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Participação cidadã no planejamento

3. METODOLOGIA

4.3. Desenvolvimento e sustentabilidade nos Lençóis Maranhenses

4.3.2. Sustentabilidade espacial e o desenvolvimento

4.3.4.1. Participação cidadã no planejamento

De acordo com Swarbrooke (2000), o turismo só pode ser considerado sustentável quando houver envolvimento da comunidade local no seu planejamento e administração. Marcos, guia turístico nos Grandes Lençóis, informa que encontra espaço na Câmara de Vereadores de Barreirinhas. Segundo ele, “a gente vai à câmara, fala com eles e o que a gente pede eles ajudam a gente”. Fred (piloto de buggy) não encontra a mesma facilidade. “Bom, lá em Paulino Neves, onde eu vivo, até o momento não teve ação

nenhuma em relação a isso até porque o fato de agora a Prefeitura ter criado a Secretaria de Turismo, antes ela era vinculada à Ação e nunca foi feita coisa nenhuma”, diz ele. Outros são mais críticos, como é o caso de Franchesco, da Pousada Boa Vista em Barreirinhas.

Os moradores não têm nenhuma participação daquilo que é o crescimento da cidade, daquilo que é o movimento turístico da cidade. Só são considerados como mão-de-obra de baixo custo. Na verdade, há uma coisa que eu penso mais: é maior presença da prefeitura, maior interesse da prefeitura para aquilo que é o atrativo turístico de Barreirinhas. Está muito afastada, ainda.

Em Humberto de Campos, os residentes também consideram uma certa distância da população em relação ao processo de planejamento, como informa Hexley Costa.

Em relação a esse mandato desse novo prefeito ainda não está tendo uma área voltada para isso, especificamente para ouvir, tipo reuniões com populares em seus povoados. Na anterior, o prefeito tinha isso, começou a trabalhar isso, mas esse, até o momento, ainda não teve nenhum sobre isso.

Pesquisadores, turistas, representantes de ONG e de entidades que apóiam e promovem a participação cidadã também se pronunciaram e relataram a sua opinião sobre o tema. José Carlos Correa, da Embrapa, informa a respeito o número de associações no município de Barreirinhas e o poder que essas entidades têm para reivindicar seus direitos. Seu relato resume fielmente o problema.

A população deve participar do processo de planejamento. As divisas geradas no município não priorizam a população local no que diz respeito à oferta de empregos, saneamento básico, educação e assistência técnica. No município existem mais de 166 Associações de Moradores e Produtores Rurais que tem poderes de reivindicar suas participações nas discussões e nos processos de planejamento e desenvolvimento do município. Esse processo pode ser chamado de desenvolvimento local e definido como um grande mutirão da comunidade (poder público, sociedade civil, movimentos e organizações populares) na busca de um projeto para o futuro de seu município, identificando e valorizando os processos e riquezas locais.

Puppim de Oliveira, da FGV, considera que o Estado deveria levar em conta a opinião da população e promover algum tipo de participação para que o assunto não caia no vazio. Vejamos o que ele disse a respeito.

Existe, muitas vezes, conselhos de desenvolvimento sustentável. Vários deles, na realidade são perda de tempo. As pessoas vão lá discutir e no final o Estado não tem como implementar ações. No caso de Barreirinhas, eu acho que essa participação só se daria no momento em que realmente houvesse uma intenção do Estado de alguma forma tornar o turismo lá mais planejado, que beneficiasse mais a população. Ter participação só por participação, acho que não tem muito sentido.

Tetsu Tsuji, pesquisador da Universidade Federal do Maranhão e representante de ONG, acha que o cenário ideal é o desenvolvimento sustentável com a participação da comunidade. “Infelizmente, a comunidade está muito fraca, muito mesmo fraca, não está se organizando. As ONGs que são criadas lá morrem logo”, diz ele. Ele também critica o contingente dos órgãos públicos, em número insuficiente para dar vazão à demanda por serviços e atender à população.

Ricardo Otoni, do Ibama, concorda que os investimentos turísticos nos Lençóis Maranhenses têm visão de curto prazo e estão focados nos lucros imediatos. Informa que o Ibama acompanha o problema há bastante tempo e orienta todas as prefeituras, órgãos do Estado, a sociedade civil e movimentos sociais para que o planejamento não deixe de lado as questões ambientais. Para ele, “existem mecanismos de participação social, como os conselhos municipais do meio ambiente, que são muito importantes para ampliar a participação da população”.

