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A SAÚDE OCUPACIONAL DOS SERVIDORES DO IFPB: INDICADORES À QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

COMUNICAÇÃO ORAL

A SAÚDE OCUPACIONAL DOS SERVIDORES DO IFPB: INDICADORES À QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Iolivalda Lima do Nascimento

iolivalda@gmail.com Sérgio Estrela Júnior Alecsandro Monteiro Kramer Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) 1 INTRODUÇÃO

A realidade contemporânea das organizações revela desafios na área da saúde e Qualidade de Vida no Trabalho - QVT que precisam ser enfrentados com efetividade e conhecimento científico. O absenteísmo motivado por saúde constitui importante indicador de pesquisa na ceara trabalhista, se por um lado é capaz de demonstrar as fragilidades de um sistema organizacional, de outro, transversalmente, reflete consequências à qualidade de vida dos trabalhadores.

Diante disso, analisar os índices de absenteísmo faz-se premente em quaisquer organizações, considerando sê-la imprescindível à gestão, já que pode fornecer elementos a uma intervenção consciente e direcionada, com o foco na problemática. A importância dessa redução também se materializa ao empreender um impacto positivo no bom desempenho profissional e, igualmente, no desenvolvimento da instituição.

Registros recentes, obtidos junto a Coordenação de Promoção Social e Qualidade de Vida - CPSQV do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB, Campus João Pessoa, por meio do Subsistema Integrado de Atenção a Saúde do Servidor - SIASS, demonstram dados alarmantes. No período entre junho de 2013 e junho de 2016, foram registrados aproximadamente 400 (quatrocentos) processos de afastamento para tratamento de saúde; nesses, foram computados 10.480 (dez mil, quatrocentos e oitenta) dias de ausências e 235 (duzentos e trinta e cinco) servidores afastados em períodos distintos. Diante desse quadro, a pesquisa em tela objetivou a apreensão dos indicadores de afastamento por cargo, por setor e por patologia, conforme a classificação internacional de doenças - CID - na perspectiva de contribuir às ações empreendidas em QVT pela referida instituição.

2 METODOLOGIA

Reportando-nos ao Modelo de Hackman e Oldhan (1975), uma das três características relevantes à Qualidade de Vida no Trabalho é o absenteísmo. Partindo dessa predisposição teórica, propomo-nos à investigação dos índices de absenteísmo, justificados por motivo de doença, relativos aos servidores do quadro efetivo do IFPB, Campus João Pessoa. Para tanto, foi realizado o levantamento das homologações de licenças por motivo de tratamento de saúde, junto à CPSQV do Departamento de Gestão de Pessoas do IFPB, bem como, junto ao Subsistema Integrado de Atenção Saúde do Servidor (SIASS), órgão responsável pelas perícias e homologações de licenças médicas dos servidores federais.

O universo desta pesquisa, portanto, é composto por um rol de aproximadamente 950 registros de licenças médicas, requeridas para tratamento da própria saúde ou de pessoa da família, impetradas por servidores efetivos do quadro geral do IFPB nos últimos três anos. Desse rol de processos de afastamento, nossa amostra corresponde a aproximadamente 30% dos registros de licença médica, relativos aos servidores lotados no Campus João Pessoa. Outrossim, vale ressaltar que a análise não ocorreu a partir dos atestados médicos, mas a

partir dos registros de processos, computados na plataforma online do SIASS. Tais informações não revelam a identidade dos servidores, garantindo-se o sigilo médico legal.

A pesquisa é de natureza exploratória e intenta conforme Gil (2008, p. 41), proporcionar uma maior familiaridade com o problema investigado. No que concerne ao instrumento utilizado para coleta de dados foram analisados os registros documentais ou relatórios gerais do SIASS. A pesquisa documental recorre às fontes diversificadas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, etc. (FONSECA, 2002, p. 32).

De posse dos relatórios do SIASS foi realizada pesquisa quantitativa, enfoque ao qual foi dado tratamento estatístico descritivo (frequência, média e percentual), por meio de Planilha Excel (2007), considerando-se como variáveis os afastamentos por cargo, por setor e por patologia. Esclarece Fonseca (2002, p. 10), que a pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, a frequência com que ocorrem, entre outras. Este procedimento metodológico propõe a apreensão e a produção do conhecimento científico acerca do fenômeno determinado, cuja exploração nos permitirá uma aproximação à realidade e à caracterização da Saúde e Qualidade de Vida dos servidores do IFPB, Campus João Pessoa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Antes, é importante salientar que o absenteísmo de modo geral corresponde às ausências ao trabalho. Tais ausências podem ser motivadas por doenças, acidentes de trabalho, ou pelo gozo de outros direitos, fatores culturais extras ou intraempresariais, legalização de uma falta gerada por outra motivação não relacionada à saúde, etc. (STOCKMEIER, 2004, p.6). A análise aqui realizada consiste nos afastamentos justificados, especificamente constantes em licenças médicas periciadas.

