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CAPITULO 1 – Violência nas escolas nas agendas de pesquisa e de políticas públicas

1.2 Mensurando o problema: pesquisas e dados

1.2.1 Pesquisas sobre violência nas escolas no Brasil

partir do aumento da visibilidade do tema impulsionado pela eclosão da questão da violência urbana. Neste momento, segundo Sposito (2001a), apesar da inexistência de um programa nacional de investigação sobre o tema proposto pelo poder público, os primeiros diagnósticos foram realizados por iniciativa dos governos, como forma de obter um quadro da magnitude e extensão do problema. Em consonância com a literatura internacional, são diversas as dificuldades encontradas nesse tipo de registro – como a descontinuidade das pesquisas e do monitoramento do fenômeno, a resistência das escolas em registrar as ocorrências, as mudanças na gestão e consequentes alterações nos procedimentos, entre outros –, de modo que as informações produzidas sejam bastante precárias. Ainda assim, os resultados dessas pesquisas parciais apontaram como principais problemas de violência nas escolas à época as depredações, os furtos e as invasões em períodos ociosos (SPOSITO, 2001a).

No âmbito acadêmico, a autora destaca a existência de apenas dois trabalhos sobre o tema na década de 1980, a saber, as pesquisas de mestrado e doutorado de Guimarães (1984, 1990). Os estudos, realizados na cidade de Campinas (SP), foram uma primeira iniciativa de abordar o tema da violência nas escolas e ao mesmo tempo deslocar o foco das questões de segurança. Procuraram discutir as práticas autoritárias dos estabelecimentos escolares como estimuladoras de um clima de agressão, traduzido nas situações de depredação e invasão.

Já na década de 1990, novos estudos foram realizados por organismos públicos, ao mesmo tempo em que diagnósticos e pesquisas descritivas começaram a ser produzidos por organizações não governamentais e entidades de profissionais da educação, como sindicatos de docentes e associações de diretores (SPOSITO, 2001a). Todavia, como aponta a autora, a maior parte dos levantamentos nacionais produzidos neste momento caracterizou-se como surveys amplos realizados com jovens, nos quais a relação entre violência e escola foi abordada entre outras variáveis de análise, sem constituir o tema central dos estudos. Uma pesquisa nacional específica sobre a temática foi realizada na referida década, com apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Esse levantamento, coordenado por Codo (1999), foi conduzido apenas com professores dos sistemas públicos de ensino do país e revelou como principais situações: a) depredações ao patrimônio, furtos e roubos; b) agressões físicas entre alunos; c) agressões de alunos contra professores.

A análise do conjunto de pesquisas desenvolvidas nesse período –locais ou nacionais, específicas ou não sobre o tema da violência nas escolas – permite constatar que, embora os

resultados sejam bastante fragmentários, os anos 1990 apontaram mudanças no padrão da violência observada nas escolas públicas, abrangendo não só os atos de vandalismo, que continuaram a ocorrer, mas as práticas de agressões interpessoais, sobretudo entre o público estudantil. Entre estas últimas, as agressões verbais e ameaças foram as mais frequentes. O fenômeno alcançou as cidades médias e regiões menos industrializadas e não foi evitado a partir de medidas de segurança interna aos estabelecimentos (SPOSITO, 2001a)

Ainda segundo a autora, a década de 1990 foi também marcada pelo aumento da produção acadêmica sobre o tema, principalmente a partir de teses e dissertações desenvolvidas na área de educação, as quais buscaram analisar as relações entre a vida escolar e a violência urbana, principalmente em bairros periféricos e favelas e em regiões onde havia narcotráfico ou crime organizado. Além desses trabalhos, foram também publicados artigos e livros sobre o tema, os quais “embora não retratem diretamente resultados de pesquisa, examinam reflexivamente a questão, sob aportes teóricos diversos” (SPOSITO, 2001a, p. 95).

