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3 METODOLOGIA

3.3 DESENHO DA PESQUISA

3.3.2 Processo da pesquisa: qualitativa

Quanto ao processo da pesquisa ser qualitativo, num primeiro olhar, métodos qualitativos diferem de métodos quantitativos porque se ocupam de variáveis que não podem ser medidas, apenas observadas. A pesquisa qualitativa é caracterizada como sendo subjetiva, pois envolve examinar e refletir as percepções para obter compreensão de fenômenos relacionados às pessoas.

De acordo com Creswell (2010, p. 26):

A pesquisa qualitativa é um meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humano. O processo de pesquisa envolve as questões e os procedimentos que emergem, os dados tipicamente coletados no ambiente do participante, a análise dos dados indutivamente construída a partir das particularidades para os temas gerais e as interpretações feitas pelo pesquisador acerca do significado dos dados.

Segundo Martins (2006, p. xi) a “[...] pesquisa qualitativa é caracterizada pela descrição, compreensão e interpretação de fatos e fenômenos”, envolvem o exame e a reflexão das percepções para obter um entendimento de atividades sociais e humanas. Portanto, refere-se ao significado que caracteriza alguma coisa, buscando o que e não o quanto.

3.3.3 Método estudo de caso

Como método foi utilizado o estudo de caso. Yin (2005) define o estudo de caso como único e múltiplo. Nesta pesquisa, o método de estudo de caso foi único.

Essa estratégia de pesquisa é própria para a construção de uma investigação empírica que pesquisa fenômenos dentro de seu contexto real, com pouco controle do pesquisador sobre eventos e manifestações do fenômeno, afirma Martins (2006).

O autor ainda complementa observando que, “[...] sustentada por uma plataforma teórica, reúne o maior número possível de informações, em função das questões e proposições orientadoras do estudo, por meio de diferentes técnicas para levantamento de dados e evidências”. (MARTINS, 2006, p. 9)

Yin (2005) afirma que os estudos de caso são realizados em investigações empíricas que estudam um fenômeno contemporâneo inserido em seu contexto de vida real, onde os limites entre o fenômeno estudado e o contexto não são

claramente definidos. Os estudos de caso são especialmente recomendados para exploração de processos e comportamentos dos quais há uma compreensão limitada, de modo que possibilitam a geração de pressupostos explicativos e elaboração de teorias. Ainda, a escolha pela utilização do método de estudo de caso se deu pela capacidade das provas e resultados obtidos nesse tipo de investigação serem consideradas mais convincentes e, de forma geral, proporcionarem maior robustez ao estudo em questão (YIN, 2005).

Godoy et al. (2006) ainda destaca que muitos estudos de casos se constituem em uma combinação de interpretação e descrição. O estudo de caso é considerado descritivo “[...] quando apresenta um estudo detalhado de um fenômeno social que envolva, por exemplo, sua configuração, estrutura, atividades, mudanças no tempo e relacionamento com outros fenômenos.” (GODOY et al., 2006, p. 124).

Godoy et al. (2006) complementa que no estudo de caso não se procuram manipular variáveis nem antecipar os resultados esperados por meio de hipóteses estabelecidas no formato se-então. Assim o pesquisador não se limita a um conjunto de variáveis, o que lhe dá oportunidade de encontrar variáveis e relações não imaginadas.

No estudo de caso, o trabalho de campo deverá ser precedido por um detalhado planejamento, a partir de ensinamentos advindos do referencial teórico e das características próprias do caso. Incluirá a construção de um protocolo de aproximação com o caso e de todas as ações que serão desenvolvidas até se concluir o estudo. Inclui as ações necessárias para todas as fases de um estudo de caso: etapa exploratória, planejamento, coleta de dados e evidências, análise dos resultados e apresentação do relatório. (MARTINS, 2006, p. 9-11)

Segundo o autor Martins (2006), seguem algumas considerações importantes para cada uma das etapas do estudo de caso:

Para a primeira etapa exploratória o investigador deverá efetuar uma revisão bibliográfica, ou seja, “[...] construir a plataforma teórica da pesquisa, procedendo um levantamento de referências que dêem suporte e fundamentação teórico-metodológica ao caso que pretende estudar.” (p. 18)

Segundo passo é efetuar o planejamento da pesquisa. Um projeto bem construído permitirá evidências de confiabilidade e validade dos achados da pesquisa, condição fundamental de um estudo científico. Em síntese, o planejamento de um estudo de caso deve tratar de todo o processo de construção de uma pesquisa:

“[...] questões a responder, fixação de parâmetros, elaboração de protocolo, estratégia para coleta de dados, como analisar os resultados, como dar significância ao estudo e aos achados, redação e edição do relatório.” (p. 67)

A terceira etapa caracteriza-se pela coleta de dados e evidências, após as devidas definições constitutivas e operacionais das variáveis do estudo, selecionar as técnicas de coleta de dados que melhor atendem ao problema de pesquisa. A observação consiste em um exame minucioso que requer atenção na coleta e análise dos dados. Observar não é apenas ver, é uma técnica que utiliza os sentidos para obtenção de determinados aspectos da realidade. Já a entrevista é uma técnica cujo objetivo básico é entender e compreender o significado que os entrevistados atribuem a questões e situações, em contextos que não foram estruturados anteriormente, com base nas suposições do pesquisador. Na condução de uma “[...] entrevista não estruturada, ou uma entrevista semi-estruturada, o entrevistador busca obter informações, dados e opiniões por meio de uma conversação livre, com pouca atenção a prévio roteiro de perguntas.” (p.

