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7 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ESTUDOS DE CASO

2.2 PROGRAMAS E POLÍTICAS HABITACIONAIS BRASILEIRAS

2.2.1 Programas habitacionais em Criciúma

Segundo a SSSH (2012), alguns programas habitacionais são desenvolvidos em Criciúma e estão vinculados à Secretaria de Assistência Social e seu Departamento de Habitação. Entre eles, pode-se citar:

•Programa de Subsídio Habitacional: busca atender famílias com renda de até um salário mínimo e em condições de risco social e habitacional, tendo entregue 230 unidades em diferentes bairros do município;

•Programa Habitacional de Interesse Social: busca viabilizar o acesso à moradia para famílias com renda de até três salários mínimos, tendo 32 unidades entregues no município (ver Figura 06);

•Programa de Arrendamento Residencial - PAR: atende famílias com renda de três a seis salários mínimos. O município possui três empreendimentos pelo PAR, com um total de 530 unidades;

•Programa de Regularização fundiária: busca garantir a titularidade de imóveis públicos ocupados irregularmente, às pessoas de baixa renda;

•Plano de Redução de Áreas de Risco;

•Plano de Auxílio a Moradia: atende famílias de baixa renda atingidas por incêndios, desabamentos e inundações, liberando recursos para obras emergenciais;

Figura 06: Obras de programas habitacionais em Criciúma.

Fonte: PETERSON, 2013, elaborado pelo autor.

•Habitar Brasil: promove intervenções em assentamentos subnormais, propiciando condições para o aumento da oferta de moradias de baixo custo, buscando controlar as ocupações irregulares;

•Programa Transporte de Casa: atende famílias de baixa renda, auxiliando-os no deslocamento de suas moradias;

•Programa Minha Casa Minha Vida. 2.2.2 Programa Minha Casa Minha Vida

O Programa Minha Casa Minha Vida foi lançado pelo Governo Federal em 2009, por meio da Lei 11.977/09, que, em seu Art. 1º, estabelece:

O Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV tem por finalidade criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificação de imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais, para famílias com renda mensal de até R$ 4.650,00 (quatro mil, seiscentos e cinquenta reais) e compreende os seguintes subprogramas: I – o Programa Nacional de Habitação Urbana – PNHU; II - o Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR (BRASIL, 2009).

Por meio do PMCMV, o Governo contribui também para manter o setor da construção civil aquecido, além de reduzir o deficit habitacional brasileiro que, segundo a Fundação João Pinheiro (2014), caiu de 6.143.226 de moradias em 2009, para 5.792.508 em 2012.

Iniciado em 2009, o PMCMV chegou em sua terceira fase. Segundo José Urbano Duarte, vice-presidente de Habitação da CAIXA, do total de unidades contratados pelo Programa, 1,005 milhão ocorreu em sua primeira fase, compreendida entre 2009 e 2010 e, 2,835 milhões em sua segunda fase, de 2011 a 2014 (CAIXA, 2014a).

Conforme a Figura 07, a contratação e entrega destas unidades ocorreu de forma distribuída pelo país, considerando o deficit habitacional de cada região. Segundo dados do PMCMV, o deficit habitacional brasileiro concentra-se: 36,4% no Sudeste; 34,3% no Nordeste; 12% no Sul; 10,3% no Norte e 7% na região Centro-Oeste. Por outro lado, considerando-se o tamanho das cidades, as regiões metropolitanas concentram 28,5% do deficit. Considerando a faixa de renda, o deficit habitacional divide-se em: 90,9% para a faixa de zero a três salários mínimos; 6,7% para a faixa de três a seis salários e 2,4% para a faixa de seis a dez salários mínimos.

Figura 07: Distribuição das unidades contratadas e entregues até 30/04/2014.

Fonte: CAIXA, 2014a. 2.2.2.1 Funcionamento do PMCMV

Segundo a Lei 11.977/09, para definir os beneficiários do PMCMV, terão prioridade:

- Famílias que moram em áreas de risco, locais insalubres ou que tenham sido desabrigadas;

- Famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar; - Famílias de que façam parte pessoas portadoras de necessidades especiais (BRASIL, 2009).

Com o Programa Minha Casa Minha Vida, o Governo Federal pode transferir recursos do Orçamento Geral da União para o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), facilitando e intensificando o acesso à moradia popular. Da mesma forma, cabe à União o pagamento dos agentes financeiros em casos de desemprego ou redução da capacidade de pagamento ou, ainda, em casos de morte ou invalidez nas famílias beneficiadas (BRASIL, 2009).

O Programa apresenta três faixas de financiamento: Faixa I para famílias com renda de 0 a 3 salários mínimos; Faixa II para famílias com renda de 3 a 6 salários mínimos e Faixa III, para famílias com renda de 6 a 10 salários mínimos. Estes financiamentos, segundo o Ministério das Cidades (2015), podem ocorrer das seguintes formas:

•Pelo Programa Nacional de Habitação Urbana:

- Com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), atendendo famílias com renda mensal de até R$ 5.000,00;

- Com recursos do FAR, atendendo famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00;

- Com recursos do FDS, atendendo famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00.