Entre as principais reflexões trazidas por estes estudos, verifica-se que a violência social e urbana apresenta intersecções importantes com o desenvolvimento da violência nas escolas no Brasil, mas não pode ser considerada como a única explicação para o fenômeno. Este seria agravado por fatores como a falta de serviços públicos de natureza social, a expansão do ensino público sob condições precárias, as alterações no mundo do trabalho (de modo que a escola não seja mais um caminho seguro de mobilidade social), além da emergência de um padrão de sociabilidade entre os jovens marcado por práticas violentas e agressivas, o qual se dissocia dos fenômenos da delinquência e da criminalidade e aproxima- se das discussões sobre “incivilidade”, abrindo espaço para novas agendas de pesquisa.

Nos anos 2000, os principais levantamentos nacionais realizados especificamente sobre tema no país foram conduzidos sob o escopo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e abordaram os diversos tipos de violência encontrados no ambiente escolar, além de discutirem a questão das drogas (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 2003). Destacaram-se nesse sentido os estudos “Pesquisa Nacional Violência, Aids e Drogas nas Escolas”, realizada em 2001, e a pesquisa “Cotidiano das Escolas: entre violências”, efetivada entre 2003 e 2004.

A “Pesquisa Nacional Violência, Aids e Drogas nas Escolas”, coordenada pelas pesquisadoras Miriam Abramovay e Maria das Graças Rua (2002), foi realizada em escolas públicas e privadas de Ensino Fundamental e Médio de 14 capitais brasileiras, em todas as

regiões do país. A pesquisa envolveu diretores de escolas, membros do corpo técnico- pedagógico, policiais, agentes de segurança, vigilantes e inspetores/coordenadores de disciplina, além de professores, alunos e pais. A partir de uma abordagem extensiva (aplicação de questionários) e compreensiva (entrevistas individuais e grupos focais), o estudo buscou captar a manifestação de violências físicas, simbólicas e incivilidades nas escolas.

Entre os principais resultados do trabalho, o primeiro de tal magnitude no país, destacou-se a violência contra a pessoa – principalmente as violências físicas, caracterizadas por ameaças e brigas – como o aspecto mais explícito da violência nas escolas brasileiras. Chamaram a atenção os percentuais de relatos de abuso sexual e de presença de armas de fogo e de armas brancas (facas, estiletes, canivetes) no ambiente escolar. A violência contra o patrimônio revelou-se também uma constante, representada pelos furtos e roubos. Segundo os respondentes, as ocorrências mais graves desse tipo de violência seriam cometidas por pessoas de fora da escola, enquanto pessoas da própria instituição seriam responsáveis pelas violências menos graves. Além disso, os atos de vandalismo apareceram com frequência, principalmente nas escolas públicas e associados a administrações escolares autoritárias, indiferentes ou omissas.

Este quadro – que corrobora os resultados de pesquisas internacionais, revelando que as microviolências ou incivilidades, e não os grandes eventos de sangue, constituem a principal forma da violência nas escolas – não deixa de apresentar consequências preocupantes. Nesse sentido, a pesquisa demonstrou que as situações de violência nas escolas foram apontadas pelos alunos como causa de desinteresse, falta de concentração nos estudos, perda de dias letivos, além de provocarem sentimento de revolta, medo e insegurança. Entre os professores, as principais consequências indicadas foram o absenteísmo, a perda de estímulo para o trabalho, o sentimento de revolta e a dificuldade para se concentrar nas aulas (ORGANIZAÇÃO..., 2003).12

Já a pesquisa “Cotidiano das Escolas: entre violências”, realizada dois anos mais tarde e também coordenada por Miriam Abramovay (2005), foi desenvolvida em cinco capitais brasileiras (Belém, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre) e no Distrito Federal

12 Para além das irreparáveis consequências que tal realidade ocasiona aos níveis de aprendizagem no país, este quadro de violência escolar implica ainda um alto custo para o Estado, segundo pesquisa divulgada em 2010 pela organização britânica Plan International e o Instituto Overseas Development (ODI). Considerando-se a perda de ganhos de uma pessoa que deixa de comparecer à aula ou que desiste da escola por causa da violência e as perdas do investimento público em educação devido às faltas dos alunos, o referido estudo estima o custo da violência escolar no Brasil em cerca de US$ 943 milhões por ano.

