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3 A TRUPE DA ALEGRIA E SUAS REVERBERAÇÕES

3.2 Avaliações

3.2.2 Pelo olhar das crianças

Este grupo gosta muito de participar dos eventos coletivos da creche, principalmente os que ocorrem fora da sala. Gostam muito de dança, música e histórias, gostam também de cores e luzes e todos esses elementos fizeram parte do teatro. Então, obviamente nosso grupo adorou o teatro, todos estavam vidrados e empolgados com a movimentação e nós, professoras, igualmente adoramos e nos sentimos tão envolvidas quanto as crianças, que apesar de pequenas, sabem e compreendem tudo que está a sua volta. Grupo 149

A cada apresentação do espetáculo Uma Creche Divertida e Colorida da Trupe da Alegria, nós pedíamos às professoras das crianças que, assim que chegassem à sala, conversassem com as mesmas sobre o espetáculo e pedissem pra elas desenharem o que mais gostaram do que assistiram.

Neste último tópico de minha dissertação, apresentarei alguns comentários das crianças coletados por suas professoras e alguns desenhos que agrupei de acordo temáticas que percebi que se repetiam em seus desenhos. Busco trazer algumas “identificações” que percebi das crianças com as temáticas abordadas no espetáculo.

 Relação Mãe e Filha Enamoradas...

Figura 48 – Desenho da Mãe e Filha Figura 49 – Desenho da Mãe e Filha

Em muitos desenhos aparece a relação de carinho que a mãe tem com sua filha no espetáculo. Não sei ao certo que tipo de identificação as crianças tiveram com essas personagens, talvez por carência dessa forma de relação, ou porque suas mães também as deixam todos os dias na porta da creche e se despedem delas. Era muito comum, após as apresentações, as crianças pedirem para abraçar a professora que representava a Mãe.

A personagem da Mãe era representada por uma atriz alta e que usava salto e um penacho na cabeça, a ideia era a de que ela representasse ser ainda mais alta do que já era, acredito que esse efeito também chamou a atenção das crianças.

Figura 50 – Mãe e Filha Enamoradas

Figura 51 – Desenho da Mãe e Filha Figura 52 – Desenho da Mãe e Filha

“Eu gostei dos palhaços, da mãe que tinha uma filha e ela era bem grande, e da professora e do pirata que beijou a mão da professora e gostei do pai”.

“Eu gostei da parte que a mãe leva a menina pra escola e a parte que os pais brigam”. “A mãe da menina usava um vestido grande e vermelho”

 A Criança Especial...

Figura 53 – Desenho da Criança Especial Figura 54 – Desenho da Criança Especial

Em mais um aspecto a questão da afetividade aparece nos desenhos e falas das crianças. A Criança Especial era o personagem que entrava na creche, onde as crianças brigavam, desrespeitavam a professoras, a cozinheira, os palhaços e com seu abraço ela acalmava e contagiava a todos.

Dado o contexto em que a maioria dessas crianças vive, passam o dia todo na creche, muitas vezes chegam dormindo e saem cansadas do dia, a questão da efetividade, do contato com a família, fica em segundo plano em suas vidas, mas em estado latente. Pelos comentários das crianças, percebo o quanto a personagem que trazia o abraço mexia com elas. Quando cantávamos a música do abraço e entrávamos no meio da plateia para abraçar as crianças, era um momento de comunhão e de muito carinho, talvez por isso tenha ficado marcado na memória das crianças.

“Chegou uma pessoa especial que parou a briga”. “A pessoa especial abraçou primeiro a professora”

“Eles passaram a ter amor um pelo outro”.

 O cenário de flores...

Figura 56 – Desenho do Cenário Figura 57 – Desenho do Cenário

Muitas imagens retratam as flores cor de rosa do cenário como um detalhe marcante do espetáculo. Com diz a Narradora da história: “[...] nessa creche tem um tapete, almofadas coloridas, uma imensa janela e um lindo jardim de flores”. Queríamos exaltar a importância desse contato com a natureza, retratar que nessa creche tinha um jardim, a Professora quando entra em cena também fala do lindo jardim e do cheiro das flores, como incentivo para que as creches tenham jardins...

