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A filosofia Estudar:

• Negócio social também é negócio… e todo negócio é social.

• Só vale a pena gastar energia em coisas que ajudam a deixar sua marca, seu legado.

• O resultado válido é aquele que tem longo alcance, é a obra que fica de pé sem depender da sua presença.

 

“Quando contamos a nossa proposta, vimos os olhos dele brilharem. Ele ia ter a esperança de poder pegar alguma coisa novamente.”

A

proposta do estudante de administração piauiense Filipe Gabriel Costa e de mais oito universitários era construir a primeira prótese de mão feita no estado em uma impressora 3D. Quem iria recebê-la era um rapaz de 22 anos que havia perdido os dedos da mão, uma perna e um pé por sequelas de uma meningite. A mão se tornou realidade em apenas um mês, depois que Filipe participou do programa de liderança da Fundação Estudar, que incentiva a descoberta de um propósito e o desenvolvimento de competências para realizá-lo. Ao todo, a prótese saiu por meros R$ 170. Em pouco tempo, Filipe já trabalhava em melhorias para a peça: pretendia fazê-la com material mais leve, torná- la mais fácil de usar e cobri-la com uma luva de silicone.

Filipe e seus colegas são um exemplo do que a cultura Estudar prega: ações que tragam impacto. Parece óbvio – afinal, ninguém deseja realizar projetos inócuos, passar despercebido pelo mundo, batalhar para tornar-se um zero à esquerda. Mas é comum que as pessoas se conformem com papéis aquém do seu potencial, que reduzem sua esfera de influência. Para combater a complacência, a cultura da Estudar incentiva uma transformação ao longo do programa de liderança, que chama de salto: mover-se, em geral por meio de uma ação ousada, para provocar mudanças mais amplas na vida de outras pessoas.

Há saltos de inúmeros tipos, como mostram os exemplos a seguir: • Após participar do programa de liderança da Estudar em Criciúma, os catarinenses Jeison Cechella, Túlio Magnus e Christian Engelmann

fundaram a Reverse, uma startup que facilita a gestão do lixo (montando uma rede que informa onde descartar cada tipo de detrito). O projeto foi adotado pelas prefeituras de Criciúma e de Nova Veneza e recebeu o prêmio de sustentabilidade da Novellis, uma das maiores produtoras e recicladoras de alumínio do mundo.

• Às vésperas de terminar a faculdade de arquitetura em Ouro Preto, a mineira Luíza Negri tinha dúvida sobre qual caminho seguir. Após cursar o programa de liderança da Estudar, decidiu fazer de sua dúvida o caminho. Em 2014, criou a página “Formei, e agora?” no Facebook. A página é voltada para quem está terminando ou acabou de sair da faculdade e tem angústias sobre suas escolhas. “Eu queria encontrar um caminho para mim por meio das histórias dos outros”, afirma Luíza. “Sempre peço para a pessoa contar todo o seu processo, incluindo os erros.” No fim de 2016, a página já tinha quase 30 mil seguidores. O sucesso a levou a fazer um curso de coaching e seguir sua própria carreira de conselheira de carreiras.

• A paulista Juliana Quintanilha fazia um mestrado em biologia molecular do câncer e largou-o para se tornar analista de negócios na consultoria McKinsey. Após participar do programa da Estudar focado em autoconhecimento, ela concluiu que sua vontade de abraçar uma causa nobre a levara a um caminho que tinha pouco a ver com suas motivações intrínsecas. “Em 24 horas de curso, vi com outros olhos os 24 anos da minha história. Fui capaz de entender quem eu sou, identificar meus valores, definir meu propósito, traçar planos de ação para meu desenvolvimento e direcionar minhas escolhas para uma trajetória que possibilite concretizar meu legado”, afirma. No final do programa, ela concluiu que a carreira acadêmica não estava de acordo com o que realmente desejava. “Percebi que o que me encantava na ciência eram a causa nobre e o desafio intelectual, mas me desmotivava dedicar esforços a tópicos tão específicos.” Na consultoria, ela acredita que pode atuar na solução de problemas relevantes com impacto social mais imediato.

• O gaúcho Matheus Saueressig descobriu por meio do portal Estudar Fora (que estimula jovens brasileiros a viver uma experiência acadêmica no exterior) um concurso de ideias para cursos do futuro, promovido pela Universidade do Oeste da Austrália. Matheus enviou um vídeo defendendo a biofabricação, que é a construção artificial de derivados biológicos (como alimentos, tecidos e órgãos) sem a necessidade de sacrificar animais ou depender de doadores humanos. Ficou em primeiro lugar na avaliação dos professores e ganhou um prêmio de US$ 10 mil para que pudesse aprofundar a pesquisa. Com o dinheiro da bolsa, foi conversar com pesquisadores nos Estados Unidos e na Holanda, para enfim apresentar suas conclusões na cidade de Perth, na Austrália. “O potencial do projeto é enorme – imagine produzir carne sem sacrificar animais e ainda reduzir as queimadas de florestas”, diz Matheus, que cursa engenharia elétrica na UFRGS. “É impressionante o alcance do Estudar Fora”, diz. “Foram cerca de 210 candidatos no concurso australiano, e mais da metade dos participantes eram brasileiros.”

É claro que, quando se dá um salto, sempre existe o risco de não alcançar o outro lado e cair no abismo. No caso de iniciativas pessoais, uma das premissas da cultura Estudar é que não tentar é pior do que fracassar. É bom mapear o terreno, exercitar-se, escolher o melhor ponto para a tentativa – mas em algum momento é preciso saltar. E, se há mentalidade de crescimento, mesmo o fracasso tem seu lado positivo: conta como aprendizado.

E, para avaliar se um salto vale a pena, a verdadeira métrica é seu potencial de impacto sobre os outros. É isso que determina se o sonho é grande o suficiente.

CAPÍTULO 22

NEGÓCIO SOCIAL TAMBÉM