• Nenhum resultado encontrado

Plano de Revitalização do Bairro do Recife Pólos de Intervenção e Estratégias

171dizem respeito à dificuldade de intervenção em áre-

10.2. Bairro do Recife Do Plano de Revitalização do Bairro do Recife ao Complexo Recife-Olinda

10.2.3. Plano de Revitalização do Bairro do Recife Pólos de Intervenção e Estratégias

Cais Cais

1

2

3

Setor de Revitalização Setor de Renovação Setor de Consolidação 1. Pólo Alfândega 2. Pólo Bom Jesus 3. Pólo Pilar

A inserção dos Pólos em análise nos setores de intervenção estabelecidos, definidos a partir do uso que se pretendia para cada um deles, reforça o caráter de cada área. Deste modo, enfatiza-se a “vocação” turística dos Pólos Alfândega e Bom Jesus, inseridos no setor de Revitalização, enquanto o Pólo Pilar, como parte do setor de Renovação, teria a habitação como elemento fundamental.

Cais Terminal Açúcareiro Cais Bairro do Recife: Setores de intervenção

Fonte dos dados: LACERDA, MARINHO, ZANCHETI, s.d., p. 30, mapa 13 FIGURA 10

188

Por fim, o terceiro setor, o Setor de Consoli- dação, seria destinado ao uso institucional, com um

padrão constante de ocupação dos lotes e das edifi- cações. Neste, de acordo com Vieira (2008, p. 130) haveria a manutenção do uso do solo vigente. Den- tre as áreas que compõem este setor estão o Pólo Capibaribe, que corresponde à utilização de áreas ociosas para a ampliação dos espaços de convívio e o Porto, com a utilização de parte do cais, da praça do Marco Zero até a extremidade sul, para criação de uma área de lazer e comércio varejista, para tu- ristas e habitantes.

Estabelecidas as formas de intervenção e iniciadas as atividades do Plano de Revitalização do Bairro do Recife, este passou a adquirir facetas dife- rentes ao longo do tempo, o que permite, de acordo com Vieira (2008), dividir a análise do projeto em pe- ríodos com características bastante distintas (Figura 11).

Ao primeiro período, que corresponde aos anos de 1993, início do Plano, até 1996, Vieira (2008, p. 136-138), dá a denominação de “Intervenções modernizadoras com tendência ao fachadismo”. Este período, segundo a autora, é de ascensão do Plano de Revitalização, com valorização econômica da área e exploração turística. Durante este período, espaços públicos foram recuperados, houve melho- rias no abastecimento de água, busca de parcerias entre as empresas privadas (para manutenção das praças), implantação do projeto Cores da Cidade e foi ainda aberto o Escritório de Negócios do Pólo. Este último tinha por objetivo aproximar interessados em investir na área e os proprietários dos imóveis.

Com isso, a partir do segundo semestre de 1995, os primeiros bares e restaurantes começaram a funcio- nar e a rua do Apolo passou a ser procurada como ponto turístico.

Dentre as intervenções realizadas neste pe- ríodo, Vieira (2008, p. 139), chama a atenção ainda para três fases com características distintas. A pri- meira delas corresponde ao primeiro semestre de 1993 e nela destaca-se a recuperação dos espaços públicos como a área entre a avenida Marquês de Olinda e a Praça Arsenal da Marinha, reabertura da avenida Alfredo Lisboa e recuperação da ponte Mau- rício de Nassau. A segunda fase refere-se ao segun- do semestre de 1993 e diz respeito à recuperação da Praça Arsenal da Marinha, Tiradentes, Marco Zero e Projeto Cores da Cidade nas fachadas dos prédios

da rua Bom Jesus. Por fim, no segundo semestre de

1995 e 1996 a rua do Apolo se torna a mais procura- da do Bairro do Recife.

Estas ações já indicam a tendência à va- lorização turística da área, aspecto que seria ainda fortalecido pela criação do Percurso da Memória, um trajeto cultural que valorizaria os pontos mais signi-

ficativos do Bairro, percorrendo marcos importantes

como a Igreja do Pilar, a Praça do Arsenal da Mari- nha, a rua do Bom Jesus e o prédio da Alfândega (LA- CERDA, MARINHO, ZANCHETI, s.d.). Estes pontos estão inseridos nos Pólos de intervenção destaca- dos neste estudo, respectivamente Pilar, Bom Jesus e Alfândega. Contudo, devido ao fato das obras de intervenção não terem se dado da mesma maneira em todos eles, não seria possível a consolidação do Percurso. Isso porque enquanto a rua do Bom Jesus

189

e seu entorno e a região da Alfândega recebiam os maiores investimentos, com a recuperação das edi-

ficações e dos espaços públicos e abertura de bares

e restaurantes, o acesso à Igreja do Pilar, localizada no centro da Comunidade de mesmo nome, não era possível ao visitante.

