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CRITÉRIOS DE LIVRE ESCOLHA SITUAÇÃO

5.3 PROPOSIÇÕES PARA A CERTIFICAÇÃO SCA – OURO

O atendimento dos critérios obrigatórios, além dos critérios de livre escolha atendidos previamente, total ou parcialmente, nortearam a definição dos critérios para que o Residencial A estivesse apto para a certificação nível Prata do SCA. Para a sua certificação nível Ouro, é necessário que outros seis critérios de livre escolha também sejam atendidos.

Para auxiliar na definição destes novos critérios, foram verificados os critérios e categorias atendidos até o momento. Como percebe-se na Tabela 06, a categoria 2 (Projeto e Conforto) é a que melhor foi atendida, tendo contemplado 81,8% de seus critérios. Por outro lado, as categorias 3 (Eficiência energética) e 5 (Gestão de água), tiveram atendidos apenas 37,5% de seus critérios e a categoria 6 (Práticas sociais), apenas 36,3%.

Entendendo que o princípio básico da sustentabilidade é o equilíbrio, definiu-se a seleção de critérios por categorias, conforme a distribuição expressa na Tabela 06: um critério para cada uma das categorias 3, 4, 5 e, dois critérios para a categoria 6.

Para a certificação nível Ouro do SCA, foi proposto o atendimento a apenas mais cinco critérios, visto que para o nível Prata, foram indicados sete critérios que já eram atendidos, total ou parcialmente.

Pelas alterações propostas e apresentadas na seção 5.1, é também considerado como atendido o critério 1.3 (Melhorias no entorno). No entanto, sua pontuação não foi considerada, visto que as melhorias propostas foram compensatórias ao não atendimento dos indicadores obrigatórios de qualidade do entorno.

Tabela 06: Critérios atendidos por Categorias do SCA – Residencial A. Categorias 1 2 3 4 5 6 Total Nº de critérios e % 5 9,4% 11 20,8% 8 15,1% 10 18,8% 8 15,1% 11 20,8% 53 100% Critérios obrigatórios e % 2 3,8% 5 9,4% 3 5,7% 3 5,7% 3 5,7% 3 5,7% 19 36% Critérios atendidos e % 4 7,5 % 9 17% 3 5,7% 4 7,5% 3 5,7% 4 7,5% 27 51% % atendido da categoria 80% 81,8% 37,5% 40% 37,5% 36,3% --- Critérios SCA Ouro 80% 81,8% + 1 50% + 1 50% + 1 50% + 2 54,5% 32 60,3% Fonte: autor, 2016.

De modo a auxiliar na definição dos critérios a serem trabalhados dentro das categorias estabelecidas, levou-se em consideração a melhor eficiência energética e o menor impacto econômico das adequações necessárias. Deste modo, definiram-se os critérios apresentados nas próximas seções.

5.3.1 Critério 3.4 – Sistema de aquecimento a gás

Contribuindo para uma melhor eficiência energética do Residencial A, o sistema de aquecimento de água a gás é uma importante alternativa ao sistema tradicional de aquecimento elétrico, principalmente em locais de clima subtropical como Criciúma. Outra alternativa é o sistema de aquecimento solar. No entanto, visto que o projeto não foi concebido pensando nesta solução, bem como, de modo a simplificar o sistema de medição individualizada de água, optou-se, neste estudo de caso, pelo aquecimento a gás.

A definição deste critério busca melhorar o desempenho no consumo de energia para o aquecimento de água e, consequentemente, o nível de eficiência energética pela etiquetagem Procel Edifica. Conforme dados do Procel: os refrigeradores representam 27% do consumo de energia em uma residência; o chuveiro elétrico, 24%; os aparelhos de ar condicionado 20% (ELETROBRÁS, 2007).

Para o atendimento deste critério, é necessária a instalação de um aquecedor de passagem a gás, com classificação nível A pelo PBE/Inmetro. Por questões de segurança, propõe-se a instalação destes

aquecedores na área de serviço de cada uma das unidades habitacionais, onde serão alimentados pela tubulação de gás que já atende a cozinha. É necessária também uma revisão no projeto hidrossanitário, incorporando as instalações de água quente. Dentre as mudanças necessárias, está a substituição do chuveiro elétrico por uma ducha, bem como das torneiras convencionais por registros misturadores ou monocomandos. Para a tubulação de água quente, propõe-se o uso de tubos PPR (Polipropileno Copolímero Random).

5.3.2 Critério 4.7 – Cimento de alto-forno e pozolânico

A especificação em projeto de cimento de alto-forno (CP III) ou pozolânico (CP IV) é uma medida simples que contribui para a sustentabilidade ambiental do empreendimento.

Gráfico 13: Comparação entre as emissões de CO2 na produção do cimento.

Fonte: CAIXA, 2010.

A produção destes dois tipos de cimento reduz o consumo de recursos naturais não renováveis, substituindo-os por escórias e cinzas volantes, ou pozolana, que são resíduos de outros setores da indústria. O Gráfico 13 ilustra a redução nas emissões de CO2, que pode ser obtida com a incorporação destes resíduos na produção de cimento. As emissões de CO2 são menores na produção do CP III. No entanto, como o cimento é um produto perecível, não pode ser transportado por longas distâncias, o que também aumenta o seu custo. Isso faz com que cada região do país, em razão da disponibilidade de matéria-prima, tenha um tipo de cimento.