 As muitas cores do espetáculo...

Figura 60 – Desenho do Colorido Figura 61 – Desenho do Colorido

Figura 62 – Desenho do Colorido

Sem dúvida as cores do espetáculo chamaram muito a atenção das crianças e essa também era uma de nossas intenções. Queríamos tocá-las por vários sentidos, muita dança, movimento, música, afeto, abraços, queríamos invadir a plateia e afetá-las com nossa alegria e nossas cores. Com essa intenção, propus que cada atriz escolhesse o tecido de chita que usaria para confeccionar a sua roupa, pedi apenas que fosse o mais colorido possível e acredito que conseguimos o efeito colorido que queríamos. As crianças ficavam paralisadas por alguns segundos diante de tantas cores, movimentos, vozes, som de pandeiro...

Figura 63 – As Cores do Espetáculo

“Eu gostei do narigão que beijou a professora na mão, da creche colorida, das crianças que gostavam de pirulito e da cozinheira e do pandeiro”.

“Eu gostei da apresentação colorida, da música quando eles cantaram. O profe! Pode dizer obrigada pra eles?”

 Os Palhacinhos...

Figura 64 – Desenho dos Palhaços Figura 65 – Os Palhaços

Tínhamos dúvidas sobre a inserção desses personagens, uma vez que muitas crianças choram e existe um senso comum de que criança pequena tem medo de palhaço. O que percebemos, entretanto, foi uma imensa identificação com esses personagens, sempre que chegavam as crianças aplaudiam, respondiam suas perguntas, cantavam junto com eles. Tinha uma palhacinha que propositalmente errava sempre a coreografia e esse fato trouxe muitas gargalhadas.

Percebemos que não é necessário fazer coisas muito elaboradas para chamar a atenção das crianças, que as pequenas “palhaçadas”, os pequenos gestos chamam muito sua atenção, isso não significa fazer “qualquer coisa”, mas buscar aproximar o teatro da criança, de forma consciente, estruturada e afetiva.

“Eu gostei dos palhaços cantando, dos palhaços rebitando a bunda e fazendo palhaçadas” “Eu gostei dos palhaços quando eles bagunçaram na creche e também da cozinheira e da

professora”.

“Veio três palhaços para brincar com as crianças, contavam músicas diferentes e uma palhacinha que não mexia o bumbum e fazia tudo errado”.

Esses foram alguns aspectos que apontei como relevantes para serem comentados a partir de possíveis identificações das crianças com o espetáculo. De acordo com essa experiência, considero alguns pontos importantes para um trabalho a ser apresentado para crianças: a necessidade de movimento, que a cena tenha muita movimentação, que mexa com os sentidos; que busque um diálogo com a plateia, seja por meio de músicas ou de questionamentos; que tente inseri-las no espetáculo; que traga informações visuais, cenários, adereços, figurinos que possam de alguma forma chamar e prender sua atenção e talvez o mais importante, com um conteúdo que dialogue com sua realidade, um conteúdo passível de identificação.

Esses são alguns pontos que pretendemos explorar nas futuras produções da Trupe da Alegria, se tivermos a oportunidade de continuar com esse trabalho e o apoio necessário para que ele aconteça.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A perspectiva de se trabalhar questões relacionadas à ampliação dos conhecimentos sobre a linguagem teatral, com professoras de Educação Infantil que tiveram um contato insipiente com esses conteúdos em sua graduação, é posta como uma questão central dessa investigação e que, pelos resultados apresentados, concretizou-se.

Ao pensar a escola como reprodutora de habitus e comportamentos e ainda como afirmadora das diferenças de capitais culturais existentes na sociedade, vejo o papel do professor de Educação Infantil em buscar quebrar com esses comportamentos. Tomar consciência de sua responsabilidade na ampliação do capital cultural da criança que, desde seus primeiros anos de vida, é confinada pelos muros da escola, por um sistema tradicional de ensino que muitas vezes lhe poda a imaginação e a criatividade, por conta de uma realidade social que lhe afasta desde cedo do convívio diário com sua família.

