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relevância de educação Para desenvolvimento sustentável

integração curricular de educação para desenvolvimento sustentável na

1. relevância de educação Para desenvolvimento sustentável

A educação para desenvolvimento sustentável (EDS) visa uma educação de qualidade (GC-UNESCO, 2009), na qual questões-chave, como pobreza, fome, desastres naturais, alterações climáticas e igualdade entre géneros, são abor- dadas numa perspetiva da sustentabilidade. A EDS pretende contribuir para que os cidadãos: a) desenvolvam sentido de responsabilidade local e global; b) desenvolvam pensamento crítico orientado para o futuro; c) valorizem conheci- mentos tradicionais; d) reconheçam a interdependência global de algumas das atuais mudanças; e) reflitam sobre novos estilos de vida, respeitando os outros e o ambiente (UNESCO, 2005a). A EDS implica, pois, o desenvolvimento, pelos destinatários, de conhecimentos, competências, valores, atitudes e comporta- mentos adequados, que auxiliem a cuidar melhor dos equilíbrios entre as di- mensões ambiental, social e económica (Capelo et al., 2012a).

Envolvendo múltiplas abordagens e finalidades educativas, englobando va- riados contextos, a EDS visa a concretização dos Objetivos de Desenvolvimen- to do Milénio (ODM), e os propósitos de educação para todos (EPT), entre outras iniciativas internacionais (GC-UNESCO, 2009). A década das Nações Unidas de EDS (DEDS), a decorrer (2005-2014) pretende reforçar estes pro- pósitos, contribuindo para: (i) promover tomadas de consciência sobre EDS e criar bases sólidas, políticas e sociais, em EDS; (ii) desenvolver abordagens em EDS, simples e criativas, de forma a auxiliar todos os cidadãos a compreende- rem o seu significado e relevância; (iii) reorientar currículos, ensino e apren- dizagem numa perspetiva de EDS, visando contribuir para o desenvolvimento de competências relacionadas com pensamento crítico e resolução de pro- blemas; (iv) promover políticas educativas que sustentem estas novas formas de ensinar e aprender e articulem desenvolvimento curricular, investigação e inovação educativas; (v) promover o desenvolvimento por professores, futuros professores, gestores e líderes, de competências em EDS; (vi) estabelecer si- nergias entre EDS e educação com outras orientações, por exemplo, educação ambiental, educação para a paz, educação para igualdade de géneros, educa- ção inclusiva e educação para a saúde (GC-UNESCO, 2009).

Em suma, a EDS visa estimular pensamento crítico sobre princípios e valores subjacentes à educação em todos os contextos e níveis de ensino, para auxiliar os cidadãos a contribuírem para a consecução dos ODM (GC-UNESCO, 2009).

2. eds nos PaÍses da ásia-PacÍfico e sua integração nos currÍculos formais

Geograficamente, a região do Sudeste Asiático inclui um conjunto de países, como Brunei Darussalam, Camboja, Indonésia, República Popular de Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Singapura, Tailândia, Timor-Leste e Vietname. Cada país é caracterizado por uma ou mais culturas dominantes, que determi- na a ideologia nacional, a política e prioridades de desenvolvimento (UNES- CO, 2005b). Em termos demográficos, estes países são bastante heterogéneos. Enquanto nalguns, como Brunei, Singapura e Tailândia, a taxa de crescimento populacional está em desaceleração, noutros, o crescimento populacional é bastante acentuado, como em Timor-Leste, Indonésia, Filipinas e Vietname (UNESCO, 2005b). Os países também se apresentam distintos em termos de crescimento económico e níveis de pobreza (UNESCO, 2005b). Por outro lado, todos os países do Sudeste Asiático apresentam problemas ambientais graves, como, destruição de florestas, relacionada com crescimento econó- mico, e desbravamento de terras para pecuária e agricultura de subsistência (UNESCO, 2005b).

Estes e outros problemas, muitos decorrentes de conflitos sociais violentos, conduziram à necessidade de encarar EDS como um desafio proeminente do século XXI (UNESCO, 2005b). Assim, EDS passou a ser defendida por comunidades, escolas, organizações privadas e, de uma forma geral, pelos go- vernos de todos os países da região da Ásia-Pacífico (UNESCO, 2011a. In- tegrar EDS na educação formal passou a ser uma necessidade imperiosa, tal como melhorar a qualidade da educação (UNESCO, 2011a). Tornaram-se prioridades de muitos governos preocupações com a: i) qualidade e equidade em ciências, matemática, línguas, comunicação e criatividade; ii) qualidade e relevância do currículo; iii) qualidade e gestão escolar adequada.

De acordo com a UNESCO (2011b), os sistemas educativos formais de- vem ter um papel importante no desenvolvimento de projetos de EDS. Por exemplo, os governos da Indonésia e da Malásia têm desenvolvido fortes es- forços no sentido de integrar EDS nos currículos nacionais. Por sua vez, os go- vernos de Timor-Leste e Brunei Darussalam apostam em reformas educativas, reconhecendo EDS como uma oportunidade para melhorar a qualidade geral da educação. Também a integração de uma cultura de paz nos currículos no Vietname é um bom exemplo deste tipo de abordagem. Ao valorizar propósi- tos de EDS, o regime do Vietname procura promover o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos que reflitam o respeito pela vida e pelas pessoas (UNESCO, 2005c). Mas muito há ainda para fazer.

Segundo a UNESCO (2005c), limitações de tempo e burocracia, entre outros fatores, constituem obstáculos à adoção de iniciativas em EDS no setor da educação formal de muitos países da região da Ásia-Pacífico. Para superar estes obstáculos, a UNESCO (2005c) salienta que EDS deve ser vista, não como mais um assunto a ser adicionado ao currículo, mas numa perspetiva global, como contexto de desenvolvimento de práticas e consecução de metas educativas. Os decisores políticos devem desempenhar um papel crucial na reorientação dos sistemas educativos, de forma a acomodarem esta aborda- gem holística. Para integrar EDS nos currículos, os países devem desenvolver esforços no sentido de desenvolver modelos conceptuais ajustados ao seu con- texto em particular (UNESCO, 2005c). Por exemplo, abordagens curricula- res que, numa perspetiva de EDS, se promovam em Timor-Leste, devem ser diferentes das abordagens que se implementem num país desenvolvido, por diferentes serem os seus problemas e desafios (UNESCO, 2011b). Estas abor-

dagens devem ter em conta prioridades locais e características do quotidiano dos timorenses e atender às necessidades e aspirações do país em termos de proteção ambiental, desenvolvimento social e crescimento económico (Cape- lo et al. 2012b).