• Nenhum resultado encontrado

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 FUNDAMENTOS DE PROCESSO ORGANIZACIONAL E PROCESSO DE

2.2.2 Tipos de inovação

Schumpeter (1961) classificou as inovações em duas categorias: tecnológica e organizacional. Inovação tecnológica envolve o lançamento no mercado de produtos tecnologicamente novos ou a introdução de aprimoramento tecnológico em processos produtivos da empresa. Inovação organizacional compreende a implementação de novas práticas de negócios, de modelo de gestão, mudanças no ambiente de trabalho ou nas relações externas da organização.

Takahashi e Takahashi (2011) definem inovação tecnológica aquela que envolve pesquisa aplicada em produtos ou processos e direcionada para necessidades comerciais da organização. Para Radar Inovação (2013), inovação organizacional envolve mudanças no modelo de negócio da organização e na forma como o produto é oferecido ao mercado. Segundo Lanzer et al. (2012), inovações organizacionais são aquelas que melhoram a qualidade do trabalho, a troca de informação e as habilidades internas para adquirir novos conhecimentos e aplicar novas tecnologias.

O Quadro 7 apresenta a tipologia de classificação de inovação do Manual de Oslo (1997), que as classificam em inovações de produto, inovações de processo, inovações organizacionais e inovações e marketing. A inovação de produto consiste na introdução de bem ou serviço que é novo ou significativamente melhorado, que contém novas especificações técnicas, componentes, materiais, softwares incorporados e características funcionais. Segundo Zerenler (2008), inovação de produtos requer geração de ideias e criação de algo novo que afeta o produto final da organização. A inovação de produto envolve a realização de modificações nos atributos do produto ou na forma como este é percebido pelos seus consumidores-alvo.

Quadro 7 – Tipologia de classificação de inovação do Manual de Oslo Itens Inovações de produto Inovações de processo Inovações organizacionais Inovações de marketing

Competição, demanda e mercados x

Reposição de produtos tornados obsoletos x

Aumento da gama de bens e serviços x

Desenvolvimento de produtos não

agressivos ao meio ambiente x

Aumento ou manutenção da parcela de

mercado x x

Entrada em novos mercados x x

Aumento de visibilidade ou da exposição

dos produtos x

Tempo reduzido de resposta às

necessidades dos consumidores x x

Aumento da qualidade dos bens e serviços x x x

Aumento da flexibilidade de produção ou

provisão de serviços x x

Aumento da capacidade de produção ou de

provisão de serviços x x

Redução dos custos unitários de produção x x

Redução do consumo de materiais e energia

x x x

Redução dos custos de concepção dos

produtos x x

Redução dos tempos de produção x x

Obtenção dos padrões técnicos industriais x x x

Redução dos custos operacionais para a

provisão de serviços x x

Aumento da eficiência ou da velocidade do fornecimento e/ou distribuição de bens ou

serviços x x

Melhoria das capacitações de TI x x

Melhoria da comunicação e da interação

entre as diferentes atividades de negócios x

Melhoria do compartilhamento e da transferência de conhecimentos com outras

organizações x

Melhoria da capacidade de adaptação às

diferentes demandas dos clientes x x

Desenvolvimento de relações fortes com os

consumidores x x

Melhoria das condições de trabalho x x

Redução de impactos ambientais ou melhoria

da saúde e da segurança x x x

Execução de exigências regulatórias x x x

Fonte: Manual de Oslo (1997).

Segundo Manual de Oslo (1997), a inovação de processo envolve a implementação de melhoria significativa na produção ou no método de entrega dos produtos da organização e inclui mudanças em equipamentos ou softwares do processo de produção ou

de outros processos internos da organização. Esse tipo de inovação pode, as vezes, não gerar impacto no produto final, mas tende a produzir benefícios em termos de produtividade e eficiência para a organização. Para Zerenler (2008), a inovação de processo representa mudanças na forma como a empresa produz seus produtos finais e pode envolver a adoção de inovação desenvolvida por pessoas ou entidades do ambiente externo da organização.

Conforme Pacagnella Júnior e Porto (2012), um relevante fator de influência da inovação em produtos são funcionários e cultura da organização, principalmente quando esta tem valores que estimulam o intraempreendedorismo. Já no caso de inovação em processos, fator de influência relevante é o apoio governamental através de programas de financiamento e de transferência tecnológica.

As inovações em marketing são mudanças significativas nas estratégias de marketing da organização, incluindo aspectos na embalagem de produtos, na forma de apresentação/disposição dos produtos, nas ações de promoções de vendas e no processo de precificação, por exemplo. Essas inovação podem envolver também a abertura de novos mercados, o reposicionando de marcas e a atualização do design de produtos. Uma característica que define as inovações de marketing é o fato de serem orientadas para os consumidores e para o mercado e terem com propósito incrementar vendas e a fatia de mercado da organização (market share).

A inovação organizacional consiste na implementação de novas práticas de negócios na empresa e com propósito de promover melhorias no seu desempenho por meio da redução de custos administrativos (ou dos custos de transação) e elevação da satisfação no local de trabalho. Aspecto distintivo da inovação organizacional é o foco nas rotinas e procedimentos de trabalho da empresa, como melhorias no compartilhamento do aprendizado e o estabelecimento de bancos de dados com informações internas relevantes.

De acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), as inovações podem ser também classificadas como incremental e de ruptura, conforme ilustrado na Figura 5. A inovação incremental envolve pequenas melhorias no desempenho de produtos existentes, enquanto que a de ruptura envolve a agregação significativa de valor aos consumidores através de produtos/tecnologias inovadores. As inovações de ruptura representam mudança drástica (radical) na maneira que o produto é consumido e representam novo paradigma de mercado ou modificação do modelo de negócios vigente (Christensen, 2012; Radar da Inovação, 2013).

Figura 5 – Tipos de Inovação

Fonte: Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Segundo Tigre (2006), mudança tecnológica radical é quando há rompimento de trajetórias existentes e introdução de nova rota tecnológica. Essa mudança tende a desenvolver soluções de produtos mais simples, convenientes e econômicas, de perfil revolucionário e que provoca o surgimento de novos mercados (TAKAHASHI e TAKAHASHI, 2011). Conforme Marins (2010), as atividades de inovação podem também variar em função do nível de complexidade e tecnologia envolvidos.

O Quadro 8 resume diversas tipologias de inovação propostas por vários autores/pesquisadores com base no grau de novidade (e complexidade) da inovação, seja em âmbito de produto, processo, organizacional ou marketing.

Quadro 8 – Tipologias de inovação segundo o grau de novidade

Fonte: Carvalho (2009) apud Garcia e Calantone (2002).

Conforme o grau de novidade, a inovação pode ser do tipo radical ou incremental, de sustentação ou ruptura, descontínua ou contínua, instrumental ou final, original ou reformulada, radical ou rotina, evolucionária ou revolucionária, por exemplo. Algumas destas tipologias apresentam denominações diferentes para inovações de mesma natureza. As empresas de base tecnológica podem também investir ao mesmo tempo em diferentes tipos de inovação.