•Pelo Programa Nacional de Habitação Rural:

- Com recursos das fontes já citadas, porém atendendo famílias cuja renda anual não seja superior a R$ 60.000,00.

•Pelo PMCMV Entidades, o qual concede financiamento diretamente aos beneficiários ou à Entidade Organizadora que reúne os beneficiários, utilizando recursos provenientes do Orçamento Geral da União, repassados ao FDS. A entidade organizadora pode ser uma cooperativa habitacional, mista ou privada sem fins lucrativos. O público alvo são as famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00.

Os valores das prestações e subsídios variam. Na Faixa I, a prestação não deve ultrapassar a 5 % da renda familiar, com valor mínimo de R$ 25, pagos em um período de 10 anos. Neste caso, o subsídio pode ser superior a 90% do valor do imóvel (CAIXA, 2014a).

No PMCMV com recursos do FAR, a meta é atender o deficit habitacional para famílias com renda de até R$ 1.600,00. Os recursos do FAR são distribuídos pelos estados brasileiros, considerando o seu deficit habitacional.

Nesta modalidade, a Caixa Econômica Federal, após o termo de adesão assinado com os Governos estaduais ou municipais, passa a receber e analisar em suas Superintendências Regionais, as propostas de empreendimentos. Quando aprovados, a CAIXA contrata e acompanha a

execução das obras pela construtora, liberando os recursos conforme o cronograma e execução da obra (CAIXA, 2015d).

Por outro lado, cabe ao poder público a indicação e seleção das famílias que serão beneficiadas. Estas deverão ser apresentadas à CAIXA, em um prazo máximo de oito meses após a contratação do empreendimento.

A seleção das famílias ocorre a partir do Cadastro Único, que: Instituído pelo decreto nº 3.877, de 24 de julho de 2001, [...] tem por objetivo retratar a situação socioeconômica da população de todos os municípios brasileiros, por meio do mapeamento e identificação das famílias de baixa renda, bem como conhecer suas principais necessidades e subsidiar a formulação e a implantação de serviços sociais que as atendam (CAIXA, 2015c, p. 3). No PMCMV é permitida a construção de casas térreas ou prédios com até 500 unidades por módulo ou, ainda, condomínios divididos em 250 unidades. Estes edifícios seguem duas tipologias:

•Casa térrea: área útil mínima de 32 m², contendo sala, cozinha, banheiro, dois dormitórios e área externa com tanque;

•Apartamento: área útil mínima de 37 m², contendo sala, cozinha, área de serviço, banheiro e dois dormitórios (CAIXA, 2009).

Outra restrição ocorre com relação ao valor máximo das unidades habitacionais, variando de acordo com o estado e características das cidades, além de diferenciar apartamentos e casas, conforme o Quadro 02.

Quadro 02: Valores das unidades habitacionais.

Fonte: FROENER, 2013.

O Fundo de Desenvolvimento Social tem por finalidade o “financiamento de projetos de investimentos de relevante interesse social nas áreas de habitação popular, saneamento básico, infraestrutura urbana e equipamentos comunitários” (CAIXA, 2015c, p. 2). Com recursos do FDS, o financiamento de moradias pelo PMCMV ocorre de forma bastante similar ao FAR. Porém, normalmente, fica sob a responsabilidade de entidades, como cooperativas, a seleção das famílias a serem beneficiadas. Estas entidades são responsáveis pelo contato com a CAIXA.

2.2.2.2 Perspectivas para o PMCMV 3

O PMCMV completou cinco anos em abril de 2014, tendo contratadas 3,39 milhões de unidades, das quais, 1,68 milhão foram entregues até esta data, beneficiando mais de seis milhões de pessoas com investimentos de R$ 234 bilhões. Segundo a CAIXA (2015b), a meta do Governo Federal é entregar mais 3,3 milhões de moradias até 2018, quando o programa encerra o seu terceiro ciclo.

Nesta terceira fase, segundo o ministro das cidades Gilberto Kassab, o Programa será aperfeiçoado e terá uma nova modalidade, chamada de Faixa 1 com FGTS, combinando os incentivos da Faixa 1 e Faixa 2. Deste modo, busca-se aumentar o público que tem acesso ao programa (MACEDO, 2015).

O objetivo do Governo Federal é contemplar 25 milhões de pessoas, por meio de 6,75 milhões de moradias, a serem entregues nas três fases do PMCMV até o final de 2018. Mesmo diante de um cenário político e econômico delicado, há a perspectiva de continuidade do PMCMV, retomando o crescimento do Brasil, com desenvolvimento econômico e geração de emprego (MACEDO, 2015).