Alguns projetos, como é o caso do Serviço do Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Maranhão – SEBRAE/MA, estão sendo construídos em parceria. Francisco Neves (Sebrae) afirma que o Sebrae não atua mais como antigamente, “naquela história do pacote”. Ele insiste que “a coisa tem que ser construída com todo mundo. Quando todo mundo lança as suas idéias, acaba construindo uma idéia comum de interesse do município e essa idéia é construída dentro do projeto por todos”. Ele ainda informa que não consegue entender “projeto que não haja participação de todo mundo, porque o projeto deixa de ser um projeto de amplitude comunitária para ser um projeto individual”.

O Banco do Brasil em Barreirinhas também tem tomado algumas iniciativas para promover a participação cidadã. Uma delas é o Comitê do

Desenvolvimento Regional Sustentável, do qual participam alguns órgãos e representantes de comunidades.

Gilson Oliveira, Secretário de Turismo de Barreirinhas, informa que está sendo eleito o Conselho de Turismo nos próximos meses. Segundo ele, o “objetivo principal é fazer a coisa andar, meter na cabeça do povo, de modo geral, o que é o turismo, o que é o atendimento”. A preocupação básica, informa ele, é “cuidar [...] para ficar uma cidadezinha mais atraente, mais hospitaleira”.

Vê-se que existem fóruns onde a população pode participar. No entanto, o que ocorre de fato é que esses conselhos funcionam precariamente, reúnem- se de forma esporádica e a sociedade, apesar de ter assento, raramente fala. E quando fala, não consegue falar em uma só voz. São muitos grupos, conseqüentemente, muitos interesses e pontos de vistas divergentes. Swarbrooke (2000) assegura que os mecanismos usados para perseguir o consenso oferecem oportunidade a uma minoria de porta-vozes (geralmente pessoas influentes), que acabam dominando o processo. O ponto de vista da chamada “maioria silenciosa” geralmente é ignorado.

Inácio Amorim, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, assegura que a maioria dos conselhos que deveria discutir questões ambientais ainda não foi implementada. “Esses conselhos foram criados no início na década de 1990, mas o que se sabe é que não estão funcionando”. Azenilde Souza, de Primeira Cruz, acredita que o não funcionamento dos conselhos é o que falta ser feito. No entanto, ela é cética quanto a isso até porque, segundo ela, o principal representante da comunidade não se envolve diretamente. Ela diz que “o prefeito daqui mora em São Luis [...] Ele é prefeito daqui, tem que viver aqui e trabalhar aqui. As coisas dele é aqui. É isso que está faltando”.

Percebemos que há ainda muito em que avançar na região dos Lençóis Maranhenses para que a participação cidadã realmente se torne realidade. A despeito das iniciativas do Sebrae e do Banco do Brasil, o que se verifica é que o habitante local não interfere no processo decisório. Quando muito, participa de reuniões nos poucos comitês que já foram montados, onde o seu poder de

influência, quando existe, é limitado, deixando a desejar nesse quesito de sustentabilidade.

4.3.4.2. Geração de empregos e precariedade dos postos de trabalho

A palavra emprego pressupõe uma relação em que, de um lado está o empregado e do outro o empregador. O advento do turismo na região dos Lençóis Maranhenses, leva muitas pessoas a acreditar na geração de emprego. Francisco Neves, do Sebrae, tem outra visão: “eu não acredito que tenha gerado muito emprego. Acredito que tenha gerado muita ocupação”. Nem todas, porém, guardam essa relação empregado – empregador. Uma parte das atividades remuneradas, ou como dito pelos próprios nativos, do ganha-pão das pessoas, ocorre por meio de serviços realizados por conta própria, em que não há um empregador e, conseqüentemente, não há também um empregado, mas apenas o trabalhador autônomo.

Fotografia nº 04: Artesanato em Barreirinhas.

Ana, uma artesã que montou sua barraca às margens do rio Preguiças, na comunidade Vassouras, relata a sua história em busca da ascensão social. Nela, verificamos o descrédito inicial do seu marido, o abandono das atividades tradicionais de pesca em prol do turismo e o progresso econômico e social experimentado.