Assim sendo, a investigação dos relatórios do SIASS, especialmente os registros inerentes ao Campus João Pessoa, indica um significante número de afastamentos ocasionados por motivo de saúde, entre os anos 2013 e 2016. A média de afastamento registrada por ano, considerando-se o período anunciado, é de 3.495 (três mil quatrocentos e noventa e cinco) dias de ausências, sendo 2.396 (dois mil, trezentos e noventa e seis) relativos aos Professores e 1.099 (mil e noventa e nove) relativos aos Técnicos Administrativos, conforme demonstrado na Tabela 1:

Tabela 1- Registro de afastamentos - licenças médicas 2013-2014

CARGO Nº de Processos de

Afastamentos Total Dias Afastamento

Total de Servidores Afastados PROFESSOR 94 2.235 51 TECNICO ADMINISTRATIVO 43 854 22 TOTAL 137 3.089 73 2014-2015 CARGO Nº de Processos de

Afastamentos Total Dias Afastamento

Total de Servidores Afastados PROFESSOR 86 2.467 56 TECNICO ADMINISTRATIVO 51 1.248 32 TOTAL 137 3.715 88 2015-2016 CARGO Nº de Processos de

Afastamentos Total Dias Afastamento

Total de Servidores Afastados

PROFESSOR 74 2.487 50

TECNICO ADMINISTRATIVO 53 1.195 28

TOTAL 127 3.682 78

Relevante frisar que, no último ano, entre junho de 2015 e junho de 2016, o Sistema Unificado de Administração Pública - SUAP - registrou aproximadamente 636 (seiscentos e trinta e seis) servidores ativos lotados no Campus João Pessoa, sendo 225 (duzentos e vinte e cinco) técnicos administrativos e 411 (quatrocentos e onze) professores. No período, conforme registro do SIASS, 50 (cinquenta) professores impetraram licença médica, assim como, 28 (vinte e oito) técnicos administrativos ativos também o fizeram. Em suma, apenas no último ano, 12,16% dos professores ativos responderam por 2.487 (dois mil quatrocentos e oitenta e sete) ausências em sala de aula e 12,44% dos técnicos administrativos responderam por 1.195 (mil, cento e noventa e cinco) dias de ausências.

Acerca da constância com que o evento “dias de ausências” ocorre, temos que, considerando-se uma média de 254 dias úteis, foram obtidas as frequências relativas de 12,16; 14,63 e 14,50, entre 2013 e 2016, respectivamente. A frequência relativa com que o evento “dias de ausências” acontece é em média 13,76, ou seja, em 254 dias de trabalho úteis, por ano, ocorrem ausências diárias na ordem de 14 aproximadamente.

Já o Índice de Afastamento Anual - IAA, adotado pela Coordenação de Promoção Social e Qualidade de Vida do Campus João Pessoa, definido enquanto indicador de absenteísmo, registrou entre 2013 e 2014 o percentual de 2,42%, entre 2014 e 2015 de 2,44% e, finalmente, entre 2015 e 2016 de 2,03%. O cálculo considerou uma média de 607 servidores por ano, conforme os relatórios do SUAP. Tomando como parâmetro o estabelecido pelo Subcomitê de Absenteísmo da Associação Internacional de Medicina do Trabalho, o índice estabelecido pela fórmula acima, em sendo aceitável, não pode ser superior a 1,2%. Os três anos analisados pela pesquisa, apresentaram percentuais bem superiores àquela referência, o que indica uma elevada taxa de absenteísmo por motivo de doença. Índices acima desses valores precisam de uma avaliação atenta, no sentido de adotar medidas de promoção da saúde e prevenção de agravos a saúde do trabalhador (MORAES, 2008, apud, COUTO, 1987).

Acerca do indicador “Afastamento por Setor”, uma vez mapeado, permite uma atuação direcionada, com o foco na problemática específica. Nesse sentido, fato que chama a atenção é a recorrência de alguns setores dentre os que mais registraram processos de afastamento durante os três anos dessa pesquisa, quais sejam: a Coordenação de Apoio ao Estudante, a Coordenação do Núcleo de Atendimento Médico, a Coordenação de Transportes e o Departamento de Orçamento e Finanças. Essa ocorrência provoca e sugere outras hipóteses e questões que suscitam o aprofundamento desse estudo, a exemplo, existiriam entre esses setores características de trabalho em comum, motivadoras dos afastamentos por motivo de doença? As condições de trabalho desses setores são adequadas? O clima organizacional tem comprometido o desempenho e o bem-estar dos profissionais ali lotados?

