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4 DA DIFICULDADE DO ENQUADRAMENTO DO BÓIA-FRIA ENQUANTO

5.2 Seguridade Social

É um conjunto integrado de ações destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Do ponto de vista lógico, a Previdência Social, é subclasse da Seguridade Social. É organizada sob a forma de regime geral, de caráter

Seguridade Social

Assistênci a Social Saúde

Previdência

contributivo e de filiação obrigatória ou facultativa, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

É seguro social, visando cumprir o artigo art. 193, da Constituição Federal: A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociail. A base é o primado do trabalho, mas dentro desta subclasse, o que a caracteriza, e a diferencia da outras sub classes (Saude e Assistência Social), é o regime contributivo.

Assim, como primeira grande classificação da Previdência Social, levando em consideração os princípios constitucionais estudados, temos aqueles que são filiados ao regime da Previdência Social, contribuindo para o seguro social, estando inseridos nesta subclasse os dependentes destes segurados obrigatório e aqueles que não o são.

Esquematicamente representado assim:

E aqueles que trabalham e são filiados obrigatórios da Previdência; aqueles que não trabalham, porém podem fazer a opção de serem segurados, estando neste conjunto os segurados facultativo.

Dependentes dos Segurados

Universo dos Não- filiados – os que não contribuem

Figura 2: Filiados da Previdência Social

Segurados que contribuem

Em tese, todos os que trabalham devem ser filiados, face ao princípio da obrigatoriedade, representando os não filiados, embora trabalham, um conjunto vazio.

Porém, face a exigência do caráter contributivo, e ao mesmo tempo o primado do trabalho, o artigo 11, da Lei 8.213/91, elenca aqueles que trabalham, sem a devida classificação, de forma casuística , quem são os segurados obrigatórios.

Cabe a doutrina fazer esta classificação, frisando que classificações são, conforme frisado por Vicente Ferreira da Silva, “meras ficções, meios usados pelo pensamento a fim de unificar a infinita verdade dos Cosmos 117”.

Nesta diapasão, torna-se um desafio classificar o trabalhador rural volante, uttilizando-se os instrumentos da Lógica, mas tarefa não impossivel. Passa-se a fazer a classificação, considerando o artigo 11, da Lei 8.213/91.

Dentro do critério lógico, e atendendo a lição de Paulo de Barros Carvalho, que que toda classe é susceptivel de ser dividida em outras classe118. Podemos classificar o trabalhador

como urbano ou rural. Mas levando em consideração que aqueles que trabalham são segurados , em tese, da Previdência Social, classifica-se os empregados em duas classes: o primeiro em sentido estrito, que tem vinculo trabalhista, propriamente dito, e na outra

117 SILVA, Vicente Ferreira da. Lógica simbólica. São Paulo: Realizações Editora, 2009, p. 96 e ss.

118 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário linguagem e método. São Paulo: Editora Noeses, 2013, 5ª

ed., p.119. Previdência Social Filiados Obrigatórios Filiados Facultativos

subdivisão, o trabalhador eventual que exerce sua atividade de forma continua, mas, para tomadores de serviço diversos, inserindo neste quadro, o trabalhador volonte.

Referido enquadramento é perfeitamente possível dentro da Teoria da Argumentação Jurídica, face às reiteradas decisões judiciais neste sentido. E, como já visto, do ponto de vista do Direito Previdenciário, fundamental distinção é a classe dos segurados e não segurados.

Dentro da classe dos segurados, sobressai a classificação entre o segurado obrigatório e facultativo, classificação esta que leva em consideração o custeio da Previdência Social. No contexo dos segurados obrigatórios, que exercem atividade remunerada, temos o seguinte esquema gráfico: Trabalhador Eventual Trabalhador Eventual Sentido Stricto Empregados Domésticos Trabalhadores Avulsos Contribuintes Individuais Segurados Especiais

Figura 4:Classificação dos segurados da Previdência Social

A propriedade comum que nos interessa é a qualidade de segurado, de todos os membros, a definição intensiva. Isso está previsto no artigo 11, da Lei 8213/91.

Diante do quadro normativo do artigo 11, da Lei 8.213/91, é possível classificar os trabalhadores rurais, nos seguintes termos:

a) empregado: artigo 11, I, “a” e “b” (rural temporário)

b) contribuinte individual: artigo 11, V, “a”: rural produtor rural com utilização de empregados, titula de firma individual rural –(f), e a letra do inciso g: quem presta serviço de natureza rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego .

c) trabalhador avulso: inciso VI, do artigo 11: quem presta serviço, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra ou do sindicato da categoria.

d) segurado especial: artigo 11, inciso VII, da Lei 8.213/91. Em relação ao rural, trata- se do pequeno produtor rural, que vive do seu trabalho no campo, a renda auferida com isso é para a sua própria sobrevivência. A definição do segurado especial vem do Texto Constitucional, em sua longa evolução, e foi detalhado na Lei de Beneficio (Lei 8.213) em seu artigo 11, § 1o119 .

A classificação acima apontada é de fundamental importância para se aferir da qualidade de segurado do trabalhador rural, junto a Previdência Social. Em relação ao empregado quem tem que recolher a contribuição previdenciária devida, é o empregador. Cabe ao mesmo a prova apenas do trabalho rural, nos termos do § 5º, do artigo 33, da Lei de Custeio (Lei. 8.212/91)120:

O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que

deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta lei

destaquei).

Doutrina Marly A. Cardone:

Conforme já indicamos, o empregador fica investido do poder-dever de descontar da remuneração do empregado de 8% a 11 %, que deverá recolher à instituição previdenciária. Assim, pelo simples lato de se ter formado, ope

legis, a relação de previdência social, o empregador, figura resultante do

contrato de trabalho, passa a ter um novo poder em relação ao empregado e

119 BRSAIL. Lei 8213/91, artigo 11, § 1o: “Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que

o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes”.

um dever em lace da entidade previdenciária.121

Em relação ao contribuinte individual, este deve recolher a contribuição previdenciária, não bastando a mera atividade. É seu dever recolher a contribuição previdenciária, nos termos da lei. Não o recolhendo, não fará jus a nenhum beneficio previdenciário.

Em relação ao trabalhador avulso, deve a contribuição ser recolhida pelo Sindicato da Categoria, ou do órgão gestor de mão de obra. Mas, trabalhador avulso, no meio rural, é raro. Conforme leciona Miguel Horvath Júnior:

[...] são trabalhadores avulsos, dentre outros: o que exerce atividade portuária de capazia, estiva, conferência e conserto de carga, vigilância de embarcação e bloco; trabalhador de estiva de mercadoria de qualquer natureza inclusive carvão e minério; o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios), o amarrador de embarcação, o ensacador de café, cacau e similares, o trabalhador da indústria de extração de sal; o carregador de bagagem em porto, o prático de barra em porto (pessoa que conhece os acidentes hidrográficos de determinada área e conduz as embarcações por meio dessas áreas), o guindasteiro, o classificador e o empacotador de mercadorias em porto122

Depreende-se assim, que praticamente não existe trabalhador avulso, no meio rural. É um sistema de emprego mais utilizado na zona portuária. Mas a lei deixa aberta a possibilidade de vir a ser utilizado este tipo de método de contratação no meio rural.