A personalidade do Espírito Santo
N
o capítulo 1, apresentamos algumas evidências da per sonalidade do Espírito Santo. Seguem aqui evidências bíblicas adicionais em favor da personalidade e da di vindade do Espírito Santo.Muitas pessoas sinceras entendem que o Espírito Santo é uma espécie de corrente elétrica ou força conectada ao trono de Deus ou a uma Internet celestial, provendo uma linha telefônica im pessoal para que Deus Se comunique conosco. Sim, por certo o Espírito Santo é um grande canal de comunicação! A esmagado ra evidência bíblica, entretanto, sugere que Ele é uma pessoa, um membro autoconsciente da única Divindade verdadeira.
Para aqueles que não possuem m uita inclinação mecânica, ins truções escritas às vezes não são tão úteis quanto as orientações e encorajamentos pessoais de alguém que realmente conhece os mecanismos. Lembro-me de minha juventude e da paixão que meu irmão Ivan e eu tínhamos por modelos de aviões e navios. A cada oportunidade que tínhamos, íamos a lojas de modelos e procurávamos pelas últimas réplicas dos grandes aviões e navios militares da época. Eu adorava montá-los. Mas havia um problema:
minha mão tremia muito e eu não possuía m uita destreza. Meu irmão, contudo, havia recebido o dom de uma mão firme e grande habilidade espacial.
Quando eu simplesmente tentava seguir as orientações escritas, não conseguia muito progresso. Para ser honesto, habitualmente eu desistia da tarefa bastante cedo. Entretanto, quando Ivan tra balhava comigo, I oferecendo orientação, estímulo e ocasional mente sua mão firme para as tarefas mais delicadas, eu me tornava capaz de produzir os mais belos modelos.
A evidência bíblica sugere fortemente que o Espírito Santo é uma presença pessoal profundamente sensível, útil e poderosa, com a finalidade de orientar e guiar. Seu trabalho é moldar-nos em maravilhosos modelos da graça transformadora.
Já salientamos o fato de que é possível mentir ao Espírito Santo (Atos 5:3 e 4), e que Ele pode entristecer-Se (Efé. 4:30). Todavia, encontramos evidências adicionais de que o Seu ser é uma perso nalidade interativa.
Mateus 12:31 e 32
Estes bem conhecidos versos claramente falam da blasfêmia contra o Espírito Santo. Ora, pode-se blasfemar apenas de Deus. Todo cristão bíblico reconhece que se a blasfêmia é dirigida con tra o Pai ou o Filho, uma pessoa divina é atingida. Por que, pois, deveria ser diferente com o Espírito Santo? A blasfêmia é uma forma intensamente pessoal de insulto dirigido contra Deus. Portanto, esses versos não somente constituem evidência da per sonalidade do Espírito, mas também destacam a Sua divindade. Conforme salientamos, a blasfêmia só pode ser dirigida contra Deus, de modo que se torna fácil concluir que o Espírito é um Deus pessoal, e não simplesmente uma força impessoal.
I Coríntios 12
Um dos aspectos marcantes das descrições que o Novo Testamen to faz das atividades do Espírito Santo é o modo como ele retrata
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o Espírito de Deus possuindo “vontade” ou a capacidade de fazer escolhas. Tal fato é bastante claro na discussão dos dons espiri tuais que Paulo apresenta em I Coríntios 12:11. O apóstolo afirma que “o mesmo Espírito opera todas estas coisas [Seus dons], repartindo particularm ente a cada um como quer”.
A credito que todos deveriam reconhecer prontam ente que as m áquinas (como com putadores e calculadoras) não possuem vontade própria. São sim plesm ente instrum entos im pessoais e passivos, sob o controle de seres racionais au- toconscientes e pessoais. Os dons espirituais são os talentos e m inistérios que o Espírito Santo d istrib u i às pessoas par ticipantes do corpo de C risto. C ontudo, o Espírito o faz através do exercício de Sua vontade autoconsciente - do modo como Ele quer! A capacidade de querer co n stitu i um dos m ais profundos traços dos seres pessoais.
