• Nenhum resultado encontrado

Programa de Identidade Étnica e Cultural dos Povos Indígenas – Educação

4 A EMERGÊNCIA DO DISCURSO DA DIVERSIDADE NAS POLÍTICAS

6.2 PROGRAMAS DE INCENTIVO À DIVERSIDADE NA GESTÃO EDUCACIONAL

6.2.9 Programa de Identidade Étnica e Cultural dos Povos Indígenas – Educação

Na primeira gestão do governo Lula, o Ministério da Educação tomou uma série de medidas a fim de ampliar o acesso educacional aos povos indígenas, atendendo aos requisitos legais presentes na Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, Plano Nacional de Educação Lei nº 10.172 e Convenção 169/OIT (HENRIQUES et al., 2007).

Desde 2003, a valorização da identidade étnica e cultural dos povos indígenas foi colocada em prática por meio de um conjunto de medidas, como a formação de professores indígenas em cursos de licenciaturas, produção e publicação de materiais didáticos bilíngues ou multilíngues, criação e funcionamento da Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena (CNEEI), implantação do ensino médio intercultural e estruturação da rede física das escolas que atendem esses povos e atividades voltadas à institucionalização e enraizamento cultural (HENRIQUES et al., 2007).

Em 2005, fruto do ambiente favorável fomentado pelo governo federal, foi criado o Prolind - Programa de Formação Superior e Licenciaturas Indígenas – a fim de ser uma ação específica e mais ampla para o apoio de cursos de licenciaturas específicas para a formação de docentes indígenas, integrando ensino, pesquisa e extensão, contemplando estudos de temas relevantes como línguas maternas, gestão e sustentabilidade das terras e das culturas e

Diversidade eee

Expandir a participação da população afro-brasileira nos

direitos sociais destinados a todos os brasileiros, destacadamente no acesso à

103 capacitação política dos professores dessa etnia como agentes interculturais (HENRIQUES et al., 2007).

Segundo Grupioni (2006), a partir de 2004 os sistemas estaduais de ensino passaram a ser mais presente na atuação junto ao MEC, que passaram a ser objeto de investimentos institucionais com aumento expressivo de aporte de recursos financeiros a fim de possibilitar a realização de formação inicial e continuada de professores indígenas, publicação de materiais didáticos e construção de escolas.

No primeiro governo Lula, conforme afirma Grupioni (2006), é nítida a priorização estabelecida para a consolidação de investimentos na área de educação indígena, voltados para a atuação das Secretarias Estaduais, deslocando-se o foco das ONGs, muito presentes em anos anteriores, para os sistemas de ensino dos estados e municípios, que passaram a posição de principais parceiros do MEC.

De acordo com o Censo Escolar elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep (2007), referente ao período de 2003 a 2006, a oferta da educação escolar indígena cresceu 48,7 % nesse intervalo, passando de 117.171 para 174.255 alunos frequentando escolas indígenas do nível básico ao médio em 24 unidades da federação.

Segundo o mesmo Censo, na percepção dos povos indígenas a educação escolar, além de um direito básico, é uma estratégica na construção de seus projetos societários de futuro (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA - INEP, 2007).

6.2.9.1 Discurso do MEC

Em 2007, a Secad/MEC, publicou um documento abordando a temática da Educação Escolar Indígena, com o propósito de documentar as políticas públicas da Secretaria ao reunir um conteúdo essencialmente informativo e formativo direcionado àqueles que precisam compreender as bases que fundamentam o conjunto de programas, projetos e atividades executados na área.

Essa publicação foi a base para análise do discurso oficial do MEC a respeito da educação indígena por conter dados e o posicionamento do governo federal a respeito da valorização desse tema, em que foram pensadas estratégias para todos os níveis de ensino.

104 O Ministério da Educação propôs uma política de concertação em que compromissos foram acordados entre as instituições responsáveis na esfera federal, estadual e municipal, para melhoria das condições de gestão da educação escolar indígena, com expressiva participação de representantes desse grupo social, sendo o público-alvo professores, estudantes e comunidades indígenas como um todo.

A formação de professores indígenas em licenciaturas específicas teve grande atenção, ao ponto de ser criado um programa específico apenas para esse tema, uma vez que é um requisito prioritário na condição de ofertar a básica intercultural nas escolas dessas comunidades.

Além da formação de professores, o acesso, permanência com sucesso e processo de valorização cultural para estudantes indígenas em cursos universitários, com os investimentos financeiros implicados, assim como a busca pela integração da educação básica intercultural com a profissional foram objetos de trabalho do Ministério da Educação na primeira gestão do presidente Lula.

Também foi agregado ao ensino médio um considerável destaque, pois lideranças e professores indígenas almejavam por uma formação que proporcionasse força e desenvolvimento a suas comunidades ao incluir jovens e adultos em atividades voltadas para a melhoria das condições de vida com afirmação das identidades étnicas.

Ao fomentar a formação de professores indígenas para a interculturalidade, o MEC buscou garantir a efetivação do direito desses povos à educação escolar intercultural de qualidade por meio da formação inicial e continuada de docentes, considerando a multiculturalidade e questões sociolinguísticas, ao mesmo tempo em que promove projetos culturais, societários e identitários desses grupos sociais.

O MEC também atuou no estímulo à produção e distribuição de materiais didáticos de autoria dos professores indígenas com a participação de suas comunidades e com assessoria especializada, além de disponibilizar materiais didático-pedagógicos de acordo com o contexto sociocultural e sociolinguístico, valorizando as línguas indígenas por meio da produção de materiais bilíngues ou multilíngues.

Também foi estabelecido pelo Ministério da Educação a criação e o funcionamento da CNEEI, a fim de promover a participação e o controle social na elaboração, proposição, acompanhamento e avaliação das políticas educacionais direcionadas aos indígenas, proporcionando espaços públicos de discussão sobre as perspectivas desses povos a fim de

105 serem consideradas no momento da definição das diretrizes e ações, respeitando a sociodiversidade desses grupos étnicos.

Por fim, o MEC buscou reduzir o déficit de estrutura física escolares nas comunidades indígenas, aportando recursos técnicos e financeiros para as Secretarias de Educação executarem ações de construção, ampliação, reforma e aquisição de equipamentos para as escolas, a fim de garantir a qualidade da educação básica.