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PRODUÇÃO DE ARROZ IRRIGADO NO SISTEMA PRÉ-GERMINADO COM BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

No documento Anais... (páginas 192-194)

PRODUÇÃO ORGÂNICA DE ARROZ IRRIGADO

PRODUÇÃO DE ARROZ IRRIGADO NO SISTEMA PRÉ-GERMINADO COM BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

Constata-se que, especialmente em Santa Catarina, são poucas as áreas atualmente em cultivo com arroz irrigado que atenderiam a todos os requisitos para a produção orgânica. Neste caso, a prática da chamada produção integrada constitui-se numa alternativa altamente viável para uso pela maioria dos agricultores, haja vista que várias tecnologias estão disponíveis, algumas já em uso por alguns agricultores, que permitem reduzir o uso de agroquímicos ou manejá-los de forma mais adequada, minimizando assim os riscos que a cultura possa exercer ao ambiente. a) Manejo de plantas daninhas - As plantas daninhas são as principais responsáveis pela redução na produtividade de grãos de arroz irrigado nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Quando práticas adequadas de controle não são adotadas, estima-se que o prejuízo causado pelas plantas daninhas à produtividade pode ser superior a 80% (Epagri, 1998). O manejo da água tem sido indicado como um importante método de controle de plantas daninhas na cultura de arroz irrigado (Noldin, 1997). Mantendo- se o solo alagado ou saturado nos estádios iniciais de desenvolvimento do arroz, reduz-se a germinação e o desenvolvimento de plantas daninhas, tais como o arroz vermelho, capim-arroz (Echinochloa spp) e cuminho

(Fimbrystilis miliacea). No entanto, esta condição de solo inundado favorece o desenvolvimento de plantas daninhas aquáticas, sendo os maiores danos ocasionados por sagitária (Sagittaria montevidensis) (Eberhardt e Noldin, 1999). Trabalhos mais recentes desenvolvidos na Epagri evidenciam que o estabelecimento de uma população adequada de plantas de arroz é uma condição importante para minimizar, ou até mesmo eliminar, o efeito da competição de plantas daninhas aquáticas, como a sagitária, com o arroz irrigado (Eberhardt e Noldin, 2001 e 2002). Menezes e Silva (1998) também sugerem que o efeito nocivo das plantas daninhas pode ser reduzido através do aumento da densidade de semeadura da cultura. A manutenção de lâmina de água após a semeadura pode interferir

sido observada a existência de diferenças varietais condicionando maior ou menor tolerância à emergência na água e ao acamamento. Assim, para o cultivo de arroz em quadros alagados durante todo o ciclo, há necessidade da utilização de cultivares de arroz que apresentem tolerância à inundação contínua da lavoura (Ishiy et al, 1999). As cultivares Epagri 108, Epagri 109, SCS-BRS 111 e SCS 112, quando as sementes são pré-germinadas, apresentam desenvolvimento satisfatório em lâmina de água.

b) Manejo de pragas – A ocorrência da bicheira-da-raiz ou gorgulho-aquático (Oryzophagus oryzae) constitui-se num dos fatores que podem limitar a produtividade do arroz irrigado, especialmente no sul do Brasil, requerendo o uso freqüente de inseticidas, principalmente de carbofuran. Trabalhos de pesquisa realizados em condições controladas relatam a possibilidade de utilização de controle biológico, com Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, no controle desta praga (Martins et al., 1986, Prando e Ferreira (1994). No entanto, ainda não existem recomendações desta tecnologia para uso em escala comercial. Outros insetos-praga importantes na cultura do arroz irrigado são os percevejos. O percevejo-do-colmo, Tibraca

limbativentris, possui o hábito de esconder-se entre as folhas do arroz, próximo ao solo. A elevação do nível da lâmina da água contribui para a redução da população deste inseto na lavoura. Os percevejos-do-grão, Oebalus poecilus), fazem a postura concentrada em único local, o que facilita a localização e a destruição física ou mecânica dos ovos. No entanto ainda persiste a falta de conhecimento da etologia destes insetos. Estes estudos possibilitarão a recomendação de medidas de controle, na entressafra, nos locais de hibernação.

c) Adubação – A diversificação de fontes de nitrogênio para a cultura do arroz constitui-se em uma das principais limitações à produção de arroz irrigado no sistema orgânico. Estudos recentes têm indicado espécies de leguminosas adaptadas ao cultivo nas áreas de várzea, sendo uma fonte promissora de N para o arroz irrigado (Scivittaro et al. 2000). A utilização de adubação verde e/ou rotação de culturas em áreas cultivadas com arroz irrigado no sistema pré-germinado é pouco promissora devido às quadras serem niveladas, dificultando a drenagem na entressafra e a

desestruturação física do solo, com conseqüente redução na concentração de oxigênio no solo. Morel (1983) testou várias alternativas durante três anos no sul de Santa Catarina, sem resultados promissores.

A azola (Azzola spp) é uma pteridófita aquática que, em simbiose com a alga verde-azulada, Anabaena azollae, é capaz de fixar nitrogênio atmosférico. O uso da azola na fertilização de lavouras de arroz é

tradicionalmente utilizada na Ásia. Noldin e Ramos (1983), em experimento conduzido em Santa Catarina, cultivaram azola antes da semeadura do arroz (julho a setembro) e obtiveram produtividades de 39 t/ha de fitomassa verde e de 54,8 kg/ha de nitrogênio, sugerindo ser uma alternativa que

pode ser viável na substituição do nitrogênio mineral em lavouras de arroz irrigado, especialmente no sistema pré-germinado.

Apesar de os Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul serem grandes produtores de aves, é insignificante a utilização dos dejetos na fertilização de lavouras de arroz. Os dejetos de aves devem ser aplicados e incorporados ao solo com antecedência à semeadura para evitar

principalmente a perda de N pela volatilização da amônia e contaminação ambiental. Estudos de dose e época de incorporação do esterco estão em andamento na Epagri

A Embrapa Clima Temperado está desenvolvendo pesquisas sobre o uso de leguminosas adubos verdes e de cianobactérias como uma fontes

alternativas de nitrogênio para a cultura do arroz irrigado.

d) Rizipiscicultura - A rizipiscicultura é uma forma de produzir o arroz em consórcio com o peixe, permitindo reduzir ou até mesmo dispensar a utilização de agroquímicos, como herbicidas e inseticidas. A prática da rizipiscicultura pode favorecer o estabelecimento de plantas, aquáticas como o águapé e sagitária, e de insetos-praga, como a lagarta-boiadeira (Nynphulla indomitalis). No caso das plantas daninhas aquáticas, já mencionamos que o estabelecimento de uma boa população de plantas suprime o seu desenvolvimento. Em casos de alta incidência de lagartas aquáticas, podem-se utilizar inseticidas biológicos à base de Bacillus thuringiensis.

e) Marrecos associados ao cultivo do arroz - A utilização de marrecos (Anas spp) em arrozeiras na entressafra tem sido praticada com sucesso por pequenos agricultores de Santa Catarina. Entre as vantagens do uso do marreco, destaca-se o fato de eles alimentarem-se das sementes de arroz vermelho, de arroz e de outras plantas daninhas, bem como de plântulas de espécies aquáticas, de insetos e de moluscos. Outra vantagem

proporcionada pelos marrecos é a aceleração da disponibilização de nutrientes.

A utilização de marrecos e peixes em lavouras de arroz pode reduzir o uso de herbicidas, inseticidas e fertilizantes na instalação da lavoura, além do ganho adicional da sua venda.

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