com professores, diretores, integrantes da equipe técnica das escolas e policiais/seguranças, além de alunos a partir do 6º ano do Ensino Fundamental e de todo o Ensino Médio. O estudo foi realizado em escolas urbanas, estaduais e municipais, e trabalhou com temas como agressões verbais e físicas, ameaças, furtos, armas, discriminação racial, gangues, entre outros. Combinando análises de vitimizações sofridas e praticadas e de percepções sobre o cotidiano da escola, o estudo confirmou resultados da pesquisa anterior sobre a incidência destas situações nas escolas, ao mesmo tempo em que avançou em uma investigação qualitativa e apresentou importantes análises sobre o que estas situações representavam para os diferentes atores envolvidos, para o cotidiano escolar e para o processo de aprendizagem.

Estes estudos específicos sobre violência nas escolas foram complementados nos anos 2000 por outras pesquisas que, embora mais abrangentes, trataram também do fenômeno. É interessante ressaltar que, nesse momento, o poder público volta a produzir dados sobre o tema, não mais pautado pela ótica do registro de ocorrências e sim aproximando-se das metodologias de pesquisa de percepção e vitimização. São exemplos desse novo momento: a) a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada em 2009 e 2012, por meio de parceria firmada entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2009; 2013); b) o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), desenvolvido pelo Ministério da Educação, que desde 2003 inclui um questionário de contexto que aborda questões sobre violência e clima dentro da sala de aula.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar foi realizada com alunos do 9º ano (8ª série) do Ensino Fundamental nas capitais e no Distrito Federal. Nas duas edições, apresentou uma seção sobre “Acidentes, Violência e Segurança”, em que trabalhou com aspectos como: segurança dos adolescentes no trajeto casa-escola ou na escola, ocorrência do bullying, uso da violência física, envolvimento em brigas com arma branca ou de fogo, entre outros temas. Como é possível perceber na Tabela 1, as experiências relatadas de falta de segurança na escola ou no trajeto para a escola foram expressivas, com aumento entre as duas edições. Também cresceu o envolvimento dos estudantes em brigas nas escolas com armas de fogo ou brancas e, embora não tenha correspondido à maioria dos respondentes, revelou-se preocupante. É interessante também destacar que, para a maior parte dessas perguntas, em ambas as tomadas da pesquisa, os percentuais dessas experiências foram mais elevados entre os alunos do sistema público de ensino.

Tabela 1 – Proporção de escolares frequentando o 9º ano do Ensino Fundamental, por questões ligadas a acidentes, violência e segurança. Capitais e Distrito Federal – Brasil – 2009-2012

Questões ligadas a acidentes, violência e segurança 2009 2012

Não compareceram à escola por falta de segurança no trajeto

casa-escola 6,4% 8,8%

Não compareceram à escola por falta de segurança na escola 5,5% 8,0% Estiveram envolvidos em alguma briga na qual alguma pessoa

usou arma branca 6,1% 7,3%

Estiveram envolvidos em alguma briga na qual alguma pessoa

usou arma de fogo 4,0% 6,4%

Estiveram envolvidos em alguma briga na qual alguém foi

fisicamente agredido 12,9% - (1)

Foram seriamente feridos uma ou mais vezes (2) - (1) 10,3%

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009 e 2012.

(1) Pergunta inexistente na edição. (2) Nos 12 meses anteriores à pesquisa. Nota: Nos 30 dias anteriores à pesquisa.

