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Resultados e discussão: Entendendo o sentido de inclusão para o IFPR em seus documentos

Pesquisas por Continente

3. DELINEAMENTO METODOLÓGICO

3.2 Resultados e discussão: Entendendo o sentido de inclusão para o IFPR em seus documentos

O IFPR é uma instituição que compõe a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Esta, por meio da Ação TEC NEP, busca promover a inclusão, permanência e conclusão com êxito dos alunos com necessidades educacionais especiais, incluindo os alunos PAEE. Assim, caberia ao IFPR planejar e implementar políticas de inclusão escolar.

Diante disto, acreditamos ser pertinente identificar, nos documentos institucionais, as citações feitas com relação à inclusão de alunos PAEE, permitindo o acesso às informações

para compreendermos como a instituição se posiciona frente a esse tipo de inclusão. Vale ressaltarmos que em muitos documentos institucionais só é feita referência ao termo alunos com necessidades educativas especiais (NEE), porém como já explicitamos, neste trabalho não utilizamos esse termo, mas consideramos que nele estão incluídos os alunos PAEE. Assim, a apresentação dos documentos institucionais selecionados foi feita por ordem cronológica.

Apesar da criação do IFPR ter se dado em 2008, somente em 2009 foi escrita a Resolução nº11/2009 que aprova a política de apoio estudantil do IFPR e que faz referência à inclusão de alunos PAEE. Esse documento apresenta como princípios ligados à temática ―garantia de qualidade de formação tecnológica e humanística voltada ao fortalecimento das políticas de inclusão social; eliminação de qualquer forma de preconceito ou discriminação‖ (IFPR, 2009, p.2).

Para pôr em prática esses princípios, a instituição tem como objetivos viabilizar as condições de acesso, permanência e conclusão dos cursos pelos alunos, evitando a retenção e a evasão, principalmente quando ocasionada por fatores socioeconômicos e por necessidades educativas especiais, por meio de uma política social que ajuda por meio de bolsas e auxílios, esses alunos com suas necessidades de moradia, alimentação, saúde, transporte, cultura, lazer, entre outras. Também pretende, por meio dessa política de apoio estudantil, criar ou ampliar programas destinados ao atendimento de alunos com necessidades educativas especiais, principalmente no que se refere à integração, acessibilidade, orientação, mobilidade e acompanhamento pedagógico.

Em 2011, a Resolução nº11/2009 foi alterada por meio da Resolução nº53/2011, que passa a incluir como modalidade de atendimento estudantil ―acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação‖ (IFPR, 2011a, p.1). Consideramos esse documento particularmente importante, pois traz uma modalidade de atendimento estudantil específica para os alunos PAEE, fazendo menção aos TGBs e aos alunos com altas habilidades, o que ficava subentendido, na Resolução nº11/2009, que tais alunos estavam incluídos com os demais alunos com necessidades educativas especiais.

Ainda em 2011, temos as Resoluções nº54/2011 e nº55/2011, que tratam respectivamente da Organização didático-pedagógica da Educação Profissional Técnica de Nível Médio e Formação Inicial e Continuada de trabalhadores e da Organização didático- pedagógica da Educação Superior. Em ambos os documentos a única menção feita à inclusão de alunos PAEE refere-se à organização curricular, que deve levar em consideração o

reconhecimento da diversidade dos sujeitos e das pessoas com deficiência e a valorização dos temas transversais como gênero, raça, violência, sexualidade, pobreza, trabalho e inclusão pelos componentes curriculares.

Em 2012 temos o PPP do campus Paranavaí, que entre os campi selecionados do IFPR para a pesquisa, disponibilizou em seu site o documento para conhecimento público. Os demais campi não disponibilizam o documento no site e aqueles que estavam disponibilizados, não continham informações sobre a proposta inclusiva. Assim devido à impossibilidade de acesso aos PPPs dos demais campi, esse foi o único PPP analisado.

O documento apresenta um item específico sobre a Política de Educação Inclusiva. Entendemos que a inclusão a que se refere diz respeito à inclusão social, porém a inclusão de alunos PAEE também está incluída, uma vez que diz:

Implica a inserção de todos, sem distinção de condições linguísticas, sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais, éticas, socioeconômicas e requer sistemas educacionais planejados e organizados que deem conta da diversidade dos alunos e ofereçam respostas adequadas às suas características e necessidades. (IFPR PARANAVAÍ, 2012, p.76).

