• Nenhum resultado encontrado

Nível 04: Competência Inconsciente: Este é o objetivo de toda aprendizagem Você internalizou o aprendizado e apropriou-se dele Adaptou os protocolos, os

2. Atitude como resposta, como possibilidade do aparecimento de determinada resposta em face de um estímulo ou classe de estímulos Dessa forma, embora a interpretação

3.4 Um Paralelo entre a Formação Continuada no Ensino Superior: Brasil e Portugal

As fontes de saberes docentes nos dois países são: instituições formadoras em seus conteúdos disciplinares; os materiais e locais institucionalizados do processo pedagógico (currículo, livros didáticos, organização escolar e financeira e a estrutura da profissão docente); a pesquisa na área educacional que direta ou indiretamente estão implicados na ação docente e o saber da prática (SCHULMAN, 1987).

Precisa-se refletir, segundo Tardif (2015), que o saber é social, pois, é partilhado coletivamente e adquirido no contexto de uma socialização profissional. Percebe-se que o conhecimento deve contemplar também uma grande atenção às capacidades e valores dos acadêmicos. Da mesma maneira, na formação do professor há que atender não só ao que ele tem de saber, mas também ao que é capaz de fazer e aos valores que assume na sua prática profissional (PONTE, 1998).

No Brasil como em Portugal existem quatro grandes domínios de formação necessários ao professor segundo Ponte (1982):

a) A formação na Área de Especialidade que se refere ao assunto que o professor ensina.

b) A formação Cultural e Social, que inclui a sensibilização aos grandes problemas do mundo contemporâneo e o alargamento a outras áreas do saber e da cultura.

c) A formação Educacional, que inclui diversos saberes sobre a educação, com natural destaque para a formação nas didáticas de ensino; e,

d) A formação Prática que inclui além da didática, o sistema de avaliação, o vínculo professor e aluno, a vivência na área de atuação, a necessidade da sociedade do entorno integrando e potencializando o que foi aprendido nas anteriores.

Atualmente, um professor, para exercer com competência sua atividade profissional, tem que:

 Ter conhecimentos e uma boa relação com a sua disciplina.

 Conhecer em profundidade o currículo e ser capaz de recriar de acordo com a necessidade da sala de aula.

 Conhecer o aluno e o processo de ensino – aprendizagem.

 Dominar os processos de ensino, os diversos métodos e técnicas, relacionando- os com os objetivos e conteúdos curriculares.

 Conhecer bem o seu contexto de trabalho, nomeadamente a Faculdade/ Universidade e o sistema educativo vigente.

 Conhecer-se a si mesmo como profissional (PONTE, 1998).

As Universidades e Faculdades se configuram como comunidades de

conhecimento, utilizando-se da sigla utilizada por Shulman (SHULMAN e SHULMAN,

2004) para designar investigação desenvolvida em torno do conceito de “professores aprendentes” conforme se configura o objeto de estudo da Psicopedagogia (sujeito ensinante e sujeito aprendente), uma CTL, isto é uma Community of Teachers as Learners.

Com este conceito se pretende significar a interligação da docência com a aprendizagem e construção de saber que mutuamente se alimentam, ou seja, ao ensinar, aprende-se com as experiências de vida dos alunos e com o conhecimento de cada estudante com o qual o professor está em vínculo durante o semestre.

Pertinente à discussão da natureza e limites da atuação no caso da atividade docente, particularmente distinguindo aspectos comuns e diversos no que se refere aos docentes do Ensino Superior e especificamente da Área da Saúde, questiona-se:

 Qual é o estado da arte neste domínio?

As pesquisas denominadas, “estado da arte” ou “estado do conhecimento” referem-se a pesquisas bibliográficas, com a pretensão de “[...] mapear e de discutir certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares” (FERREIRA, 2002, p.52).

101 Revendo alguns textos sobre o ensino nos Cursos Superiores no Brasil, como os elaborados por Batista (2005), Silva, Gomes e Rodrigues (2004) e Faria e Casagrande (2004) é observado que, ainda na atualidade, o que predomina na formação universitária é a lógica tecnicista, a ênfase é colocada no saber e no saber-fazer.