Esses questionamentos encontram respaldo em Ribas e Salim (2015), ao afirmarem que as causas do absenteísmo são diversas, entre elas destacam-se: doença efetivamente comprovada; doença não comprovada; razões diversas de caráter familiar; dificuldades financeiras; problemas de transporte; baixa motivação do trabalhador; supervisão precária da chefia; atrasos involuntários por motivo de força maior e as famosas faltas voluntárias por motivos pessoais, todas essas causas estão relacionadas ao absenteísmo sem afastamento, entretanto, os autores citam outros com afastamento por período prolongado são eles: férias; licenças; afastamento por doença; maternidade e acidente de trabalho.

Finalmente, no tocante às doenças que mais acometeram ou que mais ocasionaram afastamentos, nos últimos três anos, destacamos, conforme a Classificação Internacional de Doenças: as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo; os transtornos mentais e comportamentais; as doenças do aparelho digestivo e as doenças do aparelho circulatório.

Tais indicadores podem estar associados a fatores como o estresse, a má alimentação e ao sofrimento no trabalho, ensejando ações que pairam do nível educacional ao

organizacional. Em outras palavras, sugerem atividades que vão desde medidas de conscientização, reflexão e de relacionamento interpessoal, àquelas que consideramos organizacionais, a exemplo, os exames médicos periódicos.

Essas constatações suscitam questionamentos que carecem de investigação, a exemplo, seriam de fato situações que impossibilitam o trabalhador? Se “não”, que fatores estariam associados a essa “fulga”? Ou, se os servidores estão adoecendo, quais as causas? Sem sucumbir o desejo de aprofundamento, deixamos a reflexão aos leitores, no intento de ensejar outras produções teóricas que enriqueçam o debate, especialmente voltado ao âmbito público.

4 CONCLUSÕES

Face ao exposto, algumas observações são preponderantes. Inicialmente, enfatizamos que, tomando como parâmetro o estabelecido pelo Subcomitê de Absenteísmo da Associação Internacional de Medicina do Trabalho, os índices apresentados pelo IFPB, Campus João Pessoa, nos últimos três anos (2016-2013) 2,42%; 2,44%; 2,03%, revelam um elevado nível de absenteísmo por motivo de doença, cerca de duas vezes mais ao que é considerado aceitável pelo referido órgão. Apenas no último ano da pesquisa, computamos que 12% dos professores pertencentes ao quadro de servidores ativos entraram com atestados médicos e esse percentual representou 2.487 (dois mil, quatrocentos e oitenta e sete) dias de afastamento. Registramos ainda que 14% dos técnicos administrativos ativos entraram com atestados médicos e esse percentual representou 1.195 (um mil, cento e noventa e cinco) dias de afastamento.

Enfim, considerando a média geral de afastamentos nos três últimos anos, 3.500 (três mil e quinhentos) dias de afastamento e uma média de 254 dias úteis por ano, podemos assinalar uma frequência relativa que equivale a 13,77 ausências diárias, motivadas por 26% dos servidores ativos pertencentes ao quadro geral do IFPB, Campus João Pessoa.

Importante ainda é avaliar as faixas etárias, as questões de gênero e os determinantes/condicionantes que proporcionam os elevados índices de absenteísmo-doença constatados, razão pela qual deve abranger outros períodos e ampliar-se a totalidade institucional. Ações de planejamento, execução ou avaliação, sem diretriz de conhecimento ou desconectadas da realidade concreta não são hábeis a alcançar grandes resultados, àquelas devem ser orientadas pela pesquisa, daí a importância da produção do conhecimento, também no nível operacional.

REFERÊNCIAS

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. NOGUEIRA, D. Pupo, AZEVEDO, C. A. B. Absentismo-doença em mulheres. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. São Paulo: Fundacentro, 1982.

NOGUEIRA, D. P. Absenteísmo Doença: aspectos epidemiológicos. 242 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Saúde Pública da USP, São Paulo, 1980.

STOCKMEIER, T. E. Programa de combate ao Absenteísmo. Disponível em: http://www.drthomas.med.br/. Acesso em: 25 jun. 2016.

RIBAS, Andréia Lins; SALIM, Cassiano Ramalho, Gestão de Pessoas Para Concursos, 3ª ed. São Paulo, Alumnus: 2015.

CURSO DE PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA: RUMO A

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