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Qualidade da Pesquisa: Validade e Confiabilidade

3 – METODOLOGIA DE PESQUISA

3.3 Qualidade da Pesquisa: Validade e Confiabilidade

Na literatura que trata das metodologias de pesquisa, afirma-se que a qualidade de um projeto é, normalmente, avaliada através de dois aspectos mais amplos: a Validade e a Confiabilidade (cf. Cronbach, 1949; Jahoda, Deutsch e Cook, 1951; Campbell e Stanley, 1963; Cook e Campbell, 1976; Carmines e Zeller, 1979; Yin, 2005; Babbie, 1995).

Em Cook e Campbell (1976), a validade é definida como a maior aproximação disponível da verdade ou falsidade de uma determinada inferência, proposição ou conclusão. Para Carmines e Zeller (1979), a validade, normalmente, consiste na constatação de que determinado fenômeno pode ser mensurado, de forma mais precisa, através dos indicadores utilizados pela metodologia empregada.

Campbell e Stanley (1963) apresentaram uma tipologia composta das validades internas e externas. Em seguida, Cook e Campbell (1976) desmembraram essa tipologia da seguinte forma: a validade interna dividiu-se em validade da conclusão estatística e validade interna; já a

validade externa dividiu-se em validade da construção e validade

externa. Esse modelo, baseado em quatro tipos de validade, viria a se

tornar um divisor de águas entre as metodologias de pesquisa utilizadas em ciências sociais.

O segundo aspecto para avaliar a qualidade de um estudo é, como dito acima, a confiabilidade. Para Babbie (1995), a confiabilidade refere-se à capacidade de uma pesquisa, em particular, produzir os mesmos resultados quando aplicada repetidamente para o mesmo objeto. Como conseqüência, métodos mais padronizados seriam capazes de produzir resultados mais confiáveis.

Conforme Yin (1994), a confiabilidade presta-se a minimizar os erros e as visões tendenciosas de um estudo. Yin destaca que o objetivo da confiabilidade não é facilitar a replicação da pesquisa, mas permitir que o mesmo estudo de caso possa ser repetido, de forma idêntica, com as mesmas unidades de análise.

No cenário contemporâneo de gerenciamento, a importância dos critérios para avaliação da qualidade de um estudo parece adquirir ainda mais importância. No entanto, Scandurra e Williams (2000), ao analisarem o conteúdo das pesquisas publicadas ao longo de dois períodos (1985-1987 e 1995-1997), em três conceituados periódicos acadêmicos de gestão (Academy of Management Journal, Adminstrative

Science Quarterly e Journal of Management), concluíram que tem

ocorrido uma queda geral nas validades interna, externa e da construção nos artigos dessas publicações. Os autores apontam que essa tendência é perturbadora, pois a capacidade de avanço teórico e prescritivo na área de gerenciamento é diretamente dependente da solidez de seus estudos.

Com relação à Validade do Constructo, Yin (2005) estabelece que, para realizar estudos de casos, encontram-se disponíveis três táticas para aumentar a validade do constructo. A primeira tática, relevante durante a

coleta de dados, é a utilização de várias fontes de evidências, de tal forma que se incentivem linhas convergentes de investigação. Uma segunda tática é estabelecer um encadeamento de evidências, também relevante durante a coleta de dados. A terceira tática caracteriza-se pela produção de um rascunho do relatório do estudo de caso, a fim de esse relatório seja revisado por informantes chaves.

Esta pesquisa procurou utilizar várias fontes de evidências, como documentos, material de arquivos internos, relatórios internos e memorandos. Foi estabelecido um encadeamento destes documentos para que a pesquisa reportasse toda a modelagem, ou seja, o passo a passo dentro de uma linha de tempo.

De acordo com Yin (2005) a preocupação com a Validade Interna para a pesquisa de estudo de caso envolve uma inferência, toda vez que um evento não pode ser diretamente observado. A validade interna é uma preocupação apenas para estudos de caso causais ou explanatórios, nos quais o pesquisador está tentando determinar se o evento x levou ao evento y.

Esta pesquisa não é um estudo de caso explanatório; por isso, não teremos validade interna para o projeto.

Já a Validade Externa diz respeito ao fato de que os resultados do estudo realizado podem ou não ser generalizados além do estudo analisado, ou seja, seus resultados podem ser extrapolados para outro caso similar não estudado. Assim, Yin (2005) valida a abordagem de um estudo de caso como sendo realizada através da generalização analítica e não na estatística, como é o caso da pesquisa de investigação.

Neste estudo, serão descritas as etapas no projeto de abertura de uma nova filial de uma Escola e, conseqüentemente, a maneira como a memória do projeto foi formada. Convém, portanto, ressaltar que este planejamento pode ser generalizado a outros projetos dentro da mesma instituição, mesmo que estes sejam em menor escala. Além disso, generalizações analíticas, à luz da teoria apresentada, poderão permitir a validade externa deste caso para outra instituição – ainda que essas generalizações não estejam sendo reforçadas dentro da pesquisa, por não ter sido adotada uma estratégia de estudo múltiplo de casos.

Como definido por Yin (2005:59), há de se certificar-se de que – se um pesquisador seguiu exatamente os mesmos procedimentos já descritos por outro e conduziu o mesmíssimo estudo de caso – devem ser obtidas as mesmas constatações e conclusões. O propósito da

Confiabilidade é, pois, minimizar os erros e os vieses de um estudo.

Como esta pesquisa é inédita e bastante particular, pretende-se tornar as etapas do processo as mais operacionais possíveis e conduzir a pesquisa como se todo o tempo existisse uma supervisão que monitorasse o levantamento dos dados e a confecção dos relatórios. Espera-se desenvolver essa análise como se a qualquer momento uma auditoria pudesse verificar a confiabilidade dos dados apresentados, os quais deverão produzir os mesmos resultados, se os mesmos procedimentos forem seguidos. Desta forma, almeja-se contribuir para a confiabilidade do estudo.