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COMUNICAÇÃO ORAL

SERVIDORES DA UFRN

Danielle Loren Costa

danielleloren@reitoria.ufrn.br Lídia Maria Costa Araújo Magalhães

Natália Araújo Lima Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 1 INTRODUÇÃO

O trabalho dos servidores públicos faz parte do cotidiano dos cidadãos e é de grande importância na economia da sociedade, apesar da tendência de redução do papel do Estado e das recentes privatizações concedidas pelos governos (ASSUNÇÃO, 2012).

Segundo Vale et al. (2015), os afastamentos por motivo de saúde no serviço público é um tema importante e preocupante, uma vez que são altos os índices de licenças médicas e de dias não trabalhados entre os servidores públicos.

O absenteísmo é um problema indesejável em uma organização, e considerado como um dos principais obstáculos à produtividade, por gerar atrasos em prazos, insatisfação dos trabalhadores, intensificando a carga de trabalho que acarreta em horas extras dos outros colegas de trabalho, uma vez que estes têm que realizar as tarefas do colega ausente e,muitas vezes, essa realidade interfere na qualidade final do produto ou serviço oferecido à comunidade (CAMPOS, 2006).

A preocupação com os altos índices de afastamentos do trabalho e aposentadorias precoces, fez surgir uma Política voltada para a saúde dos servidores públicos federais. Então, no ano de 2009 foi criada a Política de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal (PASS) que foi instituída pelo Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS) por meio do Decreto nº 6.833 de 29 de abril de 2009, que contempla a perícia oficial em saúde, vigilância ambiental, promoção à saúde e melhoria das condições e organização dos processos de trabalho, permitindo uma ampliação da autonomia dos servidores públicos federais.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sedia a unidade do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS-UFRN), onde atende cerca de 32 órgãos coparticipes da Administração Pública Federal, tendo uma abrangência de em média 12.000 servidores públicos federais em todo o Estado do Rio Grande do Norte, que utilizam-se dos serviços de perícia oficial em saúde para a concessão dos seus direitos, como por exemplo a Licença para tratamento da própria saúde.

Como profissionais de saúde do trabalhador, servidores públicos federais e atuantes no SIASS, torna-se pertinente estudar como se encontra a saúde dos servidores públicos da UFRN no último ano e que este estudo possa agregar conhecimento à temática e contribuir para a promoção da saúde dos servidores públicos federais, que se constitui, atualmente, em um desafio para a gestão de pessoas no serviço público.

Dessa forma, o objetivo deste trabalho é analisar o perfil das ocorrências de afastamentos por motivo de saúde dos servidores da UFRN no ano de 2015.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa documental (GIL, 2010), realizada a partir de relatório gerencial fornecido pelo banco de dados do sistema de informações de saúde e segurança no

trabalho da Administração Pública Federal (SIAPE SAÚDE), com o levantamento dos afastamentos por licença para tratamento da saúde dos servidores da UFRN, no ano de 2015.

O SIAPE SAÚDE possibilita a gestão informatizada das informações sobre a saúde dos servidores pelas unidades do SIASS, organizadas em todo o território nacional (BRASIL, 2014). Os dados disponibilizados pelo SIAPE SAÚDE foram dispostos em uma planilha do programa Microsoft Excel para leitura, construção dos gráficos e posterior análise.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

No gráfico 1 é apresentado o percentual das ocorrências de afastamentos por grupo de Classificação Internacional de Doenças (CID) e vemos que em 2015, o grupo de CID F, equivalente aos transtornos mentais e comportamentais ocupou o primeiro lugar com 28% dos afastamentos e o grupo M, correspondente às doenças do sistema osteomuscular ficou em segundo com 16% das ocorrências.

Legenda: Grupo C: Neoplasias (tumores)

Grupo F: Transtornos mentais e comportamentais Grupo O: Gravidez, parto e puerpério Grupo M: Doenças do sistema osteomuscular e do

tecido conjuntivo

Grupo S: Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas

Grupo H: Doenças do olho e anexos/Doenças do ouvido e da apófise mastoide

Grupo Z: Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde

Grupo I: Doenças do sistema circulatório Grupo J: Doenças do sistema respiratório

Gráfico 1 – Ocorrências de afastamentos dos servidores da UFRN por grupos de CID no ano de 2015. Fonte: SIAPE SAÚDE, 2016; Elaboração: dos autores, 2016.

Recentemente, os transtornos mentais tornaram-se as principais causas de afastamentos do trabalho, de baixa produtividade laboral, de acidentes e de aposentadorias por invalidez. Os quadros depressivos e ansiosos são os principais transtornos mentais que causam absenteísmo-doença ao redor do mundo e se constituem em uma importante fonte de custos para os sistemas de Previdência Social, devido à incapacidade gerada no trabalhador (RAZZOUK; LIMA; CORDEIRO, 2015).

Os transtornos mentais, por serem patologias incapacitantes, acarretam em um alto custo social e econômico, traduzido nos dias perdidos de trabalho e aumento na demanda dos serviços de saúde, além de afetar a qualidade de vida dos trabalhadores (FERREIRA et al., 2015).