O Sistema de Avaliação da Educação Básica é aplicado desde o início dos anos 1990 e busca avaliar a qualidade do ensino e da aprendizagem no país, considerando as condições socioeconômicas em que esses processos se desenvolvem (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2006). Com esse objetivo, o sistema inclui provas de conteúdo (português e matemática) e também questionários contextuais que são respondidos por alunos, professores e diretores. Em 2003, foi realizada uma revisão desses questionários de contexto, definindo-se “novos construtos a serem investigados de acordo com o cenário das políticas públicas educacionais, e, se possível, de outras políticas sociais em voga” (INSTITUTO NACIONAL..., 2006, p. 173). Foi nesse contexto que o tema da violência nas escolas – e temas como trabalho infantil, programa Bolsa-Escola, entre outros – passou a ser parte do questionário de avaliação. Em 2005, o Saeb foi reformulado13 e os questionários de contexto passaram a compor a chamada

13 Por meio da Portaria Ministerial nº 931, de 21 de março de 2005, o Saeb passou a ser composto por dois tipos de avaliação: a Avaliação Nacional da Educação Básica (que mantém as características de avaliação amostral nas redes públicas e privadas, com foco na gestão da educação básica, que vinha até então sendo realizada) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar, conhecida como Prova Brasil (que é criada no intuito de atender à demanda por informações sobre o ensino oferecido de modo particular em cada município e escola e é aplicada, com característica censitária, em todas as escolas que atendam aos critérios de quantidade mínima de estudantes).

Prova Brasil, mantendo-se as perguntas relacionadas ao tema da violência.

Como analisam Becker e Kassouf (2012), os dados coletados pelo Saeb/Prova Brasil entre 2003 e 2009 indicaram uma redução de 18% no número de escolas que relataram a ocorrência de crimes contra o patrimônio (como furtos, pichações e depredações). Apesar da diminuição, essa situação foi relatada por 40% das escolas participantes.14 No mesmo período,

os crimes contra a pessoa (como roubo e atentado à vida) aumentaram 5%, atingindo 10% das escolas em 2009. Quanto ao relato de agressões entres os alunos, também houve aumento entre 2003 e 2009 (crescimento de 25% das agressões verbais, atingindo 65% das escolas em 2009, e de 55% das agressões físicas, relatadas por 41% das escolas no mesmo ano).

Por fim, o estudo mais recente de abrangência nacional que aborda o tema da violência nas escolas brasileiras parece ser o levantamento feito em setembro de 2014 pelo instituto de pesquisa Data Popular, por encomenda da CNTE em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (SINDICATO DOS PROFESSORES..., 2014). A partir de questionário presencial aplicado a uma amostra de 3 mil pessoas com mais de 16 anos, nas cinco regiões do país, a pesquisa apontou que a falta de segurança na escola eraconsiderada como o principal problema da educação pública no Brasil. No mesmo sentido, “ter segurança” foi o fator indicado pelos respondentes como o mais importante para que a escola seja de qualidade.

Quanto aos tipos de violência identificados na escola, a maior parte dos respondentes que tem algum filho estudando indicou as agressões verbais (40%) e físicas (35%) como as situações mais frequentes de que tomaram conhecimento. 15

14 As informações apresentadas no texto e nos gráficos do artigo geram dúvidas sobre se essas ocorrências referem-se apenas a pessoas externas à escola ou também a membros da comunidade escolar.

15 A pergunta feita apresentava a possibilidade de identificação de três problemas, em ordem e prioridade, a partir de uma lista fechada. O dado apontado pelo relatório indica que a falta de segurança é a alternativa mais mencionada pelos participantes como a primeira resposta à pergunta. No entanto, o relatório não apresenta o

ranking das alternativas considerando o total de alternativas apontadas pelos respondentes e as três respostas

Gráfico 1 – Proporção percentual de respondentes, por principal problema da educação pública hoje – Brasil – 2014

Fonte: SINDICATO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO

PAULO . Educação: Motor de um país melhor. 2014.

Gráfico 2 – Proporção percentual de respondentes, por fator mais importante para que a escola seja de qualidade – Brasil – 2014

Fonte: SINDICATO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO

PAULO . Educação: Motor de um país melhor. 2014.

Gráfico 3 – Proporção percentual de respondentes, por tipo de violência ocorrida na escola do(a) filho(a) – Brasil – 2014

Fonte: SINDICATO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO

PAULO. Educação: Motor de um país melhor. 2014.