O acesso à área era dificultado pois o Pólo

Pilar demorou a passar pelo processo de recupera- ção previsto. Assim, tanto havia a problemática até então não solucionada da precariedade das habita- ções e condições de vida da população da Comuni- dade, mantendo-se uma imagem de marginalidade que afastava os visitantes do local e, com isso, impe- dia a consolidação do percurso, quanto nem mesmo a Igreja do Pilar fora recuperada no período, perma- necendo fechada à visitação (o restauro da Igreja foi

finalizado em Janeiro de 2013).

Este primeiro período aponta para a valo-

rização do Pólo Bom Jesus, área definida como de

concentração de lazer, diversão, cultura, turismo e comércio, fazendo parte do primeiro Projeto de Im- pacto64, assim como a reforma da Praça do Arsenal

da Marinha65, a transformação da Torre Malackoff em Centro da Música Pernambucana (hoje Centro de Exposições), o Terminal Marítimo de Passageiros e a reforma da Praça do Marco Zero, que passou a

se configurar como espaço para eventos.

64. Dentre estes setores de intervenção, alguns projetos se destaca- ram dentro da estrutura geral do Plano. Estas ações foram reunidas sob a denominação de Projetos Estruturadores, no qual se destacam os

Projetos de Impacto (Vieira, 2008, p. 132 – 135). O segundo Projeto de Impacto foi elaborado no Pólo Pilar.

65. Espaço para manifestações artísticas e culturais coletivas (Prefei- tura do Recife, ERBR, 2001; LACERDA, MARINHO, ZANCHETI, s.d.)

A proposta para o Pólo Bom Jesus dizia respeito à mudança de usos e adaptação dos edi-

fícios através de incentivos fiscais, marketing e par- cerias para custeio das obras, objetivando criar um Shopping Aberto66 nas ruas Bom Jesus e adjacen- tes (VIEIRA, 2008, p. 133). À área seria dado um

tratamento arquitetônico e paisagístico único, a fim

de que este fosse “reconhecido como projeto com- pleto em si mesmo” (Prefeitura do Recife, ERBR, 2001; LACERDA, MARINHO, ZANCHETI, s.d.). Es- tas características da forma de intervir aplicada ao Pólo Bom Jesus, valorizando atividades de caráter turístico, apontam para o viés econômico das ações

adotadas para a recuperação do patrimônio edifica- do. Este se revela através dos usos priorizados para a área, como bares e restaurantes. A forma de tra- tamento do Pólo, de forma dissociada dos demais, com atividades independentes, voltadas ao ócio, consumo e lazer, reforça ainda sua fragmentação em relação ao conjunto da cidade, passando a fun- cionar de forma autônoma.

O segundo período de intervenção, que cor- responde aos anos de 199767 a 2000, é marcado por uma importante caracterização das prioridades do projeto.

66. Este “Shopping Center” seria gerido por modelo condominial, con- trolado por uma única administração (Prefeitura do Recife, ERBR, 2001; LACERDA, MARINHO, ZANCHETI, s.d.)

67. O tombamento do conjunto ocorreu apenas em 1998, quando pas- sou a ser considerado Patrimônio Nacional (até então apenas a Igreja Madre de Deus era tombada pelo IPHAN, 1938). Esse processo de tom- bamento ocorreu para uma adequação às exigências do BID – Banco

Interamericano de Desenvolvimento, órgão financiador do Monumenta,

que exigiu que a área de intervenção do Plano de Revitalização se cons- tituísse de um conjunto urbano tombado, e não de um único monumento (Prefeitura do Recife, ERBR, 2001, p. 31).

Como parte do Pólo Bom Jesus, que corresponde aos quarteirões de animação na rua Bom Jesus, assim como a rua do Apolo e adjacências, estes espaços receberam intervenções para atividades culturais e de lazer. Na rua Bom Jesus é realizada, aos domingos, a feira de antiguidades e artesanato.

BRAGA, Jun. 2010

Rua do Bom Jesus

4

BRAGA, Jul. 2012

Praça do Marco Zero

5

Através das intervenções realizadas, a Praça do Marco Zero foi transformada em espaço para eventos. Percurso da Memória Segundo Semestre de 1993 Primeiro Semestre de 1993 Segundo Semestre de 1995 e 1996 Primeiro Período Segundo Período De 1997 a 2000 Cais Cais Rua do Apolo Praça Arsenal da Marinha Praça Arsenal da Marinha

1

2

3

4

5

Praça Tiradentes Praça Tiradentes

Bairro do Recife: Ações de intervenção

Fonte dos dados: LACERDA, MARINHO, ZANCHETI, s.d., p. 46, mapa 17; Prefeitura do Recife, ERBR, 2001; VIEIRA, 2008. FIGURA 11 No Pólo Alfândega, as atividades de lazer incluem o Shopping Cultural Alfândega, e s t a c i o n a m e n t o e intervenções nas ruas adjacentes.