Para uma melhor compreensão de como estão dispostas as causas de afastamentos por motivo de saúde, trazemos no gráfico 2, as dez causas mais frequentes de afastamentos dos servidores da UFRN no ano de 2015.

Gráfico 2 – Ocorrências de afastamentos dos servidores da UFRN por CID’s mais frequentes no ano de 2015. Fonte: SIAPE SAÚDE, 2016; Elaboração: dos autores, 2016.

Observa-se que entre as dez causas das ocorrências de afastamentos do trabalho por motivo de saúde, quatro pertencem ao CID F e três delas tem o componente depressivo no diagnóstico.

De acordo com Silva-Júnior e Fischer (2015), os transtornos mentais e comportamentais que mais estão relacionados ao absenteísmo-doença ao redor do mundo são os diagnósticos depressivos, ansiosos e relacionados ao estresse. Quando esses quadros evoluem podem acarretar em uma total incapacidade laborativa permanente omniprofissional, não havendo possibilidade de reinserção no trabalho na maioria dos casos.

Há a possibilidade de que os diagnósticos de transtornos mentais e comportamentais que acometem os servidores públicos federais na UFRN tenham associação com o trabalho desenvolvido, pois o cotidiano laboral dessas pessoas é composto por uma intensa demanda de atividades, precarização do trabalho e estruturas físicas, mudanças políticas de governo e administrativas que alteram a rotina dos trabalhadores, entre outros fatores.

Considerando que os transtornos mentais representam uma parcela considerável do absenteísmo e intervir no processo de adoecimento mental no trabalho é fundamental, foi instituída a Portaria SRH nº 1.261/2010 que institui princípios, diretrizes e ações em saúde mental na Administração Pública Federal, com a finalidade de orientar os gestores e profissionais de saúde dos órgãos sobre a saúde mental de seus servidores e a importância da promoção da saúde.

4 CONCLUSÕES

Observa-se que de acordo com os dados apresentados, o perfil de absenteísmo na UFRN segue com o que vem sendo descrito na literatura, onde mostra um crescimento dos transtornos mentais e comportamentais em comparação com as outras causas de afastamentos.

Torna-se imprescindível maior investimento em promoção da saúde mental dos servidores, bem como o empenho e apoio dos gestores. Durante este ano, a UFRN vem desenvolvendo atividades voltadas à saúde mental como o “Janeiro Branco”, um mês totalmente voltado à essa temática; formação de grupo de enfrentamento à ansiedade social, sob coordenação de uma psicóloga; acompanhamento de servidores com restrições, além dos exames médicos periódicos.

Apesar da existência de uma Política voltada para a saúde dos servidores públicos federais, de uma Portaria que orienta as ações de saúde mental no serviço público federal, da

regulamentação dos exames periódicos, dos esforços empreendidos pelos servidores que atuam no SIASS/UFRN e do apoio por parte da gestão da UFRN, atualmente diante da conjuntura política e gestão do governo, o serviço público enfrenta dificuldades, e o desenvolvimento e andamento das ações de prevenção e promoção da saúde ocupacional na UFRN não ficaram isentas, em virtude de vários agravantes, com destaque para a falta de recursos e investimentos, a carência de pessoal, que consequentemente gera um acúmulo de atividades, a falta de incentivo salarial e ausência de aprimoramento do sistema para obtenção de relatórios gerenciais completos, o que configura um desafio a mais para os gestores.

Destacamos a importância e a necessidade da continuidade com novos estudos acerca da saúde dos servidores públicos federais.

REFERÊNCIAS

ASSUNÇÃO, Ada Ávila (org.). Promoção e vigilância em saúde: guia para as ações no setor público federal. 1 ed. Belo Horizonte: Biblioteca universitária UFMG, 2012.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Manual de perícia oficial em saúde do servidor público federal. 2 ed. Brasília, 2014.

CAMPOS, I. C. M. Diagnóstico de transtornos mentais e comportamentais e relação com o trabalho de servidores públicos estaduais. Florianópolis: UFSC. 185f. Mestrado. (Psicologia). Dissertação. Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina, 2006.

FERREIRA, R.C. et al. Transtorno mental e estressores no trabalho entre professores universitários da área de saúde. Trabalho, Educação e Saúde. Rio de Janeiro. v.13, supl.1. p. 135-155, 2015.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010. RAZZOUK, D.; LIMA, M.G.A.; CORDEIRO, Q. Saúde mental e trabalho. 1.ed. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2015.

SILVA-JÚNIOR, J.S.; FISCHER, F.M. Absenteísmo-doença por transtornos mentais e comportamentais: fatores associados ao afastamento, tempo para retorno ao trabalho e impacto na Previdência Social. In: RAZZOUK, D.; LIMA, M.G.A.; CORDEIRO, Q. Saúde mental e trabalho. 1.ed. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2015, p. 159-168.

VALE, Sílvia Fernandes; et al. Análise de diagnósticos associados às licenças médicas de servidores públicos do Ceará. Revista de Psicologia. v. 6, n.1, p. 68-81, jan/jun, 2015.

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