Romanos 8
Em Romanos 8:14-16 e 26, Paulo apresenta descrições adi cionais e intim am ente relacionadas com as anteriores acerca do Espírito Santo. Em primeiro lugar, nos versos 14 a 16, ele retra ta o Espírito como alguém que guia (verso 14) os filhos de Deus, e que “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (verso 16). O guiar e o testificar constituem ações intensamente pessoais. O verso 26, entretanto, talvez constitua a mais podero sa evidência a respeito da personalidade do Espírito Santo na carta aos Romanos: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”.
Todo o fenômeno da “intercessão” implica em intervenção ativa e deliberada entre dois seres pessoais. Além disso, os “gemi dos inexprimíveis” sugerem fortemente um elemento emocional na intercessão do Espírito, o que também é típico de seres pes soais, e não de tecnologia eletrônica impessoal.
I Coríntios 2 :10 e 11
Esta passagem apresenta uma das mais importantes indicações da divindade pessoal do Espírito. Observe cuidadosamente a lin guagem. Em seguida ao conhecido verso afirmando que “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao co ração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam” (I Cor. 2:9), Paulo assegura a seus leitores que eles podem possuir um conhecimento das coisas “que Deus preparou para os que O amam” (verso 9). Como é possível tal conhecimento? “Deus no-las revelou pelo Seu Espírito” (verso 10). E de que modo o Espírito priva deste conhecimento? Resposta: “Porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espí rito do homem, que nele está? Assim também ninguém conhece as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (versos 10 e 11).
O que está Paulo dizendo? Primeiro, devemos destacar que aqui ele descreve que o Espírito tem a capacidade de “penetrar” “todas as coisas de Deus” e que conhece “as coisas de Deus”. Embora seja verdade que os nossos computadores possuem a capacidade de “pesquisar”, Paulo se refere a algo diferente da “pesquisa de pala vras” — trata-se antes de uma exploração intensamente pessoal das “profundezas de Deus”. Isso sugere fortemente uma comunhão ín tima e pessoal entre o Espírito e Deus o Pai. Qual é o resultado? Certamente um profundo conhecimento das “coisas de Deus”.
Adicionalmente, o que essa passagem parece querer dizer é que, se você deseja conhecer as “coisas do homem”, será incapaz de adquirir tal conhecimento a menos que possua “o espírito do homem”. Dito em termos mais simples, para realmente conhecer um homem, você precisa ser homem — é necessário ser um deles para conhecer um deles!
Isso é verdade não apenas ao nível humano-humano, mas ocor re igualmente ao nível da divindade. “Assim também as coisas de Deus, ninguém as conhece senão o Espírito de Deus” ( verso 11). Uma vez mais, unicamente uma pessoa divina pode verdadeira
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mente conhecer o que se encontra no coração e na mente de outro ser divino. Assim como ao nível humano, isso ocorre também ao nível divino - é preciso ser Um para conhecer Um!
Paulo conclui apropriadamente observando que aquilo que re cebemos do Espírito não provém do “espírito do mundo” (do ho mem, da criatura), e sim do “Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente” (verso
12). Se você realmente quiser conhecer as coisas de Deus, neces sita conectar-se com um Deus pessoal (o Espírito), o único capaz de descobrir as “coisas” de Deus.
Por experiência pessoal, sei que é difícil saber o que se passa na mente de muitos de meus alunos que vêm de ambientes culturais e de idiomas diferentes dos meus. Muitas vezes, contudo, tem sido útil obter vislumbres de pessoas que conseguiram estabelecer uma ponte entre esses abismos culturais. Isso tem me ajudado a compreender a “mente” daqueles a quem almejo entender me lhor. Assim ocorre com o trabalho do Espírito — Ele conhece a mente de Deus porque é um ser pessoal e divino, capaz de comu nicar-nos a mente de Deus.
Ellen W hite nos oferece alguns comentários explanatórios muito diretos e concisos acerca de I Corintos 2:11 e Romanos 8:16: “O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não po deria testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus [comentário sobre Romanos 8:16]. Deve ser tam bém uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus [segue citação de I Cor. 2 :1 1 ]” (W hite, Evangelismo, 617).