As propostas pedagógicas e diretrizes curriculares para a Educação Infantil responsabilizam esse professor por explorar o universo lúdico da criança. Responsabilizam-no por trabalhar os conhecimentos por meio de experiências práticas, de jogos, da efetividade, da noção de coletivo, da construção conjunta de conhecimento, da inserção da arte no cotidiano e da exploração da sensibilidade da criança.

Em que medida, entretanto, a formação inicial desse professor, ou mesmo a instituição a qual ele está vinculado, lhe oferece um conhecimento concreto acerca dessas questões que lhe são exigidas? Como poderá ampliar o repertório corporal e criativo de suas crianças se não possuir um repertório seu para oferecer? Como trabalhar a sensibilidade, se sua sensibilidade está posta de lado, por conta de uma rotina de trabalho que não lhe propicia tempo e recursos para investir em uma capacitação?

Com o projeto da Trupe de Alegria, projeto este vinculado a uma proposta de formação continuada desenvolvida com quatorze professoras da rede de Educação Infantil do município de Florianópolis, propus uma possibilidade a ser efetivada dentro da rede de Educação Infantil de tal município. Uma proposta de capacitação que, além de trabalhar o corpo desse professor, um corpo muitas vezes cansado e desestimulado, gerou um produto artístico para as crianças. Ao apresentar o espetáculo contribuíamos com a familiarização das crianças com o universo teatral, ampliando seus horizontes e repertórios artísticos. Ao falarem e desenharem sobre o que assistiram, estimulamos sua criatividade e ludicidade.

Essa experiência trouxe benefícios tanto para os professores quanto para as crianças e dialogou com os pressupostos curriculares no que diz respeito à inserção da ludicidade no cotidiano da criança, dado que, não basta inserir o teatro no cotidiano das crianças, a maneira como essa inserção se dará, os meios pelos quais ela será realizada, o trabalho de aquisição da linguagem teatral que ela propiciará, todo esse processo necessita ser posto em discussão por pessoas que tenham consciência das especificidades da linguagem. Ressalto que além de conhecer a linguagem, é importante ter uma vivência que lhe propicie perceber concretamente as aquisições que o trabalho com o universo artístico proporciona ao ser.

Há um espaço potencial de jogo em todo o ser humano, mas tal espaço necessita de um ambiente que lhe propicie experienciar. A criança acessa naturalmente o universo do faz-de-conta, mas no decorrer do desenvolvimento de sua vida psíquica e da transposição desta em experiências práticas, muitas vezes esse universo lúdico se perde. A perda do contato com o universo lúdico faz com que haja uma perda da relação dessa criança com a arte, com o teatro, com a música, com a dança.

Vejo a necessidade do professor em estimular o espaço potencial criativo das crianças, mas para tanto, ele necessita observar esse espaço em si mesmo. Que relação ele estabelece com as manifestações lúdico-artísticas no seu cotidiano? Como ele se relaciona com o fazer artístico, teatral ou não? Ele se dedica ao estudo de alguma arte? Ele explora seu potencial criativo? Se não, como poderá estimular esses processos em suas crianças ou como poderá compreender os processos pelos quais elas passam?

Como produto formativo, processos semelhantes ao desenvolvido com as professoras da Trupe da Alegria têm, sem dúvida, o potencial de contribuir para as

práticas dos profissionais da Educação Infantil e para a formação cultural das crianças; “[...] mostrar que é possível, apesar de tantas evidências justificando o contrário: a idade, o pique, a inspiração, a capacidade criadora, as angústias, a vida material, cotidiana, enfadonha e com tão poucos momentos de alegria e verdade” (citando Maria Sônia de Souza, participante da Trupe, em sua avaliação do processo).

Analisando o material levantado acerca da investigação cênica com os professores, do trabalho de expressão corporal desenvolvido, do trabalho sobre o corpo neutro, sobre as ações referenciais, sobre a corporeidade expansiva dos “tipos” da Commedia dell‟arte, vejo um ganho pessoal para cada professora. Houve superação de limites físicos, desenvolvimento da expressividade, do contato com seu corpo, desinibição, elevação da auto-estima, potencialização de sua criatividade, do diálogo com um grupo, etc. Ratifico, portanto, o potencial do teatro enquanto propulsor de um desenvolvimento pessoal que sem dúvida traz reverberações na prática desse professor.

