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1 ROTA TURÍSTICA INTERNACIONAL AMAZÔNIA – ANDES –

1.1 O Vale do Acre e a vocação turística

1.1.1 Rio Branco: turismo e cultura na Rota Turística Internacional

Andes-Pacífico.

Com o objetivo de identificar em que se constitui o turismo e a vocação turística da cidade de Rio Branco, buscou-se, primeiramente, fazer um estudo sucinto dos elementos culturais existentes. Para tanto, foram utilizadas informações do Inventário da Oferta Turística do SEBRAE (2006), das obras não-publicadas de Araujo (2003a, 2003b e 2004) e do ACRE, ZEE (2006). Além disso, procurou-se na história do Acre e da cidade de Rio Branco o conhecimento sobre os elementos de identidade e cultura, consultando a obra de Tocantins (1979) e Cardoni (1986).

13 Termo genérico para os locais de habitações dos seringueiros.

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Habitantes das margens dos rios da Amazônia que vivem do cultivo de agriculturas de várzeas, (milho, arroz, feijão, batata-doce, jerimum, melancia e outros) além da caça e da pesca. O rio e a floresta é seu “todo”.

A cidade foi fundada em 28 de dezembro de 1882 por Newtel Maia, concentra uma área de 883.143,74 Km² somando 305.731 habitantes. Está Localizada entre as latitudes de 09° 58’ 29’’ e longitude 67° 48’ 36’’. Estabelece fronteira com os municípios de Bujari, Brasiléia, Capixaba, Porto Acre, Sena Madureira, Senador Guiomard e Xapuri. Suas principais vias de acesso são a BR 364, 317, AC–10 e AC–40. A temperatura média se concentra em 26°C e a temporada de maior estiagem (verão amazônico) ocorre de junho a setembro e maior intensidade de chuvas entre dezembro a março.

O nome da cidade é em homenagem ao ex-Ministro das Relações Exteriores, o Barão do Rio Branco, devido ao seu empenho em resolver as questões do Acre durante o litígio com a Bolívia. (ACRE, 2006). O monumento de maior destaque na capital é o Palácio Rio Branco, o qual pode ser visualizado por meio da figura 5 a seguir. A capital dispõe de boa infra-estrutura turística e de apoio, dispondo de um aeroporto internacional que recebe três voos diários de duas grandes companhias aéreas, além de voos para as principais cidades brasileiras e outros em aeronaves de pequeno porte para o interior do Estado. Também conta com equipamentos turísticos de bom padrão de qualidade e compatíveis com a demanda turística e infra-estrutura existentes.

Figura 5: Foto do Palácio Rio Branco no centro de Rio Branco. Fonte: SETUL, 2007.

A cidade apresenta maturidade cidadã, urbanística, e se desenvolve sem perder as características dos centros urbanos do interior da Amazônia. Sua política de desenvolvimento associa exploração racional dos recursos histórico-culturais e florestais com preservação e manutenção dos monumentos culturais. Possui vários locais aprazíveis para o descanso e lazer, como os parques ambientais e os monumentos dos sítios históricos do primeiro e segundo distritos, que traduzem culturalidade baseada na herança deixada pelos antigos habitantes, os índios e os desbravadores vindos do Norte e Nordeste brasileiros. Os folguedos, danças, mitos, lendas, superstições compõem a identidade acreana permeadas pelos saberes naturais do homem amazônico. Pratos como a galinha caipira, pato no tucupi, tacacá, rabada no tucupi, “caldeirada” de tambaqui, carnes e peixes preparados no leite da castanha-do-Brasil compõem sua culinária.

Vale ressaltar que a cultura acreana recebeu influência da cultura nordestina, indígena, alemã, árabe, sírio-libanesa, sendo que dos dois primeiros grupos a cultura é mais presente na maioria da população, dos três últimos grupos encontram-se resquícios no comércio e no setor alimentício. Destaca-se também, a cultura trazida pelos pecuaristas e assentados dos projetos de assentamentos do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), os quais chegaram a Rio Branco provenientes do centro oeste e sul do país durante as décadas de 70 e 80. A culinária foi o setor que mais recebeu influência deste grupo. Nesse sentido, nota-se que essa mistura de raças, usos e costumes formam a identidade acreana e se encontram presentes em vários elementos, nos monumentos histórico-culturais, na história, na linguagem, na culinária e nas paisagens da cidade.

Gradativamente, essa identidade cultural “florestana” 15 amadurece com a participação do povo e assistência do poder público como as manifestações culturais e os eventos culturais programados que realiza, um exemplo são as conferências e câmaras temáticas de cultura de Rio Branco que buscam o fortalecimento cultural das comunidades e, consequentemente, a preparação da população para o turismo.

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“Florestana ou Florestano” são palavras que identificam os cidadãos habitantes da região de florestas. Todo acreano é um florestano e a florestania é o seu jeito de viver.

Isso é confirmado na declaração em entrevista do Diretor da Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil:

... trabalhamos com câmaras temáticas na busca do fortalecimento das comunidades, para o futuro desenvolvimento do turismo. Uma comunidade frágil, ao ser submetido ao turismo tende a se quebrar facilmente ...

As câmaras temáticas dos diversos grupos de cultura 16 buscam o fortalecimento para um dia poder vivenciar o turismo que desejam para sua cidade, como afirma o gestor de cultura e turismo municipal Marcos Vinícius das Neves ao ser entrevistado: “[...] há que se ter um turismo, entranhadamente acreano, baseado em nossos próprios princípios, [...]. Assim é o turismo que queremos”. Essa afirmação vai de encontro às declarações do MTur quanto à valorização e promoção dos bens materiais e imateriais da cultura: “Valorizar e promover [...] significa também reconhecer a importância da cultura na relação turista e comunidade local” (MTUR, 2006, p.11). Em conformidade com essas afirmações, Petrocchi (2001, p.99) explicita que: “As atividades turísticas devem conduzir-se em harmonia com as especificações e tradições das regiões [...]”. O fato é que a cidade de Rio Branco se prepara para o turismo de modo peculiar, regionalmente cultural.