Para este campus, a inclusão acontece com o desenvolvimento de ações educacionais que eliminem as barreiras atitudinais, arquitetônicas e educacionais, fundamentando-se nos ideais de que o ser humano tem o direito de conviver sem discriminação e segregação, de que as diferenças fazem parte da diversidade humana, oferecer autonomia e independência às pessoas com NEE e trabalhar a alteridade no relacionamento com o próximo.

Assim, para a consolidação do processo de inclusão baseados nesses princípios o campus considera necessário:

- Estruturação do NAPNE, com relação a recursos didáticos e equipe multifuncional; - Adaptação metodológica e avaliativa segundo as necessidades educativas dos alunos; - Sensibilização da comunidade interna sobre as necessidades educacionais especiais; - Atendimento das necessidades específicas nas salas de apoio, na existência destas; - Integração dos alunos com NEE nas atividades artísticas e culturais da instituição; - Formação dos alunos com NEE para o mundo do trabalho;

- Quebra das barreiras arquitetônicas e atitudinais;

Apesar de o documento apresentar as ações necessárias, sem, no entanto dizer como operacionalizá-las, percebemos que o campus busca promover a convivência e a integração dos alunos com NEE com a comunidade acadêmica para que esta tenha mais conhecimento

sobre o assunto, quebrando as barreiras atitudinais e para que aqueles possam desenvolver sua autonomia.

Em 2014, temos o Plano de Desenvolvimento Institucional 2014-2018, que traz as diretrizes pedagógicas que orientam o planejamento e as ações do IFPR. O documento apresenta como valores da instituição a diversidade humana e cultural e a inclusão social. ―Traz como sua principal responsabilidade a promoção da inclusão‖ (IFPR, 2014a, p.29), compreendendo e preservando as diferentes culturas, respeitando todas as formas de diversidade, contribuindo para a promoção da equidade social e do fortalecimento dos laços de solidariedade no contexto escolar. Essa proposta tem como meio de ação da instituição a política de acesso e permanência, o apoio a projetos inovadores, a realização de eventos que discutam a questão de gênero, diversidade, acessibilidade e inclusão, como a difusão desses conhecimentos e informações sobre a inclusão no contexto escolar. Assim, o IFPR assume o ―respeito à diversidade, da mesma forma que promove ações multiplicadoras do olhar humano e solidário que todos devem ter nas relações humanas‖ (IFPR, 2014a, p.40).

Para essa proposta de educação inclusiva, o IFPR também considera a necessidade de um novo perfil de professor que supere as práticas pedagógicas tradicionais e que apresente aos alunos novos meios de aprendizado, estimulando a autonomia do aluno. Este, com a ajuda do professor, passa a ter papel fundamental na criação e na condução de estratégias de aprendizagens diferenciadas, considerando as diversidades presentes nas situações de ensino- aprendizagem. ―A participação do estudante, neste processo, permite que o pensamento se organize a partir da relação com o outro e com o mundo‖ (IFPR, 2014a, p.35). Por esse viés, o estudante desenvolve responsabilidades no seu processo formativo, consciente de sua realidade e da diversidade existente.

Percebemos que, quando o documento (PDI) se remete à inclusão, está se referindo à inclusão social e não à inclusão específica associada ao termo utilizado na Educação Especial. No que se refere a esse ponto, o documento apresenta poucas questões. Expõe a inclusão de alunos PAEE como uma política de ensino de assistência estudantil que será efetivada com ―o acompanhamento dos estudantes junto ao Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas – NAPNE‖ (IFPR, 2014a, p.49).

A política de ensino de assistência estudantil assume compromisso com o desenvolvimento e o acompanhamento pedagógico dos alunos, ofertando igualdade de condições para aprendizagem, visando à permanência e ao êxito escolar, promovendo a formação integral do aluno. Considera ―o acesso, a participação e a aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e

superdotação‖ (IFPR, 2014a, p.137) como uma das modalidades de atendimento estudantil. A seguir apresentamos os princípios da política de assistência estudantil, dentre os quais aqueles que consideramos contribuir para a inclusão de alunos PAEE (IFPR, 2014a, p. 135-136):

a) Criar e implementar condições para viabilizar às pessoas o acesso, a permanência e o êxito formativo nos cursos do IFPR, contribuindo para minimizar a retenção e a evasão, principalmente quando agravadas por fatores socioeconômicos;

