada como uma doença crônica que tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido altamente resistente e que possui preferência por nervos periféricos e pele. Esse bacilo apresenta uma alta infectividade e baixa patogenicidade, ou seja, mesmo em contato com uma pessoa infectada, o indivíduo não se contamina (SILVA; PAZ, 2017). Essa patologia causa diversos problemas no maior órgão do corpo humano, a pele, também altera e sensibiliza nervos, podendo gerar alterações na capacidade motora (PEIXOTO et al., 2017).

É uma doença que possui cura através de tratamento disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), porém a maior parte da população não tem esse conhecimento e esse é um dos fatores

35 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: rayanne_mathias@hotmail.com 36 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: thaliaarrais0@gmail.com 37 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: BrendaPinheiroEva@gmail.com

38 Faculdade São Francisco da Paraíba (FASP). E-mail: BrenoPinheiroEva@gmail.com 39 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: carloswilliamylourenco@gmail.com 40 Faculdade Vale do Salgado (FVS). E-mail: raimundotavares@fvs.edu.br

que acarreta a presença de sequelas a seus portadores, alguns outros são o diagnóstico tardio e a pouca estruturação da assistência de saúde direcionada a hanseníase (PINHEIRO et al., 2017).

A hanseníase representa um problema de saúde pública pelo fato de promover incapacidade física, impacto socioeconômico e também uma repercussão psicológica devido a essas consequências. Por este fato, a epidemiologia toma o seu papel e necessita analisar os distintos fatores que interferem na disseminação dessa doença e sua prevalência (RIBEIRO; SILVA; OLIVEIRA, 2018).

Segundo dados de Queiroz et al., (2015), em relação ao número de casos de hanseníase, o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos, tendo uma média de 47 mil novos casos anualmente, desses 20% já apresentam algum grau de incapacidade física. Diante de doenças negligenciadas, a hanseníase recebe um destaque devido as suas porcentagens.

Justifica-se essa pesquisa pelo fato da hanseníase ser uma doença de grande endemicidade, tornando-se necessário conhecer melhor as características epidemiológicas da doença e desenvolver elementos para prevenção da mesma e promoção de saúde.

Objetivos

Analisar os índices epidemiológicos da hanseníase nos municípios que compõem a 17ª Coordenadoria Regional de Saúde-CRES - Icó/CE e traçar meios que possibilitem o tratamento e a cura da mesma.

Metodologia

Realizou-se uma pesquisa exploratória e descritiva de abordagem quantitativa, onde foram utilizados dados secundários oriundos do DATASUS sobre os municípios de notificação que apresentavam dados sobre a Hanseníase, referentes aos anos de 2014 a 2017, também foram analisados dados preliminares do ano de 2018. A coleta de dados se deu entre os dias 03 a 11 de outubro de 2018 e tomou-se como região para extração dos dados os municípios que compõe a 17ª Coordenadoria Regional de Saúde-CRES, a saber: Baixio, Cedro, Icó, Ipaumirim, Lavras da Mangabeira, Orós, Umari e Várzea Alegre. Os dados foram organizados em tabelas para uma melhor

50 compreensão, e discutidos levando em consideração as literaturas pertinentes e atuais sobre a temática. Por se tratar de um estudo com dados secundários e de domínio público e que não interagiu em qualquer maneira com os pacientes, esta pesquisa se enquadra nos quesitos que dispensam a analise ética por um Comitê de Ética em Pesquisa-CEP.

Gil (2008), discorre o fato de que as pesquisas exploratórias objetivam atingir uma perspectiva geral, ou seja, aproximar o pesquisador do tema pesquisado. Em relação à pesquisa bibliográfica, a mesma objetiva identificar princípios norteadores e trabalhos científicos que abordem o tema proposto, para que assim consigam chegar às considerações da pesquisa através de conceituados autores, que dispõem domínio sobre o tema abordado (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010).

Resultados e Discussão

Abaixo é apresentada uma tabela para uma melhor visualização dos resultados do estudo com as variáveis a serem analisadas.

Tabela 01 – Casos notificados sobre hanseníase dos municípios que compõem a 17ª Coordenadoria Regional de Saúde-CRES- Icó/Ce

Cidade 2014 2015 2016 2017 Total por Cidade

Baixio 0 3 2 0 5 Cedro 23 10 14 1 48 Icó 31 28 19 0 78 Ipaumirim 3 1 2 0 6 Lavras da Mangabeira 11 9 11 0 31 Orós 6 5 1 0 12 Umari 0 1 1 0 2 Várzea Alegre 13 19 10 0 42 Total 87 76 60 1 224

Fonte: Adaptado de DATASUS (2014, 2015, 2016, 2017).

Com a criação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), a primeira lista nacional de doenças de notificação compulsória (DNC) foi formulada, contendo as seguintes doenças:

doença meningocócica, hanseníase, tuberculose e raiva humana (SILVA et al., 2014). Dessa forma, ao analisar a tabela sobre notificações a respeito da hanseníase na região da 17ª Coordenadoria Regional de Saúde-CRES, referentes aos anos de 2014 a 2017, é perceptível que a notificação acerca do tema é uma prática regular entre os portadores da hanseníase dessa região.

