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Startups

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CAPÍTULO III – NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS DO JORNALISMO

3. Inovação e novos modelos de negócios no jornalismo

3.5. Startups

Uma opção às grandes instituições de mídia, as startups propõem fontes de receitas alternativas às tradicionais e, ainda, transformam muitos jornalistas em empreendedores e, em grande parte, oferecem conteúdo independente.

Antes de conhecer quaisquer modelos de negócios relacionados a esses tipos de empresas, é preciso compreender suas principais características:

Uma startup é uma empresa nova, até mesmo embrionária ou ainda em fase de constituição, que conta com projetos promissores, ligados à pesquisa, investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras. Por ser jovem e estar implantando uma ideia no mercado, outra característica das startups é possuir risco envolvido no negócio. Mas, apesar disso, são empreendimentos com baixos custos iniciais e são altamente escaláveis, ou seja, possuem uma expectativa de crescimento muito grande quando dão certo. [...] Essas empresas, normalmente de base tecnológica, possuem espírito empreendedor e uma constante busca por um modelo de negócio inovador. Este modelo de negócio é a maneira como a startup gera valor – ou seja, como transforma seu trabalho em dinheiro (O QUE É..., on-line).

O relatório Chasing Sustainability on the Net (SIRKKUNEN; COOK, 2012), organizado pelo Centro de Pesquisa para Jornalismo, Mídia e Comunicação da Universidade de Tampere, Finlândia, mostra 69 iniciativas de startups especializadas em jornalismo nos Estados Unidos, na Europa e no Japão e seus respectivos modelos de negócios. De acordo com a pesquisa, publicada em 2012, apesar de variadas fontes de receita terem sido identificadas, praticamente todas elas complementam a publicidade –

situação não muito diversa da que expusemos até o momento, exceto pelo

crowdfunding.

Em seus achados sobre modelos de negócios em startups jornalísticas ao redor do mundo, o estudo identificou que elas se encaixam em duas principais categorias (2012, p. 89): modelos de negócios orientados por storytelling e modelos de negócios baseados em serviços.

A primeira categoria diz respeito a sites focados em adquirir receita com a produção de conteúdo, notícias e reportagens exclusivos para o público. Segundo o relatório, eles se diferenciam do modelo de mídia de massa pelo fato de seus temas estarem mais relacionados a nichos e, com isso, ter uma firme relação com a publicidade de produtos específicos. Um site sobre viagens, por exemplo, pode oferecer informações sobre roteiros turísticos e, ao mesmo tempo, vender pacotes.

Já o outro grupo – modelos de negócios focados em serviços – consiste em

startups que, além de conteúdo, se especializam em vender tecnologia, informação etc,

ou diversificam o modo de produzir notícias. Nesta categoria, o conteúdo jornalístico tem o papel de ajudar a vender serviços ou produtos.

O relatório também listou as principais fontes de receitas dessas startups, tais como:

a) Anúncio: a maioria dos sites ainda possui como principal fonte de receita a

publicidade, entretanto, têm melhor performance nesses tempos os que associam mais efetivamente anúncio e conteúdo. Os tipos de publicidade mais utilizados são banner com pagamento mediante número de visitação; banner com pagamento mediante clique no anúncio; banner com “custo por ação” (ou seja, o anunciante paga quando o usuário realiza uma ação como comprar algo ou preencher um formulário, por

exemplo); e banner simples com pagamento por período de publicação (semanal ou mensal). Há empresas que negociam com esses sites anúncios com conteúdo, pacotes de anúncios e publieditoriais. Por fim, há startups que sobrevivem por meio de patrocínios, quando uma marca relativa ao seu conteúdo o financia.

b) Pagamento por conteúdo: a receita desse tipo vem a partir de paywalls e assinaturas; membros (que pertence a uma espécie de clube para o qual se paga para consumir conteúdo e serviços específicos); e conteúdo freemium (modelo em que se oferecem conteúdos ou serviços pagos e outros gratuitos);

c) Marketing afiliado: quando um determinado site leva a outro, ganhando uma comissão sobre a venda que ajudou a gerar neste segundo site.

d) Doações: além de crowdfunding, há financiamento por meio de filantropia.

e) Venda de dados e serviços: essa forma de adquirir receita pode variar entre venda de conteúdo (diferentemente do paywall ou assinatura, o objetivo é atuar como agência, vendendo conteúdo); venda de tecnologia (normalmente, a estrutura tecnológica que sustenta seu negócio). O cliente, em ambos os casos, pode ser o usuário final ou outras empresas.

f) Eventos: normalmente, conferências pagas sobre o tema do site ou encontros, também cobrados, entre usuários desses sites.

g) Consultoria e treinamento: este tipo de negócio envolve consultorias e prestação de serviços para outros sites ou empresas de comunicação, além de trabalhos freelancer. Algumas startups ainda oferecem treinamentos para profissionais de comunicação, às vezes em parceria com universidades.

h) Merchandising: sites jornalísticos que também vendem produtos.

Como é possível perceber, muitas dessas iniciativas adotadas por startups aliam a receita por meio da publicidade com outras propostas menos tradicionais, como a comercialização de serviços. A maior parte dessas ideias não apresenta necessariamente novidades, entretanto, não está comumente associada com negócios referentes ao jornalismo.

No que se refere a revistas, o relatório apontou algumas iniciativas no que diz respeito a modelos de negócios diferenciados. No Japão, por exemplo, pagar por receber

via e-mail serviços de revistas como Magmag (mag2.com) ou Yakanhiro (yakan- hiko.com)está se tornando popular. Ao assinar o que é chamado de mail magazine, os usuários escolhem receber conteúdo de um jornalista em especial. Essa espécie de

newsletter ainda inclui notícias sobre celebridades. O serviço varia entre 6 e 11 dólares.

Também no Japão, a revista de tecnologia ICT viu suas vendas diminuírem drasticamente no início dos anos 2000. A alternativa encontrada pelo grupo que a publicava foi manter o site da publicação. Atualmente, a principal fonte de receita são anúncios em formato de banner e links de textos, bem como colunas com conteúdo publicitário, seminários pagos e eventos.

No Reino Unido, outra experiência que envolve revista é a plataforma aberta para jornalismo cidadão Blottr, para a qual qualquer pessoa pode colaborar com acontecimentos que está presenciando no momento, enviando conteúdo (textos, fotos e vídeos) de seu celular. A Blottr tem ainda como modelo de negócio para adquirir renda o licenciamento de sua tecnologia como “selo branco” (white label, em inglês) – que são produtos ou serviços produzidos por uma empresa e utilizados por outras, que colocam sua marca como se esses produtos ou serviços fossem delas. Um dos produtos que a Blottr oferece é uma revista on-line sobre cirurgias estéticas, que tem 12 mil leitores entre cirurgiões de todo o mundo.

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