Quando colocamos esses versos ao lado de Atos 5 e Efésios 4:30, eles constituem um poderoso testemunho da personalidade e da divindade do Espírito Santo.
João 14 -16
Estes capítulos, em que João narra as cenas finais do ministério terrestre de nosso Senhor, contêm maravilhosas e confortadoras
palavras de conselho. Um dos grandes temas dos conselhos de Jesus a Seus discípulos é o que diz respeito ao Espírito Santo.
Jesus lhes está dizendo que Seu tempo de prova e partida está se aproximando, mas que eles não devem permitir que seus corações se turbem por isso (João 14:1). Um grande consolo que deveria ad vir das cenas de provação ainda por ocorrer seria o envio do Espírito Santo. “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O conhece; vós O conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros” (versos 16-18).
À medida que Jesus prossegue com Suas maravilhosas palavras de conselho, o dom do Espírito Santo continua como o tema que permeia não apenas o capítulo 14, mas também os capítulos 15 e 16. Em João 14:26, Jesus diz: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em M eu nome, esse [grego ekeinos,
literalmente ‘este mesmo’, ‘ele’, no gênero masculino] vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” Palavras similares aparecem em João 15:26: “Quando, porém, vier o Consolador, que Eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dEle procede, esse [uma vez mais o termo grego
ekeinos, no gênero masculino] dará testemunho de M im .” Contudo, é em João 16 que esse maravilhoso discurso, tão re cheado de promessas quanto à vinda e o trabalho do Espírito Santo, atinge o clímax. Nos versos 7-17, encontramos algumas das mais esperançosas e úteis palavras que Jesus já proferiu:
“Mas Eu vos digo a verdade: convêm-vos que Eu vá, porque se Eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vo-lO enviarei. Quando Ele vier, convencerá o m un do do pecado, da justiça e do juízo; do pecado, porque não crêem em M im ; da justiça, porque vou para o Pai, e não Me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis su portar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos
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guiará em toda a verdade; porque não falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele M e glorificará porque há de receber do que é M eu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é M eu; por isso é que vos disse que há de receber do que é M eu e vo-lo há de anunciar” (João 16:7-15).
O que é realmente marcante nessa passagem são as evidências diretas da^personalidade do Espírito Santo.
Em primeiro lugar, deveríamos observar que, ao passo que a palavra “Espírito” (grego pneuma) se encontra no gênero grego neutro, o pronome pessoal ekeinos (“aquele” ou “ele”, claramente utilizado em relação ao neutro Espírito) se encontra no gênero masculino. Tal fato gramatical levou a maioria dos tradutores a ver ter os demais pronomes pessoais relacionados com essa passagem como “Ele”, em vez de “este” ou “esse”. A versão antitrinitariana Novo Mundo, das testemunhas de Jeová, utiliza a última forma.
Segue um a lista detalhada dos pronomes pessoais masculinos utilizados em João 14-16, sempre destacando o pronome mas culino ekeinos-.
“Ele ... estará” (João 14:16); “o Espírito ... o ... o ... Ele” (verso 17); “a quem o Pai enviará”, “esse \ekeinos\ vos ensinará” (verso 26); “esse [ekeinos\ dará testemunho” (João 15:26); “Eu vo-Lo enviarei” (João 16:7); “quando Ele vier, convencerá” (verso 8); “o Espírito da verdade, Ele [ekeinos] vos guiará” (ver so 13); “Ele Me glorificará” (verso 14).
O neutro Espírito (pneum a) pode certamente ser interpreta do como impessoal, mas o fato de que os pronomes pessoais (especialmente ekeinos) são masculinos e aparecem repetida mente indica fortemente a personalidade do Espírito Santo.
Ajudador (ou Consolador ou Confortador) “é um termo co- mumente empregado para falar de uma pessoa que ajuda ou oferece conforto e conselho a outra pessoa ou pessoas, mas no Evangelho de João se aplica ao Espírito Santo (14:16 e 26; 15:26; 16:7)” (Grudem, pág. 232).