De acordo com o DATASUS, Icó é a cidade com mais casos notificados de hanseníase, destacando-se como o município da região com maior índice da doença. A identificação da enfermidade tem uma relação particular com a predisposição dos órgãos responsáveis em abordar a questão e atentar-se para o tratamento e a cura.

Tabela 02 – Dados preliminares de casos notificados sobre hanseníase dos municípios que compõem a 17ª Coordenadoria Regional de Saúde-CRES- Icó/Ce

Cidade 2018 Baixio 0 Cedro 4 Icó 18 Ipaumirim 1 Lavras da Mangabeira 11 Orós 1 Umari 0 Várzea Alegre 16 Total 51

Fonte: Adaptado de DATASUS (2018- atualizado em 04/10/2018).

Outro ponto que é possível discutir e analisar brevemente, é que no ano de 2017 houve apenas uma notificação a respeito da hanseníase, que ocorreu na cidade de Cedro, os municípios que anteriormente apresentavam casos, não apresentaram nesse ano. Um dos possíveis motivos remete que a falta de verba para a saúde muitas vezes prejudica a notificação e, consequentemente, o tratamento e controle da doença. Melo et al., (2018), abordam o fato de que a subnotificação é uma realidade existente e conhecida nas unidades deatendimento ao paciente, e isso acaba escondendo a verdadeira situação de saúde da população.

52 Já há uma análise preliminar do ano de 2018, mas ainda não foi concluída, tendo em vista que ainda faltam os dados do restante do ano. Porém, comparando com os dados do ano de 2017, é visto que houve um aumento bastante significativo no número de casos de hanseníase da região estudada. Essa diferença poderá ser melhor analisada, quando o estudo incluir os dados de todos os meses do ano.

Conclusões

Após a análise desses dados, pode-se concluir que a hanseníase ainda se figura como uma das principais doenças no cenário loco-regional, demostrando que ainda são necessárias politicas públicas de combate e controle fortes e robustas nos municípios estudados para efetivamente enfrentar essa problemática. Há sugestões para uma melhoria no diagnóstico e no enfrentamento da hanseníase, tais como uma maior integração entre os serviços locais, atenção básica e serviços especializados. Outra estratégia seria um maior investimento em educação permanente, envolvendo toda a teia de profissionais que podem agir em rede para melhor tratar a hanseníase na região.

Referências

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª ed. São Paulo: Atlas SA, 2008.

MELO, M. A. S.; COLETA, M. F. D.; COLETA, J. A. D.; BEZERRA, J. C. B.; CASTRO, A. M.; MELO, A. L. S.; TEIXEIRA, R. A. G.; GOMES, D. B.; CARDOSO, H. A. Percepção dos profissionais de saúde sobre os fatores associados à subnotificação no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan). Revista de Administração em Saúde, v.18, n.71, 2018.

MOTTA-ROTH, D.; HENDGES, G. H. Produção textual na universidade. São Paulo: Parábola Editorial, v. 15, p. 16, 2010.

PEIXOTO, D. L. C.; CARNEIRO, H. M.; BRITO, F. I. R.; FILHO, D. M. B. Perfil epidemiológico dos casos notificados de hanseníase em uma célula regional de saúde do sertão central cearense. Mostra Científica da Farmácia, v.3, n.1, 2017.

PINHEIRO, M. G. C.; MIRANDA, F. A. N.; SIMPSON, C. A.; CARVALHO, F. P. B.; ATAIDE, C. A. V.; LIRA, A. L. B. C. Compreendendo a “alta em hanseníase”: uma análise de conceito. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v.38, n.4, 2017.

QUEIROZ, T. A.; CARVALHO, F. P. B.; SIMPSON, C. A.; FERNANDES, A. C. L.; FIGUEIRÊDO, D. L. A.; KNACKFUSS, M. I. Perfil clínico e epidemiológico de pacientes em reação hansênica. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v.36, p.185-191, 2015.

RIBEIRO, M. D. A.; SILVA, J. C. A.; OLIVEIRA, S. B. Estudo epidemiológico da hanseníase no Brasil: reflexão sobre as metas de eliminação. Revista Panamericana de Salud Pública, v.42, p.42, 2018.

SILVA, M. C. D.; PAZ, E. P. A. Experiências de cuidado dos enfermeiros às pessoas com hanseníase: contribuições da hermenêutica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v.30, n.4, p. 435-441,

2017.

SILVA, P. L. N.; OLIVEIRA, R. S.; LOPES, T. R. C.; OLIVEIRA, E. M. S.; SOUTO, S. G. T.; PRADO, P. F. Notificações de doenças compulsórias e dos agravos em um Hospital Universitário de Minas Gerais, Brasil. Revista de Enfermagem da UFSM, v.4, n.2, p.237-246, 2014.

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