b) Contribuir para a formação da cidadania e a melhoria da qualidade de vida dos estudantes, de modo a incrementar o desempenho acadêmico e, consequentemente, a conclusão de curso, sobretudo daqueles vulneráveis socioeconomicamente, mediante implementação de uma política social que contemple suas necessidades de moradia, alimentação, saúde, transporte, cultura, lazer, esporte, entre outras;

c)Promover ações de acolhimento e integração aos estudantes do IFPR;

d) Assegurar aos estudantes igualdade de oportunidade no desenvolvimento das atividades acadêmicas, culturais, artísticas, esportivas, dentre outras;

e) Estabelecer ações articuladas que oportunizem a participação de estudantes nas mais diferentes atividades formativas, tais como: projetos de ensino, pesquisa e extensão, organizações estudantis, eventos e outras;

f) Desenvolver, articuladamente, mecanismos de aproximação profissional para os estudantes, tais como: estágios, intercâmbios, primeiro emprego e outros;

g) Estabelecer e/ou ampliar programas ou projetos relativos ao atendimento aos estudantes com necessidades educativas específicas, garantindo, principalmente, integração, acessibilidade, orientação, mobilidade e acompanhamento pedagógico; h) Promover, de maneira articulada, atendimento social e psicopedagógico, qualidade de vida e orientação profissional;

i) Estimular ações de integração na comunidade estudantil de maneira ética, social, política e profissional;

j) Promover as condições de aprendizado para garantir a qualidade do ensino público;

k) Possibilitar a equidade no acesso e igualdade de condições para a permanência e êxito do estudante;

l) Dar ampla divulgação dos benefícios, serviços, programas e recursos oferecidos pela instituição, como dos projetos da assistência estudantil e dos critérios para seu acesso, bem como garantia da qualidade dos serviços prestados à comunidade estudantil;

m) Respeitar a dignidade do sujeito, a sua autonomia, bem como incentivar a convivência escolar e comunitária;

n) Garantir a defesa em favor da justiça social e eliminação de todas as formas de preconceitos e/ou discriminação por questões de inserção de classe social, gênero, etnia/cor, religião, nacionalidade, orientação sexual, idade e condição física; o) Reconhecer o pluralismo de ideias, da igualdade, da democracia, da solidariedade e da liberdade como valores éticos centrais.

Assim, os princípios elencados propõem ações que atendam a todos os alunos matriculados no IFPR, que podem contribuir para o processo de inclusão escolar.

Ainda com relação aos pontos presentes no documento que fazem referência exclusiva à inclusão escolar de alunos PAEE, encontramos a obrigatoriedade do tradutor-intérprete de LIBRAS compondo a equipe multifuncional dos campi do IFPR, além do pedagogo, psicólogo, assistente social. No que se refere à infraestrutura, o documento (PDI) apresenta a acessibilidade como um projeto que contempla piso podotátil, vagas de estacionamento

exclusivas para ―portadores de necessidade especiais‖, rampas de acesso, banheiros exclusivos para cadeirantes, sinalização tátil nos corrimãos e na plataforma elevatória.

Não foi possível entendermos, pelo documento, se essa infraestrutura já existe nos campi do IFPR ou se está ainda em projeto, porém o próprio texto aponta a deficiência na acessibilidade e no atendimento de ―portadores de necessidades especiais‖, mediante avaliação da Comissão Própria de Avaliação – CPA, que é uma avaliação interna feita pelos alunos, professores e técnicos administrativos.

Nesse mesmo documento, verificamos que todos os campi do IFPR apresentam as metas e as ações que pretendem cumprir no período estabelecido de 2014 a 2018. Dentre as metas apresentadas, destacamos aquelas que podem contribuir para a inclusão escolar do PAEE:

- Dar voz aos alunos, por meio de reuniões em que eles sejam ouvidos sobre o processo de ensino-aprendizagem;

- Implementar, na biblioteca, ações de acessibilidade para inclusão dos alunos com deficiência, por meio da instalação de programas em computador da biblioteca para deficientes visuais; treinamento dos atendentes para auxiliá-los e adequação do espaço físico para acesso ao cadeirante;

- Melhorar a relação professor/aluno, por meio de atividades de integração como criação de clube de xadrez; Montagem de times de esportes coletivos; Clube da dança; Intervalo Cultural; Feiras Culturais.