Como elas mesmas relatam, elas percebem uma mudança de postura diante de suas vidas, diante do outro. Algumas se sentem mais importantes, sentem-se com capacidade de expor suas opiniões, outras se sentem mais relaxadas, mais sensíveis, sentem-se renovadas, quer no seu ambiente de trabalho, quer no seu ambiente íntimo. Por isso, volto à questão da importância de um trabalho formativo que proponha práticas que toquem de fato os participantes, de forma sensível e estruturada. Porque não é um exercício de livre expressão, mas são exercícios corporais que buscam a construção de um corpo expressivo, livre de amarras e vícios.

No que diz respeito à assimilação de aspectos relacionados ao fazer teatral, o que observei ao longo do processo foi que, a cada experiência de improvisar, de construir coletivamente, de apresentar, elas se permitiam jogar mais, ousar mais, era visível o crescimento a cada encontro. A assimilação de termos como “foco”, “triangulação”, “jogo cênico”, “improvisação”, entre outros, ressaltados em suas entrevistas demonstram uma ampliação de seu olhar sobre o teatro e sobre as especificidades da linguagem. Há uma formação artística e estética nesse processo.

Pontuo também que a experiência de contato com o público foi fundamental nessa proposta de formação. Através do contato com o público, da responsabilidade de apresentar um espetáculo, elas se desenvolviam enquanto artistas, aprendendo a

lidar com situações inesperadas, com o choro de uma criança, com o erro do colega em cena. Além dessas aquisições, a valorização que receberam pela qualidade do trabalho criado, por levaram o trabalho para muitas crianças, fez com que percebessem a importância de uma construção minuciosa e consciente.

A cada apresentação constatei também a existência de uma demanda por parte de outros professores que gostariam de participar de processos semelhantes. Aponto a necessidade de se propor projetos e realizar parcerias entre universidade e prefeitura, aproximar teoria e prática. Vejo o quanto esse processo proporciona crescimento pessoal e profissional tanto para quem participa quanto para quem conduz o mesmo.

Há um discurso de que existe uma distância entre a universidade e a prática docente e acredito mesmo que haja, entretanto, ressalto que tive muitas dificuldades de iniciar meu projeto, principalmente por empecilhos postos pela prefeitura. Existe uma área a ser desenvolvida e professores e pesquisadores têm muito a contribuir com o desenvolvimento do teatro quer na área da Educação Infantil, quer na área da Educação como um todo. Penso que a articulação entre universidade, prefeitura e estado é uma necessidade.

Há um ganho com esse trabalho que, além de oferecer ao professor a possibilidade de se pôr em cena, de exprimir sua pessoalidade e de discutir com seus pares e suas crianças, pudemos trabalhar sobre o próprio universo da Educação Infantil. Nesse ponto cabe uma reflexão acerca do potencial criativo apresentado pelo trabalho com elementos da Commedia dell‟arte.

Ao trabalhar elementos da Commedia dell‟arte com pessoas com pouca ou nenhuma experiência teatral, constatei seu elevado potencial expressivo, de improvisação, de preparação de atores e de criação. Uma busca que possibilitou a assimilação de conceitos relacionados ao jogo teatral, que permitiu o trânsito pelo cotidiano desses professores e de suas crianças, que favoreceu nossa adaptação aos diversos espaços, às limitações, que ampliou a capacidade de improviso e de contato com a plateia e que colocou o corpo como elemento central do processo criativo. Nesse sentido, houve um diálogo com o olhar contemporâneo sobre o potencial criativo do corpo e sua pessoalidade em cena.

Pontuando cada um dos elementos, gostaria de ressaltar inicialmente a possibilidade de pôr os “tipos” da Commedia dell‟arte em um outro contexto, atualizando-os e ressignificando-os. Segundo a avaliação das professoras e a

minha, concluo que esse objetivo foi alcançado e apontado como o mais significativo no trabalho com os “tipos”.