Segundo Battagin (2009, p.01), na região sul do país “é difícil encontrar um cimento com escória já que, por ser um resíduo de siderúrgicas, está disponível na região Sudeste. No Sul, utiliza-se mais a pozolana, resíduo da queima de carvão mineral das termoelétricas”. Por esta razão, propõe-se para o Residencial A a especificação de cimento

CP-IV, o que não altera o custo da obra, visto que ele é comercializado pelo mesmo preço do CP II, utilizado no empreendimento.

5.3.3 Critério 5.3 – Dispositivo economizador / arejador

Com o objetivo de reduzir o consumo de água, garantindo o conforto ao usuário, por recomendações do SCA propõe-se o uso de arejadores nas torneiras de pias e lavatórios. Este dispositivo é recomendado para locais com pressão hidráulica superior a 40 kPa. No Residencial A, a pressão hidráulica varia entre, aproximadamente, 130 kPa no pavimento térreo e 30 kPa no último pavimento. Desta forma, propõe-se a instalação deste dispositivo nos 12 apartamentos dos três primeiros pavimentos de cada bloco, além das torneiras das duas pias e do lavatório dos quiosques de festas, cujo abastecimento é direto. Nesta situação, são necessários 243 arejadores.

Segundo dados da Econoágua (2015), embora seja um dispositivo simples e barato, as torneiras com arejadores podem apresentar uma economia de água que varia de 64% a 91%.

Há também, torneiras com arejadores incorporados. No entanto, para melhor identificar o impacto econômico desta medida, decidiu-se, neste estudo, manter o modelo de torneira especificado, acrescentando-se o arejador.

5.3.4 Critério 6.8 – Educação ambiental aos moradores

Conforme evidencia Minc (2005), um grande desafio para a sustentabilidade ambiental está na mudança da mentalidade e do comportamento do cidadão. A construção de espaços físicos adequados e que contribuam para o desenvolvimento sustentável é importante. Porém, a eficiência destes espaços está diretamente associada à maneira como seus usuários utilizam-no.

Por esta razão, propõe-se o atendimento deste critério para a certificação nível Ouro. Para tal, é necessário o desenvolvimento de um Plano de Educação Ambiental dos moradores, orientando-os por meio de aulas expositivas, palestras ou oficinas.

Recomenda-se que tal Plano tenha por base o “Manual de Educação para o consumo sustentável”, desenvolvido e disponibilizado gratuitamente pelo MEC (Ministério da Educação), MMA (Ministério do Meio Ambiente) e IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Este manual aborda os seguintes temas: cidadania e consumo sustentável; água; alimentos; biodiversidade; transportes; energia; lixo e publicidade.

Esta atividade deve ter carga horária mínima de 4 horas e abranger pelo menos 80% dos moradores. Para tal, sugere-se uma parceria com a FAMCRI (Fundação do Meio Ambiente de Criciúma), a qual tem como um dos principais objetivos a educação ambiental e a multiplicação de competências. Seu corpo técnico poderá instruir, principalmente, sobre algumas atividades realizadas no município, tais como: coleta seletiva; ecoponto para lixo tecnológico; plantio e poda de árvores.

Ao término das atividades, é importante selecionar os moradores mais interessados, elegendo-os como representantes e agentes multiplicadores da educação ambiental, visando à continuidade da temática em meio ao grupo.

5.3.5 Critério 6.9 – Capacitação para a gestão do empreendimento

Neste critério, o SCA traz uma preocupação e, ao mesmo tempo, um desafio, buscando garantir o uso e manutenção sustentável do empreendimento, visto que os impactos negativos ao longo da sua vida útil são mais significativos que os envolvidos em sua concepção e construção. Deste modo, o empreendedor deve proporcionar a capacitação de, no mínimo, 30% dos moradores (39 pessoas), instruindo- os para a gestão do empreendimento.

Diante das competências a serem desenvolvidas, sugere-se uma parceria da construtora com o IFSC Campus Criciúma (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina). O IFSC oferta o curso de Zeladoria, o qual tem por objetivo desenvolver com competência técnica e atitudinal as atividades relacionadas à manutenção predial e manutenção de condomínios. Este curso, que tem uma carga horária de 200 horas, busca ainda estimular o empreendedorismo e associativismo, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Sendo assim, firmada esta parceria, o IFSC poderá ofertar este curso aos moradores selecionados. É também de interesse do IFSC intensificar suas ações de extensão e parcerias com o setor produtivo, podendo, inclusive, desenvolver um curso específico para este público, com carga horária inferior, visto que a carga horária mínima exigida pelo SCA é de 12 horas.

Como contrapartida da construtora, indica-se o fornecimento de transporte e alimentação aos moradores alunos. O curso, com oferta noturna, seria realizado no Campus Criciúma, utilizando-se sua estrutura física e administrativa.