As Escrituras atribuem outras atividades ao Espírito, as quais são altamente pessoais ou interpessoais: ensinar (João 14:26), apresentar testemunho (João 15:26; ver Rom. 8:16), convencer do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8); guiar na verdade, fa lar, ouvir e anunciar (verso 13); glorificar a Deus, falar e anunciar (verso 14). Todas elas sugerem fortemente a natureza pessoal e in terativa de uma pessoa divina, e não de uma “coisa” celestial.
Atos dos Apóstolos
Além disso, não é apenas o Evangelho de João que retrata ações pessoais interativas por parte do Espírito Santo; estas tam bém aparecem em Atos dos Apóstolos. O Espírito proíbe ou não permite certas coisas (Atos 16:6 e 7), fala (Atos 8:29; 13:2), ava lia e aprova um determinado curso de ação (Atos 15:28).
O Uso das Palavras “Poder” e Espírito”
W ayne Grudem chama a atenção para um ponto interessante acerca da maneira como certos versos bíblicos empregam o termo impessoal “poder” em associação com o Espírito Santo. Analise cuidadosamente o seu argumento:
“Se o Espírito devesse ser entendido como simplesmente o poder de Deus, em vez de uma pessoa distinta, certas passagens simples mente não fariam sentido, porque nelas tanto o Espírito Santo quanto o poder de Deus são mencionados. Por exemplo, Lucas 4:14: ‘Então Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galiléia.’ Esta passagem se converteria em: ‘Então Jesus, no poder do poder de Deus, regressou para a Galiléia.’ Em Atos 10:38: ‘Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder’, teríamos: ‘Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o poder de Deus e com poder’ (veja também Rom. 15:13; I Cor. 2:4” (ibid., págs. 232 e 233).
II Coríntios 13:13
A peça final de evidência da personalidade do Espírito provém de II Coríntios 13:13: “A graça do Senhor Jesus Cristo e o amor
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de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” O primeiro aspecto a ser observado neste verso é que ele descre ve o Espírito Santo como o terceiro nome, precedido de Deus Pai e do Filho. A grande maioria dos cristãos bíblicos concorda que o Pai e o Filho constituem seres divinos pessoais. Com certeza, a “graça” que provém de Jesus Cristo só pode possuir uma origem pessoal. O “amor de Deus” obviamente sugere a personalidade do Pai, uma vez que o amor constitui a essência de qualquer relacio namento interpessoal e expressa cuidado e preocupação. II Corín tios 13:13 menciona em seguida o Espírito Santo de modo direto, sugerindo fortemente que Ele é um ser divino pessoal e coordenado - a terceira pessoa da Divindade tripessoal.
Grudem o expressou da seguinte maneira: “Quando ‘o Espíri to Santo’ é colocado na mesma expressão e no mesmo nível das outras duas pessoas, é muito difícil evitar a conclusão de que o Espírito Santo também é visto como uma pessoa, de status igual ao do Pai e ao do Filho” (ibid., pág. 230).
A forma como neste texto Paulo retrata o relacionamento do Espírito Santo com o Pai e o Filho é o que Grudem descreve como “relacionamento coordenado”. Ele prossegue explicando que “desde que tanto o Pai quanto o Filho são pessoas, a expressão coordenada fortemente indica que o Espírito Santo também é uma pessoa” (ibid., pág. 232).
II Coríntios 13:13 não é o único verso “em que o Espírito Santo é posto em relacionamento coordenado com o Pai e o Fi lho” (ibid.). Mateus 28:19, I Coríntios 12:4-6, Efésios 4:4-6 e I Pedro 1:2 referem-se todos ao mesmo tipo de “relacionamento coordenado com o Pai e o Filho”. Esses versos provêem forte evi dência de que o Espírito não é “simplesmente o ‘poder’ ou ‘força’ de Deus em operação no mundo” (ibid.), sendo antes uma pes soa distinta dentro da Divindade.
