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4 RESULTADOS E ANÁLISE DA PESQUISA

4.1 SISTEMA MANDALLA DHSA

4.1.6 Perspectivas futuras, sonho e visão para a Mandalla

“O meu sonho é contribuir para que as pessoas sejam donas delas próprias, o meu sonho é que elas se reestruturem para que o potencial da juventude não fique perdido, desperdiçado.” (Willy - TV CÂMARA, 2005)

O projeto Mandalla tem a expectativa de contribuir para a redução dos desmatamentos anuais e das queimadas, que vem agravando o processo de assoreamento dos nossos mananciais, e também do processo de desertificação de grandes áreas do Estado. Esperamos também contribuir para a redução do uso de agrotóxicos e demais insumos químicos, que além de causar danos durante a sua aplicação, causam danos também aos trabalhadores, danos muitas vezes irreversíveis ao meio ambiente também, e que oneram sobremaneira o custo de produção. Também esperamos

contribuir para uma produção de alimentos saudáveis, sem resíduos tóxicos, e também com isso, esperamos que os produtores passem a ter uma adoção de práticas agrícolas de base agroecológica, que venham a contribuir para a preservação ambiental, e com isso também a redução dos seus custos de produção. (Ximenes - AGÊNCIA MANDALLA, 2012d)

Uma vez que o processo DHSA tem uma metodologia com vários desdobramentos, a Horta Mandalla passa a ser um dos seus instrumentos, embora ela seja percebida como se fosse apenas ela. Esclarecendo, nas palavras de Willy,

“[...] o processo é DHSA, a metodologia é Mandalla, e a Mandalla em si é um dos instrumentos.” (Willy – entrevista 6) Então não é só a Mandalla, o processo é educar a cidade para consumir e capacitar o campo para produzir, é informação para gerar a organização do conhecimento, transformando em resultados. É o aproveitamento do potencial produtivo já existente na eliminação de desperdícios e na geração de oportunidades, ocupação e renda. É a formação de negócios justos.

Então Mandalla é também um conjunto, o processo todo, que inclui a horta circular como uma das tecnologias sociais, a educação e capacitação que são as escolas, a agroindústria e comercialização da produção. Tudo começa a partir de uma unidade de produção familiar, e quando se tem seis, passa a ter uma teia, onde existe a AGM (Agência Mandalla), a UniMandalla (Unicenter), a TWM (Total World Movement), a Alquimia, a Universidade Aberta, e a Agroindustrialização de Negócios Justos.

Willy relata que é motivado a continuar por persistência, porque “[...] acredito muito nas idéias, e quero ver dar certo. Na hora que penso que acabou, é o começo.

Começa a continuação. Processo Mandalla é o DHSA, esse é o gene do processo.

Primeiro eu pensei que era só a Mandalla, mas depois foi abrindo as complementações”. (Willy – entrevista 6)

A AGM fica em João Pessoa e cuida das relações interinstitucionais, formação de projetos, relações instituicionais, representações e captação de recursos. O Unicenter é responsável pela pesquisa e desenvolvimento, e o TWM é para fazer a parte da comercialização, ainda não existe.

Na idealização do processo completo, segundo Willy (entrevista 6), cada uma dessas empresas tem sua complementação, ou seja, expansão de crescimento:

Da AGM foi criada a Alquimia, é uma outra OSCIP, é uma co-irmã da Agência Mandalla e que trabalha hoje com o Projeto do Pró-Jovem.

O Unicenter futuramente vai ter uma Universidade Aberta UniMandalla, tipo a Earth, para que os estudantes de todo o Brasil, filhos de agricultores sejam capacitados, possam se formar e ganhar seu dinheiro. A partir deles será formada uma teia de redes da Mandalla, sendo que cada um irá trabalhar com 24 agricultores na sua região. A idéia é que o estudante vá à Universidade Aberta UniMandalla e fique lá por 6 meses, aprendendo e praticando, aí ele volta para sua casa e aplica o que aprendeu, nos próximos 6 meses. No próximo semestre ele volta à Universidade para aprender coisas novas e ampliar sua experiência com a troca na turma, e volta para casa novamente. Faz isso por três anos seguidos para completar a sua formação.