Eu vivia por aqui já há um bom tempo, a gente era pescador, meu marido, meu cunhado e sempre aqui foi um lugar que a gente freqüentou, né? Então, a gente via que, se a gente montasse alguma coisa aqui para o turismo, a gente tinha futuro porque isso aqui sempre foi uma parada obrigatória. Todo mundo que vinha de Barreirinhas para o Caburé parava por aqui. E sempre quando chegava cobrava da gente. A gente tinha uma cabaninha de pescador, como ainda tem até hoje, e eles chegavam cobrando uma água de coco, e a gente nada tinha. Eu resolvi montar isso aqui. Meu marido disse que não, não dava certo, o negócio era ser pescador e tudo, isso era só ilusão, esse negócio de turismo era só passageiro, não ia ficar permanente. Aí eu enfrentei, [...] encontrei um amigo que me acompanhou e a gente construiu uma latada e passamos uns seis meses. A latada era nesse estilo assim, com cobertura de folha de mangue. E nesse sentido, quando ele viu que a coisa dava certo, depois de seis meses, aí ele resolveu largar a pesca e a gente ficar aqui permanente. Construímos esse barraco. Eu tinha uma vida muito carente. Nos três anos que estou aqui a minha vida melhorou bem.

Cláudio Conceição trabalha atualmente como piloto de voadeira, a embarcação que transporta turistas nos rios dos Lençóis Maranhenses. Ele lembra da época em que era pescador, das dificuldades que enfrentava em alto mar, dos dias que passava fora de casa e compara tudo isso à sua nova ocupação.

Antes eu pescava, eu era pescador. Trabalhava na área de Raposa, Bragança, passava oito dias no mar, barcos de dez metros. Depois passamos para um barco de treze metros e aí já demoramos mais de quinze dias no mar, pescando serra. Olha, era bem diferente do trabalho de hoje com voadeira. Apesar de ter o trabalho ser mais tranqüilo, a gente estar perto de casa, todo dia vem em casa, tem pernoites, mas é pouco dia [...], apesar de a responsabilidade também ser muito grande com passageiro, mas melhorou oitenta por cento, porque é mais tranqüilo no rio. [...] Eu ganho uma faixazinha de R$ 30,00 por diária, por viagem e ainda alguma gorjeta, porque os turistas sempre agradam a gente. O trabalho da gente é um trabalho de profissional, um trabalho muito bom, então eles acabam dando gorjeta para a gente e a gente faz alguns passeios fora do nosso roteiro. Aliás, eles querem fazer e aí a gente cobra à parte e já divide com o proprietário do barco e o agenciador e aí vai melhorando.

Percebe-se que, para aqueles que conseguiram se integrar a alguma atividade relacionada com o turismo, a vida melhorou. Para Ana, a artesã, a melhora se deu pelo aspecto econômico. Ela passou a ter uma renda superior àquela dos tempos de exploração da pesca. Cláudio, o piloto da voadeira, vai além do aspecto financeiro. O fato de retornar diariamente para casa é, também, um fator positivo na sua avaliação.

Fotografia nº 05: Voadeira e escuna no rio Preguiças.

Vê-se que para uma outra parte das pessoas, apesar de se considerar empregada, esses empregos não estão assentados em relações formais disciplinadas na legislação trabalhistas. Perdem, portanto, em qualidade. O volume dessas oportunidades pode até mesmo atender às necessidades da população, mas é possível sentir nas respostas dos entrevistados as suas mais recônditas expectativas, que vão além de simplesmente ter uma ocupação. Elas se vinculam aos anseios mais legítimos, como o progresso econômico e a realização profissional. Passam pelos quesitos de segurança, qualidade de vida, estabilidade no trabalho, garantia previdenciária, entre tantas outras. Eles não declaram abertamente, mas deixam essa esperança subtendida.

Do ponto de vista de poder trabalhar com o turismo, a maioria se acha capacitada. Hexley Costa, de Humberto de Campos pensa assim. “É uma mão- de-obra barata, ela é preparada, existem profissionais, não que tenham curso mas profissionais de experiência”. Cláudio Conceição, piloto de voadeira, vislumbra boas perspectivas na sua área de atuação, principalmente para aqueles que fizeram o curso de navegação promovido pela Marinha. Nota-se, no seu depoimento, que o curso trouxe conhecimentos sobre a segurança no transporte de passageiros, melhorando a capacitação dos profissionais que já atuavam como pilotos de barcos nos Lençóis.