O segundo aspecto a se observar acerca do “relacionamento coordenado” do Espírito com o Pai (em II Coríntios 13:13) é que ele associa o Espírito Santo com a “comunhão”. Esta palavra, que
descreve diretamente a obra do Espírito, sugere vigorosamente comunicações interpessoais entre seres relacionais - ou seja, seres pessoais, quer sejam humanos, angélicos ou divinos.
■* Essa passagem, além de apoiar a personalidade do Espírito, su gere ainda a profunda unidade ou unicidade inerente à doutrina da Trindade. Aqui Se encontram os três seres divinos unidos uns aos outros de tal forma que é indicada a Sua unicidade de propó sito ao compartilharem a graça e o amor de Deus através de Seu profundo relacionamento de comunhão uns com os outros e com os redimidos.
Mais ainda, ela parece ser uma expressão quase inconsciente da personalidade do Espírito por parte de Paulo. O apóstolo conclui sua segunda carta aos Coríntios com uma saudação de despedida que simplesmente vincula a obra do Pai, do Filho e do Espírito San to como uma força pessoal plenamente unida em favor da redenção da humanidade perdida. O verso é uma passagem de transição para evidências bíblicas adicionais da plena divindade do Espírito e da profunda unidade encontrada no interior da Divindade.
A Plena Divindade do Espírito
No capítulo 1, sugerimos que Atos 5 fornece evidência per suasiva em favor da divindade do Espírito. Pedro disse a Ananias que este mentira ao Espírito Santo (Atos 5:3), o que fortemente implica que Ananias praticou falsidades diante do Deus Espírito Santo, e não em relação a Deus o Pai ou a Deus o Filho.
Adicionalm ente, as passagens que falam de um forte relacio namento coordenado entre Pai, Filho e Espírito Santo sugerem a personalidade e a divindade do Espírito (M at. 28:19; II Cor. 13:13; I Cor. 12:4-6; Efé. 4:4-6, etc.). Em outras palavras, elas “assumem significado em favor da doutrina do Espírito Santo, uma vez que mostram que o Espírito Santo é classificado num nível de igualdade em relação ao Pai e ao Filho” como pessoa divina (ibid., pág. 237). Sugerir que o Espírito é um ser criado ou uma força impessoal parece inteiram ente impróprio quando
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as Escrituras repetidamente colocam o Espírito Santo numa posição de igualdade coordenada com o Pai e o Filho. Existem, contudo, evidências bíblicas adicionais em favor da plena d i vindade do Espírito.
O Salmo 139:7 e 8 pergunta: “Para onde me ausentarei do Teu Espírito? Para onde fugirei da Tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a m inha cama no mais profundo abismo, lá estás tam bém .” Temos aqui, uma vez mais, a passagem dirigida ao Senhor (Yahweh), onde o salmista atribui ao Deus Espírito a ca racterística marcantemente divina da onipresença - algo que não se observa em poderes ou seres criados.
Novamente, Grudem ajuda a esclarecer o assunto: “Parece que Davi está igualando o Espírito de Deus com a presença de Deus. Ausentar-se do Espírito de Deus é ausentar-se de Sua presença, mas, se não existe nenhum lugar para onde Davi possa fugir do Espírito de Deus, então ele sabe que qualquer parte para onde for irá dizer: ‘Tu [Senhor] estás lá’” (ibid.).
Nessa mesma linha de pensamento, I Coríntios 2:10 e 11 atribui ao Espírito Santo outra característica unicamente perten cente à divindade: a onisciência. “Porque o Espírito a todas coi sas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espí rito que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.” Será que a capacidade de explorar “as profundezas de Deus” e de conhecer “as coisas de Deus” não sugere fortemente a onisciência?
Outra marcante evidência da divindade do Espírito é o fato de as Escrituras O retratarem como Autor do novo nascimento. Ora, o ato de conceder nova vida espiritual constitui um ato uni camente pertencente a Deus. I João 3:9 fala de alguém ser “nas cido de Deus”. Portanto, o novo nascimento, realizado pelo Es pírito, é mencionado em outras partes pelas Escrituras como sendo operado por Deus - o que implica fortemente que a obra do novo nascimento constitui ato de um ser divino.