Cada “tipo” foi estudado em suas possibilidades expressivas e nas relações que estabelecem com outros “tipos”, não de uma forma estereotipada, mas numa busca pela duplicidade de cada uma dessas máscaras. Arlequim é preguiçoso, mas está sempre empenhado em tramar alguma coisa; o Capitão disserta sobre seus feitos, mas é um covarde nato; Pantaleão é ganancioso e brigão, mas escreve poemas apaixonados para as donzelas.

No contexto da Educação Infantil, buscamos dialogar esses personagens com o cotidiano das creches, exaltando principalmente a diferença, não a diferença pelo viés da Educação Inclusiva, mas a diferença natural, dada, porque cada ser humano é diferente, cada “tipo” é diferente; o convívio dessas diferenças aparece como temática principal e objetivo norteador da exploração dos “tipos”. Então, Arlequim é uma criança muito ativa que quer sempre roubar o brinquedo do colega; Capitão é todo certinho, é egoísta e tem medo dos outros; Pantaleão é um pai ocupado, zangado, que tem um filho brigão (Briguela), entre outras ressignificações apresentadas ao longo do texto.

Nesse sentido, houve uma ampliação das possibilidades criativas a partir do trabalho com essas máscaras que, aliadas à capacidade de improviso que o jogo com a Commedia dell‟arte exige, à assimilação de temáticas do cotidiano – outra característica desse gênero teatral – à utilização de músicas, de dança, à exploração da capacidade de estar atento a tudo que acontece a sua volta, buscando um diálogo com seu parceiro de cena e com a plateia, ampliaram o repertório criativo dessas professoras da Educação Infantil. A experiência da Trupe da Alegira constitui-se em um processo formativo à linguagem teatral e uma possibilidade de diálogo do teatro com o universo da infância.

Não coube a esta pesquisa avaliar como essas informações geradas no corpo e na vivência dessas professoras foi transposta a sua prática e se já foi, uma vez que, acredito que haverá ainda um período de maturação desse conhecimento. Mas, percebo em suas falas e nas falas de pessoas que trabalham com essas professoras que elas estão mais sensíveis, buscando mobilizar as professoras de suas unidades a criarem grupos de teatro, ou, naquelas que já possuem, tem tomado frente na realização de novas propostas. Naquelas que já trabalhavam com contações de histórias, houve uma ampliação de seus olhares sobre essa relação

com o universo lúdico da criança e com as possibilidades expressivas do trabalho corporal.

Por meio desse trabalho desenvolvido junto às professoras de Educação Infantil, constatei que, além de uma formação ao trabalho teatral, foi realizada uma educação estética também, e essa não se ensina em uma disciplina, com tempo e espaço delimitados; perpassa toda a vida e atravessa o cotidiano para além dos muros da creche, da escola.

Existe o interesse de continuarmos com a Trupe da Alegria, de levarmos o espetáculo Uma Creche Divertida e Colorida para outras unidades que não puderam assistir. Pensamos em agregar outros professores para a criação de novos espetáculos e, quem sabe, para a criação de núcleos de estudos teatrais em algumas unidades de Educação Infantil. Temos o interesse de realizar experimentações cênicas com as crianças, transformando nossa prática em novas pesquisas.

Enfim, não sabemos ainda que rumos esse trabalho tomará, creio que ele não se encerra aqui. Acredito que esse trabalho tem potencial para causar uma reflexão sobre os ganhos que o professor da Educação Infantil adquire ao trabalhar com sua pessoalidade, sua sensibilidade. Potencial para refletir sobre os ganhos que as crianças têm em assistirem um trabalho criado especialmente para elas, que busca tocá-las, sensibilizá-las, formar seus olhares. O ganho que a instituição prefeitura, estado, etc., recebe ao trabalhar com profissionais motivados, possuidores de um conhecimento sensível que possa ser explorado com suas crianças e com seu pares. E por fim, o ganho que o universo acadêmico recebe ao formar profissionais que estejam preocupados com a realidade concreta, que estejam preocupados não apenas com a construção de teorias, mas com a aplicação prática dessas para o desenvolvimento do ser, foco principal de qualquer ciência humana.