- Garantir o acesso e principalmente a permanência do aluno na instituição, numa perspectiva de educação inclusiva e democrática, por meio do crescimento do NAPNE; Fortalecimento de projetos na área de inclusão; Adequações quanto à acessibilidade dos espaços físicos; Encaminhamento de alunos que necessitem de atendimento especializado;

No mesmo ano de 2014, ainda temos a última versão do Estatuto do IFPR, que apresenta como um dos seus princípios norteadores a ―inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais e deficiências específicas‖, sendo esta a única referência com relação à inclusão de forma geral neste documento.

Em 2014 tem-se também o documento ―Regimento Interno Comum a todos os campi do IFPR‖, que é o primeiro documento a apresentar o NAPNE como um órgão colegiado, ―de assessoramento e proposição de apoio técnico-científico a políticas e ações de inclusão em cada campus‖ (IFPR, 2014b, p.8). Por meio desse documento o NAPNE está vinculado à Seção Pedagógica e de Assuntos Estudantis de cada campus, sendo sua coordenação designada pela Direção Geral do campus. Esse órgão deverá cumprir seu papel de acordo com

as diretrizes da Pró-reitoria de Ensino (PROENS) e deverá atuar conforme legislação institucional específica.

Porém na análise documental não encontramos nenhum documento institucional que trate sobre a atuação específica do NAPNE. Somente no ano de 2015, o documento ―Manual de Competências‖ tratou de descrever as atribuições das unidades organizacionais que foram definidas pelo Estatuto e pelo Regimento Geral do IFPR, bem como daquelas incorporadas ao organograma institucional.

Segundo o Manual de Competências, a instituição, por meio de todos os seus setores, deve zelar pela inclusão social, porém, segundo o texto, os setores prioritariamente responsáveis pelo planejamento e execução das ações inclusivas da instituição são a Diretoria de Assuntos Estudantis e Atividades Especiais – DAES, subordinada à PROENS e a Diretoria de Extensão e Políticas de Inclusão – DIEXT, subordinada à Pró-reitora de Extensão, Pesquisa e Inovação – PROEPI.

Nesse documento, a palavra ―inclusão‖ também é usada constantemente em seu sentido de inclusão social, fazendo poucas referências à inclusão no sentido de inserção educacional do PAEE.

A DAES implementa suas ações relacionadas à inclusão, por meio da ―Seção NAPNE‖. Essa seção se configura como responsável pela coordenação dos NAPNEs nos campi e das políticas de educação inclusiva, tendo como principal ação o acompanhamento e assessoramento aos campi e aos alunos, referente ao NAPNE. O NAPNE localizado em cada campus deve:

 Promover ações que possibilitem a integração do aluno com necessidades educacionais específicas nas atividades escolares;

 Fomentar a implantação e consolidação de políticas inclusivas no Instituto;

 Promover ações que auxiliem na permanência e êxito do estudante com necessidades educacionais específicas no IFPR, nas áreas de ensino, pesquisa e extensão; (IFPR, 2015, p.227).

Dessa forma, há a ―Seção NAPNE‖ que é uma seção da PROENS e que coordena os NAPNEs existentes nos campi. Em relação ao NAPNE nos campi, as competências também englobam a questão da implantação e consolidação das políticas inclusivas que, neste caso, entendemos que faz referência à inclusão escolar do PAEE. Porém, no Manual de Competências não encontramos um detalhamento das competências e das formas de atendimento do aluno pelo NAPNE, não mencionando o AEE em nenhum momento.

Já a DIEXT, por meio de sua Coordenadoria de Políticas de Inclusão, tem como função o planejamento, coordenação e avaliação das políticas de inclusão no âmbito do IFPR,

e, nas suas competências, encontramos a articulação com agências de fomentos e outros segmentos para viabilizar as ações de inclusão, bem como colaborar para a estruturação de programas de políticas de inclusão.

De acordo com o Manual de Competências, tanto a ―Seção NAPNE‖, vinculada à DAES/PROENS, quanto à Coordenadoria de Políticas de Inclusão vinculada à DIEXT/PROEPI, seriam responsáveis pela proposição, planejamento e avaliação de políticas de inclusão, porém não fica evidente pela descrição, o que seria específico de cada um desses órgãos.

Assim, pela análise dos documentos institucionais do IFPR em que buscamos os princípios e ações de inclusão institucional, destacamos os princípios e ações de caráter inclusivo que atendiam a todos os alunos, pois, em vários documentos institucionais, o termo inclusão era muito recorrente, porém referindo-se mais à inclusão social. Nas menções feitas com relação à inclusão específica de alunos PAEE, não encontramos de forma esclarecedora como se operacionalizariam essas ações. Isso pode nos indicar que o IFPR ainda não possui políticas educacionais estruturadas para esses alunos.