E o TWM vai se encarregar de fazer a comercialização e a industrialização da produção dessa teia de redes que irá se formar, com Marca Mandalla, fortalecendo o campo e fazendo acontecer a Agroindustrialização de Negócios Justos.

Para que este sonho se torne real, é necessário que existam células de produção (CP) em cada município, sendo cada uma composta por 96 unidades de produção rural familiar (UPRF). Se no processo ideal, para cada 24 UPRF tem 1 técnico, serão 4 técnicos em uma CP. A cada 24 UPRF é uma empresa, um conjunto que faz parte do grupo de 48 e 96. São 18 grupos de 6 na célula de 96, e para cada 24 teria um representante, e em 96 seriam 4 representantes, para ter um conselho de desenvolvimento, composto por 4 técnicos agrícolas, 1-2 assistentes sociais, e 4 representantes de agricultores, formando no total 5-6 pessoas no conselho, responsáveis pelo planejamento da gestão social. Quando tem duas CP, tem esse conselho formado por 10-12 pessoas para 192 famílias. Reunindo 2 CP são no total 192 famílias e tem capacidade para gerar 6 agroindústrias: carne e derivados, hortaliças e derivados, plantas medicinais e ornamentais e derivados, leite e derivados, frutas e derivados e reflorestamento e apicultura e derivados. Mas, lembra Willy, “[...] primeiro eu me alimento e a minha família, o excedente eu vendo, junto com os 192 vou fazer volume”. (Willy – entrevista 6)

“Aí vamos para parte econômica, o ponto de tudo. 192 famílias, na unidade de produção a essas alturas elas já aprenderam a comer e não estão mais comprando o que consomem, o excedente estão vendendo, já estão na parte da agroindustrialização em conjunto. Então nós pretendemos que com tudo isso cada família esteja ganhando no mínimo R$ 1.700,00 por mês. Se você tem R$ 1.700,00 vai contribuir com R$ 200,00 para um fundo de desenvolvimento comum. Tem alimentação, tem a sua casa, ainda ganha mais R$ 1.500,00 e ainda contribui para o fundo com R$ 200,00. O fundo de desenvolvimento comum de 192 famílias, é divido em dois fundos, um, o fundo de melhoria da qualidade de vida, e outro, fundo de melhoria da produtividade econômica. Então R$ 100,00 de cada família vem pra cá, e mais R$ 100,00 pra cá, então vai ter R$ 19.200,00 por mês para cada fundo.

As famílias agora são empresários e vão fazer seu plano de saúde com esses R$ 19.200,00 oferecem R$ 4.000,00 para o plano atende-los, e nem vai adoecer muito porque estão comendo bem. Vai pagar as assistentes sociais R$ 2.000,00 cada uma, são R$ 4.000,00. Os técnicos capacitados por sua vez fazem parte também, vão ganhar da parte de produção que vão gerenciar, e tem o negócio deles, não ganham nada daqui. Mais R$ 3.000,00 para dentista. Vem agora mais 10 professores R$ 500,00 para meio expediente, da própria comunidade, re-investe na comunidade local. Dá mais R$ 5.000,00. Total R$ 16.000,00 sobram R$ 3.200,00 para guardar. Da qualidade de vida vai ter educação, saúde, bem estar social, cidadania, tudo aqui. O outro fundo tem R$ 19.200,00 por mês, dá R$ 230.400,00 no ano, só que em 5 anos essas 192 famílias tem um lastro de R$ 1.152.000, isso acaba com o banco, eles não vão mais pedir dinheiro emprestado no banco, vão ter a cooperativa deles. Com isso aqui, cada grupo de 192 famílias vai ter isso aqui em 5 anos. A repercussão disso num município, ia ser boa.” (Willy – entrevista 6)

Essa visão de futuro estruturada e até quantificada, ainda é um sonho que está à procura de parceria para se concretizar, uma tentativa que talvez possa interessar a algum gestor público, por poder trazer prosperidade e saúde à comunidade, mas que irá precisar de muito trabalho e dedicação das pessoas envolvidas.

Conhecendo a visão, missão e ações do Sistema Mandalla DHSA, a seguir será apresenta a pesquisa para a verificação do estudo caso, quanto ao Design Thinking e a Sustentabilidade, tendo sido feitas com base nos critérios da Definição Constitutiva e Operacional deste trabalho (ver Tabela 11: Características do Design Thinking e critérios de identificação).