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Países Suprimentos de águas

3.3. MUDANÇAS CLIMÁTICAS

3.3.5. Reação da comunidade internacional à mudança climática

Um estudo divulgado pelo IPCC, no início de fevereiro de 2007, apontou para um cenário apocalíptico em conseqüência do aquecimento global. Contudo, a maioria dos governos, pressionada por interesses econômicos, procura postergar e protelar a adoção de medidas de precaução e de prevenção, baseadas em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias alternativas.

Na COP 12, realizada no Brasil em dezembro de 2006, cada um dos países participantes apresentou um inventário de suas emissões de gás carbono na atmosfera. No Brasil, a maior parte dessas emissões se deve à derrubada e queimada da floresta amazônica. A dificuldade de lutar contra o desmatamento decorre, entre outros motivos, dos financiamentos conseguidos pelos grandes agricultores no Mato Grosso do Sul junto ao Banco Mundial, sob a argumentação que o agronegócio contribui para o desenvolvimento brasileiro e insistem no sentido de que se relaxe a fiscalização e as exigências de licenciamento ambiental.

Os custos sociais e ambientais das atividades extrativistas e agrícolas não são compilados, muito menos compensados. Na verdade, não há uma única solução para estabilizar as concentrações atmosféricas dos gases de efeito estufa, principalmente o CO2. Muitos esforços terão que ser feitos simultaneamente, e todos os países terão que dar sua parcela de contribuição. Algumas medidas mitigadoras e, ou, recuperadoras têm sido apontadas para contribuírem com a redução do aquecimento global.

Além das medidas voltadas para reduzir a quantidade de CO2 liberado na

atmosfera, será preciso implementar ações visando acelerar a absorção do CO2 já

liberado. A meta é alcançar a absorção de 1 Gt de carbono anualmente, por intermédio de um amplo programa de reflorestamento, que deverá abranger uma área de 100 a 200 milhões de ha. Essa linha de ação pode abrir novas oportunidades de negócios para os países em desenvolvimento, por meio de projetos financiados pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

Em outra estimativa, cerca de 30% do território nacional é constituído de terras impróprias para a agricultura, entretanto passíveis de serem utilizadas para produção florestal. A utilização de metade dessa área, ou seja, 1,2 milhões de km2, em regime

de manejo sustentável, poderão produzir cerca de 300 milhões de ton. ano-1 madeira, volume que é o dobro da produção prevista para 2010. É plausível imaginar o reflorestamento de 10 mil km2 por ano em todo o Brasil durante os próximos 40 anos (RELATÓRIO...1991).

Considerando essa possibilidade tornar-se uma realidade, no ano 2030, aproximadamente, até atingir o total da área reflorestada, o total de carbono acumulado seria da ordem de 2,5GtC. Após essa fase, a taxa de fixação seria de

aproximadamente 0,1GtC ano-1, absorvida até que as florestas atingissem a

maturidade (entre 40 a 100 anos). Esse volume fixado de C corresponde a uma percentagem entre 25% a mais de 50% das atuais emissões brasileiras de carbono devido ao desmatamento na Amazônia (ibidem).

Dessa forma, fazendo-se um breve retrospecto, desde a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo (Suécia) em 1972, até a 12ª Reunião das Partes das Nações Unidas (COP - 12), realizada no Brasil em 2006, revela raros resultados concretos. A publicação anual “Little Green Data Book”, lançada recentemente pelo Banco Mundial, revela que apesar de todos os alertas da comunidade científica sobre as conseqüências do aquecimento global, as emissões dos gases do efeito estufa estão aumentando: em escala global, as emissões de dióxido de carbono em 2003 foram 16% maiores que em 1990.

O documento mostra ainda que, como grupo, os países industrializados estão longe de alcançar as metas do Tratado de Quioto e que as emissões por pessoa na China e Índia são muito menores que nos Estados Unidos e Japão. Um cidadão chinês emite 16% do que um norte-americano emite e um indiano é responsável por apenas 6%. Nos países em desenvolvimento, as emissões originam principalmente da agricultura e mudança do uso da terra.

No Brasil, dados da Embrapa apontam que igarapés da Região Amazônica não têm mais potencial de pesca e apresentam sinais de contaminação, constatados por meio do baixo pH e da baixa concentração de oxigênio da água. A diminuição de oxigênio também decorre da construção de mini-represas e desvios nos cursos dos rios, feitos por fazendeiros para abastecer suas lavouras e pastagens. Numa das amostragens, os pesquisadores analisaram a qualidade das águas em três agrobacias de Paragominas, com cobertura florestal de 18%, 34% e 45%, respectivamente, e compararam os resultados entre si e aos de uma bacia situada a 80 km do município, cuja mata nativa está intacta. A conclusão é que o nível de poluição dos riachos aumenta drasticamente conforme a quantidade de plantações de grãos, reflexo do uso excessivo de agroquímicos.

Embora tenha assinado o Protocolo de Quioto, em 1997, o Brasil não foi incluído no grupo Anexo I - países industrializados que precisariam reduzir suas emissões de

gases causadores de efeito estufa durante o primeiro período de vigência do acordo. Entretanto, junto com a China, Índia e África do Sul, países emergentes de industrialização recente, o Brasil está sendo pressionado a adotar medidas mais concretas para reduzir suas emissões, durante o segundo período.

No setor agropecuário, considerando o atual cenário de mudanças climáticas, os pesquisadores, técnicos e demais envolvidos, defrontam-se com dois dos mais importantes desafios para a humanidade: a) o uso eficiente dos recursos na produção de alimentos, onde o aumento da produção deve estar associado a uma preocupação constante com o uso racional dos recursos tais como solo, água, energia e agroquímicos; e b) atender a tal demanda de forma sustentável, ou seja, aumentar a produtividade, preocupando-se com a conservação dos recursos naturais.