Rapaz, quando a Marinha chegou aqui em Barreirinhas, começou a fazer o curso [...] aí surgiu essa oportunidade da gente trabalhar mais tranqüilo. Mas antes, a gente já trabalhava com esse trabalho de dirigir voadeira. Aí, com o curso da Marinha, melhorou mais ainda porque a gente ficou trabalhando mais tranqüilo. Passaram a fiscalizar, a pegar as normas, curso de combate a incêndio, afogamento. Então, ficou melhor ainda. E aí, começou a surgir as lanchas voadeiras, porque antes era só barquinho lento. Surgiu a idéia de usar motor a gasolina de popa e casco de alumínio. Colocar os banquinhos de almofada e foi melhorando. Hoje, está aí. O turismo está crescendo e cada dia mais.

Aqueles que acompanham o desenvolvimento do turismo mais de perto acreditam que os empregos gerados para os habitantes locais são empregos de baixa qualificação. Tetsu Tsuji, pesquisador e representante de ONG, declara que, “em termos de gerência, vem pessoas de fora [...] em funções inferiores, pessoas locais”. Érika Pinto, do Ibama, reforça esse argumento: “você tem empregos secundários destinados a população de uma forma geral, mas são uns empregos realmente secundários”. Francisco Neves (Sebrae) também aborda a questão pela ótica da qualificação.

A questão da mão-de-obra local é uma coisa complexa. A gente não vê especialidades, as pessoas não têm uma preparação, um fundamento cultural e educativo, entendeu? Não vê nativo e, vamos dizer, ela muda constantemente. A questão do vínculo empregatício. Normalmente são pessoas que não duram muito tempo nas empresas. [...] Em alguns casos, houve realmente até a importação da mão-de-obra porque a mão-de-obra não era preparada, não digo só em Barreirinhas mas em todo o Estado do Maranhão

Ele informa que o Sebrae, em parceria com o Banco do Brasil e a prefeitura de Barreirinhas, está desenvolvendo curso de inglês para treinar os guias locais no recebimento dos turistas estrangeiros. Gilson Oliveira, Secretário Municipal de Turismo, confirma a preocupação do Sebrae. Para ele, o trabalho dos guias deixa a desejar porque “o que a gente chama de guia mais da metade não tem guia aqui em Barreirinhas ainda, o que tem vem de fora, cara capacitado”. Wellington Freire, do Banco do Brasil, conclui:

Aqui em Barreirinhas, a freqüência de turistas é muito grande. Muitos deles falam inglês e os nossos guias [...] não têm essa capacitação. [...] A gente quer instalar em Barreirinhas um curso de aprendizagem de inglês, com as aulas mais voltadas para o turismo e também para os segmentos de guias turísticos, pessoal de pousada, garçons, bares, lanchonetes, pousadas em geral.

Sob a ótica do empresariado, ou seja, daqueles que empregam a mão- de-obra local, as opiniões se dividem. Franchesco, dono de pousada, é cético quanto à capacitação do nativo para operar com o turismo. Vejamos seu ponto de vista.

O pessoal mais de confiança eu prefiro que seja de fora ou pelo menos que seja formado em uma outra cidade. O nosso cozinheiro, o nosso garçom de mesa, são barreirenses de origem mas são formados em São Luís. Tiveram um outro tipo de instrução. [...] Eles têm uma visão bem diferente. Dão uma importância bem maior ao emprego deles no serviço que estão fazendo. Pelo contrário, o pessoal que se formou em Barreirinhas não dá importância nenhuma. Na verdade, não tem como confiar neles. Da honestidade não, não tem problema. O problema é que quando tem seresta, tem forró, no dia seguinte ninguém aparece. Esse é um problema e é até engraçado mas para quem tem um empreendimento para botar para frente aí cria um problema.

Alfredo, que também é dono de pousada, pensa um pouco diferente. Ele gosta da qualidade do trabalho do seu pessoal, apesar de alguns senões.