27). Quanto ao protocolo, é um instrumento orientador e regulador da condução da estratégia de pesquisa. O protocolo constitui-se em um forte elemento para mostrar a confiabilidade de uma pesquisa. O seu ponto central é um “[...] conjunto de questões, sendo que cada questão deve vir acompanhada de uma lista de prováveis fontes de evidências e do instrumento de coleta que poderá ser utilizado.” (p. 74)

Na quarta fase, da análise dos resultados, de maneira geral consiste em examinar, classificar, categorizar, informações coletadas. Poderá ser utilizada a técnica da triangulação, na qual a convergência de resultados advindos de fontes distintas oferece um excelente grau de confiabilidade ao estudo. “Existe quatro tipos de triangulação: de fontes de dados, de pesquisadores, de teorias e de abordagens metodológicas” (p. 80). “As triangulações de dados e o encadeamento de evidências, eventualmente realizados junto com o trabalho de campo, irão dar força, confiabilidade e validade aos achados da pesquisa e às conclusões formuladas.” (p. 86)

Martins (2006) ainda destaca que, em um trabalho científico com abordagem metodológica de estudo de caso, “[...] os critérios para torná-lo digno de expressividade, significância, enfim, qualidade, são extremamente rigorosos”

(MARTINS, 2006, p. 89), necessariamente devem incluir validade e confiabilidade. A validade é um critério de significância, eficácia de uma pesquisa, ou instrumento de medidas, ou seja, “[...] refere-se ao grau em que os achados, as respostas às questões da pesquisa, realmente expressam os propósitos da pesquisa” (MARTINS, 2006, p. 92). Um instrumento de pesquisa é considerado válido quando mede aquilo que se propõe a medir, portanto, a validade de uma pesquisa depende da adequação de todo o processo de investigação em relação ao que se quer pesquisar. Muitos autores sustentam que a validação em pesquisa qualitativa é obtida por triangulação. E “[...] a confiabilidade de uma pesquisa, é a sua coerência, determinada através da constância dos resultados, ou seja, é a confiança que a mesma inspira” (MARTINS, 2006, p. 90). “Uma pesquisa confiável, ou fidedigna, é consistente porque fornece resultados estáveis” (MARTINS, 2006, p. 91). Refere-se ao grau em que repetidas aplicações nas mesmas situações produzem resultados iguais.

De toda forma, o sucesso de um estudo de caso, segundo Martins (2006, p.

3), “[...] depende da perseverança, criatividade e raciocínio crítico do investigador para construir descrições, interpretações, enfim, explicações originais que possibilitem a extração cuidadosa de conclusões e recomendações”.

Seguem as definições práticas adotadas para a realização deste estudo.

3.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA E UNIDADES DE PESQUISA

De acordo com Yin (2010) a escolha por um estudo de caso é relevante quando ele representa um caso raro que valha a pena documentar ou sirva a um propósito revelado. Neste contexto, a escolha para esta pesquisa foi por um projeto que trabalhasse com algum problema complexo da sociedade, relevante portanto, e que tivesse cerca de dez anos de atuação, demonstrando assim alguma efetividade naquilo a que se propõe.

A problemática da fome e da miséria foi escolhida por estar configurada como uma das mais graves situações existentes neste início do século XXI, comprovada pelo fato de ser objeto do primeiro objetivo das metas do milênio, definidas pela ONU: acabar com a fome e a miséria.

A escolha e definição do estudo de caso pelo Sistema Mandalla DHSA, se deu por apresentarem uma perspectiva de ação voltada à sustentabilidade e pelo

breve e prévio conhecimento desta organização pela pesquisadora no ano de 2004, o que facilitou a aproximação e comunicação junto à equipe desta instituição localizada no Estado da Paraíba. A Mandalla atua no Brasil desde 2003 com o objetivo de combater a fome e a miséria, através do fomento e desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis de agricultura familiar.

Justifica-se o trabalho nesta organização, por não existirem estudos que mostrem ou que tenham mapeado a perspectiva do Design Thinking, e se existe relação deste com a sustentabilidade, neste caso.

A população envolvida na pesquisa foram gestores, participantes e usuários do projeto, tanto por parte da instituição quanto da comunidade envolvida e beneficiada.

Em relação ao horizonte de tempo pesquisado, o presente estudo teve perspectiva longitudinal, desde a concepção da idéia da Agência Mandalla até o momento atual, ou seja, o estudo foi feito considerando 12 anos: de 2000 a 2012.

Na escolha da unidade de análise, Creswell (2010) ressalta como necessário, estabelecer as fronteiras de interesse da pesquisa. Assim ficou definida para esta pesquisa, as pessoas que compõe a equipe da Agência Mandalla DHSA, seus parceiros e seus usuários finais, como unidades de análise.