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Sobre o procedimento de coleta de dados foram utilizados o questionário e a entrevista semiestruturada. O questionário que é um instrumento de investigação que visa recolher informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo representativo da população em estudo, a partir da utilização de um determinado número de questões que envolva o tema a ser pesquisado, não havendo, necessariamente, uma interação direta entre pesquisador e pesquisado (AMARO et.al. 2004-2005); foi escolhido como meio de identificação dos sujeitos pesquisados e de

auxiliar na construção de um perfil dos participantes, visto que este consegue atingir várias pessoas ao mesmo tempo obtendo um grande número de dados, garantindo também uma maior liberdade das respostas evitando possíveis influências do entrevistador (BONI; QUARESMA, 2005).

Desse modo, construímos um questionário, com questões abertas e fechadas, divididas em três seções: a primeira, referente à formação acadêmica e titulação, onde foi solicitado ao docente que escrevesse os seus títulos (graduação, mestrado, doutorado e outros) e o ano de conclusão dos mesmos; a segunda destinava-se a atuação profissional, onde se questionava sobre o seu tempo de atuação na docência superior, se ele possuía experiência em outro nível de ensino, a carga horária trabalhada nesta universidade e se exercia outra atividade além da docência; e a terceira, onde os professores colocavam os seus dados pessoais (nome, e-mail, telefones, gênero e faixa etária), além de responderem se teriam disponibilidade para participar de uma entrevista a respeito da temática dessa pesquisa.

Construído o nosso primeiro instrumento de coleta de dados e escolhido os sujeitos participantes, seguindo os critérios estabelecidos na seção anterior, enviamos o questionário aos 35 professores que aceitaram participar da pesquisa. Após a análise dos dados obtidos nessa fase da pesquisa, aplicamos para aqueles sujeitos que expressaram, por meio do questionário, sua disponibilidade em participar da segunda fase de nossa pesquisa, a entrevista semiestruturada, que de acordo com Minayo (2008b, p. 261-263), trata-se de uma entrevista “que combina perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada.”.

Assim, empregou-se esse tipo de entrevista, com o objetivo de identificarmos, nas falas dos docentes, os elementos que possibilitam o reconhecimento dessa formação na construção da identidade profissional docente, visto que esta proporciona uma maior interação entre entrevistador e entrevistado, permitindo esclarecimentos e adaptações, o que a torna eficaz na obtenção das informações desejadas. Pois, de acordo com Triviños (1987), ela faz parte de alguns questionamentos básicos — apoiados em teorias e hipóteses — que interessam à pesquisa, e que oferecem um amplo campo de interrogativas, junto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebe as respostas do entrevistado.

Sendo assim, o roteiro da nossa entrevista apresentava cinco questões norteadoras, com a finalidade de auxiliar a explanação dos docentes a respeito da temática pesquisa: a) Por que você decidiu atuar como docente?; b) Para você o que é ser professor (a) universitário (a)?; c) Como você se vê como professor (a) universitário (a)?; d) Em que a formação

continuada contribuiu para as implicações da sua prática docente? e e) Como você se via antes da formação e se vê agora?

Após organizar o nosso roteiro de entrevista, entramos em contato, no dia 14 de maio de 2012, com todos os professores que haviam afirmado o desejo em participar (especificamente, 15 professores), com o intuito de saber sobre as suas disponibilidades e em que local poderiam ser realizadas as entrevistas. Organizados a data e o horário de cada entrevista, partimos para o campo e iniciamos a nossa segunda fase de coleta de dados.

Como no dia 17 de maio de 2012 foi deflagrada a greve de docentes na UFPE, sendo encerrada no dia 05 de setembro de 2012, encontramos dificuldades para continuar com nossas entrevistas, que foram remarcadas inúmeras vezes com alguns docentes e por esse motivo dois deles desistiram de participar, restando assim 13 entrevistas que foram realizadas no período de 16 de maio a 27 de junho de 2012.

Todas as entrevistas foram gravadas com a autorização dos entrevistados, e tentamos durante todo o tempo evitar o constrangimento do entrevistado diante da situação e da presença do gravador, por isso optamos por um aparelho discreto e sempre o colocávamos um pouco afastado da visão dele (um pouco ao lado, de modo que não prejudicasse a gravação e não ficasse tão exposto), pois de acordo com Boni e Quaresma (2005, p. 77), “a presença do gravador, como instrumento de pesquisa, em alguns casos pode causar inibição, constrangimento, aos entrevistados.”. Desse modo, o pesquisado, consciente ou inconscientemente, pode assumir um papel que não é verdadeiro e que não tem nada a ver com ele; incorporando assim, um personagem que ele acredita que irá agradar ao pesquisador.

Para evitarmos atrapalho durante o momento da entrevista, estudamos bem as perguntas, verificando o objetivo de cada uma delas e a melhor forma de explicarmos cada uma, sem influenciarmos nas respostas, caso algum sujeito não compreendesse o que estava sendo perguntado.

Realizadas todas as entrevistas, iniciamos, pessoalmente, as suas transcrições; pois acreditamos na importância dessas transcrições serem realizadas pelo próprio entrevistador visto que no momento da transcrição a interação real com o entrevistado não existe mais. Pois, caso haja alguma interrupção na gravação, alguma palavra que foi mal pronunciada ou alguma hesitação presente nas falas dos sujeitos, apenas aquele que entrevistou e que estava presente no momento da gravação, poderá lembrar o fato ocorrido e assim interpretá-lo com mais segurança.

Visto que, no momento da transcrição, o pesquisador vai revivendo o momento da entrevista, lembrando os gestos, os silêncios, os olhares e o comportamento de cada

entrevistado perante cada pergunta realizada, interpretando assim, o que foi ou não falado e o que foi ou não respondido. Verificando também, aquilo que está inaudível ou incompreensível, para ser escutado várias vezes, até ser ouvido. Por isso, as transcrições exigem muito tempo, cautela e disciplina, pois muitas vezes é necessário retroceder a gravação para escutar e reescutar pequenos trechos gravados com a finalidade de transcrever, fielmente, o que foi dito.

Após a conclusão das transcrições de todas as entrevistas, coube-nos a organização e a análise dos dados coletados. Para isso, precisamos escolher uma técnica de análise que melhor se adequasse aos objetivos de nossa pesquisa.