O nosso garçom de mesa é barreirense, ele já trabalhou na praia, trabalhou em Barreirinha e agora está trabalhando aqui. Eu sempre faço uma pesquisa. Tem um papel em cima da mesa de cada quarto, pra saber se o turista gostou. A opinião deles. Ontem eles cancelaram ótimo para meter excelente. O cozinheiro também, mas gostam da conversa dele com o turista a explicação sobre o parque. Acharam boas, mas claro a maioria, os empregados barreirenses, é bastante fraco, porque tem gente simples, pescadores, ainda não entenderam que quando é feriado pra nós é trabalho, querem ir pra seresta, um forró. Não temos uma escola de turismo, muito importante escola de ecologia logo no primário.

Nota-se que o grande problema em relação à geração de empregos para a comunidade local passa pela capacitação da mão-de-obra e pelo desenvolvimento de uma cultura voltada para o turismo. Veremos, a seguir, os efeitos da sazonalidade sobre os empregos para entender melhor o sentimento dos nativos em relação às suas expectativas de segurança e qualidade de vida.

4.3.4.3. Sazonalidade do turismo

O efeito da sazonalidade no turismo afeta a todos. Marcos, que é piloto de Toyota e guia nos Grandes Lençóis, informa que o seu emprego é estável e que, mesmo em baixa estação, a empresa paga o que é devido. “Aqui a gente ganha por diária. Tem gente que é assalariado. Quando a gente não está trabalhando a gente está estudando ou então fazendo serviço de mecânica nos

carros”, informa. Fred é autônomo, pilota o seu próprio buggy, e lamenta a queda nas atividades turísticas, segundo ele, decorrentes da falta de chuvas que não encheram as lagoas. Gilson Oliveira, da Secretaria de Turismo de Barreirinhas, delimita o período de alta e baixa estação da seguinte forma:

Nós temos aqui a alta estação. Na alta estação, quase todo mundo trabalha. Agora [na baixa estação], é temporário. Nós temos aqui em Barreirinhas, quatro meses de alta estação, que todo mundo se dá bem. Dezembro, janeiro, cinco meses, fevereiro, junho e julho. Então são cinco meses.

Vê-se que os empregos não são permanentes, uma vez que na baixa estação eles se tornam temporários. Antônio Ramos, piloto de voadeira, mostra as suas preocupações com a sazonalidade e, também, com relação às possibilidades de um dia o turismo se acabar.

Por acaso, se o turismo chegar a acabar em Barreirinhas, a fonte de renda para muitas e muitas pessoas acabou. Porque aqui, além do turismo, o cara é lavrador ou é pescador. Então, para chegar até o ponto de pegar emprego e tal daqui, então é aquela história complicada. Às vezes ele vai contratado por três meses, quatro meses e termina [...], ele volta para a roça de novo.

Cláudio Conceição, colega de trabalho de Antonio Ramos, relata como funcionam as estações do turismo e retrata as suas perspectivas nos meses de baixa estação.

Tem época de alta temporada. Por exemplo, essa temporada agora [julho] eu saio viajando todos os dias. Já nos meses de novembro, diminui as viagens. Já os meses mais festivos aqui, o mês de julho, que é a época da vaquejada, melhora. Janeiro também é muito bom. Época de férias. Aí a gente viaja bastante. Tem época em que a gente viaja pouco. Quando não viaja não ganha nada. Fica parado.

Não existe nenhuma ação voltada para minimizar os efeitos da sazonalidade do turismo na região. A melhor idéia foi lançada por Érica Pinto do Ibama, ao defender a estipulação de limites para acesso ao Parque. Ela acredita que impondo limites, a visitação seria distribuída ao longo do ano. Além de garantir a sustentabilidade econômica, pela distribuição da receita ao de forma mais ou menos uniforme em todos os meses, a sua sugestão também traria benefícios para a sustentabilidade ambiental, pela estipulação da capacidade de carga. Vejamos o seu depoimento.

Barreirinhas sofre de uma sazonalidade do turismo muito forte. Então você tem picos onde fica tudo lotado, você não encontra uma hospedagem os restaurantes ficam lotados assim... e períodos de baixa muito prolongados. Isso, quando a gente fala da sustentabilidade a nossa idéia principal seria equalizar um pouco mais senão...digamos assim...nas épocas mais visitadas a capacidade de carga do Município e do Parque já está extrapolada. Os atrativos não são do Parque e do Rio Preguiças também. Da capacidade das pousadas e dos hotéis e a capacidade de carga do