Os documentos também não fazem referência à legislação federal que ampara a Educação Especial e a inclusão de alunos PAEE, não mencionando em nenhum momento o AEE e nem a sala de recursos multifuncional de forma específica, o que representa uma contradição, ―uma vez que uma instituição de ensino, pertencente à Rede Federal de Educação, não atende às prerrogativas legais de atendimento aos alunos com deficiência que a própria legislação federal propõe‖ (GOESSLER, 2016, p. 112), pois em instituições de ensino da Educação Básica que trabalham com alunos PAEE, o AEE deve ser ofertado de maneira transversal (BRASIL, 2008).

Apesar de encontrarmos nos documentos a existência de dois setores dentro da Instituição que objetivam promover políticas de inclusão – Seção NAPNE/PROENS e a Coordenadoria de Políticas Inclusivas/PROEPI – não se apresenta o que compete a cada setor no que se refere à inclusão na instituição.

Dos documentos institucionais, verificamos que poucos fazem referência ao termo inclusão conforme é utilizado pela Educação Especial e, quando o fazem, é de forma vaga, não explicando como se operacionalizaria tal princípio ou proposta. Isso dificultou nossa análise documental, a partir da qual buscamos verificar de que maneira os princípios, políticas e ações de inclusão escolar citados poderiam influenciar o processo de resiliência dos alunos PAEE, contribuindo para a resolução das sete tensões propostas pela abordagem socioecológica.

Por meio dessas poucas informações, analisamos que quando o IFPR apresenta como princípios e ações a adequação da estrutura física dos campi visando a acessibilidade, a aquisição de recursos didáticos, a necessidade do tradutor e intérprete de LIBRAS e de professores com práticas inovadoras, quando busca consolidar o NAPNE e o programa da política estudantil, o qual disponibiliza bolsas e auxílios para as necessidades de alimentação, transporte e moradia dos alunos, o IFPR estaria contribuindo para a resolução da tensão Acesso a recursos materiais, pois, para resolver essa tensão, o sujeito deve acessar condições materiais e sociais, no caso, a escola, que garanta uma educação de qualidade. Ungar et al. (2007) ao se referirem a recursos materiais não destacam apenas a possibilidade de a escola oferecer recursos tecnológicos e físicos, mas à forma como a escola favorece a aprendizagem, a possibilidade de aprender. Assim, pelos documentos institucionais, os alunos PAEE seriam atendidos por meio da oferta dos recursos materiais como estruturas físicas adequadas, materiais didáticos, incluindo aqui o auxílio financeiro, mas também pelo NAPNE e outros programas destinados aos alunos com NEE que deveriam promover a integração, acessibilidade e acompanhamento pedagógico.

Com relação à tensão Relacionamentos, que se refere às redes de apoio do sujeito em processo de resiliência, podendo ser no contexto escolar, os colegas de classe, os professores e outros profissionais da escola (LIBÓRIO, 2009; CAMARGO 2009; PESSOA, 2011), verificamos, por meio dos documentos, que o IFPR pretende aproximar os alunos e professores por meio de atividades culturais e ações de integração com a comunidade escolar, que são ações que modificam o dia-a-dia da escola, dos alunos e professores, contribuindo para uma aproximação entre alunos e professores, e entre alunos. A proposta para que os professores ensinem de forma a atender às necessidades dos alunos também pode colaborar para melhorar o relacionamento dos alunos com os professores, pois o professor poderia ser visto como alguém que entende as dificuldades e procura ajudar, ―assumindo uma função social relevante que extrapole o conteúdo programático e enfatize suas práticas na formação humana‖ (PESSOA, 2011, p. 72).

Pela proposta pedagógica apresentada nos documentos, vimos que o uso de novas metodologias de ensino pelos professores e a participação dos alunos em atividades como os projetos de pesquisa e de extensão contribuiriam para a formação de um aluno ativo, que tenha responsabilidade com seu aprendizado, estimulando sua autonomia. Essas ações cooperariam para a resolução da tensão Identidade, pois por meio de atividades que promovem o relacionamento com outras pessoas, os alunos trabalhariam suas dificuldades e capacidades, contribuindo para a formação de sua identidade, pois segundo Ungar et al.

(2007) o processo de formação de identidade é construído por meio de interações em espaços