28 15 9 9 6 6 6 4 4 3 8 0 1

Falta de segurança na escola / Violência Alunos desrespeitosos Professores desmotivados Professores ganham pouco Alunos não aprendem Professores mal preparados Falta de infraestrutura Não ter reprovação / não repetir de ano Falta de interesse dos alunos Poucos professores / Falta de professores Outros Nenhum NS/NR 27 17 14 14 10 9 5 4 1 Ter segurança Valorizar os professores e funcionários Ter aula em período integral Ter professores e funcionários com bons salários Reprovar o aluno que não aprende Ter bons equipamentos e infraestrutura Ter mais de um(a) professor(a) por sala Passar lição de casa NS/NR 40 35 23 21 16 12 9 4 3 1 38 1 Agressão verbal Agressão física Bullying Vandalismo Discriminação Furto/Roubo Roubo ou assalto a mão armada Violência sexual Assassinato Outros Nenhum NS/NR

Quanto à produção acadêmica mais recente sobre o tema, o banco de teses e dissertações da Capes revela, para o período de 2010 a 2014,16 54 trabalhos que apresentam –

em qualquer um dos campos – expressões como “violência escolar”, “violência nas escolas” ou “violência em meio escolar”, sendo o primeiro termo o mais prevalente. Entre essas pesquisas, encontram-se 43 dissertações de mestrado acadêmico, 2 dissertações de mestrado profissional17 e 9 teses de doutorado, sendo as principais áreas de conhecimento a que se

relacionam: Educação (24), Psicologia (9), Enfermagem (5), Direito (4) e Sociologia (4). É interessante notar que, entre os trabalhos, a maioria dedica-se a estudar os significados ou representações da violência escolar para os atores escolares (professores, alunos, diretores), havendo também um significativo número de trabalhos específicos sobre o bullying. Em menor escala, há também pesquisas sobre políticas públicas,18 mediação e justiça restaurativa,

além de análises sobre o papel da mídia.

Silva e Alves (2011) analisaram o diretório dos grupos de pesquisa do CNPq e encontraram, em janeiro de 2011, 16 grupos de pesquisa de universidades brasileiras trabalhando com o tema da violência escolar, entre os quais 7 eram constituídos especificamente a partir desta temática e dedicavam-se a pesquisá-la de modo exclusivo (p. 787). Estes grupos concentravam-se principalmente nas Regiões Sudeste (7) e Sul (4) do país, com poucos representantes nas Regiões Norte (2), Nordeste (2) e Centro-oeste (1). A maior parte estava vinculada às áreas de educação (7) e psicologia (6) e foi constituída entre 2002 e 2007.

Entre as principais orientações de estudo, identificadas a partir das produções acadêmicas desses grupos, foram mencionadas pelas autoras: pesquisas sobre medidas preventivas e interventivas na violência escolar, estudos sobre compreensão do fenômeno da violência e sua dinâmica na escola, discussões sobre as raízes históricas da violência escolar,

16 Em função de processo de atualização dos dados informados à Capes, atualmente estão disponíveis para consulta no banco de dados apenas os registros das teses e dissertações defendidas neste período, não tendo sido possível analisar os trabalhos produzidos no início dos anos 2000.

17 Como resultado da pesquisa, o banco de teses e dissertações apresenta quatro trabalhos de mestrado profissional sobre o tema. No entanto, verificou-se que três ocorrências referiam-se a um mesmo trabalho realizado em grupo, portanto, este foi considerado como uma única dissertação.

18 Foram encontrados oito trabalhos envolvendo análise de políticas públicas sobre violência nas escolas. A maior parte (quatro trabalhos) refere-se a estudos de implementação, havendo também duas pesquisas voltadas para a análise do desenho/objetivo de políticas, um estudo sobre disseminação e apenas um trabalho sobre o processo de formulação.

trabalhos sobre formas de expressão da violência escolar, incluindo o bullying, além de alguns poucos estudos que relacionavam as mídias com a questão da violência escolar.