No entanto, observa-se, na nossa opinião, a necessidade de uma educação que possibilite o desenvolvimento contínuo de pessoas e da sociedade. Não é mais possível formar profissionais com o ensino voltado somente para a racionalidade técnica. É necessária a busca de uma prática docente que possibilite aos alunos desenvolverem um pensamento reflexivo através da valorização da criatividade, da reflexão e participação, condições indispensáveis para a inserção social e construção da cidadania. Em meio às mudanças dos paradigmas educacionais e a necessidade de adaptação a essas transformações. Os Cursos da Área da Saúde, enfrentam um problema: a maior parte dos professores não tem formação pedagógica.

Reis, Gomes e Rodrigues (2004, p.132) afirmam que “Logo, eles ainda ‘ensinam a fazer’, como fizeram com eles, e transmitem o conteúdo que receberam, geralmente, da forma como receberam”. Para isso, torna-se cada vez mais necessária, Formação Continuada de

Professores na Área da Saúde (Região Noroeste do Estado do Ceará - Brasil) e Professores do Ensino Superior (Portugal).

A formação do docente deve ser consolidada com base no domínio de conhecimentos científicos e na atuação investigativa no processo de ensinar e aprender, recriando situações de aprendizagem por investigação do conhecimento de forma coletiva com o propósito de valorizar a avaliação diagnóstica dentro do universo cognitivo e cultural dos acadêmicos como processos interativos.

Pimenta e Anastasiou (2005) afirmam que “[...] a sua tarefa é garantir que se apropriem do instrumento científico, técnico, tecnológico, de pensamento, político, social e econômico, de desenvolvimento cultural, para que sejam capazes de pensar e gestar soluções” (apreender). Nesse sentido, Freire (2010, p.25) afirma que: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou sua construção”.

Diz ainda que a educação deva ser feita em profunda interação educador- educando, voltada especialmente para a reelaboração dos conhecimentos e habilidades aprendidas e a produção de novos conhecimentos. Para tanto devem ocorrer ações como a reflexão crítica, a curiosidade científica, a criatividade e a investigação dentro da realidade do educando, tendo o professor à responsabilidade de articular metodologias de ensino caracterizado por uma variedade de atividades estimuladoras da criatividade dos alunos.

Freire (2010) indica os saberes importantes na profissão do professor, vinculados aos saberes mobilizado na prática. Ele afirma que é preciso que o docente assuma-se como sujeito da produção do saber e se convença que ensinar é criar possibilidades para a produção e/ou construção do conhecimento. Para tanto, diz que ensinar exige: rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes do educando, criticidade, estética e ética, risco, aceitação do novo, rejeição à discriminação, saberes que atendam as necessidades da sociedade do entorno, entre outros. Os profissionais da área da saúde são atualmente os mais reconhecidos socialmente na realidade brasileira. Quais serão os profissionais mais reconhecidos na realidade portuguesa?

 Qual a sua real valia, necessidade social, na sociedade do entorno da Faculdade em face às mudanças que as atravessam?

Dessa forma, para o desenvolvimento de um ensino reflexivo, faz-se necessário que os professores tenham domínio de suas atividades. Para tanto, é essencial que o professor tenha flexibilidade e disponibilidade ao novo, visto que, no seu cotidiano, há problemas para serem intermediados por ele em relação com a sociedade. Por outro lado, precisará ter a responsabilidade intelectual, pois esta assegura a integridade e o entusiasmo responsáveis pela capacidade de renovação. É, pois, na prática reflexiva que o conhecimento se produz e este é o saber do docente constituído ao longo do processo histórico da IES e elaboração pela sociedade, incluindo os alunos nessa construção.

 Que consequências tem, no plano de qualidade, a aproximação ou o afastamento da atividade do professor às Diretrizes Curriculares de cada Curso e as exigências dos Conselhos de Classe específicos?

As Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação em Saúde afirmam que todos devem ter um Projeto Pedagógico, construído coletivamente, centrado no aluno como sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como facilitador e mediador do processo ensino- aprendizagem. Afirma ainda que a estrutura dos Cursos de Graduação deverão assegurar a implementação de metodologia no processo ensinar-aprender que estimule o aluno a refletir sobre a realidade social e aprenda a aprender (BRASIL, 2001). A aproximação é fundamental às Diretrizes Curriculares; as exigências dos Conselhos de Classe em consonância com a Filosofia da IES.

Estas interrogações complexas se reportam à identidade do professor associada à sua profissão que se tornam conceitos interligados, porém, distintos e suas representações sociais que inúmeras vezes dificultam a atuação docente, pois são reconhecidas na sociedade

103 pelo que exercem profissionalmente, sendo difícil perceber a docência como profissão respeitada e que formará profissionais atualizados mediante a exigência de um mercado globalizado, generalista e humanista (ROLDÃO, 2005).

Para que se possa entender a Formação Continuada de Professores da Área da Saúde, necessita-se compreender segundo Nóvoa (1995), quatro características comuns entre profissão e docência tanto no Brasil quanto em Portugal:

a) O reconhecimento social da especificidade da função: associada à atividade. b) O saber específico: indispensável ao desenvolvimento da atividade e sua natureza.

c) O poder de decisão: sobre a ação desenvolvida e consequente responsabilidade social pela mesma – o controle sobre a atividade e a autonomia do seu exercício.

d) E o pertencimento a um corpo coletivo: que partilha, regula e defende intramuros desse coletivo, quer o exercício da função e o acesso a ela, quer a definição do

saber necessário, querer naturalmente o seu poder sobre a mesma que lhe advém

essencialmente do reconhecimento de um saber que o legitima.

Roldão (2000) pontua que a dificuldade de aceitação de Formação Continuada de Professores, se dá pelas dimensões adquiridas socialmente de “poder” e “controle” restrito ao grupo de profissionais dessa área, como detentores do saber dentro da sala de aula, isolando- se e privando-se da socialização do conhecimento, alegando a independência de cada professor em relação a sua disciplina como uma saber constituído e próprio não socializando com seus pares impossibilitando a interdisciplinaridade.

Os Professores da Área da Saúde (no Brasil) necessitam ver na docência uma profissão que valida o conhecimento, competências e atitudes que pela fundamentação constante de suas ações no ensino permite a flexibilidade no “agir” diante aos estudantes com base nas atitudes por eles expressas.

Há necessidade de um equilíbrio entre o respeito pelo individualismo tanto da maneira de ser do professor quanto do aluno, como o sincronismo de um corpo coletivo, enquanto comunidade de pares, que assegure quer o saber do grupo, quer o controle sobre a ação no interior do próprio corpo de professores, quer as condições de acesso ao conhecimento, quer o despertar das competências, quer a qualidade de profissionais plenos, só pode ser construída e regulada pelos próprios, mas, será também necessariamente escrita, pela sociedade perante a qual publicamente se exerce a função (NÓVOA, 1995).

O professor precisa compreender que ele não é somente alguém que ensina “alguma coisa”, mas, assim alguém que ensina “[...] alguma coisa para alguém que quer aprender” (PERRENOUD, 2000, p. 116).

Nessa perspectiva, o professor é um profissional do ensino que a sociedade espera que possibilite ao aluno à construção do conhecimento, tornando-o sujeito ativo. É o mediador entre o saber e o aluno, pela orientação intencional e tutoria de ações de ensino que conduzam à possibilidade efetiva do aluno desenvolver suas competências e atitudes (RODÃO, 2000; NÓVOA, 1995).

Observa-se, que se tem a legislação necessária para formar um profissional crítico, reflexivo com comprometimento ético e humano (Brasil e Portugal). Entretanto, somente a legislação não é o suficiente para alterar a prática pedagógica. Faz-se necessário à Formação Pedagógica do Professor da Área da Saúde.

Reis, Gomes e Rodrigues (2004) afirmam que são raros os docentes preparados didaticamente, e qualificados, simultaneamente, para exercer a docência conforme o preconizado pelas Diretrizes Políticas e Pedagógicas.